sexta-feira, março 26, 2010

- o carteiro -
não suba o sapateiro acima da chinela ou neste caso, não suba o arquitecto acima dos alicerces (caro AM, todo o respeito).
Não posso dizer que estes exemplos são completamente mal sucedidos, pois em alguns casos é provável que exista nas peças a estabilidade e conforto necessários ao uso. Mas em outros, tanto no que ao uso concerne como relativamente à estética, quer-me parecer que os sapatos ficam aquém. Quem começou com a moda, se bem me lembro, foi a arquitecta Zaha Hadid para a marca brasileira Melissa (aqueles sapatos de plástico que toda a gente usou em criança) e depois para a Lacoste. Curiosamente, e apesar do prestígio da Lacoste, a arquitecta fez uso integral de borracha para construir umas botas cujo cano se enrola à volta da perna. Com uma tecnologia própria para cortar metais, de nome Direct Metal Laser Sintering, é muito provável que as botas de Zahid custem muito mais do que umas botas sem marca e, segundo a fotografia, abriguem bem menos. Pode ser que estas botas sejam apenas um estudo, nunca saiam da loja e sirvam somente como experiências da arquitecta relativamente a outros materiais e formas, mas que as botas são feias, lá isso são.
Outro par que também deixa alguma coisa a desejar, pelo menos na minha opinião é Rem D. Koolhaas/United Nude. Koolhass desenhou para a marca United Nude, já há algum tempo uns sapatos cujo salto era como o pé de uma cadeira de escritório. Mas agora a parceria voltou com Möbius que, segundo o nome, devem ter sido inspirados na fita de Moebius (aquela que fica ao contrário). A ideia, o conceito está engraçado, mas o sapato no final não deixa de ser uma tamanca um bocadinho sirigaita e arregaçada. Pode ser um bom princípio para um edifício, como uma brincadeira, mas não é para um bom (e quando digo bom não estou a esquecer o bonito) sapato.


Há outros dois exemplos que merecem nota embora não se saiba muito bem se são usáveis ou não. Um deles, e aquele que mais dúvidas deixa, é o sapato Mojito de Julian Hakes. Hakes não trabalhou em colaboração com nenhuma marca, mas vendo pela obra de arte que o sapato se tornou, é bem provável que seja chamado para trabalhar para a casa Laboutin. Não posso negar que gosto. Não sei se é prático ou não, mas que é bonito, lá isso é. Tendo em conta que este tipo de sapatos não são para usar nos terrenos arenosos da Capadócia – assim como os sapatos de tacão alto deveriam ter um espaço próprio revestido a passerelle para os tacões não se enfiarem entre as pedrinhas da calçada portuguesa – acho que podem ser estáveis o suficiente para uma entrega de prémios. Desconfio muito da estabilidade dos sapatos (não há nada que os prenda ao pé) e da sua capacidade de não “chinelar”, mas dou o benefício da dúvida.


Por fim, temos uns bonitos Tea Petrovic que foram buscar a sua forma à arquitectura. Esta Bósnia foi buscar inspiração aos projectos de Santiago Calatrava e criou uma linha que não deve ter passado ainda da maquete, mas já nada na internet, o que não é mau para uma estudante de design. Há muito das coberturas, pontes e pilares de Calatrava nos sapatos de Tea Petrovic, embora a rapariga diga que os sapatos são mais uma experiência do que um objecto de uso quotidiano em si.

8 Comments:

Blogger João Barbosa said...

ufa! acho que não usaria, a menos que fosse só para a fotografia... nenhum deles

26/3/10 4:46 da tarde  
Blogger alma said...

Beluga,
ficaram a faltar os botins do gehry

as socas do Koolhas não é do koolhas amigo do AM mas sim de um sobrinho

a zaha adid é uma sapatona horrorosa pior só mesmo a Jvasconcelos com o seu crochet LOL

26/3/10 10:10 da tarde  
Blogger Belogue said...

Caro João Barbosa:
Também não sei se estes sapatos fazem muito o seu tipo. Talvez o verdinho...

Cara Alma:
Vi os botins do Gehry para a JM Weston, mas não lhes achei grande piada: as polainas estão na moda para quem gosta de vintage, mas não trazem nada de novo. Que as socas eram do sobrinho do Koolhass, essa é que eu não sabia, mas já corrigi. Aquela família é uma oligarquia da arquitectura a competir com os Medici no mecenato?
A "Zara Hadid" como eu lhe chamo porque troco sempre os nomes, já teve tempo para fazer coisas bonitinhas. Os sapatos de "sapatona" ainda vá que não vá, mas as botas... Ela, a Fátima Lopes e a Joana Vasconcelos que nem pensem numa parceria!

27/3/10 12:24 da manhã  
Blogger alma said...

ah,ah,ah
a za a fa e a jv juntas só num pesadelo!

tenho um fraquinho pelo Gehry...

28/3/10 12:13 da manhã  
Blogger AM said...

pois eu desde que vi a JV a desfilar para a Ana Salazar nunca mais dormi descansado
ODP é amigo do Kualhas e à outra prefiro chamar de a-zaha-rada

28/3/10 10:49 da tarde  
Blogger Belogue said...

Cara Alma:
Um fraquinho como? Como arquitecto? Tem de me explicar isso.

Caro AM e Alma:
ver a Joana Vascocelos com aquela franjinha a desfilar vestida de saco do lixo para a Salazar foi uma visão dos infernos. Ela parecia um mau actor: não sabia onde pôr as mãos.

O desproposito não é amigo do Koolhaas, pois não? Diga-me que não. Do pouco trabalho de arquitectos que conheço, o dele é "caticha".

29/3/10 12:28 da manhã  
Blogger alma said...

Beluga,
Gosto do Gehry como arquitecto e como humano
sinto-o especial
dancing house (Gingers...)em Praga
Bilbau
as carpas para a tiffany´s
uma cadeira para a Knoll
a mesa de cartão para a vitra

os botins parecem mais do RL eu sei LOL
acredito que o desenho seja dele em honra ao Fred Astaire (suposições...)

29/3/10 5:53 da tarde  
Blogger Ji|||i said...

babe,
o Rem Koolhas de que falas nao é o arquitecto...mas o sobrinho do arquitecto que por acaso tem o mesmo nome. Ele próprio desenha os sapatos em parceria com uma única designer...nao há espaço pra outros designers. Nao se trata de uma parceria entre o arquitecto famoso e a marca. Simplesmente o sobrinho tb é arquitecto e isso reflecte-se no design dos sapatos....que sao mais giros ao vivo que nas fotos.
bjo

30/3/10 4:31 da tarde  

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