sexta-feira, julho 30, 2010

- original soundtrack -

[porque eu também tenho direito aos meus momentos Estrelinha-vê-Carlos-Eduardo-a-dar-uns-amassos-em-grã-fina-na-sua-festa-de-noivado-com-Maria-Luísa-Vasconcelos-em-casa-dos-Vasconcelos-em-que-Estrelinha-servia-os-Hors-d'œuvre-e-retira-se-para-a-copa-para-chorar-copiosamente]

Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado, juntando
O antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho!

Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

(Sozinho, Caetano Veloso, original de Peninha)
- o carteiro -


"Tenho um velho parente que serviu o rei durante cinquenta e dois anos. Retirou-se para a alta Alsácia, onde tem um pedaço de terra que cultiva, na diocese de Porentru. Quis um dia ordenar uma última lavoura no seu campo; a época avançava, o trabalho urgia. Os seus criados recusaram o serviço e deram por razão a festa de Santa Bárbara, a santa mais festejada em Porentru.

- Meus amigos - disse-lhes o meu parente -, já estiveram na missa celebrada em honra de Bárbara; deram a Bárbara tudo quanto lhe é devido; dai-me a mim o que me deveis: cultivai o meu campo, em vez de irdes à taberna. manda Sannta Bárbara que vos embebedeis para lhe render homenagem e que me falte trigo este ano?

O capataz disse-lhe:
- Senhor, sabeis bem que serei amaldiçoado se trabalhar num dia tão santo. Santa Bárbara é a maior santa do paraíso: ela gravou o sinla da cruz numa coluna de mármore com a ponta do dedo; e com o mesmo dedo e pelo mesmo sinal, fez cair todos os dentes de um cão que lhe mordeu as nádegas. Não trabalharei no dia de Santa Bárbara.

O meu parente mandou vir os lavradores luteranos e a terra foi cultivada. O bispo de Porentru decretou a sua excomunhão. O meu parente considerou-a uma injustiça; o processo não foi ainda julgado. Seguramente, ninguém está mais convencido do que o meu familiar que é preciso honrar os santos; mas assevera igualmente que há que cultivar a terra.

Suponho haver em França cerca de cinco milhões de trabalhadores, sejam braçais, sejam artesãos, que ganham cada qual, mais ou menos, vinte sous por dia, e são santamente forçados a nada ganhar durante trinta dias por ano, independentemente dos domingos: o que resulta em cento e cinquenta milhões a menos em circulação, e em cento e cinquenta milhões a menos em mão-de-obra. Que poderosa superioridade não deverão ter sobre nós os reinos vizinhos que não têm nem Santa Bárbara nem bispo de Porentru! A essa objecção é respondido que as tabernas, abertas nos santos dias de festa, contribuem bastante para a bonança geral. O meu parente reconheceu-o; defendia, porém, que essa era uma ligeira compensação, e que, além disso, se se pode trabalhar depois da missa, poder-se-á ir à taberna depois do trabalho. E insistia que esse era um assunto de pura organização governamental, de modo algum episcopal; sublinhava que vale mais trabalhar do que embebedar-se. Receio muito que perca o seu processo".
(Diálogo do frango e da franga, Miscelânea, Capítulo XIV, página 43-44)

- ars longa, vita brevis -
hipócrates



antes e depois ou "se soubessem quantas fotografias de homens nus tive de ver para encontrar esta fotografia... é que apesar de ser uma mulher a Vivienne Westwood aparece em todos os blogs e sites de gays. e tudo para chegar ao fim, ter a fotografia, mas não a autoria da mesma ou o ano. Agora que a minha odisseia queer acabou posso mostra-vos a antes e o depois. Calma que eu não tenho a certeza do meu antes. Procurei por uma Venus nua, uma Maja deitada ou mesmo uma "senhora que vende o corpo" qualquer da mitologia, daquelas que aparecem em segundo plano, mas não consegui encontrar ninguém mais próximo do que um homem para fazer a comparação com a fotografia de Vivienne Westwood nua. O antes, como podem ver pertence ao fresco da Capela Sistina "A criação do Homem". Bastava Adão fazer uma operação de mudança de sexo e encolher aquele dedo e quase ("quase" com muita imaginação) ficava parecido com a Vivienne Westwood na fotografia. Ela é uma mistura de "Dejeuner sur l'herbe" de Manet (mas em versão feminina), de Fragonard (ele tem lá umas miúdas atrevidotas sem pudicícia de pôr as vergonhas de fora) e de umas odaliscas do Matisse. Ora vejam lá se não tenho razão quanto às odaliscas, na última imagem do post. Mas entre o nu e o despido, preferi o Adão despido em idade adulta criado por Deus a uma odalisca meia vestida. Não sei se fiz bem. Ora quanto ao Adão é o Adão, que mais se pode dizer. Digo apenas que o acho muito parecido (no rosto) com esta imagem de Delacroix. Isto tem o valor que tem, uma vez que eu também me acho parecida com a rapariga do quadro de Delacroix. O que mais me intriga neste Adão é o facto de ter sido concebido sem pecado, mas já como adulto; ou seja, como um fruto que nem tempo teve para amadurecer quando chegou o granizo. Isto é como se Deus tivesse queimado etapas no desenvolvimento de Adão por achar que o seu futuro como representante do pecado original não valia as fraldas, biberões e rabinhos assados... É a mais imediata das transubstanciações: de ideia a ideal. (E de bestial a besta!).

A Vivienne é e Vivienne, assim como a Helen Mirren quando se despiu para a New York Magazine também foi ela própria. Por mais que nos choque os achaques e a decadência do nosso corpo - do corpo deles - eh pá, não consigo deixar de achar que há nelas um brilho de adolescência, aquele olhar de desafio que as mulheres por vezes têm quando estão muito seguras de si. Gosto disso nelas e faz-me encarar a degradação biológica como um pormenor (ainda de muita importância, mas) gradualmente com menos importância.
A Vivienne é e Vivienne, assim como a Helen Mirren quando se despiu para a New York Magazine também foi ela própria. Por mais que nos choque os achaques e a decadência do nosso corpo - do corpo deles - eh pá, não consigo deixar de achar que há nelas um brilho de adolescência, aquele olhar de desafio que as mulheres por vezes têm quando estão muito seguras de si. Gosto disso nelas e faz-me encarar a degradação biológica como um pormenor (ainda de muita importância, mas) gradualmente com menos importância.
Acrescentei a imagem da odalisca pois acho que só a partir de uma certa altura a pintura aceitou bem a presença de mulheres nuas e de pernoca aberta na arte. Por mais que me esforce , acho que anterior ao século XIX, XX é impossível encontrar senhora modelo em quadro, com esta falta de decoro:"
Miguel Ângelo
Creation of Adam (pormenor)
1510
Cappela Sistina, Vaticano





Henri Matisse
Odalisques
1928
Museum of Modern Art, Estocolmo
- o carteiro -


Van Gogh
Fifteen Sunflowers in a Vase
1888
National Gallery, Londres
Todos os clichés que nos trauteiam só fazem sentido quando passamos pelas situações que deram origem ao seu nome. Mesmo quem os trauteia não sabe, na maior parte das vezes o significado daquilo que diz. Apensa se sente obrigado a dizer algo que todos sabem, que é verdade, mas que é dito sempre com o mesmo tom vago e oco.

Expressões como “depois telefona-me para tomarmos um café”, “gostei de estar contigo” ou “havemos de voltar a falar” são para mim ar. A “porca torce o rabo” é quando as pessoas se encontram de verdade, tomam cafés umas à frente das outras, quando lhes vemos o olhar e os gestos. Foi por isso com muito nervosismo, ansiedade e emoção que reencontrei, após 15 anos de total quebra de contacto as amigas do liceu. Quinze anos volvidos como estariam elas, as miúdas que bebiam nas tascas, que faziam dietas em grupo, que liam Ragazzas e Bravos, que faziam a vida num inferno a qualquer professora de francês, que competiam nas notas e nos rapazes, que compravam roupa em quantidades industriais e que abominavam as experiências parentais e que achavam que a vida acabava antes mesmo dos 30?
A Marta estava casada, após mais de 40 tipos de beijo diferentes. Vivia numa casa de pescadores junto ao mar (que para ela era o retiro da Brigitte Bardot m Saint Tropez) com o marido que era surfista e uma cadela muito velha. Dava massagens, praticava ioga e embarcava em projectos fotográficos para os quais se tinha preparado academicamente, mas que por uma razão ou por outra nunca tinha praticado. Parecia-me feliz, dizia-se feliz e nunca se sentia sozinha. Não bebia leite nem comia trigo.
A Jenny, após o aborto aos 16 anos tinha desaparecido da cidade para se isolar nos Estados Unidos junto da família emigrante. Retomou o namoro com o Miguel, à revelia dos pais dela e dele, e quando ninguém esperava, casaram-se lá, em New Jersey. Nunca o nome dela vinha separado do dele, até ao dia em que, nascido já o André, separaram-se. Afinal o amor acabou. A Jenny voltou para Portugal e o Miguel também. O André andava preso à mãe e ela presa à maternidade, às obrigações, à frustração de não poder sair e reconstruir a vida. Dizia-se doente, escusava-se às reuniões quando o filho requeria a sua presença para mais beijos e mimos. Queria fazer o curso de design de decoração e estava sempre a rir-se. Nas fotografias ela é aquela que está sempre a comer.

A Mariana estava muito grávida. Engravidou na Holanda onde vivia com o companheiro, um piloto de uma companhia cujo nome não recordo, e resolveu ter a criança em Portugal, na terra que se não a viu nascer, pelo menos viu-a dar os primeiros passos e as primeiras passas. Até que a incompatibilidade com a mãe, nascida em berço de ouro e que tinha criado as suas filhas no mesmo, a levou a abandonar a cidade do liceu. Voltava pois então para parir o seu Santiago. A Mariana que era acusada de colocar algodão nos soutiens para poder compor o decote, exibia agora um peito orgulhoso. Parecia-me feliz, talvez farta de estar grávida, ela a quem nenhum tipo escapava.

A Rita M. era professora de ioga e tinha abandonado o trabalho de arquitecta na Câmara Municipal (por influência do pai que é proprietário de um restaurante muito famoso lá da terra) devido a um conflito com um superior. Internos falavam de uma brincadeira com um X-acto. De outras bocas ouvi falar de uma faca apontada ao pescoço. Era sair ou ficar sem ele? Vivia num apartamento que o pai tinha comprado: um para ela, um para o irmão e um para ele e para a mãe. Sentia-se metafísica, omnipotente e etérea com a sua sapiência espiritual, bem-estar interior e uma voz de desenho animado que desde sempre a anunciou.

A Rita A. que sempre foi mais retraída, trabalhava num museu, emprego conseguido após um romance de faculdade com um professor e morava com um namorado, do qual dizia, sem muito segredo, que “não havia aquela chama”. O João Pedro era figurante em telenovelas e séries da TVI, a Iva desenhava jóias em Londres e um conheceu a Bjork.

Eu ouvia-as com admiração e sem vontade de falar.
- o carteiro -
- óllhós saldes nos posts! quem quer os saldes nos posts? quem num tiber dinheiro num faz mal, num lê:
seguem então notícias fresquinhas com umas pedrinhas de gelo porque não quero que vos falte nada, do mundo da arte e assim assim, e tudo e tudo e tudo...
[1]
Nick Cave vai compôr a banda sonora para o novo filme "As Aventuras de Pinóquio", baseado no livro com o mesmo nome escrito por Carlo Collodi por volta de 1881. Apesar de um lançamento do filme em 1940 pela Disney, de um remake em 2002 com ilustrações de Gris Grimly, segue agora nova versão realizada por Guilherme Del Toro (melhor mesmo só se fosse o Tim Burton), com música de Nick Cave e colaboração do referido Gris Grimly. O filme terá um tom muito sombrio (bem diferente do conferido pela Disney), como seria de esperar.
[2]
Por falar em Disney, neste caso, por falar em bonecos e em Warner, a Warner teve uma ideia que nem sei se é boa se é má. A empresa vai produzir filmes, curtas metragesn para ser mais precisa, em 3D dos desenhos animados coiote e do Bip-Bip. Se calhar certas cenas ficam muito melhor com o efeito 3D, mas pelo amor da santa, não nos tirem a Elmyra a "I'm gonna hug you and kiss you and love you forever". O primeiro trailer já está aqui. (eu sempre gostei mais dos Looney Toons e do Muppet Show)
[3]
Para acabar com a macacada por hoje, mostro-vos a reflexão de Werner Herzog sobre o conjunto de livros e desafios entitulados "Onde está o Wally", em que o observador tem de distinguir de uma massa de desenhos de pessoas, animais, paisagens mais ou menos comuns e todos os tipos de situações o rapaz de óculos, barrete e camisola às riscas brancas e vermelhas. Herzog é realizador e os seus filmes são um pouco perturbadores, mas a reflexão que ele faz sobre o Wally e aquilo que pode representar a nossa busca pela personagem, pode parecer a alguns pseudo-intelectual, mas achei-a muito boa.
- não vai mais vinho para essa mesa -

o que me deixa assim com esta cara de flato é não saber jogar o jogo. porque é que uma pessoa tem de seduzir? porque é que não pode simplesmente dizer o que sente? se eu dissesse o que sinto, ficava sem cara de flato e de bem comigo. perco em todos os jogos, até ao burro em pé. só não perco a jogar Trivial porque, lá está, é uma questão de certo ou errado. O que eu queria mesmo, era não estar a chorar como uma Madalena, em tempo real, como se tivesse 16 anos (eu que nunca tive 16 anos!) nem escrever este tipo de posts, mas poder dizer-lhe que gosto dele. E que nem me importa que ele goste de mim ou não, que o que me move é tirar de cima de mim esta sensação de impotência, de fraqueza, de falta de rumo sempre que chega o fim-de-semana quando estou com os amigos e parece que nem estou. o que eu queria era não me sentir impelida a fazer coisas que jamais faria em outras ocasiões ou que vão contra os meus princípios. pelo menos com o outro já sabia ao que ia, o que era suposto existir entre nós. mas aqui, isto é unilateral, é um jogo a um. poderia ser unilateral para o resto da existência e eu completar os espaços em branco com a minha imaginação. o que me irrita é que tenho mesmo de jogar o jogo, para ser uma pessoa normal como dizem, uma pessoa que não se exime face à liça. jogar e saber que no fim, mais uma vez vou perder, vou sentir-me magoada e vou andar mais outro tanto até sentir que se calhar, se calhar, a culpa não foi minha, que se calhar não sou uma criatura odiosa e que se calhar até posso almejar voltar a pensar nisso. cair e levantar, cair e levantar como uma tontinha

quarta-feira, julho 21, 2010

- o carteiro -

não consigo responder aos comentários... diz assim "STOPzilla has blocked 1 popups". É cada um que me sai na rifa. Caro AM, respondo quando descobrir o que é que o STOPzilla quer... Ora bem, queria apenas deixar-vos com três sugestões de exposições:
[1]
Mario Testino (ía escrevendo Mario Testículo) abre na Phillips de Pury & Company a exposição "Kate Who?", dedicada à nossa Kate Moss no dia 21 Julho (hoje). digam o que disserem, mas ela é lindíssima e abriu um precedente (ainda que por vezes mau): nem só quem obedece a um padrão de beleza já estabelecido pode ser modelo, desejada e considerada.

[2]
A exposição entitula-se 'The Spectacular Art of Jean-Leon Gerome', abriu no The Getty Center a 15 de Junho e por lá permanecerá até 12 de Setembro. Para quem não conhece Jean-Leon Gerome, mais vale ficar assim, sem conhecer pois é o exactamente o academicista que pinta os quadros com flores, as sagradas famílias, as crianças a brincar e os pobres a pedir uma esmola. No entanto a exposição reune as obras de toda a sua carreira, o que pode ser uma coisa digna de se ver, não pela qualidade ou pela excentricidade, mas por isso ser raro numa exposição. É uma mostra que abarca o período "Neo-Grego" (Neoclássico, mais ou menos), as suas pinturas orientais (que inspiraram os Impressionistas) e as esculturas realizadas no término da vida. Apesar de tudo, a obra do homem era admirada e reproduzida (em vários tamanhos e cores, verdade!)

[3]
Já abriu (a 2 de Julho, mas azar) a exposição 'Telling Stories: Norman Rockwell from the Collections of George Lucas and Steven Spielberg'. No Smithsonian American Art Museum até dia 2 de Janeiro será possível ver a maior exposição sobre a ligação entre os trabalhos de Norman Rockwell e o cinema, jamais feita. Quando falamos de cinema falamos de George Lucas e Steven Spielberg que partilham nas suas obras o amor pela pátria, os valores presentes nas pequenas cidades, a passagem da infância à idade adulta, a imaginação e a ironia da vida bem como a criação de heróis improváveis.
[link]

segunda-feira, julho 19, 2010

- o carteiro -


desculpem lá, ando sem ideias
- original soundtrack -


We made our way slowly down the path that led to the stream,
swaying slightly,
drunk on the sun, I suppose.
It was a real summer's day.
The air humming with heat whilst the trees beckoned us into their cool green shade.
And when we reached the stream I put a bottle of cider into the water to chill,
both of us knowing that we'd drink it long before it had the chance.

This is where you want to be,
there's nothing else but you and her,
and how you spend your time.

Walking to parties whilst it's still light outside.
Peter was upset at first but now he's in the garden talking to somebody Polish.
Why don't we set up a tent and spend the night out there?
And we can pretend that we're somewhere foreign,
but we'll still be able to use the fridge if we get hungry, or too hot.

This is where you want to be,
there's nothing else but you and her,
and how you use your time.

We went driving.

This is where you want to be,
there's nothing else but you and her,
and how you use your time.

The room smells faintly of sun tan lotion
in the evening sunlight and when you take off your clothes,
you're still wearing a small pale skin bikini.
The sound of children playing in the park comes from faraway,
and time slows down to the speed of the specks of dust
floating in the light from the window.
Summer leaves fall from Summer trees.
Summer grazes fade on Summer knees.
Summer nights are slowly getting long.
Summer's going so hurry soon it'll be gone.
So we went out to the park at midnight one last time.
Past the abandoned glasshouse stuffed full of dying palms.
Past the bandstand down to the boating lake.
And we swam in the moonlight for what seemed like hours,
until we couldn't swim anymore.
And as we came out of the water we sensed a certain movement in the air,
and we both shivered slightly and ran to collect our clothes.
And as we walked home we could hear the leaves curling and turning
brown on the trees,
and the birds deciding where to go for Winter.
And the whole sound,
the whole sound of Summer packing it's bags and preparing to leave town.
Oh but I want you to stay.
Oh please stay for a while,
oh I want you to stay,
oh I want you to stay.

(David's last summer, Pulp)
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

um antes de depois um bocadinho diferente, mas tem de ser para variar:

(...) "Se queremos que tudo continue como está, é preciso mudar tudo." (...)
(fala de Tancredi em "O Leopardo" de Tomasi di Lampedusa)

(...)"O elixir da eterna juventude
Esse que quer que tudo mude
P'ra que tudo fique igual"(...)
(O elixir da eterna juventude, Sérgio Godinho)
- o carteiro -

[da falta de gosto]
existirá, em arte, o "nunca devia ter existido" como na História? Fenómenos como o ultra nacionalismo produziram efeitos aberrantes na sociedade e conduziram milhares à morte. Nunca deveria ter existido e mesmo que se advogue que fenómenos destes previnem gerações futuras, o conhecimento do mal não evita esse mesmo mal. E deverá evitar? Pergunto o mesmo para a arte: a existência de movimentos que foram claramente, do ponto de vista estético, um erro alerta-nos para a necessidade de não se repetirem? Ainda que se salvem as respectivas diferenças (na arte não há mortos nem feridos, só os de alma), pergunto-me se as circunstâncias que permitiram o aparecimento de um movimento em determinada época ainda podem ser a legitimação do mesmo sendo que esse movimento ainda perdura - nada o apagará da história da arte - e deixou os seus discípulos. Com isto refiro-me a movimentos artísticos breves que se tornaram a excepção no seu tempo e que são, desculpem-me todos os leitores, de claro mau gosto. Porque é que eu digo isto? Porque posso...
Estes movimentos, como disse foram breves no tempo e não duraram mais do que uma década. Foram também muito locais, sendo que o seu aparecimento se limita a um ou dois países ao mesmo tempo. E surgiram quase sempre como reacção à corrente dominante embora por si não tenham formado uma outra corrente significativa e dominante, como o Realismo o foi em relação ao Romantismo, por exemplo. São também movimentos que defendem determinadas características que os movimentos artísticos vigentes não abarcavam, mas que parecem não motivar a maior parte do público. Claro que os mesmos têm lugar num período da tabela cronológica da História da Arte em que a mesma se separa mais da História em si e foca-se mais na Arte; ou seja, à medida que os estilos artísticos deixam de ser oficiais e globais (ocidentais ou orientais).
O primeiro exemplo surge, na minha opinião, com a entrada no século XIX num momento em que a industrialização e o gosto pela ordem do Neoclássico estrangulava as demandas espirituais. Como resposta os artistas aludiam ao valores medievais que se tinham perdido e que faziam a apologia do cavalheirismo, da pureza, da imaginação, da fé e como não podia deixar de ser, por oposição à máquina, faziam a apologia do artífice. Esses eram os Pré-Rafaelitas. Notemos que parte do grupo procurou uma tendência pictórica chamada Medievalismo embora nenhum deles tenha sido considerado medievalista. Quero com isto dizer que o Medievalismo pode ser visto como uma tendência dentro da tendência dominante. Alguns pintores Pré-Rafaelitas optaram por um estilo medieval nos seus quadros, estilo esse que foi apoiado pela estética que Napoleão defendia e que se refugiava nesses valores de pureza, virgindade, honestidade artística, etc. Não será por isso de estranhar que os temas retratados tenham sido retirados de artes transversais como a literatura de Shakespeare ou a poesia trovadoresca. O pré-Rafaelismo inglês apelava a um anti-academismo bem como a um regresso ao período da pintura pura que, na opinião do grupo e do seu maior teórico John Ruskin, era anterior à pintura de Rafael. Segundo os Pré-Rafaelitas, este pintor tinha inserido na arte um realismo nada saudável que dava às suas pinturas um carácter demasiado carnal. Católicos e Protestantes uniram-se me torno desta ideia e adoptaram como modelos profissionais - e não como modelos formais, note-se - pintores como Boticelli e Mantegna. Houve um reagrupamento dos Pré-Rafaelitas que se uniram em torno de Rossetti e que numa segunda geração procuraram uma maior comunhão com a natureza como forma de chegar a Deus. Dentro deste grupo destacam-se William Morris, Rossetti e Edward Burne-Jones. Os temas mantêm-se: mitologia pagã, cenas da vida de Cristo... mas o enquadramento é sempre mais naturalista e acaba por ter mais importância o tratamento que o tema em si. Na Alemanha os Pré-Rafaelitas agruparam-se sob a denominação de Nazarenos que como o nome indica eram defensores do retorno a um estilo de vida semelhante à de Cristo. Tal como os Pré-Rafaelitas, vinham do Romantismo, mas pretendiam levar à sociedade os valores de pureza e espiritualidade da arte cristã primitiva. Assim como em Inglaterra existiu a Irmandade Pré-Rafaelita, na Alemanha os Nazarenos fundaram (através de Pforr e Overbeck) a Irmandade de São Lucas (São Lucas era o protector dos pintores). Este grupo levou tão longe as suas crenças que se retirou num mosteiro e adoptou os cabelos longos e as vestes castanhas e pobres tal como Jesus e os seus apóstolos teriam adoptado. Alguns dos quadros não provocam em nós o sentimento imediato de rejeição pois parecem aceitáveis, mas quando atentamos à sua data, sentimos de facto um amargo na boca: estavam muito longe de corresponder à estética da época. E embora se possa pensar que a data não tem importância numa obra de arte teremos que admitir que se o contrário (uma obra de arte que parece muito avant la lettre para a data em que foi realizada) nos faz louvar o artista, isto pode fazer-nos subvalorizá-lo.

John Millais
The Blind Girl

1854-56
Birmingham City Museums and Art Gallery


Edward Burne-Jones
King Cophetua and the Beggar Maid

1884
Tate Gallery, London


Overbeck
Italia and Germania
1815-28

Neue Pinakothek, Munique

Surge em seguida no tempo o Simbolismo. Quer dizer, o Simbolismo foi quase contemporâneo do Pré-Rafaelismo, mas enquanto os Pré-Rafaelitas pretendiam uma cisão com o presente, o Simbolismo teve origem numa derivação natural de movimentos como o Impressionismo e o Pós-Impressionismo e originou mais tarde grandes movimentos de vanguarda como o Surrealismo e o Dadaismo, ao contrário do Pré-Rafaelismo que foi em si um movimento estéril. Tal como o Pré-Rafaelismo, o Simbolismo teve precursores entre eles Dürer e William Blake, bem como Jean Moréas que escreveu o Manifesto Simbolista. Conforme foi dito, o Simbolismo derivou em certa medida da técnica já utilizada pelos Pós-Impressionistas, isto porque revelou as suas figuras humanas em cor plana e contornos negros que a espartilhavam e não permitiam a mistura do olho humano. Gauguin (um Pós-Impressionista) foi um dos seus teóricos, ao defender o regresso ao universo artístico de temas como o desconhecido, a natureza, a mulher, o enigmático, a espiritualidade, a sexualidade, o misterioso, etc. No fundo estes propósitos estão na senda daquilo que Freud enunciou nesta época. Apesar de se notar a presença nesta temática da Natureza, a Natureza pintada pelos Simbolistas é sempre uma natureza ameaçadora ou ameaçada, tenebrosa. Já a mulher pintada pelos simbolistas não é a mulher pura e virgem dos Pré-Rafaelitas, mas sim a mulher sedutora ou por oposição a isto, a mulher andrógina e com uma sexualidade ambivalente numa altura em que muitas mulheres assumiram a sua homossexualidade e muitos dandis viviam-na para escândalo social. Enquanto este grupo de Simbolistas se apoiava e reunia um conjunto de pintores, escritores, compositores (como Wagner com o paradigma do onírico na Tanhäuser) e poetas, os Nabis, grupo que se desenvolveu em Pont-Aven estava confinado a um número restrito de pintores e escultores. Foi aliás em Pont-Aven que Gauguin viveu. O termo Nabis vem do hebreu que significa "profetas", mas verdade seja dita que não foi um movimento muito diferente do Simbolismo. Digamos antes que foi uma derivação mais intimista do Simbolismo, uma vez que nos quadros e nas esculturas os Nabis pretendiam retratar esse retorno à natureza e ao sonho, mas no sentido pessoal. Estavam então centrados nos seus sonhos, no seu universo íntimo, nos seus desejos e medos. Em Pont-Aven começaram a trabalhar em áreas diferentes como o vitral e o esmalte, sendo que no caso do vitral o próprio material pedia essa separação de cores que se tornou mais e mais acentuada. Diz-se até que os Nabis de Pont-Aven trabalharam em direcção ao Sintetismo (simplificação das formas com o objectivo de exprimir ideias) e ao Cloisonismo (separação das cores que já se aplicava muito no esmalte).

Gustave Moreau
Zeus and Semele
1896
Musée Gustave Moreau, Paris


Pierre Puvis de Chavannes
Beheading of St. John the Baptist
1869
Barber Institute of Fine Arts, Birmingham

Embora não se enquadre aqui pois não foi um movimento de curta duração nem infrutífero, o Expressionimo perturba-me por ser... demasiado expressivo. O Expressionismo e Neo-Expressinismo com a tentativa de mostrar a defesa pelo radicalismo emotivo que já vinha sendo uma realidade desde Van Gogh e Munch, cai em meu entender - e isto apenas por uma questão de gosto - em exagero. O Expressionismo é contudo um movimento complexo e mais amplo, mais abrangente que os anteriores aqui enunciados, uma vez que o movimento teve pelo menos duas correntes (os Die Brücke e os Der Blaue Reiter) e várias adaptações principalmente na Alemanha, onde nasceu. Teve além disso uma forte influência da história e dos acontecimentos sociais e políticos (Primeira Grande Guerra Mundial). Os Die Brücke ("A ponte") formaram-se em Dresden e tentavam fazer a ligação entre os seus antecessores e o futuro. A sua forma de pintar tinha muito do Fauvismo principalmente no uso da cor, das formas simplificadas e da natureza. Os Der Blaue Reiter ("O cavaleiro azul") - nome retirado de um quadro de Kandinsky - formou-se em Munique e estava mais ligado ao misticismo. Retiremos por momentos Kandinsky do rol de Expressionistas. Ficam Kirchner, Otto Müller, Karl Schmidt-Rottluff e Kokoschka. Todos eles apresentam cores cruas, pinceladas rígidas e fortes, temas cruéis como a guerra e a escravidão. Apesar desta crueza mostrar a realidade da época e servir de crítica social, ela também pode ser vista como a versão figurativa daquilo que seria o Expressionismo Abstracto, o Cubismo e o Futurismo se estes tivessem sido movimentos figurativos.

Kirchner, Ernst Ludwig
Self-portrait as soldier
1915
Allen Memorial Art Museum, Oberlin College, Ohio


Karl Schmidt-Rottluff
Girl Before a Mirror
1915

De forma quase simultânea surgem dois movimentos em partes distintas da Europa, um com maior alcance que o outro, que desagradam profundamente quem os vê. Um deles é a Arte Metafísica que depois dá origem ao Surrealismo. O outro é a Nova Objectividade ou Die Neue Sachlichkeit. Esta última corrente surgiu nos anos 20 na Alemanha e teve desenvolvimento após a Segunda Guerra Mundial como crítica ao sentimento político da época. A Alemanha vivia entre a derrota na Primeira Guerra Mundial e o advento do regime Nazi que nesta altura era apenas traduzido por uma maior concentração do poder no Estado e um nacionalismo exacerbado (numa altura em que ainda se curavam algumas feridas de guerra). A Nova Objectividade é por isso trocista em relação à situação política que mina a actividade intelectual do seu tempo, mas faz da sua troça uma arma, na forma afiada e angulosa dos cafés de Berlim e nos rostos dos escritores. A Nova Objectividade não apela em nada à identificação do sujeito com o retratado por ser agressiva e repulsiva. O outro movimento que referi aqui é o Realismo Mágico cujos principais representantes foram Paul Delvaux e De Chirico.
Otto Dix
Dedicated to Sadists
1922
Colecção Particular



Giorgio de Chirico
The Uncertainty of the Poet
1913
Tate Gallery, Londres



Paul Delvaux
Sleeping Venus
1944
Tate Gallery, Londres
- o carteiro -

Polanski babe, tudo bem do princípio ao fim, mas achas mesmo que o nome de um ex-agente da CIA estaria na internet?
- não vai mais vinho para essa mesa -

gostariade sentir o que é saber que alguém pensa em nós

domingo, julho 18, 2010

- o carteiro -

o nosso pintor preferido faleceu há 400 anos (Milão, 1571 – Porto Ercole, 18 Julho 1610). Um pouco por toda a Itália festejou-se o aniversário da sua morte e mesmo tendo sido este um pintor que desafiou a Igreja que sempre foi sua cliente, a Igreja romana prestou-lhe homenagem nas diferentes missas deste fim-de-semana. Para além disso o L'Osservatore Romano anunciou que terá sido descoberta nova pintura de Caravaggio de seu título "O martírio de São Lourenço". Apesar de ainda ser cedo para tirar conclusões acerca da autoria, o jornal do Vaticano adianta que o quadro é de uma maturidade muito grande e que apresenta sem dúvida características de Caravaggio: o claro/escuro, o efeito dramático e o uso de perspectivas ambiciosas.

sexta-feira, julho 16, 2010

- o carteiro -
[aviso à navegação]
não digam de onde tiram os textos que eu não quero...

terça-feira, julho 13, 2010

- o carteiro -

... a desenhar uma plataforma petrolífera há uma semana

segunda-feira, julho 12, 2010

- original soundtrack -


In time we might walk the straight line
But with memories of a grapevine
A guitar, as we came close from far
Forgot about the war
We barely touched
As if being watched


And even in time
We’ll give in to crime
We’ll be on the line
Pulling our weight


Many miles from where
I’m sleeping
You share laughter in the evening
As do I, in the great divine
Yours is mine
We’ll find love
The kind we’re dreaming of


And even in time
We’ll give in to crime
We’ll be on the line
Pulling our weight

(Pulling our weight, The Radio Dept.)
-ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou como estava quase para atalhar nesta parte e não publicar este antes de depois. não achava nada publicável. Mas depois lá fui miscrolhando na net e ao ver este Bill Viola lembrei-me uma Anunciação. Como tal solução não me satisfazia, miscrolhei um pouco mais no WGA (Web Gallery of Art) e encontrei este Rogier van der Weyden que estava mais dentro daquilo que tinha previsto. Será escusado dizer - embora esteja a dizer - que às vezes estas coisas não saem naturalmente, é preciso miscrolhar muito.

O "antes" é de Weyden, de uma pintura que não conhecia. Weyden foi o pintor oficial da cidade de Bruxelas, numa altura em que a mesma era a mais importante cidade do ducado de Brabante. Apesar disto e de ser o local onde se situava uma das residências do duque da Borgonha, Bruxelas não tinha tradição artística anterior a Rogier van der Weyden e é ele que marca definitivamente esta urbe ("urbe" fica bem). A atribuição dos quadros a Weyden é muitas vezes incerta pois as diferentes fontes falam de inúmeros assistentes que com ele trabalhavam, não obstante a lei de Bruxelas permitir no papel apenas um. Sabe-se no entanto que o pintor usava de mão-de-obra de assistentes para finalizar os quadros e proceder ao tratamento de toda a logística necessária para levar a bom porto as encomendas. No que diz respeito a este quadro, é pouco provável que tenha sido outro que não Weyden a pintá-lo se tivermos em atenção a data - Weyden não teria tido tempo para instruir um discípulo ao ponto de este pintar como o próprio mestre. No entanto seria já possível que um ou outro aprendiz assinasse como sendo da oficina de Rogier, como aconteceu com muitos pintores antes e depois deste.

Esta pintura pertenceu a um painel encomendado para a Capela de Santo Huberto na Igreja de Santa Gudula em Bruxelas. Os nomes são estranhos, mas é mesmo assim. Do mesmo painel fazia parte um outro quadro, esse sim pintado por Rogier van der Weyden; ou seja, o quadro que aqui apresento deve ter sido pintado por um assistente de Weyden pois o outro é incomparavelmente melhor. Note-se que neste o Papa Sérgio surge enclausurado num túnel devido ao primitivismo do efeito perspéctico que procura agregar no mesmo espaço diversos tempos. Esta cena conta a história do Papa Sérgio que em 705 (mais ou menos) vivia em Roma, como podemos ver pelo fundo em que está pintado o Castelo de Sant'Angelo, algumas ruínas e a Basílica de São Pedro, antes de Miguel Ângelo, evidentemente. Num sonho, um anjo surge ao Papa Sérgio dizendo-lhe que nomeie um peregrino de nome Huberto para o lugar do bispo de Liège que entretanto tinha sido assassinado. Na mesma pintura lá mesmo atrás à entrada de São Pedro podemos ver o Papa a entregar a São Huberto a mitra e o báculo episcopal, os mesmos que o anjo mostra em primeiro plano. Quer isto dizer que, como já vimos aqui, a história toda pode ser contada num único quadro.

Quanto a Bill Viola, ora vamos lá ver... Este "Going forth a day" de 2002 é um projecto do artista baseado numa projecção vídeo dividida em cinco partes e tal como outras obras faz referência ao ciclos da vida relacionando-os com obras do Renascimento. (O título “Going forth a day” é retirado do "Livro dos Mortos".) As semelhanças e referências às obras dos grandes mestres não se ficam pela aparência geral, mas detém-se nos pormenores. Tal como os pintores do Renascimento que perpetuavam as paredes das capelas e mosteiros com os frescos, também Bill Viola projecta os seus vídeos em cenários monumentais, ainda que os vídeos não tenham permanecido aí. E tal como os frescos do Renascimento têm um suporte que é em si arte, que pode ser percorrido sendo por isso necessário entrar na obra de arte para ver outra obra de arte, também com Bill Viola é necessário na exibição destes vídeos entrar na galeria onde estão a ser exibidos respeitando uma certa religiosidade que o artista confere ao espaço como incentivo cénico. Esta imagem corresponde ao vídeo “The Voyage” que mostra um homem moribundo numa cama (que se prepara portanto para partir), ao mesmo tempo que um barco se prepara para deixar o cais. "E assim acontece:"

Rogier van der Weyden
Dream of Pope Sergius
1437-40
J. Paul Getty Museum, Los Angeles



Bill Viola
Going Forth by day (The Voyage)
2002
- o carteiro -


No livro "O médico e o monstro" Mr. Hyde é identificado, logo nas páginas iniciais com John Fell, um clérigo inglês que era odiado sem razão aparente. Mr. Hyde por esta altura do livro era um homem acossado, embora ninguém soubesse bem a razão para este ódio generalizado a tal personagem. Também um outro homem, este nem de ficção nem de religião e bem mais conhecido, sofreu as amarguras de se ser duplamente preterido, embora ressalvando as devidas distâncias, não estivesse à altura, em desprezo, de Mr. Hyde e John Fell. Courbet o pintor de "O Enterro do Conde de Ornans" e de "O Atelier do artista", precursor do Realismo francês pintou um quadro pouco conhecido intitulado "Regresso da Conferência". Jocoso e sarcástico até ao tutano, Courbet pintou o quadro com o propósito de chocar o seu público e conseguiu. No quadro (que foi queimado existindo apenas uma cópia mal amanhada), podemos ver um padre e outros representantes religiosos aparentemente ébrios no regresso de uma reunião num Domingo. Ao que parece pelo quadro, o repasto tinha sido farto e os padres beberam demasiado. O objectivo de Courbet, segundo Courbet, era chocar e por isso quando chegou ao Salão em 1863, tal foi conseguido. Rejeitado pelo Salão onde já havia exposto com algum sucesso - o Salão era sobretudo para os Académicos - tentou a sua sorte no Salão dos Recusados. E não é que aí também foi recusado!?

Não satisfeito Courbet tentou a sua sorte em casa própria, na Rue Hautefeuille e durante alguns dias manteve as portas abertas para ser visto por quem quisesse. E muitos foram os que viram este quadro de Courbet numa pequena exposição de Entartete Kunst. Os amigos realistas como Proudhon aplaudiram o feito do pintor, mas outros achavam que as acções de marketing faziam de Courbet mais um Salvador Dali in New York do que um Salvador Dali catalão. Aliás foi um empresário americano que fez uma pequena tournée com o mesmo por Inglaterra onde foi visto com algum sucesso: se existisse um Realismo Inglês seria demasiada realidade! Animado pelo feito, o pintor regressado a casa organizou uma outra exposição privada até para reunir os cerca de quarenta quadros seus que o salão tinha preterido e ao mesmo tempo para preparar a Exposição Universal de 1867. Mas Courbet foi tão mal sucedido que hoje seria o paradigma do artista comme il faut: bom a fazer, mau a vender (desculpem lá, mas eu acredito que quem é bom não necessita de o dizer). O quadro acabou de forma desconcertante, mas literariamente perfeita: um católico rico viu o quadro, comprou-o e queimou-o. O que existe hoje é apenas uma cópia do original, cópia essa que podemos ver aqui em baixo:
Gustave Courbet
Cópia de "Regresso da Conferência"
1863
- não vai mais vinho para essa mesa -

preferia o Verão ao Inverno: no Inverno nada chegava para aquecer e mesmo as tarefas mais prosaicas exigiam de si um esforço não proporcional ao tamanho e importância das mesmas. No Verão esquecia a botija de água quente, o corpo franzinho enchouriçado nas camisolas e o frio a entrar em casa pelas frinchas, mas o corpo estava vulnerável aos olhares alheios. E sempre que ía comprar alguma coisa de que o corpo ou o espírito necessitava, pensava "mas porque é que eu não sou como estas raparigas". Reconhecia que lhe faltavam uns quilos, questão a ser resolvida individualmente, mas havia mais qualquer coisa; ou melhor faltava-lhe qualquer coisa. Aquela feminilidade natural.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

(under construction)
três exposições que não passam de moda:
[1]
Le Grand Bal Dior (Granville, Musèe Christian Dior), de 13 de Maio até 26 de Setembro é uma exposição na casa e na cidade que viu Dior crescer como criador de moda. É o único museu dedicado ao designer e às suas colecções e para além de apresentar uma colecção permanente, apresenta no período acima designado a exposição temporária: Le Grand Bal Dior. Esta exibição mostra mais de 50 vestidos de baile desde os tempos do Sr. Dior até ao presente. A exposição cobre peças icónicas, claro, mas também vestidos que se encontram patentes em quadros e até alguns que foram usados e criados para situação especiais. Alguns dos vestidos e criações mais famosas de Galliano também estão nesta exposição. Notamos que uma das preocupações é dar a conhecer as fontes de inspiração do Christian Dior, fortemente movido pelo ambiente festivo de Granville que mais tarde - para gáudio nosso, Dior levou até Paris.
[2]
8º Festival Internacional de Fotografia de Moda em Cannes na Croisette, na Rue d'Antibes e em palm Beach Casino até 25 de Agosto é a segunda sugestão. Este ano a organização do Festival convidou o fotógrafo Jacques Olivar. Os concorrentes são mais de 90 de mais de 20 países.
[3]
A casa de Jean Cocteau é por si uma obra de arte repleta de outras obras de arte. Trata-se de uma casa de campo em Milly -la-Forêt que tem na sua decoração vários elementos das suas pinturas, filmes e poemas. A casa onde viveu com o seu companheiro Edouard "Doudou" Dermit foi preservada pelo mesmo até 1995. Nela podemos ver obras de Picasso, retratos de Cocteau pintados por Warhol, Modigliani e Buffet. Foi recentemente renovada por Pierre Bergé, que por si só é prometedor.

sexta-feira, julho 09, 2010

- back to black -

muito em baixo como as notas de Geometria Descritiva.

quarta-feira, julho 07, 2010

- o carteiro -

eu vou [ao nascer do Sol]:
- back to black -

eh pá, não sei, mas este trabalho corrompe-me, deixa-me de mal comigo. saio de lá com vontade de tomar banho, de voltar a acordar no mesmo dia para fazê-lo diferente. sinto que erro a cada frase, a cada consideração a cada gargalhada, que tenho de escolher um partido, uma facção. pedem-me - pede-me o código das relações profissionais - que seja parcial, arquivável. dos bons ou dos maus. que não tenha fraquezas e que se as tiver que não mostre. tenho medo que me descubram se bem que hoje em dia ninguém quer descobrir ninguém. as pessoas querem é ser encontradas.

segunda-feira, julho 05, 2010

- original soudtrack -


Eu senti-me um pouco tonto
Sem saber o que fazer
Talvez fosse a tua imagem
Talvez fosse por querer

Ao certo abriste-me a porta
Mas eu não queria entrar
Só queria uma miragem
Só queria naufragar

Faz tanto tempo...
tanto tempo
Faz tanto tempo, e eu não esqueci

E tu chegaste tão perto
Que te apertei no meu peito
Já não eras uma miragem
Era a sério eras tu...
era a sério eras tu

Faz tanto tempo...
tanto tempo
Faz tanto tempo, e eu não esqueci

Era a sério eras tu...

(Tonto, Xutos e Pontapés)
- não vai mais vinho para essa mesa -

[na bomba de gasolina após ter enchido o depósito, apresenta o cartão]
- quanto o depósito mais isto?
- é X.
- tem aqui o cartão.
- é de banda ou de chispe?
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

devia mudar os títulos destas coisas, não era? pois é..., mas agora não me ocorre nada melhor. um dia destes dei notei que já tinha estes títulos há muito tempo, mas mudá-los é um problema porque não me ocorre nenhum melhor e para mudar a gente muda sempre para melhor, não é? quer dizer... dizem isso, mas às vezes pode não ser. como por exemplo, este post. podia ter continuado de forma segura e tranquila com os posts sobre o LaChapelle. se calhar até faço mal em postar o seguinte pois pode, como se costuma dizer "ferir susceptibilidades". Mas eu tinha tanta vontade... quem ficar com a susceptibilidade ferida pode dizer-me que há aqui tintura de iodo. pois andava eu a ler o Expresso quando vi uma fotografia de um atentado à bomba na Índia. o jornal é de 29 de Maio deste ano. o atentado fez com que dois comboios (um de passageiros e outro de mercadorias) chocassem de frente originando assim cerca de 70 mortos e à volta de 200 feridos. a notícia não tem nada de artístico, embora hoje em dia, com a morte do sagrado nas civilizações ocidentais (a desmistificação do Céu bem como do Inferno), já nada nos espante e já pouco respeitemos. além disso as civilizações ocidentais são mais dadas à imagem do que à palavra e talvez não seja por acaso que ao ver a imagem do "depois" a relacionei com este "antes". nela Rubens retrata o momento em que Cristo morto é retirado da cruz. como verdadeiro protestante e na ressaca daquilo que era a consolidação do protestantismo em Antuérpia através da arte, Rubens pinta esta peça de altar para a Catedral de Antuérpia sob encomenda. claro que a encomenda tem duas faces: por um lado é encaixe financeiro na certa, por outro tem de se submeter aos gostos de quem paga. não é por isso de estranhar que Rubens tenha colocado no quadro o burgomestre Nicolaas Rockox. Depois de ter pintado a Visitação e uma apresentação no templo, Rubens pintou esta cena do tríptico. no quadro vemos alguma influência de Caravaggio pois toda a cena se desenrola em volta do corpo morto, que recebe uma luz irreal, que gela e foca as nossas atenções para o branco da pintura, assim como encena de certa forma este momento. notemos que em Caravaggio os intervenientes são muitas vezes retratados em instantâneos fotográficos. neste caso porém não há o dramatismo nem o tenebrismo de Caravaggio, a cor tem qualquer coisa de veneziano e segundo li, não se trata de uma devoção totalmente orientada para Cristo. este cristo também é São Cristóvão, o santo protector daquela diocese. a palavra cristóvão tem origem no grego e quer dizer protector de cristo, ou defensor de cristo. quando vemos e cena dentro do tríptico notamos que cristo está acompanhado dos seus amigos e familiares; ou seja, dos seus protectores.

a fotografia do acidente na Índia corresponde um pouco a esta relação entre os mortos e os que carregam as padiolas. tanto num caso como no outro, vários homens tentam apaziguar o efeito da morte: a um mostram-no nu, a outro tapado com um lençol branco; um morre crucificado à mão dos seus inimigos, o outro morreu trucidado às mãos de desconhecidos; um é conhecido por todos que ali estão, o outro talvez por nenhum; um representa o Bem terrestre o outro é o paradigma dos efeitos do Mal Absoluto; um mudou o Mundo, o outro não mudou nada. e assim acontece:

Rubens
Descent from the Cross
1616-17
Musée des Beaux-Arts, Lille


Expresso (fotografia de acidente na Índia)
29 de Maio de 2010
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

estava aqui a pensar - por acaso isto veio-me à ideia quando estava a nadar bruços, razão pela qual refiro o momento pois quando nado costas vêm-me muitas coisa à cabeça, coisas importantes, mas de bruços, foi a primeira vez - como dizia, estava a pensar que há algo em comum entre os empregados de grandes personagens da literatura: o Sancho Pança (D. Quixote), o Passepartout (Willy Fogg), o Jacques (o seu amo cujo nome não sei) e de outra forma Dr. Watson, amigo de Sherlock Homes.
- o carteiro -

depois da gastronomia, a astronomia:

as constelações são conjuntos organizados de estrelas. quando olhamos para o céu não notamos essa organização (pelo menos para os leigos), mas existe. segundo aquilo que sei as constelações estão divididas em zonas do céu; ou seja, nas zonas em surgem. Mas para além disso, as estrelas em si também estão organizadas em segundo um desenho mais ou menos imaginário que corresponde à união das mesas. diz-se "ali está a Ursa Maior" porque alguém, em algum momento procurando orientar-se pelo céu à noite, notou o conjunto de certas estrelas lhe fazia lembrar uma ursa. claro que as coisas são mais complicadas que isto; diferentes povos denominavam as mesmas constelações com diferentes nomes e só mais tarde é que foi possível uniformizar a classificação das constelações. mas basicamente, e no que concerne a este post, os nomes eram escolhidos em favor da época que se vivia. não será por isso de estranhar que existam constelações com nomes tão diferentes como Perseu e sextante, um relativo ao herói da mitologia (constelação encontrada e denominada durante Antiguidade) e outro ao instrumento de navegação inventado pelos portugueses (remontando-nos por isso à época dos Descobrimentos). e se pensam que isto é coisa de agora pois só com os instrumentos recentes é que se torna possível observar estrelas deixem-me dizer-vos que já há 4000 anos os sumérios observavam estrelas e criavam constelações. cada povo e cada era via aquilo que lhe era mais próximo: os caçadores viam presas no céu, quando uniam os pontos, enquanto os marinheiros viam bússolas ou esquadros. alguns dos nomes só muito a custo seriam hoje dados. tomemos como exemplo o Grande Carro (asterismo - grupo de estrelas de uma constelação - da Ursa Maior): os egípcios viam nesta figura composta por sete estrelas um touro seguido de um homem que estava deitado no chão e que carregava um crocodilo. Mas outras histórias que deram nome às constelações fazem todo o sentido quando olhamos para a sua configuração.
Perseu - Perseu foi o herói da mitologia que cortou a cabeça da Medusa e a ofereceu como prémio para ao rei que pretendia casar com a sua mãe à revelia desta. Perseu procurou a Medusa contra tudo e contra todos, sabendo que não seria fácil encontrá-la e que quando tal acontecesse não poderia olhar para ela pois quem olhasse para o monstro de imediato ficaria transformado em estátua. guiado pelos deuses que lhe ofereceram umas sandálias aladas, e um escudo pelo através do qual podia olhar o monstro, Perseu procurou a Medusa. Antes de chegar ao local onde ela estava passou pela zona onde se encontravam as Greias, três irmãs que já tinham nascido velhas, cegas e que partilhavam entre si um olho com o qual percepcionavam o mundo, escondidas de todos. Quando percebeu que estas não viam senão com o olho, roubo-lhes o mesmo e exigiu que em retorno elas lhe dissessem como podia chegar até às Ninfas pois estas sabiam onde estava a Medusa. O resto da história é conhecido: Perseu cortou a cabeça à Medusa e do seu sangue foram criados, segundo alguns autores, corais vermelhos e segundo outros, o cavalo de Perseu. Mas o ponto que liga a mitologia à forma da constelação é o facto de nesta podermos observar a estrela Algol que representa o olho diabólico da Medusa. Esta estrela é uma estrela binária que varia de brilho em três dias; ou seja as três Greias! (Não me perguntem o que é uma estrela binária)
Gustav Klimt
The Beethoven Frieze: The Hostile Powers
1902
Österreichische Galerie Belvedere, Viena



Cabeleira de Berenice - a história desta constelação é antiga, mas só em 1602 foi tida como constelação em si. Conta a mitologia que Berenice, a mulher de Ptolomeu III esperava que viesse vivo de uma guerra e por isso prometeu cortar as suas tranças e oferecê-las a Vénus caso isso acontecesse. O rei voltou e Berenice cortou as tranças e ofereceu-as a Vénus no templo dedicado a esta. À noite todos festejaram o regresso de Ptolomeu, mas o cabelo foi roubado do altar do templo. Caso não fosse encontrado culpado a história mudava de figura já que numa situação destas os sacerdotes tinham de ser sacrificados para saciar a fome de vingança da deusa. Tal não foi necessário pois um deles atalhou e lembrou-se do seguinte: Vénus tinha gostado tanto da oferenda de Berenice, tinha achado o cabelo tão bonito, que o levou para o céu e por lá o espalhou. De facto se olharmos para o céu aquela área caracteriza-se pela presença de um grande número de galáxias e de estrelas (cerca de 200). Apesar de não possuir estrelas muito brilhantes, esta constelação tem como segunda estrelas mais brilhante uma estrela chamada Diadema e representa uma pedra do coroa de Berenice. Tem o mesmo diâmetro que o Sol! É uma estrela binária cujo brilho oscila de intensidade. Por fim, o nome cabeleira de Berenice ou Comae Berenices (nome técnico), tem dois significados: Benenice vem do grego "Pherenike" que se dividirmos dá "phereine"+"nike". Isto é "trazer"+"vitória"; ou seja, "trazer a vitória". "Kome", palavra grego para designar cabelo, era utilizada por Aristóteles para denominar a longa e brilhante cauda de um cometa. Não sei se percebem: kome/cometa.

Cabeça da rainha Berenice II


Aquila - Aquila é a águia que na mitologia grega estava responsável pelo transporte dos raios e trovões de Zeus e também pela escolha dos jovens que deviam ir para o Monte Olimpo. Daí o termo "ter olho de águia". Do nome Aquila vem também a palavra aquilino: "ter um perfil aquilino" é o mesmo que dizer "tem um nariz com a curvatura de um bico de águia". Se hoje não é bonito, na altura era bem entendido pois as águias eram símbolos de poder. Nas várias mitologias a águia surge associada a diferentes significados e mesmo na mitologia grega - aquela em que aqui nos baseamos -, esta Aquila pode ser, etimologicamente muitas coisas. Pode ser a águia que comeu o fígado de Prometeu assim como pode ser e esta é uma tese que defendo mais, a ave que raptou Ganymedes. Ganymedes é o nome grego para Aquário (nome de uma constelação zodiacal) e do rapaz mais bonito da Antiguidade, como diziam alguns poetas. O nome das estrelas que perfazem Aquila também se prende com a origem deste nome. Por exemplo, a estrela mais brilhante desta constelação; ou seja, a estrela alfa é a estrela Altair que se localiza na asa da águia e é simultaneamente o nome árabe para "pássaro".


Michaelangelo Buonarroti
The Rape of Ganymede
1533
Fogg Art Museum, Cambridge

Orion - Orion ou o caçador é o nome de uma mais bonitas, e sem dúvida a mais brilhante constelação que pode ser observada de Janeiro a Fevereiro, principalmente no Hemisfério Norte, pois a maior parte das estrelas que a constituem situam-se neste hemisfério. Há muitas histórias que tentam explicar o mito de Orion. Aquela para que mais me inclino é a que diz que Orion foi um gigante caçador filho de um deus, não sendo portanto considerado como tal (uma vez que não era filho de deus e de deusa). Era um mortal amado pela deusa Artémis - deusa da caça - mas que sofreu um revés. Conta a história que Artémis, enganada por Apolo seu irmão, atingiu Orion quando este nadava apenas com a cabeça fora de água. Ela como estava longe não viu que o alvo era ele e atingiu-o com a sua seta. Não sei se Orion morreu por causa de Artemis se por causa de Apolo que pelo sim pelo não colocou na água um escorpião para este ferir e matar Orion. Seja como for a sua colocação no céu como constelação deve-se em parte a Artémis que chorosa pediu aos deuses que colocassem o seu amor no céu, devidamente artilhado: com o cinturão, o escudo, o elmo, a espada e uma moca. Para além disso a deusa também pediu que Orion figurasse nos céus acompanhado pelo seu cão Sírius. A estrela mais brilhante desta constelação (e nona mais brilhante de todas as estrelas do firmamento) chama-se Betelgeuse e é uma super-gigante vermelha cujo nome vem do árabe e que quer dizer qualquer coisa como "axila". Como vemos existem diversas origens para os nomes, entre elas o árabe. No cinto de Orion podemos ver três estrelas seguidas de brilho e tamanho semelhantes e que estão separadas umas das outras espaços parecidos, de seu nome Mintaka, Alnilam e Alnitak. A primeira quer dizer "cinto", em árabe, a segunda denomina "cinto de pérolas" e a terceira refere-se a "cerca". Rigel que se situa no pé quer dizer em árabe isso mesmo: pé. Preseume-se então que esta tenha sido a parte do corpo de Orion onde o escorpião desferiu a picada mortal. O mais curioso é que quando fazemos uma sobreposição das constelações dos signos do zodíaco com as constelações boreais vemos que Orion surge mesmo acima de Escorpião.
- o carteiro -

and the winner is:

sábado, julho 03, 2010

- back to black -

"O amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam." - Eça de Queirós

sexta-feira, julho 02, 2010

- o carteiro -

eu vou