terça-feira, abril 27, 2010

- o carteiro -

- ¿Dónde está Rossy? é o título do teaser para o novo anúncio Louis Vuitton com Rossy de Palma. ver também a porteira, o professor de técnica vocal e a tia
- os Simpsons apoiam South Park
- o novo album de Kylie Minogue, Aphrodite
- Joni Mitchell acusa Bob Dylan de plágio

segunda-feira, abril 26, 2010

- não vai mais vinho para essa mesa -

sonhei que era namorada do Obama (não me perguntem pela mulher dele porque não faço ideia) e que ele, para além de comparecer sempre aos encontros (super secretos) dava uns beijos de categoria apreciável e muito superior aos beijos ao vivo. estive a fazer contas: até hoje só beijei 8 pessoas diferentes. digo "só" porque segundo a minha geração, este número representa cerca de 1/3 daquilo que já deveria ter beijado. humm... [isto sou eu a pensar]

sábado, abril 24, 2010

- back to black -
manifesto vacuista:

1 o nome deste movimento é arte vácua porque o vacuismo propõe uma arte independente da matéria. não existe na forma natural neste planeta. quando existir chamar-se-á igualmente arte vácua pois nesse momento passa a "ser".
2 o movimento preza o nada embora não seja niilista, preza a ausência de matéria embora não seja idealista e preza todas as manifestações artísticas que o precederam e que existem hoje, embora não faça a apologia de nenhuma delas.
3 os partidários acreditam que a trilogia matéria/tema/técnica dominou sempre a arte figurativa ou abstracta desde os primórdios até hoje. e tem consciência que a mesma trilogia perdurará sem atropelos por se julgar impossível uma arte sem matéria, sem tema e sem técnica.
4 a arte vácua existe independentemente da matéria, do tema ou da técnica em qualquer espaço aberto assim o deseje o indivíduo. esse indivíduo é aquele que tem capacidade de perceber que pode furar o espaço, molhar o espaço, soprar o espaço e não apenas aquele que pronuncia estas palavras.
5 as acções quotidianas como caminhar não são no nosso entender formas de arte. a arte vácua existe independentemente do indivíduo. no há artistas de vácuo porque a arte vácua existe sem eles.
6 não é um movimento de oposição: a oposição é contrária a esta forma de arte. mas também não existe por osmose.
7 o vacuismo não acontece no vácuo.
8 neste movimento não queremos nada; ou melhor, queremos nada.
[nevermind]

quinta-feira, abril 22, 2010

- não vai mais vinho para essa mesa -

em conversa com o psiquiatra, numa das nossas muitas analogias, percebi que assim como o material por si só não é arte, a arte também não existe sem material. desde sempre a arte foi e é matéria, se não for mais nada, é suporte. é tela, é tinta, é pedra, é papel, é o disco, é a fonia, é madeira, é lixo... Não existe o nada na arte e estava a pensar num novo movimento artístico chamado a "air art" ou a "arte do nada" ou a "arte vácua". em que é que isso se traduzia? num espaço aberto declarado arte. por exemplo: uma galeria em que o espaço era arte. numa arte que só o era pela ausência de tudo. e isso não seria arte minimal, mas quase arte decimal ou até, por oposição ao tanto que há: arte negativa. mas com um sentido positivo.

[nevermind]

terça-feira, abril 20, 2010

- original soundtrack -


Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios no ar


E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos


Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização


Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você


(Futuros Amantes, Chico Buarque)
- não vai mais vinho para essa mesa -

sim, realmente convém ter conhecimentos:
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

talvez não seja bem isto que quero dizer, mas vocês compreendem. queria um "antes e depois", só não tenho a certeza que a este "antes" corresponda este "depois". Estava a ver a História da Arte da Gulbenkian e passei pela fotografia de uma página de um álbum de arte islâmica. Já tinha passado várias vezes por ali e só nesse dia me pus a pensar: "X, isto daria um bom antes e depois. Tão bom" - disse eu para mim com algum laivo de exagero - "que nem tu deste por nada." E continuei "pensaste sempre que esta imagem era de arte contemporânea". Terminei com a devida repreensão "és mesmo...". Mais curiosa ainda foi a leitura de parte do capítulo que dizia que as imagens relativas à decoração islâmica eram muito semelhantes ao que víamos na arte contemporânea. Quer dizer, contemporânea na altura em que aquela História da Arte foi escrita. A imagem parecia-me tão actual que nunca coloquei a hipótese de ser da época que depois vi em legenda. E por ser actual, o antes e o depois eram um só, de tal forma que me foi difícil arranjar um depois que estivesse à altura do antes. A arte islâmica - do pouco que sei - não era dada ao figurativismo, embora seja possível encontrar exemplos de retrato de pessoas e animais. E não é só na arte não religiosa pois há imagens de Maomé, sem rosto, a ser erguido aos céus, como aconteceu segundo o Corão. No geral a arte islâmica era iconoclasta e daí a forte presença de elementos não figurativos baseados na caligrafia pois a caligrafia era uma arte. Tal como os monges copistas atingiam algum estatuto durante a Idade Média, o mesmo acontecia com quem se dedicava à escrita no próximo Oriente. Vejamos as coisas desta forma: a arquitectura era a arte suprema para o Ocidente. Pois para o Oriente a maior expressão artística era o livro. Um livro era a Gesamtkunstwerk; ou seja, aquilo que para nós (para Wagner) é a ópera: a "obra de arte total". Era caligrafia, desenho e encadernação. Nem mesmo os motivos vegetais, presentes na nossa Arte Nova, Modernismo, Jugendstil and so on, poderiam figurar na arte islâmica pois isso seria equiparar o homem a Deus no processo de criação, algo que, muito me espanta, nunca ergueu querelas no Ocidente. Talvez Mondrian - e hoje sabemo-lo, ou julgamos saber - não se tenha inspirado neste tipo de arte. A abstracção de Mondrian bem como de outros "neoplasticistas" (não sei se isto existe), e movimentos antecedentes, resultou de um progressivo desinteresse pelo crescente academismo que se tinha tornado o movimento da Secessão Vienense, originalmente concebida para responder a esse mesmo academismo. Daí para o Expressionismo, o Der Blaue Reiter e o Die Brücke (ou vice-versa, são movimentos patrícios) foi um passo de cerca de duas décadas para o De Stijl; ou seja, o Neoplasticismo. Um passo de duas décadas não é nada para quem antes assistia a movimentos artísticos que eram políticos e sociais e duravam séculos. O Neoplasticismo foi, dos movimentos modernos de não ruptura. O Futurismo fez a ruptura com a emoção e o sentimento, o Cubismo fez a estilização da realidade, o Suprematismo afastou a realidade da arte (criando de certa forma o abstraccionismo), e o Dadaismo fez o resto; ou seja, arrasou tudo o que antecedia o seu próprio tempo.
[não podemos ver estes movimentos como estanques e independentes. tenho para mim que a facilidade crescente na deslocação de pessoas e bens, tal como a época febril que se vivia foi importante para que estes artistas e por conseguinte as suas obras, fizessem rapidamente a ponte entre o estilo em que começavam e o estilo que fundavam. a linha que os separa não está bem definida.]

Influenciado pela sua formação cubista, Mondrian transmite para a tela a abstracção total, talvez a primeira forma de abstracção que parte de modelos concretos. Tal como o Cubismo dizia, Mondrian estiliza cada vez mais o que vê. Mis enquanto Picasso e Gris sobrepunham pontos de vista no quadro (como se fosse uma pintura de "acrescento"), Mondrian retirou tudo aquilo que era acessório e resumiu a realidade às cores primárias, às formas elementares (quadrados e rectângulos) e ao ponto (ponto, linha, plano, o princípio de Kandinsky). Mondrian apenas eliminou a linha dinâmica - diagonal - e a forma de reunião por excelência - o círculo de forma a criar uma pintura completamente objectiva.

Álbum do Conquistador (Sultão Maomé II)
Século XV
Museu do Palácio de Topkapu, Istambul


Mondrian
Broadway Boogie Woogie
1942-1943
The Museum of Modern Art, Nova Iorque
- o carteiro -


- ars longa, vita brevis -
hipócrates

Talvez não devesse falar disto enquanto a peça está em cena, mas a altura é esta; ou seja, a falar que seja agora e não quando Antígona já não subir ao palco do TNSJ. Talvez também não devesse falar disto com a minha experiência de "apenas espectadora", mas é uma opinião e não é filiada.

Nuno Carinhas encenou o texto de Sófocles, uma tragédia grega cuja qualidade a minha tenra idade e parca experiência não podem colocar em causa. Há no entanto que acrescentar que não obstante a riqueza do texto, um clássico que conta a morte de Antígona às mãos das leis injustas feitas por uma sociedade patriarcal, morte essa que originou a queda da casa de Creonte, a encenação e a representação desta Antígona não podia receber, da minha parte (que não conta para nada, bem sei) nota mais negativa.

Logo nos instantes iniciais o espectador apercebe-se que tudo, ou muito do importante acontece no lado direito do palco (direito para a audiência), o que é, e foi uma pena para quem como eu está mais para petinga do que para carapau graúdo. Junta-se a isto a forma como o texto é dito, ou para fazer justiça a tantas peças de teatro, a forma como o texto é debitado. As frases são disparadas e automáticas, expelidas todas com o mesmo tom como se o facto de estarem inseridas numa tragédia grega não permitisse a interpretação ou variação tonal. A dicção dos actores é perfeita, mas isto de pouco serve quando as frases são ditas sem expressão, sem sentimento; os movimentos corporais presos ou quando soltos, suspensos num exagero à la mode. A interpretação das personagens é pouco credível: é impossível acreditar no amor entre Antígona e Hemon e, não fosse um bom Creonte e ninguém poderia salvar a peça. Bom Tirésias devo acrescentar que com os espasmos próprios de adivinho cria a excepção que no fundo deveria pautar a peça para que as diferentes personagens não agissem tanto como iguais. Má Antígona que estagiou durante toda a peça e que mostrou ter ganas de, a qualquer instante, levar a mão à testa num gesto típico. Muito triste a visão de Eurídice, mãe de Hemon e esposa de Creonte mesmo no final. Uma aparição rápida, mas que não passou, pelo menos a mim, despercebida. Seria mesmo necessário fazer a actriz deslocar-se nuns sapatos de cerca de 10 a 20 cm de plataforma, mal disfarçados pelo andar e pelas vestes? Cenografia já vista em D. João de Juan Molina, com o mesmo tipo de abertura e do mesmo lado do palco. E desculpem dizer, mas aquele calçado de Isménia não lembra a ninguém.

Por fim, a banalização do aplauso de pé. Não sei se é apanágio do público português, mas a ovação dedica-se ao "excepcional" que é diferente do "bom" ou do "bonzinho". O facto de nos entreter não me parece motivo para aplaudir de pé, ainda por cima se entre entrada e saída do palco, o grupo de actores agradecido não deixe passar o último deles para agradecer novamente em palco. [esta última parte é só mesmo porque eu sou um bocadinho exigente. eh pá, mas o blog é meu]
- o carteiro -

A Harper's Bazaar de Março fez um editorial de moda baseado nos filmes de Pedro Almodovar, recriando mesmo algumas cenas. Não sei se já viram (vão pensar certamente que eu não penso em mais nada), mas deixo aqui algumas fotografias do antes e do depois. As cenas são recriadas por modelos e designers.

Os Maus Hábitos


Maria Carla Boscono (adoro-a) com Jean Paul Gaultier


Carne Trémula


Lagerfeld e Almodovar


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Angela Missoni
não sei, não sei. depois de postar sinto-me como se tivesse desengravidado.

sábado, abril 03, 2010

- back to black -

hoje para "vareiar" não há citações porque "saber o que os outros pensam não é pensar" (não sei quem disse isto, cross my fingers). Mas se alguém desejar saber o "quem é quem" na História da Arte, basta ler. Muitos beijos repenicados nessas bochechas gordinhas.
- back to black -

santa Páscoa em que toda a gente vem à varanda assoalhar o piolho, em que se veste a roupa nova e se leva o ramo à madrinha e um beijinho ao padrinho. Adorada Páscoa que os cristãos celebram como sendo a altura mais especial do ano litúrgico e de mais alegria esquecendo que celebrar a morte e ressurreição de um homem deixa muito a desejar em comparação com a celebração do seu nascimento. Digníssima Páscoa que nos traz a salivar desde Dezembro que aumenta o comércio, o trânsito, o número de seres vivos por metro quadrado, todos emoldurados pela tragédia de um homem e de uma tarde solarenga perto do mar a soltar "bitaites" sobre o futebol e a política e "estes gajos que são todos uns gatunos". Extremosa Páscoa que prometes durante dias a excitação do descanso abandonado num livro que não se quer ler, de um passeio que não se quer dar, de um beijo que se queria com outro destinatário e obrigas, em teu nome, à esperança e alegria inconsequentes dos homens de bem que somos todos nós. Porque todos somos, no fundo no fundo, gentis e bons.