vamô dá um tempo, tá légau?
segunda-feira, outubro 19, 2009
quinta-feira, outubro 15, 2009
See these eyes so green
I can stare for a thousand years
Colder than the moon
It's been so long
And I've been putting out fire
With gasoline
Feel my blood enraged
It's just the fear of losing you
Don't you know my name
Well, you been so long
See these eyes so red
Red like jungle burning bright
Those who feel me near
Pull the blinds and change their minds
It's been so long
Still this pulsing night
A plague I call a heartbeat
Just be still with me
Ya wouldn't believe what I've been thru
You've been so long
Well it's been so long
And I've been putting out fire with gasoline
putting out fire
with gasoline
See these tears so blue
An ageless heart that can never mend
These tears can never dry
A judgement made
can never bend
See these eyes so green
I can stare for a thousand years
Just be still with me
You wouldn't believe what I've been thru
You've been so long
Well, it's been so long
And I've been putting out fire
with gasoline
putting out fire with gasoline
(Cat People (Putting out fire), David Bowie)
“A vencedora irá levar para casa um apartamento.”
[e onde é que ela o põe?]
Após os progenitores terem feito “aquilo que Deus mandou”, mesmo aqueles que fizeram de uma forma que Deus desconhecia ou antes do tempo ordenado por Ele, vinha a gravidez. Na Antiguidade a gravidez era vista como uma expressão da Natureza: tal como a Terra guardava a semente e expulsava-a em forma de flor ou de fruto chegada a altura, as mulheres incubavam o ser durante nove meses. Para os gregos e romanos a presença de deusas (como Artémis/Diana) ajudavam a proteger o embrião e a afastar os maus espíritos (Lembram-se de termos falado de Litith) embora com o tempo – por volta do século IV-V a.C. o racionalismo de Hipócrates tenha colocado freio ao delírio que rodeava os tempos de incubação. Mas apesar de a gravidez ser algo natural e que deveria seguir o seu curso normal, a gravidez podia ser diagnosticada. Hipócrates, que podia ter boas máximas, mas não me parecia ser grande médico, apoiava o teste do alho na vagina que consistia em introduzir um alho húmido na vagina de uma mulher e deixá-la com o “tempero” toda a noite. Se pela manhã o cheiro a alho for expelido do corpo da mulher pela boca ou pelo nariz, a mulher estava grávida. Se nada acontecesse, a mulher não estava grávida. Outro método prescrito pelo médico grego para conhecer o estado da paciente era dar a beber à mulher uma mistura de água e mel. Se a senhora tivesse qualquer reacção na zona do ventre, então estaria grávida.
The Dropsical Woman
1663
Musée du Louvre, Paris
Santo Constantino, o Africano
Rogier van der Weyden
Virgin with the Child and Four Saints
1450-51
Städelsches Kunstinstitut, Frankfurt
gravura do século XIX
The Second Month
1825
gravura do século XVI
Salvador Dalí
Venus de Milo with Drawers
1936
Colecção Privada
Elsa Schiaparelli
Tim Head
Cow Mutations
1987
Richard Wright
Wall markings
2009
notícias do mundo da arte:
- Os Spandau Ballet vão regressar com uma tourné que irá incluir êxitos antigos e canções do novo album "Once More".
[link]
sábado, outubro 10, 2009
quinta-feira, outubro 08, 2009
Não consigo encontrar a letra desta música, nem o nome do album. Mas é viciante
(Wonderful Life, Hurts)
“vou lá, faço o meu papel, sou agradável, sorrio, rio, participo e depois venho embora” , “inexperiente e inocente. E as pessoas aproveitam-se disso”, “eh pá, não me prepares o pequeno-almoço. Destesto que me preparem o pequeno almoço”, “you can’t handle this”, “vou apagar-te dos ‘favoritos?”, "pára de te preocupares com o bem estar dos outros", “a vida custa-me muito mais sem ti, mas não posso fazer isso”, “não é assim tão mau ser imperfeito”, “já a vi pior”, “fim de semana no chiuaua”, “não é possível a vida ser isto", “talvez não seja aquilo que desejavas que eu fosse”, “o que tu pensas que é bom para ti não é”, “pensas demais”, “põe a mão aqui, põe cabra!”, “e a esperança? Eu não consigo viver assim!”, “ele está a fazer chantagem”, “há qualquer coisa de errado”, “gosta de tudo? Coma de tudo”, “muito cansada, muito triste, sem esperança, em branco”, “és a minha enguia arisca”, “tenho a sensação constante que não gostam de mim, toleram-me”, “mostra as mamas na internet! Expõe-te!”, “anda lá pedir-lhe um autógrafo!”, “looser”, “tens-te na pior conta”, “mach icho não tem muitach vitaminach”, “ridícula”, “amas como quem se vinga”, “diz-me onde estão as garrafas. Eu escondo-as melhor”, “dividimos o mesmo tecto, mas nunca mais fales comigo por favor”, “não tenho paciência”, “vai ser o nosso pequeno segredo”, “para mim, 90% de perfeição”, “não tenho de ser o balde do lixo dos teus desejos sexuais”, “és tímida?”, “ó chiquitita, aqui quem decide sou eu”, “amô, faiz um fávô prá mim? Liga o forno e passa SBT ná caisa”, “desculpa. Desculpa por pedir desculpa”, “as pessoas são simpáticas porque estás magra”, “às vezes a aluna inventa”, “está no banho? Tem de sair, falta uma faca no refeitório”, “Orlando, o que é que eu faço?”, “tens de tomar Ómega 3”, “fuma, droga-te!”, “18 valores em Antero de Quental? Que seca!”, “as tuas calças são tão feias”, “bebes dia sim, dia não”, “não era para ficar mais magra. Era para desaparecer”, “deixa-me em paz com as minhas guerras”, “não, parte-se do geral para o particular!”, “pois, pois, isso é muito bonito, mas não serve de nada”, “já para a coluna jónica já”, "se querias mesmo saber porque é que não perguntaste?", “porque é que não ficas?”.
Esta história tem uma importante mensagem teológica: Jonas representa a mentalidade estreita e vingativa com que se classifica muitas vezes os judeus. Como os judeus eram o povo escolhido, tornaram-se aos poucos impermeáveis à acção de Deus. Esta é uma parábola da misericórdia de Deus. Ora este relevo que aqui mostramos mais não é que a imagem de Jonas a ser expulso do interior do peixe, existente como decoração de uma misericórdia (apoio na parte de baixo de um banco de coro) na igreja of Saints Peter and Wilfrid em Inglaterra.
O útero… é um útero e tem aqui uma relação formal com a baleia. Não vejo outro tipo de analogia que possa ser feita entre a baleia e o útero humano, a não ser que na Idade Média o útero, por ser feminino, era visto como a fonte de todos os males, uma toca, uma boca insaciável, mais do que o berço das nações.
Church of Saints Peter and Wilfrid
1489
Antes que a Epigénese acabasse com a festa, o Ovismo ainda fez correr muita tinta. Literalmente! É que eram inúmeras as ilustrações dos naturalistas acerca da possibilidade de um ser humano nascer de um ovo. Temos que ver que o ovo sempre teve muita importância em todas as culturas. Sem contar com as variações que cada crença depois lhe associa, elas têm em comum o facto de verem o ovo como o princípio da vida. Não nos interessa dizer o que egípcios, budistas, persas pensam sobre o ovo pois para isso temos o dicionário dos Símbolos. Mas para fazermos uma relação breve com o que mais próximo temos da nossa cultura ocidental, já desde o Estoicismo, o universo era comparável ao ovo: a casca era a lógica, a clara comparável à ética, e a gema, no centro, seria a física; ou seja, os princípios da relação dos Estóicos com a Natureza. Esta ideia é tão antiga que se impõe as perguntas:
William Harvey
Ex ovo omnia
1651
William Harvey
Ex ovo omnia (pormenor)
1651
Leonardo da Vinci
Studies of embryos
1509-14
Royal Library, Windsor
Leonardo da Vinci
Leda
1508-15
Galleria degli Uffizi, Florença
Reinier de Graaf
1672
Reinier de Graaf
O ovo é no fundo uma alegoria humana da Caixa de Pandora, bem como o útero que o expulsa: todo o bem pode estar ali contido, mas o mal também. E é também uma forma de celebrar a morte, embora aqui só nos interesse falar dele enquanto veículo para a vida. Ainda que de uma forma um bocadinho excêntrica. E o Ovismo estende-se de tal forma à arte que podemos vê-lo tanto no quadro de Piero della Francesca “Madonna and Child with Saints”, como no livro “Admirável Mundo Novo de Adous Huxley. No primeiro exemplo, Piero della Francesca pintou um ovo de avestruz mesmo em cima da cabeça da Virgem e se fizermos uma análise da perspectiva do quadro e do seu Ponto de Fuga auxiliado pelas construções arquitectónicas, vemos que tudo na pintura se centra na cabeça da Virgem. È por isso impossível ignorar o ovo, embora seja comum em muitos altares dedicados à Virgem. A razão da relação entre a Virgem e o ovo de avestruz pode ser desdobrada: por um lado a analogia entre o Nascimento de Cristo (vindo do interior da Virgem Maria) e o ovo que incuba à luz do Sol e por isso, eclode sem intervenção humana (quase, porque na prática o nascimento de Cristo é uma forma de Ovismo – Ele nasce do interior da Virgem mas vem já numa redoma mística). Ainda nesta linha de pensamento, foi dito que o ovo era uma pérola e que por isso representava a Imaculada Concepção uma vez que tal como Cristo, a pérola sai sem intervenção qualquer do interior da concha. Por outro lado, há a relação entre o ovo e o nascimento e o ovo e a morte, pois é símbolo da renovação cíclica (daí o ovo da Páscoa que é a vitória da vida sobre a morte). Logo, diz-se que o ovo de avestruz (sendo a avestruz um dos símbolos heráldicos da família Montefeltro que encomendou o painel e que se vê pintada nele) remete para a morte de Battista Sforza (que faz de Virgem Maria) e o nascimento de Guidbaldo Montefeltro (que faz de Menino Jesus), como se tal como uma avestruz, ela tivesse enterrado o ovo na areia, tivesse morrido e deixasse cá apenas a sua imagem e o ovo a chocar.
Piero della Francesca
No livro “Admirável Mundo Novo” Huxley referia-se com mordacidade ao Processo Bokanovsky descrevendo-o como a forma asséptica para criar vários seres humanos concebidos a partir de um só ovo. Estes ovos não têm mãe, não há partos neste “Mundo Novo”, mas fica aqui patente a ideia de um útero materno que é substituído por uma fábrica, conservando-se apenas a ideia de ovo. Por mais que nossa imaginação avance, por melhor que seja a tecnologia, ainda concebemos um futuro em que homens e mulheres não serão necessários na reprodução, mas em que o ovo, a incubadora continua a existir, como são exemplo disso os embriões criados em laboratório no filme Matrix ou Relatório Minoritário.
um destes dias disseram, de uma forma subtil, que era fútil. Tomei como uma afronta, não sei bem porquê. Depois pensei: "bem, antes a futilidade que a falsa modéstia". Como diria o Wilde: "The makeup tells us more than the face".
- Roisin Murphy canta (e canta) no desfile de Viktor and Rolf (pode uma pessoa pedir mais do que isto);
- Dita von "Teases" para a Wonderbra (uma linha ao seu dispôr)
- Alexander McQueen a trabalhar para o Serviço Nacional de Saúde. Em especial para os ortopedistas.
- Um questionário que nos reduz a três ou quatro perfis. Vaidades!
Um dia, uma cidade de Portugal inventou um desfile de Carnaval com grupos carnavalescos, piadas, grupos de passerelle e Escolas de Samba. Ao princípio e como a cidade era pequena, só existiam duas escolas de samba assim como pouco mais de 10 grupos carnavalescos e de passerelle. A sua função era simplesmente entreter as pessoas prometendo-lhes três dias de folia e a sensação de que no futuro a performance seria melhor. Entre os rigores climáticos do Natal e os rigores espirituais da Páscoa, o povo assistia com manifesta alegria à passagem das cores das escolas, da euforia dos grupos e da mascarada que aproximava quem divertia de quem era divertido. Todos eram amigos nesses três dias e mesmo quem não se conhecia passava a conhecer sem qualquer vergonha ou medo: médico e paciente bebiam do mesmo gargalo, patroa e empregada balançavam a perna ao som do chorinho. Mas com o tempo as Escolas de Samba, instigadas pelo que se passava além-mar, tornaram-se mais, e mais sofisticadas. A Comissão do Carnaval inventou o concurso para Escolas de Samba onde eram avaliadas as passistas, o mestre-sala, a porta-bandeira, o enredo, a música, os fatos e a coreografia. Os atrasos entre as alas que compunham a Escola e as falhas técnicas eram penalizadas por espectadores dissimulados entre a multidão, que numa folha avaliavam estes parâmetros. No fim, o júri contava os votos e declarava-se, na varanda do Município o vencedor e no dia seguinte empregada e patroa voltavam as costas e médico e paciente não se cumprimentavam. Havia "choro e ranger de dentes" chegando muita gente a "vias de facto". A votação beneficiava sempre as duas grandes: a Costa Dourada que se apresentava de vermelho e branco ( a primeira vez que uma escola de samba se apresentou apenas de branco as passistas pareciam umas cegonhas com a pena a mudar. A partir sempre que uma Escola de Samba se apresentava de branco, perdia) e a Bandinha que desfilava de rosa, branco e lilás.
Apesar de hoje as Escolas de Samba serem mais, o poder de reinar como vencedora durante um ano (e usufruir de um subsídio para as representações externas do nosso Carnaval), continua a claudicar, ao ritmo anual de uma cor por ano entre os vermelhos e os rosas. Para o povo que vota resta a folia com tempo limite e o vomitado da praxe à porta de cada casa, como que anunciar a passagem do compasso e o início de épocas em que todas as promessas serão esquecidas.
quarta-feira, setembro 23, 2009
antes e depois ou como os filmes do Hitchcock, vistos cinco vezes, ainda têm mais coisas para contar, ou como já não é a primeira vez que falo dos filmes dele (principalmente "A mulher que viveu duas vezes" e a "Chamada para a Morte") ou como isto não é tudo porque a obra continua actual e porque podemos analisá-la ao nível dos sapatos, da semelhança entre planos inovadores daquele tempo e os planos da Comunicação Social, ao nível das jóias, da influência sobre os pintores e dos pintores (principalmente Dali em "Spellbpound" - com quem Hitchcock se incompatibilizou - e Magritte) e muito mais. Já não é a primeira vez que a Mattel faz uma Barbie para coleccionador com uma temática como a Barbie Mary Poppins ou a Barbie Grease. A razão para ter postado este "antes e depois" e não outro (tenho um caderninho de anteses e depoiseses) prende-se com uma leitura que estava a fazer um dia destes. O livro falava de uma tríade na cinematografia de Alfred Hitchcock que contemplava por esta ordem os filmes "Intriga Internacional", "Psico" e "Os Pássaros". Neste último, o primeiro ataque de um pássaro dá-se quando Melanie, depois de ter vindo da pequena doca frente à casa do seu amante (depois de ter deixado lá dentro dois pássaros engaiolados para a filha deste), regressa a Bodega Bay no mesmo barco a motor. Ela contempla-o de cada vez mais perto e não se apercebe, assim como cada um de nós, devido ao plano em que a cena foi filmada (ver aqui aos 06m e 04s), da aproximação de um pássaro, do lado esquerdo do ecrã, que desce até à sua cabeça e a bica. Ora este plano lembra de imediato um outro, bem mais trágico e que corrobora a expressão "a vida imita a arte": o das primeira imagens do segundo avião a atingir o World Trade Centre a 11 de Setembro de 2001, imagens essas captadas quase do chão, como um quadro barroco cuja perspectiva se expressa "di sotto in su", "de baixo para cima". Vemos como a entrada no plano do avião vindo da esquerda, surpreende a pessoa que está cá em baixo e é tão rápido que quase só em câmara lenta (ver aqui) percebemos do que se trata.
Pois o livro referia que o embate dos aviões com as torres sujava completamente a paisagem de Nova Iorque e que a relação com estes três filmes de Hitchcock se explicava a nível iconográfico. Primeiro, em "Intriga Internacional" o avião (como um pássaro gigantesco) ataca Cary Grant numa estrada junto a um campo de milho em Midwest (05m e 43s). Depois, em Psycho vemos como o quarto de Norman Bates está cheio de pássaros embalsamados (02m e 56s), que representam o meio-termo entre o avião (o pássaro grande ou muitos pássaros) para o que se passa em "The Birds", o ataque de um pássaro ou de vários pássaros vivos.
Alfred Hitchcock
The Birds
1963
Mattel
Barbie, The Birds
2008
Sombra virtual – a sombra acessória de um ponto, cujo único propósito é servir de denominador comum entre duas sombras reais projectadas em planos de projecção diferentes. Uma sombra real projectada no PHP e uma sombra real projectada no PFP não podem ser unidas. Usa-se a sombra virtual para encontrar o ponto de charneira, a “plataforma de entendimento” entre duas sombras.
Estes dois conceitos do desenho e da Geometria Descritiva, embora difíceis de compreender sem recurso à folha, ao aristo e ao lápis são o paradigma daquilo que hoje constitui a forma como a maior parte das pessoas vive as aplicações ciberculturais.
Antes de avançar neste post devo dizer que:
- Sou a pessoa mais suspeita para falar deste assunto pois vivo no medo constante de não ser fisicamente aquilo que esperam de mim.
A razão pela qual não concordo com o Facebook e porque o mesmo padece de vários “males”: é narcísico, viciante e ilusório. É narcísico porque necessita da aprovação do outro, do comentário alheio. Como os diálogos se fazem a dois, é sempre obrigatória a presença de outro. Quando esse outro não aparece experiencia-se a sensação de desilusão, de abandono, de ausência de um feed-back. Parte-se, com o objectivo de provocar esse feed-back, para as observações de cariz intimista e pessoal que criam quase sempre a piedade alheia. E embora não se procure a piedade, à falta de melhor, toma-se esta esmola como algo positivo (voluntário e sincero) criando-se assim um ciclo vicioso. Funciona esta auto-estima in vitro ao mesmo nível das endorfinas, só que tomada em doses para mamute.
A quem argumenta que o mesmo se passa, ou pode passar nos blogs (falo da minha experiência apenas. Nunca tive Hi5, Orkut ou conta de Messenger), a verdade é que isto se passa numa aplicação que supostamente serve para “fazer amigos” ou recuperar “amizades perdidas” pelo tempo. Que tipo de intimidade podemos estabelecer com amigos com quem não temos contacto desde a saída de circulação do escudo e, ainda mais, com amigos acabadinhos de fazer, daqueles que ainda estão quentinhos? E para os amigos que estão apenas distantes fisicamente? Onde está o postal, a carta, o telemóvel e, por muito que me custe chegar a este degrau na enumeração, a impessoalidade do mail? Há uma facilidade falaciosa em falar com aquele que não conhecemos, ou com o que acabamos de conhecer, em detrimento daquele que nos está no sangue ou na memória. É ou não verdade que preferimos a legitimação do desconhecido do que a do conhecido? A reprovação do desconhecido em detrimento da legitimação do conhecido? A coibição de qualquer um deles ao marcar do número de telemóvel de um amigo que mora a poucos quilómetros de nós?
O Facebook facilita um certo facticismo gestual que cria a ilusão de vida real ao fazer com que os intervenientes, com a esperança do elogio do outro, o elogiem de volta. Assim observa-se um diálogo óbvio que consiste na troca de encómios, como requer a falsa conversação. No dia-a-dia, quando um desconhecido que espera connosco pelo comboio nos vê tiritar de frio diz: “hoje está mais frio, não é?”, é óbvio que iremos responder qualquer coisa como “é, arrefeceu muito.” Há um código instituído desde tempos imemoriais que faz com que este diálogo vago e feito de factos do conhecimento geral subsista no tempo. Não cria amizades, mas permite fazer a manutenção das normas vigentes que sendo um aborrecimento ou não, dão-nos a possibilidade de viver em sociedade de uma forma saudável. Já no Facebook nota-se por parte de muitos utilizadores que na troca de palavras com os amigos antigos e reencontrados, ou com os amigos novos e desconhecidos, faz-se o percurso inverso. Há um grau de conhecimento mútuo (ou presume-se que esse grau exista e todo o diálogo é orientado nesse sentido) e por consequência a troca de confidências e elogios factuais, que podem ser dirigidos em específico àquela pessoa ou não, e levam à ilusão de cumplicidade. Assim é possível ter no Facebook 400 amigos absolutamente desconhecidos, só pelo prazer do acumular, pela necessidade de reconhecimento geral e por salvaguarda de possíveis candidatos a carpideiras caso se mostre necessário, e na gare do comboio nenhuma resposta à mini provocação “está mais frio”.
Aceito todas as críticas, caso exista alguma, e respondo pelas minhas palavras. Reconheço que a reserva em me mostrar, em me encontrar na vida real com alguns dos que aparecem aqui, se deve à minha insegurança e que por isso o meu exemplo pode não ser entendido como concordante com o acima escrito. Mas a razão para não ter 400 amigos e apenas 5 é porque só tenho capacidade para retribuir com o máximo de honestidade a estes cinco. Desculpem o tom duro.
P.S. (salvo seja!) – Não considero o Twitter pois é um GPS para sub-16 com espelho incorporado.
terça-feira, setembro 22, 2009
sábado, setembro 19, 2009
quinta-feira, setembro 17, 2009
I turn sideways to the sun
keep my thoughts from everyone
It's a jungle, I'm a freak
Hear me talk, but never speak
So I'm stepping out of time
because breaking is a crime
And it may all be too late
but I've no passion for this hate
That's the price of love (that's the price of love)
Can you feel it (can you feel it)
If we could buy it now (that's the price of love)
how long would it last (that's the price of love)
And when this building is on fire
these flames can't burn any higher
I turn sideways to the sun
and in a moment I am gone
That's the price of love (that's the price of love)
Can you feel it (can you feel it)
If we could buy it now (that's the price of love)
how long would it last (that's the price of love)
...
(World, New Order)
Andreas Cellarius
Influência da Lua na procriação
Cosme Viardel
Charles Joseph Natoire
Boreas and Orinthyia
1741
Indianapolis Museum of Art
Ticiano
Danaë
1553
Hermitage, São Petersburgo
Triptych of Garden of Earthly Delights
1500
Museo del Prado, Madrid
A ideia que as crianças nascem das couves está relacionada com esta associação entre os frutos e os vegetais e a fertilidade, mas também com a falta de argumentos para explicar às pessoas - às crianças em especial - de onde é que elas nascem. Dizia-se que vêm de França transportadas pela cegonha. Aliás, os franceses utilizam muito os nomes dos vegetais como "mon chou" (minha couve) para se referirem a algo querido ou pequeno ou que amam. Por outro lado, embora essa seja uma realidade que nos é distante, para o paganismo a couve era utilizada para designar o órgão sexual feminino. Associam as duas coisas por causa do cheiro (eu nem sei o que dizer) e por causa do desenho da couve quando cortada.