- back to black -
santa Páscoa em que toda a gente vem à varanda assoalhar o piolho, em que se veste a roupa nova e se leva o ramo à madrinha e um beijinho ao padrinho. Adorada Páscoa que os cristãos celebram como sendo a altura mais especial do ano litúrgico e de mais alegria esquecendo que celebrar a morte e ressurreição de um homem deixa muito a desejar em comparação com a celebração do seu nascimento. Digníssima Páscoa que nos traz a salivar desde Dezembro que aumenta o comércio, o trânsito, o número de seres vivos por metro quadrado, todos emoldurados pela tragédia de um homem e de uma tarde solarenga perto do mar a soltar "bitaites" sobre o futebol e a política e "estes gajos que são todos uns gatunos". Extremosa Páscoa que prometes durante dias a excitação do descanso abandonado num livro que não se quer ler, de um passeio que não se quer dar, de um beijo que se queria com outro destinatário e obrigas, em teu nome, à esperança e alegria inconsequentes dos homens de bem que somos todos nós. Porque todos somos, no fundo no fundo, gentis e bons.
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