quarta-feira, março 27, 2019

- original soundtrack -


Last night I dreamt
That somebody loved me
No hope - but no harm
Just another false alarm

Last night I felt
Real arms around me
No hope - no harm
Just another false alarm

So, tell me how long
Before the last one?
And tell me how long
Before the right one?

This story is old - I know
But it goes on
This story is old - I know
But it goes on 


- não vai mais vinho para essa mesa -

mas mesmo depois de tudo - de todas as chatices e de toda a ansiedade - há isto
- ars longa, vita brevis -
Hipócrates

- o carteiro -

 antes e depois ou "boa noite senhores leitores. Bem-vindos a mais um clássico impressionista. Trata-se da segunda mão da final que decide a classificação deste campeonato. Relembramos que a primeira mão não teve vencedores nem vencidos, embora o empate daí resultante tenha oferecido a Renoir os primeiros pontos do pintor no campeonato. Foi uma partida morna que opôs este pintor a Monet e aguardamos o final desta frase para dar início à segunda mão. 

Renoir arranca bem e à medida que fazemos scroll somos tentados a dar-lhe a vitória quase antes de darmos tempo aos pintores para molharem os pincéis (salvo seja!). Mas eis que o IIV (Impressionism Investigation Video) foi consultado para esclarecer uma situação na qual os seus serviços nos parecem ser manifestamente úteis. Monet não parece estar na sua melhor forma. Apresenta uma versão dos barquinhos em Argenteuil que não é digna dele. O IIV pensa que este Monet poderá ter sido forjado, uma cópia do verdadeiro que é de facto muito difícil de encontrar, mesmo na net que tem assassinos a soldo e coisas desse calibre. De facto, esta é uma reprodução - a possível, lamento - do quadro de Monet. Foquemo-nos pois nas questões importantes e esqueçamos a paleta delicodoce. Renoir parece ter chegado um momento antes de Monet, quando o homem na prancha se encontra em amena cavaqueira com o barqueiro. Monet por seu turno torna a interacção mais… interactiva ao fazer o pequeno e curioso senhor aproximar-se mais do barqueiro, fazendo-o mesmo entrar no barco deste e debruçando-o sobre ele, talvez para o escutar melhor.

Ambos têm pontos positivos: a expressão corporal do homem de Renoir é a de um burguês satisfeito com a vida, com o dia de sol, com o almocinho que o espera em casa. Imagino-o quase em bicos de pés com a barriga aponte para o céu. Já a ousadia de Monet ao fazer o homem entrar no barco e debruçar-se assim (quem sabe se, até colocando em causa o equilíbrio da coisa), também merece ser pontuada. A partida acaba assim com um empate que não faz justiça à qualidade do jogo, mas faz justiça ao trabalho dos jogadores. 
A classificação final é pois a seguinte:

Monet - 8 pontos
Manet - 3 pontos
Renoir - 2 pontos
Sisley - 1 ponto
Bazille - 1 ponto

Prevêem-se chicotadas psicológicas. Ou das outras, com chicote mesmo.
Beijos, abraços e cuidado com o abacate."











Pierre-Auguste Renoir
The Seine at Argenteuil
1874
Art Museum, Portland












Claude Monet
Boaters at Argenteuil
1874

quinta-feira, março 21, 2019

- original soundtrack -










Oh, lord, help me walk
Another mile, just one more mile;
I'm tired of walkin' all alone.

And lord, help me to smile
Another smile, just one more smile;
Don't think I can do things on my own.

I never thought I needed help before;
Thought that I could get by - by myself.
But now I know I just can't take it any more.
And with a humble heart, on bended knee,
I'm beggin' You please for help

Oh come down from Your golden throne to me, to lowly me;
I need to feel the touch of Your tender hand.
Release the chains of darkness
Let me see, Lord let me see;
Just where I fit into your master plan.

(Help Me, Johnny Cash)

domingo, março 17, 2019

quarta-feira, março 13, 2019

segunda-feira, março 11, 2019

- original soundtrack -













Moon River
Wider than a mile
I'm crossin' you in style
Some day
Old dream maker
You heart breaker
Wherever you're goin'
I'm goin' your way
Two drifters
Off to see the world
There's such a lot of world
To see
We're after the same
Rainbow's end
Waitin' round the bend
My huckleberry friend
Moon River and me

(Moon River, Audrey Hepburn - a mulher mais bonita do mundo (uma das, para mim)
- não vai mais vinho para essa mesa -

Prémio "levaste com o dedo do meio; levaste e mereceste. que isso não é forma de 'elogiar' uma mulher":

na rua, de leggings a vir da ginástica (única pessoa naquela rua a passar a pé)… um tipo atira de dentro do carro:
- que rico queijinho, amor
como não percebi imediatamente a "palavra queijinho", só ouvi o "inho", não reagi logo. e ele voltou:
- tens um belo queijo.

(para a próxima, faço-te com ele uma colonoscopia)


- ars longa, vita brevis -
Hipócrates

boa noite srs. leitores. bem-vindos a mais um grande clássico impressionista. Desde 2018 não tínhamos um clássico desta dimensão e o calendário para esta época assegura-nos, para além do derby de hoje, um outro, quando for possível. Vamos somente recuperar os resultados dos últimos derbies para fazermos a previsão para a partida de hoje. Em 2012 a partida opôs Manet a Renoir, sendo que o primeiro ganhou. Em 2015 foi a vez de Monet e Renoir discutirem o derby impressionista e mais uma vez Renoir ficou a perder. Em 2017 os dois voltam a encontrar-se em torno de uma natura morta e Renoir perdeu. Em 2018 o derby teve como protagonistas Sisley e Bazille, sendo que nessa altura o resultado foi um empate. Temos pois Monet em primeiro lugar, Manet em segundo, Sisley e Bazille ex-aequeo em terceiro e Renoir em último. Vamos ver se a partida de hoje altera algo nesta classificação, e se o campeonato impressionista se mantém na liga principal ou passa para a distrital. 

Temos pois Renoir vs Monet, numa partida que nos parece muito renhida pois Renoir apresenta aqui uma equipa de pincéis largos que são reveladores de uma certa vitalidade na carreira deste pintor que, atacado pela atrite a partir de cerca de 1890 se viu obrigado e mudar dos seus nus gigantescos e sólidos ("apastelados" e enjoativos) para cenas onde a pincelada pudesse ser mais amplas e menos pormenorizada. Monet bate-se bem neste derby renhido já que apresenta uma equipa de esfumados (ou de sugestão dos mesmos), com a qual é difícil competir. Renoir joga pelo seguro e apresenta um dia solarengo; Monet arrisca mais ao aproximar-se de um despojamento que em alguns pormenores parece anunciar já a abstração, como na roda da carruagem, ou as figuras pouco esculpidas… Parece que pelo seu esforço em fugir de alguns estereótipos Renoir é aqui recompensado, uma recompensa que, veremos em posts futuros, poderá ser ou não merecida.

Finda a partida, o resultado final é o empate, sendo que neste caso Renoir alcança o seu primeiro ponto no conjunto de derbies que já aqui temos vindo a acompanhar. O IIV (Impressionism Investigation Video foi consultado, não sem alguma polémica, mas o resultado manteve-se até ao final do post:
Renoir vs Monet 2019 - x












Pierre Auguste Renoir
Pont Neuf in Paris
1872
National Gallery of Art, Washington










Claude Monet
Le Pont Neuf
1873
Dallas Museum of Art, Texas
beluga - não penses muito nisso. nem muito, nem pouco. 

sexta-feira, março 08, 2019

um brinde às semanas com 7 dias de trabalho


terça-feira, março 05, 2019

- o carteiro -

gente que sabe como festejar o carnaval

houve um tempo em que as festas eram festas a sério. lembro-me da Callas no iate do Onassis, da Grace Kelly a dançar a Conga na festa dos 40 anos da Elizabeth Taylor, do Baile de Inverno da família imperial russa em 1903... isso sim, era carnaval. não sei porquê, mas tudo isso me leva à "Senhora de uma certa idade" dos Divine Comedy, e à passagem de um tempo a outro (o que me leva a'O Leopardo do Visconti que por sua vez me leva a pensar que admiro sempre tempos que não são os meus, tal como toda a gente. só estamos bem onde não estamos.). Isto para dizer que se houve gente que soube festejar um carnaval em estilo, essa gente assistiu certamente a um festival délfico. Realizaram-se dois: um em 1927 e outro em 1930, ambos organizados pelo casal Eva e Angelos Sikelianos. Ele era um poeta e estudioso dos textos da Antiguidade que chegou a estar nomeado para o Prémio Nobel da Literatura. Ela era de Nova Iorque e na realidade, não tinha profissão. Casou com Angelos - não foram felizes para sempre - talvez porque partilhasse com ele o gosto pela Antiguidade Clássica. Os festivais délficos eram uma espécie de festas hippie antes do movimento hippie nos anos 60. Digo isto pois na sua origem, Eva e Angelos queriam que nestes festivais sobressaísse o espírito de entreajuda, de comunidade e de solidariedade. E que melhor local do que Delfos para tal? Delfos havia sido o berço da anfictionia; ou seja, uma comunidade de origem religiosa que reunia vários povos antes mesmo da constituição das cidades-estado e da pólis. Por isso os festivais délficos, realizados no local onde hoje encontramos as ruínas de Delfos (e que já existiam nessa altura, claro), eram dedicados a Apolo (como a Apolo era dedicado o principal templo do espaço onde se encontrava o famoso oráculo de Delfos). Por isso também estavam focados e direccionados para a música e as artes em geral (teatro, performance, artesanato…). As pessoas vestiam-se a rigor, na sua melhor toga e durante dois ou três dias assistiam a cursos, visitavam as ruínas acompanhadas de arqueólogos, comiam, cantavam, participavam e assistiam a peças de teatro, enfim… uma festa. O que é notável é o esforço colocado nisto e, acima de tudo, o estudo da Antiguidade Clássica que levava a que fosse possível obter imagens como esta:



















tenho quase a certeza que a imagem acima surge após esta, que, embora eu não saiba identificar, me parece ser de um vaso grego. Se alguém souber de onde é, basta dizer:



















beijinhos às famílias e cuidado com as bowls de açaí pois têm muito açúcar.
vá, xixi-cama.