quinta-feira, junho 30, 2016
Ah, o Verão!!! No Verão eu...
- recebo emails que sugerem que aumente o meu pénis;
- recebo comentários aqui no belogue, de gente que sugere que eu conheça russas de 20 anos na minha área de residência;
- recebo mensagens no telemóvel de gente que me propõe um método para perder cinco quilos num mês
- recebo emails que sugerem que aumente o meu pénis;
- recebo comentários aqui no belogue, de gente que sugere que eu conheça russas de 20 anos na minha área de residência;
- recebo mensagens no telemóvel de gente que me propõe um método para perder cinco quilos num mês
[a descer a rua e a falar das viagens de comboio, do tempo que estas demoram e das leituras feitas entre a estação de partida e de chegada]
Jorge - Yo tuve una chica que me quitaba lo libro de las manos para que hablasse com ella!terça-feira, junho 28, 2016
- original soundtrack -
"tão bonitinha, essa música é muito bonitinha." (e é uma banda sonora adequada - digo eu - para estas noites de Verão em que uma pessoa se deita e fica no silêncio a ouvir os sons lá fora: um gato a discutir pela própria cauda, por cima da nossa cabeça; um comboio a passar a alta velocidade, lá longe, com o vento de feição; o carro do lixo a bufar; cães a comunicar entre si; um fruto que cai sobre o telhado... e claro, uma pessoa pensa na vida)
Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você, mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela de repente me ganha?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?
(Sozinho, Caetano Veloso)
- não vai mais vinho para essa mesa -
[1]
eu - desculpe, será que podia pôr os olhos nas minhas coisas enquanto vou ao quarto-de-banho?
ela - bocê é portuguesa?
eu - sim...
ela - se soubesse já tinha metido cumbersa consigo
eu - posso ir então?
ela - bá, bá descansada queu boto os olhos.
eu - obrigada. é rápido.
...
ela - bocê bai pra Portugal?
eu - vou sim.
ela - ah... intão num se importa de m'ajudar? é qué a primeira bez que eu e o meu marido andamos d'abião. Biemos aqui prá comunhão d'uma netinha!
eu - pois...
ela - mas estaba a ber que num bínhamos. Eu binha, o meu marido é que não.
ele - por causa do BI. Estaba fora do prazo. Mas num habia problema porque a fronha é a minha!
ela - Oh, tem juízo! Despois mais 90 euros pró "xéqui" ou lá o que é isso. Aperguntaram: "bocês tenhaindes "xéqui"? A gente num tinha, pimba, mais 90 euros!
ele - estaba fora do prazo mas eu fui tirar outro. Quinta-feira tá pronto, aqui na minha mão!
ela - Adiantaba muito! Era preciso era pr´ágora.
ele - Ó mulher, lebas uma lambáda!
ela - xiu, cala-te qu'inda pensam qu'és meio defi.
ele - Intão, e que pensem, sou mesmo!
[2]
ela - por favô sinhóra... nóssa, qui língua mais enrolada...
eu - pode falar português.
ela - nóssa, qui legal! será qui você podji ajudá a gentji?
eu - sim, claro. se conseguir...
ela - A gentji quiria ir pró museu, esse aqui, tá vendo? Pegamo o metrô, mais aí a moça fala prá gentji qui hoje tem linha encerrada qui é pra gentji sair. Ficamo andando e istamo meio perdido.. Como faz prá ir pra essa paragem de metrô?
eu - Ora bem, acho que é por aqui para baixo: atravessam a rua, passam para o outro lado e paragem deverá estar algures aí.
ela - obrigada, viu?
eu - de nada, boa viagem.
fiquei a olhar para o mapa e percebi que lhes tinha dado as indicações erradas. podia deixá-los ir: mais cedo ou mais tarde iriam voltar ao local de partida e perguntariam a outra pessoa como ir para o museu. mas pensei que lhes poderia acontecer alguma coisa como por exemplo, serem raptados por extraterrestres ou então assassinados por um celerado que deixasse partes do corpo por toda a cidade.
corri atrás deles.
eu - hei!!! desculpem...
ela - oi?!
eu - Desculpem, enganei-me. Não é por aí, mas se quiserem vir comigo até à catedral, torna-se mais fácil indicar-vos o caminho.
ele - ai qui légau! você é muito gentjiu. Você é daqui?
eu - Não, sou de Portugal.
ele - Ah, portuguesa! Então somos quasi irmãos! A gentji é do Brasiu.
eu - a cidade está com muito brasileiros!
ele - É.
eu - Aliás, a cidade está com gente de todo o lado.
ele - E você istá aqui sozinha?
eu - sim
ele - nóssa! é mesmo? Istá dji férias?
eu - umas miniférias, sim. Ora bem, a catedral está nas nossas costas, como no mapa. Esta rua larga, é esta que está aqui no mapa. Portanto, para o metro, têm de ir por aqui pelo lado esquerdo. Passam para o outro lado, andam um bocadinho e têm a paragem de metro.
ela - Nóssa, obrigado, viu? Qui deus tji ilumini!
eu - obrigada!
ele - Qual seu nôme?
eu - X
ele - X, cê é márávilhósa. Márávilhósa e linda, viu? Num isquéci isso, viu? E num deixa qui ninguém tji diga o contrário.
(fiquei parada no passeio a vê-los andar na direcção certa. não sei se foi a catedral a dar meio-dia com a chuva cerrada como pano de fundo, mas deu-me para o sentimento.)
- o carteiro -
et voilá! Sabia que voltaria ao Proust e às suas relações com a pintura impressionista. Quando em 2013 escrevi aqueles três posts (primeira parte, segunda e terceira) sobre a Recherche, cometi alguns erros e omissões. por isso volto ao Proust para completar (se é que algum dia este tema pode ficar completo, uma vez que é tão vasto e tem tantas ramificações) aquilo que escrevi.
Como tinha escrito, Proust compõe as suas personagens a partir de várias pessoas que cruzaram a sua vida. O modelo para o pintor Elstir foi tanto Whistler como Manet, Renoir ou Degas e o modelo para Swann foi Charles Ephrussi e Charles Haas. Ora ao contrário do que escrevi, os Ephrussi não eram uma família austríaca. Foram uma família russa, de Odessa, que agora, e após muitas peripécias, é De Waal. A história da família está neste livro incrível que pedi ao Pai Natal (aquele tótó não atendeu o meu pedido) mas que comprei após vender o meu corpo nas ruas de Saigão! É um livro tão maravilhoso (brutal!, como se diz agora)!
Os Ephrussi eram uma família de banqueiros judeus, chamados os "Rothschild dos cereais". Completamente integrados na vida social, política e económica das cidades onde viviam em faustosos palácios, eram membros respeitados da sociedade. Um dos Ephrussi era, como dá para perceber, Charles Ephrussi. Em Paris, Charles vivia no Hôtel Ephrussi na Rue Monceau e era um colecionador fervoroso, bem como crítico de arte. O seu interesse eram os Impressionistas (aliás, comprou a obra Une botte d'asperge a Manet, por um preço mais elevado que aquele que o pintor pedia. este, enviou-lhe mais tarde um quadro com um espargo apenas, talvez para compensar o colecionador e amigo, dizendo-lhe "falta um espargo ao molho que já levou"). Comprou Berthe Morisot, levou a que alguns amigos, por ele aconselhados, comprassem outros impressionistas (como é o caso da Madame Strauss que comprou uma das Nympheas de Monet, e fez encomendas a Renoir que precisava de dinheiro. As encomendas suscitaram a revolta dos pares do artista, como Degas que diz mesmo:
"Monsieur Renoir, o senhor não tem integridade. Não admito que se pinte por encomenda. Parece que trabalha agora para financeiros, que se passeia com Monsieur Charles Ephrussi, só falta vê-lo expor no Mirlitons com Monsieur Bouguereau"
Para quem não percebeu a ironia, basta dizer que Bouguereau pintava estes cupcakes em forma de tela, estas merdices, para falar português correcto, que nada tinham a ver com a estética Impressionista. Convém também dizer que Degas bem podia falar: ele vinha de uma família abastada!
Bouguereau
The Birth of Venus
1879
Musée d'Orsay
Também Proust frequentou o mundo de Charles Ephrussi, embora não fosse propriamente um amigo. Proust era um neófito, ansioso por se integrar na sociedade parisiense. Era Charles quem tinha a familiaridade necessária com Proust para lhe lembrar que eram horas de deixar um serão para os anfitriões descansarem. Entre a família Ephrussi chamam-lhe Proboleta, já que Proust andava sempre a voar de um evento social para outro! As semelhanças entre Charles Ephrussi e Charles Swann são muitas: ambos são judeus, ambos são cidadãos do mundo, ambos frequentam os mais elevados círculos sociais (Ephrussi foi o guia da rainha Vitória em Paris e Swann era amigo do Príncipe de Gales), ambos apreciam os autores do Renascimento, ambos coleccionam medalhões venezianos, ambos são mecenas dos impressionistas... Dizer que Ephrussi foi menos modelo do que Haas para Prous compor Swann é treta!
Como colecionador, Charles estava também atento aos novos rumos da arte e do colecionismo. E claro, tinha gosto pessoal. Gostava de Moreau e com o tempo, abandonou o japonesismo e dedicou-se a colecionar louças de Meissen e mobiliário Império. Proust coloca mesmo a duquesa de Guermantes a comentar esse mobiliário:
"tudo isso que invade as nossas casas, as esfinges que vêm meter-se nos pés dos cadeirões, as serpentes que se enrolam nos candelabros, [...] os candeeiros pompeianos, as caminhas em forma de barcos que parecem ter sido encontradas no Nilo [...]. Sobre o rebordo da cama, havia esculpida uma longa sereia reclinada, deslumbrante, com uma cauda de nácar, e que segurava na mão uma espécie de lótus [...] as palmas e a coroa de ouro que estava ao lado era emocionante, bem ao jeito do arranjo de O Rapaz e a Morte, de Gustave Moreau." (vol.1, pág. 659).
Não obstante ser amigo e mecenas dos impressionistas, estes não poupavam a Charles Ephrussi o seu gosto por Moreau. Renoir, a propósito disto disse:
"Ah, esse Gustave Moreau! Pensar que há quem o leve a sério, um pintor que nunca aprendeu sequer a pintar um pé, [...] mas que não era tolo. Teve a esperteza de lançar a rede aos judeus, de se lembrar de pintar com tons de ouro. [...] Até Ephrussi caiu, ele que eu sempre julguei que tivesse algum senso! Um dia fui visitá-lo e dei de caras com um Gustave Moreau!"
Estas frases de Renoir levantam algumas questões:
a) é muito difícil desenhar pés
b) Moreau e o simbolismo são de facto detestáveis
c) Renoir chama Ephrussi de judeu e fá-lo em tom depreciativo, como se os judeus só gostassem de coisas feias, e fossem iludidos pelos tons dourados do pintor simbolista.
d) Charles Ephrussi ao que parece, adquiriu um Gustave Moreau.
Se quanto às duas primeiras alíneas não há nada a dizer, as duas segundas merecem atenção. Ao que parece (e isto no que diz respeito à alínea d)), Charles Ephrussi possuiu de facto um Gustave Moreau. Segundo o Musée d' Orsay, o Jasão de Moreau pertenceu a Charles. Poderia ter sido este o quadro que Renoir viu quando se deslocou aos aposentos de Charles e que o enfureceu!
Gustave Moreau
Jasão e Medeia
1865
Musée d'Orsay
De facto é um quadro muito feio! E viver com este quadro - e outros quadros dos simbolistas - não devia ser fácil. Huysmans, no seu À Rebours, descreve o que era viver com obras deste tipo, em concreto, com a Salomé de Moreau. Só encontrei a versão em francês...
"Un trône se dressait, pareil au maître-autel d’une cathédrale, sous d’innombrables voûtes jaillissant de colonnes trapues ainsi que des piliers romans, émaillées de briques polychromes, serties de mosaïques, incrustées de lapis et de sardoines, dans un palais semblable à une basilique d’une architecture tout à la fois musulmane et byzantine. Au centre du tabernacle surmontant l’autel précédé de marches en forme de demi-vasques, le Tétrarque Hérode était assis, coiffé d’une tiare, les jambes rapprochées, les mains sur les genoux. La figure était jaune, parcheminée, annelée de rides, décimée par l’âge ; sa longue barbe flottait comme un nuage blanc sur les étoiles en pierreries qui constellaient la robe d’orfroi plaquée sur sa poitrine. Autour de cette statue, immobile, figée dans une pose hiératique de dieu hindou, des parfums brûlaient, dégorgeant des nuées de vapeurs que trouaient, de même que des yeux phosphorés de bêtes, les feux des pierres enchâssées dans les parois du trône ; puis la vapeur montait, se déroulait sous les arcades où la fumée bleue se mêlait à la poudre d’or des grands rayons de jour, tombés des dômes. Dans l’odeur perverse des parfums, dans l’atmosphère surchauffée de cette église, Salomé, le bras gauche étendu, en un geste de commandement, le bras droit replié, tenant, à la hauteur du visage, un grand lotus, s’avance lentement sur les pointes, aux accords d’une guitare dont une femme accroupie pince les cordes.(...)"
E continua. O quadro, a avaliar pela descrição, é este:
Gustave Moreau
The Apparition
O que é mais curioso nesta entrada em cena do livro de Huysmans, não é que este faça referência a um quadro de Moreau, mas antes o facto de o herói, Des Esseintes, ser inspirado no conde Robert de Montesquiou, um esteta e dândi que serviu de modelo a Proust para a construção da personagem do Barão de Charlus. Este Robert de Montesquiou, amigo de Charles Ephrussi, tinha como pináculo da estética, uma tartaruga com a carapaça incrustada de pedras preciosas, que andava pela sala e admirava os presentes. Oscar Wilde, ao que parece, chegou a ver esta tartaruga, já que o refere no seu diário. Ora, embora não tenha lido o livro de Huysmans, sei - porque sou uma pessoa muito bem informada - que há alguns paralelismos entre o À Rebours e o Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde.
Apesar de tudo isto, desta rede apertada de ligações (que merece um esquema à altura e que terei muito prazer de fazer, quando tiver tempo), o antissemitismo crescente falou mais alto. E agora sim, vamos para a alínea c) anterior: os artistas, não obstante serem acarinhados por Charles Ephrussi, não se coibiam de lhe expressarem o seu desagrado pelo facto de ser judeu. Era o tempo do caso Dreyfus que despertou muitos ódios face à comunidade judaica. A França dividiu-se entre dreyfusistas e anti-dreyfusistas e o círculo de Charles Ephrussi também: Degas deixou de falar ao seu mecenas e a Pissarro, um pintor judeu; Cézane estava convencido da culpa de Dreyfus e Renoir manifestou-se contra a "arte de judeus" de Charles. Zola, que defendeu Dreyfus no J'accuse, acossado, teve de fugir e chegou a ser dado como "refugiado" na casa de Charles Ephrussi. Também na Recherche muda a tolerância para com Swann: ele deixa de ser o homem que todas as senhoras de sociedade querem ter por perto aquando das conversas sobre arte e decoração, sobre vestuário e conduta e passa a ser tratado desta forma pelo duque de Guermantes:
"[...] no que tange a Swann [...] dizem-me que é abertamente dreyfusista. Nunca teria acreditado nisso da parte dele, ele que é um fino gourmet, um espírito positivo, um colecionador, apreciador de livros antigos, membro do Jockey, um homem rodeado da consideração geral, um conhecedor de boas firmas e que nos enviava o melhor vinho do porto que se pode beber, um diletante, um pai de família. Ah, fui bem enganado." (Vol.4)
Espero que tenham gostado. Despeço-me com amizade...
"Un trône se dressait, pareil au maître-autel d’une cathédrale, sous d’innombrables voûtes jaillissant de colonnes trapues ainsi que des piliers romans, émaillées de briques polychromes, serties de mosaïques, incrustées de lapis et de sardoines, dans un palais semblable à une basilique d’une architecture tout à la fois musulmane et byzantine. Au centre du tabernacle surmontant l’autel précédé de marches en forme de demi-vasques, le Tétrarque Hérode était assis, coiffé d’une tiare, les jambes rapprochées, les mains sur les genoux. La figure était jaune, parcheminée, annelée de rides, décimée par l’âge ; sa longue barbe flottait comme un nuage blanc sur les étoiles en pierreries qui constellaient la robe d’orfroi plaquée sur sa poitrine. Autour de cette statue, immobile, figée dans une pose hiératique de dieu hindou, des parfums brûlaient, dégorgeant des nuées de vapeurs que trouaient, de même que des yeux phosphorés de bêtes, les feux des pierres enchâssées dans les parois du trône ; puis la vapeur montait, se déroulait sous les arcades où la fumée bleue se mêlait à la poudre d’or des grands rayons de jour, tombés des dômes. Dans l’odeur perverse des parfums, dans l’atmosphère surchauffée de cette église, Salomé, le bras gauche étendu, en un geste de commandement, le bras droit replié, tenant, à la hauteur du visage, un grand lotus, s’avance lentement sur les pointes, aux accords d’une guitare dont une femme accroupie pince les cordes.(...)"
E continua. O quadro, a avaliar pela descrição, é este:
Gustave Moreau
The Apparition
O que é mais curioso nesta entrada em cena do livro de Huysmans, não é que este faça referência a um quadro de Moreau, mas antes o facto de o herói, Des Esseintes, ser inspirado no conde Robert de Montesquiou, um esteta e dândi que serviu de modelo a Proust para a construção da personagem do Barão de Charlus. Este Robert de Montesquiou, amigo de Charles Ephrussi, tinha como pináculo da estética, uma tartaruga com a carapaça incrustada de pedras preciosas, que andava pela sala e admirava os presentes. Oscar Wilde, ao que parece, chegou a ver esta tartaruga, já que o refere no seu diário. Ora, embora não tenha lido o livro de Huysmans, sei - porque sou uma pessoa muito bem informada - que há alguns paralelismos entre o À Rebours e o Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde.
Apesar de tudo isto, desta rede apertada de ligações (que merece um esquema à altura e que terei muito prazer de fazer, quando tiver tempo), o antissemitismo crescente falou mais alto. E agora sim, vamos para a alínea c) anterior: os artistas, não obstante serem acarinhados por Charles Ephrussi, não se coibiam de lhe expressarem o seu desagrado pelo facto de ser judeu. Era o tempo do caso Dreyfus que despertou muitos ódios face à comunidade judaica. A França dividiu-se entre dreyfusistas e anti-dreyfusistas e o círculo de Charles Ephrussi também: Degas deixou de falar ao seu mecenas e a Pissarro, um pintor judeu; Cézane estava convencido da culpa de Dreyfus e Renoir manifestou-se contra a "arte de judeus" de Charles. Zola, que defendeu Dreyfus no J'accuse, acossado, teve de fugir e chegou a ser dado como "refugiado" na casa de Charles Ephrussi. Também na Recherche muda a tolerância para com Swann: ele deixa de ser o homem que todas as senhoras de sociedade querem ter por perto aquando das conversas sobre arte e decoração, sobre vestuário e conduta e passa a ser tratado desta forma pelo duque de Guermantes:
"[...] no que tange a Swann [...] dizem-me que é abertamente dreyfusista. Nunca teria acreditado nisso da parte dele, ele que é um fino gourmet, um espírito positivo, um colecionador, apreciador de livros antigos, membro do Jockey, um homem rodeado da consideração geral, um conhecedor de boas firmas e que nos enviava o melhor vinho do porto que se pode beber, um diletante, um pai de família. Ah, fui bem enganado." (Vol.4)
Espero que tenham gostado. Despeço-me com amizade...
- ars longa, vita brevis -
Hipócrates
antes e depois ou "táticas de engate para este Verão". Olé a todos: gente do Surinami, da Serra Leoa, e de San Martino. Olé a todos fãs do belogue por esse mundo fora e quiçá, em outras galáxias. Olé a moços e moças, bichinhos do mato, camarões e caudas de cometas. Hoje trago-vos, num post muito pequeno a técnica de engate infalível para este Verão.
Está sozinho e anseia por um ombro fofinho para repousar a cabeça?
Quer conhecer alguém que goste de bukkake (não vou deixar link, vão ao Google)?
Precisa de dormir de conchinha e fazer cafuné?
A solução está aqui, neste post. Pois é, a técnica de engate para este Verão é... a mesmo do Verão passado. É verdade! Não acreditam? Pois então ponham-me os olhos - neste caso, os ouvidos - na técnica de engate usada pelo maior engatatão de sempre: D. Juan, o homem que, segundo Mozart, dormiu com mais de 2000 mulheres.
No segundo acto, logo no início, ele canta para Dona Elvira este "Discendi, o gioia bella"; ou seja, "desce, ó jóia bela":
E no mesmo segundo acto, uns minutos depois, tenta seduzir uma criada de Dona Elvira com este "Deh, vieni alla finestra"; ou seja, "oh, vem à janela":
Usando a mesma táctica - não só na letra como na melodia - D. Juan mete mais duas moças no CV das conquistas. Se resultou com uma, resulta com duas! Havia muito mais a dizer sobre isto, mas o Verão está aí e fala por si. E por mim também.
segunda-feira, junho 27, 2016
coisas lindas:
"desculpainde-me".bou ber se consigo postar esta semana. já tenho alguns posts preparados, mas faltam mais umas coisinhas. "tenhaide" paciência.
"desculpainde-me".bou ber se consigo postar esta semana. já tenho alguns posts preparados, mas faltam mais umas coisinhas. "tenhaide" paciência.
quinta-feira, junho 23, 2016
- o carteiro -
se pudesse pôr em palavras, seria assim que poria:
Noite de S. João para além do muro do meu quintal.
Do lado de cá, eu sem noite de S. João.
Porque há S. João onde o festejam.
Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite,
Um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos.
E um grito casual de quem não sabe que eu existo.
(Noite de São João, Alberto Caeiro)
quarta-feira, junho 08, 2016
- o carteiro -
Um-post-fútil-a-combinar-
Há duas coisas que compro por impulso (quer dizer, com algum impulso porque estou mais para Tio Patinhas do que para Patacôncio). Uma é/são livros e a outra é roupa interior (pensavam que ía escrever "sapatos" ou "carteiras". Não, a "minha cena" é roupa interior). Claro que é muito mais fácil comprar livros que roupa interior: os valores envolvidos na aquisição de livros são no geral mais baixos do que na roupa interior, um livro não deixa de servir, não perde elasticidade, não passa de moda...
A aquisição de roupa interior é sempre uma desgraça. Mas sabe bem. Fosse ela Chantal Thomass ou Agent Provocateur e saberia ainda melhor. Já a minha avó me dizia que era necessário andar com a melhor roupa interior possível. Ela fartava-se de comprar camisas de dormir, o que me intrigava. Percebi mais tarde que ela não era coquete; tinha era receio de ir parar ao hospital. Dizia-me "a roupa interior tem de estar sempre bem pois nunca se sabe quando vais parar ao hospital". Custa-me por isso ver na ginástica, na natação, mulheres que se arranjam todas por fora, mas que usam roupa interior que parece que foi à guerra. Bom, também não sou exemplo: tenho uma gaveta cheia de roupa interior à qual nunca tirei a etiqueta. Penso "ah, é uma pena usar... fica para uma ocasião especial". Que ocasião especial? A cerimónia de entrega dos óscares?
Já a aquisição de livros é mais caótica. Um destes dias fiz uma loucura (bom, também não foi nada por aí além): tinha visto num alfarrabista um livro por 10 euros. Convém dizer que quando era pequenina dizia "alfarrebista" porque se um alfarrabista vendia livros, também vendia revista (alfa-revista). Mas como me movo pelo Norte, o alfa-revista seria compreensivelmente um alfa-rebista. Bom, olhei para o livro e pensei que com jeito ainda poderia comprá-lo por menos de 10 euros. Mas no dia seguinte, à hora de almoço e um bocado aborrecida com o trabalho, resolvi ir a uma livraria. E mesmo sabendo que era uma má aquisição, trouxe o mesmo livro, a mesma edição, pelo dobro do preço. Pensei "que se lixe, vou desgraçar-me. Hoje até me vendem fósforos à porta do inferno". Para além dessas aquisições inflacionadas, às vezes também compro livros que sei, nunca vou ler. O/os tal/tais tsundoku. Alguns porque não vou ter tempo de ler até ao fim da vida, outros porque, após comprá-los percebo que fiz asneira: conferência do Georges Duby sobre uma coisa qualquer, relatório de contas do ministério da cultura em mil novecentos e não sei quê, volume II da história da Idade Média, quando o I está esgotado...
Pronto, era isto. Não tenho postado nada de jeito porque me falta tempo para investigar. abracinhos dos bons, que dos maus não vale a pena.
segunda-feira, junho 06, 2016
- original soundtrack -
disseram-me um dia (ou se calhar li em qualquer lado) que o Debussy era música de elevador. já nem sequer há elevadores com música... mas nunca achei que o Debussy ou o Satie (também me disseram isso do Satie, mas eu acho que o Satie acompanha bem reportagens da TVI) fossem assim... foleiros. e este Claire de Lune dá-me alguma paz e esperança. quando a ouço lembro-me sempre daquela obra da Katie Paterson. e depois lembro-me do Woody Allen e do universo em expansão. deixei de ler o meu horóscopo: com o universo em expansão, com novos planetas, com outros que deixaram de o ser, já não sou aquário certamente. já devo ser anaconda ou mamute. a partir de agora só leio borras de café.
(Claire de Lune, Debussy)
- o carteiro -
o segredo é não pensar. não pensar, ler, escrever, ver filmes, nadar, viajar, suar as estopinhas no ginásio. não pensar. e tudo vai desaparecer.
- o carteiro -
e o Homem criou Deus... (XVIII)
Como vimos (não pensem que me esqueci), a ascensão do protestantismo marca também um ponto sem retorno na História do Cristianismo, uma vez que pela primeira vez o Homem pode - segundo o protestantismo - estabelecer uma relação directa com Deus. A sua salvação viria não das indulgências e pagamentos vários à Igreja, mas das Escrituras e da oração. Mas se isto resolve em muito o problema das pessoas - que viviam mal e porcamente e ainda tinham de dar parte significativa dos seus rendimentos à Igreja - levanta a Lutero uma outra questão: se a Salvação pode vir da simples crença e da Fé individual, que motivação existia para a moralidade? Ou seja, se não existe uma "polícia", quem vigia a moral?
A resposta chega de um outro local: de Genebra. De facto, as ideias de Lutero já tinham chegado até muito longe. Genebra era uma cidade, à época, moralmente à deriva. Os partidários de Roma a viver na cidade haviam levado a uma ruptura entre esta e a Igreja Católica e é Calvino, um homem de disciplina, que assume essa tarefa de colocar alguma ordem na cidade. A sua ideia é criar uma sociedade ideal, a cidade de Deus ou até, a Commonwealth divina! No lugar que antes era ocupado, na cidade, pelos partidários de Roma, Calvino coloca um governo local com poder civil e religioso. Pede-se também aos cidadãos que tenham uma vida mais virtuosa, (dedicada ao trabalho), que não bebam, por exemplo. Jogar e dançar, por exemplo, passam a obedecer a regras e tornam-se por isso divertimentos mais restringidos. Genebra torna-se rapidamente um modelo do movimento protestante já que atrai uma camada da sociedade entre a nobreza e os pobres: a classe média. Um número elevado de pessoas está agora habilitado a fazer parte de uma sociedade capitalista, deixando assim o campesinato, e na qual enriquecer não era um crime. Podia até ser considerado uma virtude. Ora este lado bom do protestantismo não esconde um lado muito negro: austeridade, frieza nas relações e clima de delação constante. Todos estes males eram necessários em nome de um bem comum: preservar a moral e a ordem religiosa. Há até outro aspecto incómodo para Calvino e que ele aborda na sua obra Institutas: se, como Lutero defendia, um cristão podia ser salvo apenas pela Fé, que motivo existia para alguém praticar boas acções? A solução e resposta de Calvino à própria pergunta é engenhosa: ele defende que apenas alguns são salvos, enquanto outros são condenados. E ninguém sabe quem será salvo e quem será condenado, excepto Deus. Isto poderia ter deitado tudo a perder já que poderia ter provocado nas pessoas o seguinte pensamento: se já está tudo pré-determinado, que posso eu fazer? Mas na realidade teve o efeito contrário: as pessoas, como não queriam ser condenadas, empenhavam-se para fazer parte do plano de Deus. Viviam a sua vida com um propósito pois encontravam um lugar no Mundo. A sua vida importava.
- não vai mais vinho para essa mesa -
Admiro-me sempre que ouço casais que se tratam por você:
- Estive à sua procura, Tomás.
Parece que esquecem essa "carícia da linguagem", como dizia o Balzac, que é o tratamento por "tu". E como ela é suave...
Pior ainda é quando os filhos tratam os pais por você:
- Ó mãe, a mãe não me vai levar à natação?
Aliás, o que é mesmo estranho, é haver casais que se tratam por você e têm filhos. Partindo do princípio que as crianças foram concebidas através do coito e não por inseminação artificial ou barriga de aluguer, imagino como teria sido esse coito:
- Tomás, acha que hoje à noite poderia fazer o obséquio de me penetrar vigorosamente?
- Decerto Pilar, decerto. Deseja pois que me posicione face a si como me posiciono no meu equídeo árabe, o Silver, na Feira da Golegã?
- Sim Tomás, esse é o meu desejo. Solicitava-lhe porém que hoje obnubilasse o cunnilingus pois os exercícios de Kegel deixaram-me extremamente cansada e com a zona vaginal fragilizada.
- O pompoarismo, quer você dizer?
- Não seja vulgar!
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
ou
- o carteiro -
quando eu era pequenina e só via o meu pai aos fins-de-semana, ele dizia umas coisas com muita piada. entre elas, isto: "I like banana because n'y a pas de caroço". quando comecei a emagrecer a banana foi o primeiro fruto que deixei de comer. mas mantive sempre a maçã. houve até uma altura em que por dia só comia quatro maçãs. Pode parecer muito, mas para quem estava a perder peso, era muito pouco. pelo menos foi o que me explicou o psiquiatra e eu tenho de acreditar no que ele diz, embora aquilo que eu digo também tenha a sua lógica
Vem isto a propósito de quê? pois, de nada. já queria escrever acerca da maçã e do pecado original há algum tempo. O pecado original de Adão e Eva é talvez o episódio mais alegórico e simbólico que conhecemos na Bíblia. Há outros bastante estranhos, mas de que tenhamos conhecimento, só este. O que é que se sabe? Que Adão e Eva estavam nus no paraíso, mas não tinham noção disso. Deus deu-lhes tudo, proibindo apenas que comessem o fruto da árvore do conhecimento. Eles foram tentados pela serpente, comeram e foram expulsos do paraíso sendo por isso obrigados a trabalhar (Adão) e a sentir as dores do parto (Eva).
Talvez porque, segundo as escrituras, assim que provaram do fruto da árvore do conhecimento e se deram conta que estavam nus, o pecado original de Adão e Eva passou a ser conotado com sexo. mas a verdade, e segundo as escrituras, é que eles já deviam ter pecado antes mesmo de terem provado do fruto proibido:
"Por esse motivo, o homem deixará o pai e a mãe, para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne (Génesis 2, 24)".
Ora, se Deus lhes deu ordem para "pecar", não fazia sentido puni-los por "pecarem". O pecado de Adão e Eva foi, na minha opinião (como se a minha opinião valesse para alguma coisa) terem desobedecido a Deus. Ele colocou-lhes um teste e eles não superaram o teste. Mais ainda: quando dizemos "eles" na realidade foi só ele, Adão. É que primeiro Deus criou Adão e mostrou-lhe a árvore da qual não devia comer (Génesis 2, 5-17) e só depois criou Eva. (Eva só é criada a partir do versículo 18). Obviamente que quando, no capítulo 3 dos Génesis a serpente se aproxima de Eva e a confronta com a proibição de Deus, ela confirma. Ou seja, Eva sabia, mas por Adão e não por Deus. É no entanto Eva que é punida, talvez porque é ela que colhe o fruta da árvore. Não é por isso estranho que muitas representações do Pecado Original mostrem a serpente com rosto de mulher.
Esta serpente levanta-me muitas dúvidas. Para já porque era uma serpente-falante. Se as serpentes não falam, e esta falava, só podia ser o diabo. De facto, o Livro do Apocalipse faz uma ligação curiosa entre Dragão, Serpente e Diabo:
"o grande Dragão, a Serpente antiga - a que chamam também Diabo e Satanás - o sedutor de toda a humanidade, foi lançado à terra; e, com ele, foram lançados também os seus anjos." (Apocalipse 12, 9)
Digo que é uma relação curiosa não só porque corrobora a ideia de que a serpente era o diabo, mas também porque abre a possibilidade de a serpente que hoje conhecemos nas representações desta passagem, não ser bem a serpente-serpente. É que depois de descobrir que Adão e Eva provaram do fruto da árvore do conhecimento, Deus distribui castigos: o Homem teria de trabalhar para garantir o seu sustento, a Mulher sentiria as dores do parto e a serpente:
"Por teres feito isto, serás maldita entre todos os animais domésticos e entre os animais selvagens. Rastejarás sobre o teu ventre" (Génesis 3, 14).
Ora se Deus diz à serpente que como castigo ela vai passar a rastejar, como é que a serpente se movia antes de Deus a ter castigado? De facto em algumas representações, principalmente nas mais antigas, a serpente tem patas, aproximando-se mais de dragão de Komodo.
Livro de Horas
Século XV
Hugo van Der Goes
The Fall
1467-68
Kunsthistorisches Museum, Viena
Século XV
Limbourg brothers
Les très riches heures du Duc de Berry
c. 1416
Musée Condé, Chantilly
Estas representações, para além de mostrarem a serpente com patas e até "de pé", mostra-a também com rosto de mulher (e até com seios). Há até uma pintura de Ticiano - atípica - que coloca um putti no lugar da serpente:
Tciano
The Fall of Man
c. 1550
Museo del Prado
Vemos em cada uma destas representações que a serpente/dragão, oferece à mulher qualquer coisa, mas não podemos concluir que seja uma maçã. A bíblia nunca fala em maçã. Aliás, é pouco provável que fosse uma maçã, por várias razões:
a) o local onde supostamente se encontrava o Jardim do Éden não tinha maçãs (maçãs como as conhecemos hoje: goden, pink lady, granny Smith). A bíblia refere que o Éden se localizaria entre quatro rios:
"Um rio nascia no Éden para regar o jardim, dividindo-se, a seguir, em quatro braços. O nome do primeiro é Pichon, rio que rodeia toda a região de Havilá, onde se encontra ouro, ouro puro, sem misturas, e também se encontra lá bdélio e ónix. O nome do segundo rio é Guion, o qual rodeia toda a terra de Cuche. O nome do terceiro é Tigre, e corre ao oriente da Assíria. O quarto rio é o Eufrates." (Génesis 2, 10-14). Estamos por isso a falar numa zona próxima do actual Iraque. Quer a geografia tenha mudado muito ou pouco, a verdade é que não existiam maçãs nessa zona. Uma vez que, envergonhados, Adão e Eva se cobriram com folhas de figueira, é natural que o fruto proibido fosse o figo.
b) a palavra maçã era usada para descrever muitos frutos, incluindo aqueles que não tinham nenhuma semelhança com as maçãs. um exemplo bem actual vem do francês: em francês "maçã" diz-se "pomme" e "batata" diz-se "pomme de terre". outro vem do italiano: em italiano "tomate" diz-se "pomodoro" ("pomo de ouro" - ler mais abaixo). A nêspera, a pera, o marmelo e o tomate também são pomos, como a maçã.
c) a palavra "maçã" em latim diz-se "malum"; ou seja, a mesma palavra para "mal". basta ver aqui
d) é, segundo as minhas investigações, Milton e o seu "Paraíso Perdido" que no século XVII introduzem esta ideia de maçã=fruto proibido.
"Ávido um desejo / Me tomou: conhecer as maçãs belas." (MILTON, John; Paraíso Perdido; Livro IX; Lisboa: Edições Cotovia, 2006, pág. 395)
Podem estas maçãs ser os pomos, mas bem ou mal, conotamos a maçã com o fruto proibido. Nada disto é novo: para escolher a mais bela, distribuiu-se, segundo a mitologia grega, o pomo de ouro (ganhou Helena de Tróia, o que desencadeou a Guerra de Tróia); havia os pomos do Jardim das Hespérides; é com uma maçã que a bruxa envenena a Bela Adormecida... Portanto, quando "fordeis à missinha, num bos esqueçaindes deste post". Fazei as bossas orações e agradai a deus, beijinhos.
- o carteiro -
bons versos
Let me sit this ass on you (a lata da Beyoncé e um péssimo vídeo)
If you're so very good looking, Why do you sleep alone tonight?
A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu
I'm calling you... can you hear me?
Heaven is a place where nothing ever happens
If you want something to play with, Go and find yourself a toy
Se nós, nas travessuras das noites eternas, Já confundimos tanto as nossas pernas (puf... todo o poema é muito bom)
We're just two lost souls, Swimming in a fish bowl
And I wonder if I ever cross your mind? For me it happens all the time (não coloco link porque tenho vergonha)
You can run on for a long time, Run on for a long time, Run on for a long time, Sooner or later God'll cut you down
Lá vai ela sabendo que é boa
Your husband's hollow heart gave out one Christmas Day, He left the villa to his mistress in Marseille (que letra do caneco!)
Quando a gente gosta, É claro que a gente cuida (um clássico que me diz muito)
(aceitam-se sugestões)