quarta-feira, agosto 23, 2006

há coisas que nos deixam mal dispostos logo pela manhã. hoje devo estar na Formiga Bargante. então an-dee-o (é assim que se pronuncia).

terça-feira, agosto 22, 2006

- não vai mais vinho para essa mesa -
coisas de que uma pessoa se lembra:
Vincent Van Gogh
Fifteen Sunflowers in a vase
1888
National Gallery, Londres
Quando a minha idade era outra que não esta, eu tricotava os meus próprios cachecóis e levava-os, contra a vontade da minha mãe, para a escola. Saía de lá a meio da tarde, descia a rua 23 sozinha e atravessava a passagem de nível com a anuição da senhora do cubículo, a senhora que levantava a bandeira consoante a iminência ou não de comboios na linha. Numa corrida chegava depois a casa, fazia os deveres escolares, bebia café com leite – mais leite do que café – e comia um pão com queijo e marmelada ou com queijo e marmelada e manteiga. Descansava em seguida vendo a Rua Sésamo na TVE uma vez que ainda estávamos longe dos tempos em que o Poupas passava na televisão do estado. Ao fim da tarde vestia o fato de ginástica preto, ou o vermelho – recordo de um azul que a minha mãe me trouxe do Brasil, mas que não vesti muitas vezes porque não tinha um ar “suficientemente profissional” -, metia as sabrinas pretas no saco de ginástica e lá partia a pé para o pavilhão do clube da terra para mais uma aula de ginástica de competição tendo a Clara como professora. Pelo caminho parava por casa de algumas colegas com quem partilhava a espargata e o pó de talco para as mãos. Um dia, ao sair das barras assimétricas – que preferia às paralelas por falta de força nos braços -, a saída “à Napoleão” correu mal e bati com as costas no chão. Lembro-me de pensar que aquilo era a morte aos seis anos e pedi para chamarem os meus pais e a professora de ginástica, a Clara, que agachada junto de mim, se riu do meu fio de voz, imóvel, no chão e sem colchões. Lembro-me dos saraus de ginástica, geralmente aos sábados à tarde. A classe feminina, impulsionada pelo forte sentido estético da Clara apresentava sempre coreografias ousadas e fitas no cabelo a condizer com a cor do fato de ginástica. O solo, as assimétricas e a trave eram preferíveis ao salto no cavalo, às argolas e às barras paralelas. O flic-flac nunca consegui fazer. No final da exibição era-nos oferecido, dentro de um saco de plástico da mimosa com estampado a imitar verga, um pacote de leite com sabor a morango e uma embalagem de seis bolachas recheadas de baunilha que eram devoradas com método: primeiro abrir as duas partes da bolacha, depois lamber a baunilha nas duas bolachas e por fim comer a bolacha empurrada com o leite amorangado. Lembro-me de ter mudado de cidade e ter abandonado a ginástica. Lembro-me o que me custou.

Lembro-me dos meus discos do Topo Gigio e de não ter peluches que detestava, lembro-me de uma aranha debaixo da cama, de enfiar toda a roupa que tinha nas gavetas dentro de sacos de plástico, calçar os sapatos de tacão alto da minha mãe, colocar o terço de contas de madeira ao pescoço – so fashion – e vir para a porta de casa mostrar-me. Lembro-me de não haver raparigas na rua e de ter de brincar sozinha, de virar a bacia da roupa ao contrário para fazer de mesa e fazer de conta que tomava chá. Lembro-me de falar sozinha para um outro que era eu mesma, mas que era diferente de mim e por isso me ouvia. Lembro-me de pintar a parede do muro do quintal e de pintar as portas também, de desenhar na parte de trás de pequenos rolos de papel de parede. De ir à missa e na Páscoa, as despedias serem diferentes. Em vez do tradicional: “Ide em paz e que o senhor vos acompanhe”, o senhor padre dizia “Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe. Graças a Deus, Aleluia, Aleluia”. E os fiéis respondiam: “Graças a Deus, Aleluia, Aleluia”. Mas como o faziam descompassados, era possível, no meio deles, elevar um bocado mais a voz de inverter as expressões. Assim, quando já toda a gente se benzia para a retirada, eu ficava de frente para o Sacrário a repetir num tom acima do normal: “Aleluia, Aleluia, Graças a Deus, Aleluia, Aleluia, Graças a Deus, Graças a Deus, Graças a Deus, Aleluia, Alelu…”. Até que a santa da minha mãe me dizia: “Já chega.”

Ao Sábado tinha os treinos de hóquei em patins, aos Domingos havia rojões de porco com arroz de padres-nossos em casa da minha avó. A viagem de carro era ao som dos Bonney M e dos Abba. Uma desgraça… Quando havia tempo metia a combinação da minha mãe na cabeça e fazia de conta que tinha cabelo comprido, quando havia dinheiro, fazia-se mousse de chocolate, quando me deu na ideia, fiz um bolinho de areia tendo como molde o meu umbigo, apanhei uma infecção no buraco e jurei para nunca mais. Passava muito tempo só com os meus botões. Tinha uns muito bonitos que eram umas joaninhas. Na minha escola havia duas irmãs ruivas que usavam vestidos de veludo azuis, uma visão “Alice no país das maravilhas” que nunca vou esquecer. Depois mudei de escola e aprendi muitas coisas, mas só mais tarde, porque a classe estava muito atrasada nas contas de dividir. Enquanto esperava, fazia desenhos. Aos oito viajava de comboio sozinha, nunca perdi o passe, nunca adormeci, nunca deixei que um estranho me oferecesse chupa-chupas. Dizia “rabuçado” e “esbarramento”.

quarta-feira, agosto 16, 2006

terça-feira, agosto 15, 2006

- original soundtrack -


For you dear, I was born
For you I was raised up
For you I've lived and for you I will die
For you I am dying now
You were my mad little lover
In a world where everybody fucks everybody else over
You who are so far from me
Far from me
So far from me

Way across some cold neurotic sea
Far from me
I would talk to you of all matter of things
With a smile you would reply
Then the sun would leave your pretty face
And you'd retreat from the front of your eyes
I keep hearing that you're doing best
I hope your heart beats happy in your infant breast
You are so far from me
Far from me
Far from me

(Far from me, Nick Cave)
- short stories -
Já algum tempo tinha encontrado uma motivação extra - caso ela fosse mesmo necessária, o que não se verificava - para ir à natação. Não ia lá de propósito nos dias em que sabia ir encontrá-lo, nem programava assim a sua vida, depilação incluída, tendo em mente esses mesmos dias. Ia nos seus, se possuísse alguns e se o encontrasse, tanto melhor. Ele parecia nem reparar nela e de facto nunca reparou a não ser daquela vez que ao olhar para o relógio viu que ela fez os 50 metros costas em muito menos tempo que ele. Quanto a ela, sabia-lhe o nome da filha - uma miudinha chamada Mariana

[-Mariana, não vás lá para fora sem vestir o casaco. Estás a ouvir filha?]

-, acreditava que era viúvo, porque não queria sentir-se culpada por gostar cada vez mais da natação caso ele fosse casado e não usasse aliança. Devia por isso ser solteiro, dizia-lhe a moral e o sexto sentido que não era nenhum. Gostava de o ver de calções mas não fantasiava com isso, gostava só de o ver. Nem nunca lhe ocorria naqueles momentos que ele se lembrasse da cara dela fora do microcosmos líquido em que se encontravam. Em que ela o encontrava. No máximo, lembrar-se-ia de um fato de banho vermelho e de umas pernas em rã que fizeram os 50 metros costas em menos tempo que ele.

Foi por isso que quando o viu numa destas noites de Verão a passear a família num centro comercial, sentiu um certo alívio. Ele era um tipo comum, simples, para não dizer simplório, com esposa de casamento arrefecido, e afinal duas crianças: a Mariana e uma outra que ainda bolçava no ombro da mãe. A mãe e esposa era a criatura mais comum que ela podia imaginar: loira falsa, cabelo apanhado de uma saída de praia, a barriga a crescer sobre o cinto, a chinelar, nem bonita nem feia... Normal. Alívio, por se sentir assim livre da inglória mas obrigatória tarefa de seduzir. Talvez até um pouco feliz por perceber finalmente o que não queria: não queria um maridinho de brincar, filhos obrigatórios para, segundo o mulherio, ser uma mulher a sério, para consolidar a união, não queria chinelar em centros comerciais, não queria ter de gritar com as crianças quando se portassem mal, não queria "ser de companhia".

Mas continuava a querer qualquer coisa dentro desse leque que não sabia definir. Algo simples que não exigisse almoços em família, lugares marcados frente a frente, guardanapos bordados a ponto de cruz com as suas iniciais, uns lençóis brancos nupciais oferecidos com um olhar maroto. Tinha noites muito mal dormidas: duas horas de sono e de novo acordada. Isso porém não a preocupava. O que a deixava suspensa no tempo era a sua irrelevância, o nunca ter sido nada para ninguém, o não ter deixado saudades, um pensamento casual, um resquício qualquer. Seria tal possível ou era apenas uma neurose? Não, era verdade.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

- Trabalhaste muito hoje?
- O normal.
- O que é isso?
- O normal é o normal. Nem muito nem pouco.
- O que é que andam a fazer?
- A arranjar o soalho.
- E a casa é bonita?
- É...

Gustave Caillebotte
The floor scrapers
1875
Musée d'Orsay, Paris

- Achas que...
- Não.
- Mas nem me deixaste acabar!
- Deixa ver se consigo acabar a tua frase: "Achas que me podias levar lá um dia destes?"
- Que mal é que tem? Era só para ver. Bem sabes que passo os dias inteiros aqui.
- Sei, mas estou cansado, vou tomar banho.
...

Gustave Caillebotte
Man at his bath
1884
National Gallery, Londres

- E é preciso demorar tanto?
- Estava muito sujo.
- Mas nove anos? Disseste que ías tomar banho corria o ano de 1875, já vamos em 1884.
- Agora já só falta a perna. É um instante. Caramba, a pintura mudou muito de lá para cá. Estou com uma pincelada mais expressionista.
- Se te tivesses despachado.

Gustave Caillebotte
L'homme s'esuyant la jambe
1884

segunda-feira, agosto 14, 2006

- não vai mais vinho para essa mesa -

Então, não se trabalha? O feriado é só amanhã.

domingo, agosto 13, 2006

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

Aos Domingos há piqueniques em praias fluviais, entrecosto na brasa comido na varanda, passeios no centro comercial, escaldões e os truismos da Jenny:
- revolution begins with changes in the individual
- romantic love was invented to manipulate women
- routine is a link with the past
- routine small excesses are worse than then the occasional debauch
- sacrificing yourself for a bad cause is not a moral act
- salvation can't be bought and sold
- self-awareness can be crippling
- self-contempt can do more harm than good
- selfishness is the most basic motivation
- selflessness is the highest achievement

sexta-feira, agosto 11, 2006

- original soundtrack -


In the beginning, when life was simple
We were at each other night and day
You were so sensual and so inventive
We said we’d stick together come what may

In the beginning, you were so brutal
You turned the heat on in the afternoon
Get so excited, get so addicted
You had me eating from your golden spoon

Now I don’t wanna spoil the party
I know it goes against the grain
As the plane touched down I got movies of you
Running through my fevered brain

I really love my sweet thing, I can’t give her up
I really love my sweet thing, I can’t give her up
I really love my sweet thing, I can’t give her up

In the beginning, when we were winning
I was your ever-present love-sick fool
You turned the heat off and left me standing
Freezing by your swimming pool

I can’t give it up
I can’t give it up
I can’t give it up
I can’t give it up

Now I don’t wanna spoil the party
I know it goes against the grain
As the plane touched down, and the midnight moon
Can’t just walk away

Really love my sweet thing, wanna’ lick it up
Really love my sweet thing, wanna’ lick it up
Really love my sweet thing, can’t give it up
Really love my sweet thing, can’t give it up

(Sweet thing, Rolling Stones)
- não vai mais vinho para essa mesa -
antes, depois e muuuuito depois, ou "ai se o Rodchenko sabe!":
Alexander Rodchenko
Lily Brik
1924
Berkeley Art Museum

Alexander Rodchenko
poster

Franz Ferdinand
capa do disco "You could have it so much better"
- mãe, a maçã tem bicho -
Eu acho que era de isentá-lo do pagamento de IRS:

quinta-feira, agosto 10, 2006

- não vai mais vinho para essa mesa -
Guerra pelo telefone:

- Estou sim? Senhor Deus? Daqui é Alá.
- Estou?
- Sim Senhor Deus?! Estou a ouvi-lo muito mal.
- Quem fala?
- Alá, Dr. Alá.
- Ah Dr. Alá. Como vai? Já não o ouvia há um tempo… De férias?
- Eu bem queria, mas o povo e o governo não me deixam em paz.
- Então o que se passa? Não me diga que é o Líbano? Eu já disse ao meu primeiro que nós não temos nada a haver com isso.
- Ah isso é que temos!
- Ai não temos não. No meu programa para o MiMi nunca falei em mortes por mim. Aliás até fiz uma coisa muito curiosa que era a morte do meu filho por toda a gente. Já para evitar estas situações.
- Pois olhe, aqui como sabe não é assim, e o governo anda a fazer pressão comigo para eu resolver a guerra consigo o mais depressa possível.
- Comigo? Mas essa parte nem é minha. Já lhe disse como é que funcionava a coisa aqui: tenho secretários de Ministério para o Protestantismo, para o Catolicismo e para os Ortodoxos. O judaísmo… penso que é o YHVH. Não é comigo que tem de falar.
- YHVH? Mas isso é o quê?
- Acho que é uma sigla para designar o tipo com quem tem de falar. E olhe que lá eles também têm muitos ministérios e secretarias.
- Deram-me o seu contacto, e se é o Senhor Deus o responsável por todos esses secretários, nada melhor para me orientar. Assim não se perde tempo com intermediários.
- Mas olhe que não estamos a respeitar as hierarquias…
- Eles nem atendem o telefone!!!
- E vocês só desocuparam o vosso agora, não foi?!
- Pormenores.
- Bem, vou ver o que posso fazer, mas acho que eles não vão ficar satisfeitos por ter sido comigo que vocês falaram.
- Eles também fizeram a Conferência de Roma e não nos chamaram… Dê-me lá esse jeito.
- Oh caramba, é difícil ser adulado! Estou aqui na minha casa na Baía de Todos os Santos…
- Tem uma casa aí? Mas isso é um paraíso!
- Então e onde é que mora Deus, não é no paraíso? Durante o ano vivo no Céu, no Verão vou a uns paraísos. No ano passado estive em Petra.
- Mas isso é para os meus lados. Podia ter dito alguma coisa! Enfim, vai ajudar-me ou não?
- Era o que estava a dizer. Não tenho aqui o processo todo, mas vou dar um jeito. Só um momento que vou buscar a pasta dos conflitos político-religiosos. Mas olhe que isso não é matéria minha…
- Sim, eu espero.

- Estou sim?
- Estou estou, pode dizer.
- Dizer o quê? O Dr. Alá é que quer resolver o conflito. Eu estou bem arranjado! Esta chamada vai ficar pela hora da morte. O seu ministério sabe disto?
- Sabe, estou aqui no gabinete do meu primeiro. Ora bem, vamos ao que interessa… Israel quer mais um mês de guerra. Não podemos encurtar este tempo?
- É o que lhe digo, não tenho grande conhecimento do dossier. O que é que lhe posso dizer? Tem alguma coisa em troca para eu encurtar este período. Um mês de guerra mais o mês que passou dá dois meses. Parece-me bem, mas se tiver outra solução…
- Dois meses é muita coisa. Temos o apoio do Irão, da Síria…
- Esses não interessam. Dê-me um dos grandes.
- Temos o apoio da França.
- E a França interessa a alguém?
- Caramba Senhor Deus. Eu sempre pensei que Deus fosse francês!
- Já fui, mas depois, mal por mal preferi ser português que tem mais costa marítima.
- Dou-lhe a França e dá-me a paz daqui a três dias. Três não, quatro.
- Quatro porquê?
- Porque já há muitos contratos bélicos assinados. Podemos declarar a guerra acabada no papel e embargá-la na prática daqui a quatro dias. Vocês só ficam a ganhar.
- Ouça, fazemos assim: você dá-me a França e eu dou-lhe o Reino Unido e a paz daqui a quatro dias.
- O Reino Unido?
- Sim, esses tipos deixaram Israel um dia antes da proclamação do Estado Israelita. Merecem alguma responsabilização, não acha?
- Parece-me muito bem.
- E que mais temos pendente?
- Os panfletos lançados por aviões israelitas…
- Que foi agora?
- O meu primeiro pede para pararem.
- Pararem? Então uma pessoa está a dar-vos informação, em árabe, veja bem. Acho que isso já mostra a nossa boa vontade em resolver as coisas. Podíamos bombardear-vos e não avisar, ou avisar na nossa língua. Mas não, até vos fizemos o favor de traduzir as datas e as horas. Depois vinha o pessoal dizer “Estes tipos vêm para aqui, não avisam. E a gente não sabe”.
- Então não vão parar com os panfletos?
- Podemos lançar outros…
- Quais?
- Lançamos panfletos do MacDonald’s e não se fala mais disso.
- Está fechado.
- Mais alguma coisa?
- Como é que fica a situação?
- Como assim?
- Senhor Deus, ali à volta os povos são árabes muçulmanos, há poucos católicos...
- Eu bem lhe disse que a minha especialidade era Novo Testamento. Para questões sobre o Antigo Testamento vai ter que falar com o Dr. YHVH.
- Então quando a guerra acabar como é que as coisas ficam? Como é que ficam as fronteiras, como é que fica a soberania da Palestina?
- Não podemos deixar isso em stand-by?
- Isto está em stand-by há 50 anos!!!
- O problema é que esta gente tem ministros novos: na Palestina, em Israel, no Líbano, no Irão… Uma guerra vem mesmo a calhar para se definirem posições. Tem a certeza que quer acabar com a guerra agora?
- Tem mesmo de ser. O povo está a sofrer.
- …
- Senhor Deus?
- É que isto estraga-me as férias de uma maneira que nem queira saber! Até já estou agastado, tenho de tomar um Rennie.

quarta-feira, agosto 09, 2006

- original soundtrack -


Like a dog lying in a corner
they will bite and never warn you
Look out
they'll tear your insides out
[something muffled underneath, maybe: I'm sorry,
Mr Dalton, there's no need to be concerned]
`cos everybody hates a tourist
especially one who thinks it's
all such a laugh
yeah and the chip stain's grease will come out in the bath
You will never understand
how it feels to live your life
with no meaning or control
and with nowhere else to go
You are amazed that they exist
and they burn so bright whilst you can only wonder why

Rent a flat above a shopcut your hair and get a job
Smoke some fags and play some pool
pretend you never went to school
But still you'll never get it right
`cos when you're laid in bed at night
watching roaches climb the wall
if you called your Dad he could stop it all
You'll never live like common people
you'll never do what common people do
you'll never fail like common people
you'll never watch your life slide out of view
and dance, and drink, and screw
because there's nothing else to do

(Commom People, Pulp)
- não vai mais vinho para essa mesa -

Coisas que fazem uma pessoa mais feliz:
- haver no mundo pelo menos três mulheres com mais celulite que eu. (mesmo que se chamem "Graças")

Peter Paul Rubens
The Three Graces
Museu do Prado, Madrid
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
Antes e depois, ou um post na Formiga Bargante sobre Arte e Humor.

Jean-Auguste-Dominique Ingres
Le Bain Turc
1862
Musée du Louvre



Juan Luís Moraza
El Baño Turco
1997
- consutório sentimental -
Não é mau feitio, é falta de tempo.

segunda-feira, agosto 07, 2006

- consultório sentimental -
Senhores comentadores e visitantes, meia dúzia de gente em mel coado, peço desculpa por não responder, mas são dias como este que fazem com que uma pessoa fique com rosto aparvalhado a olhar não se sabe para onde, sem a menor capacidade para postar seja o que for.

domingo, agosto 06, 2006

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

Mais uma corrida, mais uma viagem... Jenny Holzer e os truísmos:
- raise boys and girls the same way
- random mating is good for debunking sex myths
- rechanneling destructive impulses is a sign of maturity
- recluses always get weak
- redistributing wealth is imperative
- relativity is no boon to mankind
- religion causes as many problems as it solves
- remember you always have freedom of choice
- repetition is the best way to learn
- resolutions serve to ease our conscience
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

Mais um aniversário da morte de Marilyn Monroe.
You are Maryiln Monroe
A classic tortured beautyYou're the dream girl of many menYet they never seem to treat you right
What Famous Pinup Are You?

sexta-feira, agosto 04, 2006

- original soundtrack -


Fernand Khnopff
En écountant du Schumann
1883
Royal Museums of Fine Arts of Belgium

(mais com o queixo apoiado nas nãos em forma de concha e menos com ar de quem está a ser torturado)
- não vai mais vinho para essa mesa -

medley pimba (continuação)
"Eles olham prá direita
e "pisca pisca"
Eles olham para a esquerda
e "pisca pisca"
Andam prá'i a piscar
a ver s'arranjam conquista
Parece que está a dar
e que veio pra ficar
a moda do "pisca pisca"
(Ruth Marlene)

"Manda-me um bilhete postal
de Portugal
eu te peço por favor
manda-me um postal ilustrado
com o teu retrato
numa carta de amor"
(???)

"Feliz de quem
possa dizer
que tem ainda
quem lhe deu o ser
Feliz de quem
possa contar
com seu regaço
pra s'aconchegar
Graças a Deus
que tenho ainda
carinhos teus
minha mãe querida
o teu conforto, compreensão
tu és palavras cheias de razão...
(todos)
Mãe querida, mãe querida
o melhor qu'a gente tem
não há outro amor na vida
igual ao amor de mãe."
(todos os pimbas)
- consultório sentimental -

Senhores leitores, se algum de vocês souber o que é que tenho de fazer para conseguir visualizar o Belogue na máquina, avisem. É que consigo postar, mas não consigo ver o que postei.

quinta-feira, agosto 03, 2006

- não vai mais vinho para essa mesa -

medley pimba de que me vou lembrando enquanto escrevo

"Tira a mãozinha daí
já sei que é bom
mas não é para ti"
(Maria Lisboa*)

"Põe a mãozinha amor,
põe a mãozinha,
põe a mãozinha
outra vez lá onde estava"
(Maria Lisboa)

"Amor amor,
desliga a televisão
liga-me antes a mim amor
é só carregar no botão"
(Micaela)

"Não és homem para mim
eu mereço muito muito mais
não és homem para mim..."
(Romana)

"Podes ficar com a jóias o carro e a casa
mas não fiques com ele
e até as contas no banco, a casa de campo,
mas não fiques com ele
Tira-me tudo na vida
e o mais que consigas,
mas não fiques com ele"
(Ágata)

"Será que está aqui
será que está ali
o rapaz que comigo
há-de casar
se estiver
levante o braço
venha cá dê-me um abraço
temos muito pra falar"
(Chiquita)

"Afinal havia outra
e eu sem nada saber,
sorria
e por ele andava louca
pra ser sua mulher um dia
Afinal havia outra
uma família, um lar, uma casa
eu era afinal de contas
a mulher das horas vagas"
(Mónica Sintra)

"Uma lady na mesa
uma louca na cama
na maior safadeza,
você diz que me ama
e na minha cabeça,
desvario em loucura
quando você começa,
ninguém mais a segura
e mexe, remexe, se encosta se mostra
pra mim
me abraça, me morde, me arranha,
não mude que eu quero
você sempre assim."
(Marco Paulo)

"Eu sei, eu sei
essa linda portuguesa
com quem eu quero casar
já corri mundo e não encontro
outra igual com quem eu queira ficar
é a mais formosa
mais gostosa das mulheres
que Deus pode criar
Ai as saudades e a esperança
de um dia voltar para te abraçar."
(Marante)

* Não confundir com Maria Roma.

quarta-feira, agosto 02, 2006

- short stories -

- Boa tarde.
- Boa tarde. Queria um cachorro quente e uma Coca-Cola, por favor.
- Com cauda ou sem cauda?
- O quê, a Coca-Cola?
- Não, o cachorro.
- O que é que demora menos tempo.
- Os cachorros já nos chegam com cauda. Se quiser com cauda, é como está, se quiser sem cauda, também é só cortar.
- Sem cauda. Não, com cauda. Às vezes faz bem "vareiar", fazer uma loucura...
- É para já.
...
- Cá está. Bom apetite.
- Desculpe,
- Sim...
- Trouxe sem cauda como eu pedi?
- Sim.
- É que não a vejo.
- Ah, nós aqui escondemos a cauda entre o queijo e o fiambre.
- Estou a ver, estou a ver.
- Há gente que não gosta, dizem que parece que estão a comer um espermatozóide.
- Puff. Dá para ver que o cachorro com cauda não se parece com o espermatozóide.
- Está mais para...
- Salsicha.
- Exactamente. O cachorro quente com cauda é mais parecido com uma salsicha de rabo-de-cavalo.
- Isto é muito bom.
- Gosta?
- Muito. Embrulhe-me duas caudas para o caminho, por favor.
- Desculpe mas não podemos vendê-las separadamente.
- De quê?
- Dos cachorros. Podemos vender cachorros sem cauda, mas não caudas sem cachorros.
- A sério?
- Ordens da inspecção alimentar. Posso é arranjar-lhe duas trelas para levar os cachorros.
- E o molho não vai escorrer?
- Eu arranjo-lhe um saquinho.