- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou "se soubessem quantas fotografias de homens nus tive de ver para encontrar esta fotografia... é que apesar de ser uma mulher a Vivienne Westwood aparece em todos os blogs e sites de gays. e tudo para chegar ao fim, ter a fotografia, mas não a autoria da mesma ou o ano. Agora que a minha odisseia queer acabou posso mostra-vos a antes e o depois. Calma que eu não tenho a certeza do meu antes. Procurei por uma Venus nua, uma Maja deitada ou mesmo uma "senhora que vende o corpo" qualquer da mitologia, daquelas que aparecem em segundo plano, mas não consegui encontrar ninguém mais próximo do que um homem para fazer a comparação com a fotografia de Vivienne Westwood nua. O antes, como podem ver pertence ao fresco da Capela Sistina "A criação do Homem". Bastava Adão fazer uma operação de mudança de sexo e encolher aquele dedo e quase ("quase" com muita imaginação) ficava parecido com a Vivienne Westwood na fotografia. Ela é uma mistura de "Dejeuner sur l'herbe" de Manet (mas em versão feminina), de Fragonard (ele tem lá umas miúdas atrevidotas sem pudicícia de pôr as vergonhas de fora) e de umas odaliscas do Matisse. Ora vejam lá se não tenho razão quanto às odaliscas, na última imagem do post. Mas entre o nu e o despido, preferi o Adão despido em idade adulta criado por Deus a uma odalisca meia vestida. Não sei se fiz bem. Ora quanto ao Adão é o Adão, que mais se pode dizer. Digo apenas que o acho muito parecido (no rosto) com esta imagem de Delacroix. Isto tem o valor que tem, uma vez que eu também me acho parecida com a rapariga do quadro de Delacroix. O que mais me intriga neste Adão é o facto de ter sido concebido sem pecado, mas já como adulto; ou seja, como um fruto que nem tempo teve para amadurecer quando chegou o granizo. Isto é como se Deus tivesse queimado etapas no desenvolvimento de Adão por achar que o seu futuro como representante do pecado original não valia as fraldas, biberões e rabinhos assados... É a mais imediata das transubstanciações: de ideia a ideal. (E de bestial a besta!).
A Vivienne é e Vivienne, assim como a Helen Mirren quando se despiu para a New York Magazine também foi ela própria. Por mais que nos choque os achaques e a decadência do nosso corpo - do corpo deles - eh pá, não consigo deixar de achar que há nelas um brilho de adolescência, aquele olhar de desafio que as mulheres por vezes têm quando estão muito seguras de si. Gosto disso nelas e faz-me encarar a degradação biológica como um pormenor (ainda de muita importância, mas) gradualmente com menos importância.
A Vivienne é e Vivienne, assim como a Helen Mirren quando se despiu para a New York Magazine também foi ela própria. Por mais que nos choque os achaques e a decadência do nosso corpo - do corpo deles - eh pá, não consigo deixar de achar que há nelas um brilho de adolescência, aquele olhar de desafio que as mulheres por vezes têm quando estão muito seguras de si. Gosto disso nelas e faz-me encarar a degradação biológica como um pormenor (ainda de muita importância, mas) gradualmente com menos importância.
Acrescentei a imagem da odalisca pois acho que só a partir de uma certa altura a pintura aceitou bem a presença de mulheres nuas e de pernoca aberta na arte. Por mais que me esforce , acho que anterior ao século XIX, XX é impossível encontrar senhora modelo em quadro, com esta falta de decoro:"
Miguel ÂngeloCreation of Adam (pormenor)
1510
Cappela Sistina, Vaticano
Henri Matisse
Odalisques
1928
Museum of Modern Art, Estocolmo
2 Comments:
Beluga,
A Vivienne só podia ser inglesa!
é fabulosa
nunca perderá aquele brilho nos olhos ...
tira partido de tudo
até deixar os dentes amarelos...
o texto em duplicado foi intencional?
Cara Maria:
desculpe, já retirei o texto. Era para ver se estavam atentos (estou a brincar como é óbvio)
Tenho pena que hoje não se fale mais da Vivienne W. porque a importância que ela teve para a história da moda e da história da sociedade é muito maior do que se supõe. Fica sempre na sombra dos mais falados só porque apresenta colecções excêntricas.
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