quinta-feira, agosto 30, 2012

- original soundtrack -

















For so long I've obeyed that feminine decree
I've always contained your desire to hurt me

But when will I turn and cut the world?
When will I turn and cut the world?

My eyes are corals, absorbing your dreams
My skin is a surface to push to extremes
My heart is a record of dangerous scenes

But when will I turn and hurt the world?
When will I turn and cut the world?
When will I turn and cut the world?
When will I turn and cut the world?

When will I turn and cut the world?
When will I turn and cut the world?
When will I turn and cut the world?

(Cut the world, Antony and the Johnsons)
- não vai mais vinho para essa mesa -


















- não vai mais vinho para essa mesa -

porque o João Barbosa gostou, aqui vão mais outras que li (ou pensava que tinha lido):
- "chá verde da gonorreia" em vez de "chá verde da Gorreana"
- "embaixadora da broa vontade" em vez de "embaixadora da Boa Vontade"
- "não vai mais banho para essa mesa" em vez de "não vai mais vinho para essa mesa" (no post anterior)
- o carteiro -

ora bem, mais um carteiro com coisas lindas. a prova que ninguém lê isto é que vou escrever uma frase fora do contexto e ninguém vai notar: "amanhã tenho de ir dar de comer à gata da vizinha". eis a minha mensagem subliminar sem sentido nenhum embora com toda a verdade.

segue-se, no percurso da vida de Cristo, e segundo os evangelhos sinópticos, a fuga para o Egipto. Esta passagem é muito "bonitinha" porque os diferentes artistas a retrataram como se os evangelhos de facto dessem todos esses pormenores que geralmente estão presentes nas representações: as palmeiras dobradas, a queda dos ídolos, a raíz da árvore, as fontes de água... O Evangelho de São Mateus fala da Fuga para o Egito em 2, 14-21: E ele levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egipto, permanecendo ali até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciou pelo profeta: Do Egipto chamei o meu filho. Então Herodes, ao ver que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o seu território, da idade de dois anos para baixo, conforme o tempo que, diligentemente, tinha inquirido dos magos. Cumpriu-se, então, o que o profeta Jeremias dissera: Ouviu-se uma voz em Ramá,uma lamentação e um grande pranto: É Raquel que chora os seus filhose não quer ser consolada, porque já não existem. Morto Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egipto, e disse-lhe: «Levanta-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino.» Levantando-se, ele tomou o menino e sua mãe e voltou para a terra de Israel." Pois é assim: nada de palmeiras, queda dos ídolos and so on... Isso é o que contam os textos apócrifos: dizem que o menino foi no colo da mãe enquanto José ia a pé (é para aprenderes e não bufares!); Jesus fez brotar das raiz das árvores água; as palmeiras inclinaram-se à passagem do casal, até aos pés de Maria; ao entrarem num templo as 365 estátuas de ídolos caíram. Outra fonte poderá ser Isaías que diz o seguinte: "Olhai! O Senhor, montado so­bre uma nuvem veloz, entra no Egipto: os ídolos do Egip­to tremem diante dele, e o coração dos egípcios aperta-se no seu peito." (Is 19, 1) Só por dizer que neste caso esta fonte teria sido uma prefiguração. O que é que isso interessa, perguntam vocês? Pois, a bem dizer nada, mas para esta história a Fuga para o Egito e a queda dos ídolos mostram que Jesus, fosse onde fosse o lugar, continuava a ser o Filho de Deus e aquele que vinha em nome do Pai para tirar o pecado do Mundo (ena, tão reverberativos que ela está). Pois este episódio do Novo Testamento está, no Speculum, juntamente com a o episódio em que os egípcios fazem uma imagem da Virgem e do Menino, aquele em que Moisés quebra a coroa do faraó e o sonho de Nabucodonosor
E aqui... TCHARAN!: as prefigurações, que são do Antigo Testamento mostram que um novo mundo iria revelar-se com a chegada de Cristo, mas, e embora todos, ou quase todos os episódios mostrem de facto uma cena do Novo Testamento acompanhada de três do Antigo que de alguma forma a anunciam, neste caso, a cena dos egípcios a fazerem uma estátua de Jesus e de Maria vem na Historia scholastica de Petrus Comestor! Continuando... Não tive acesso ao texto de Petrus Comestor nem a nenhuma teoria acerca desta pseudo prefiguração. Sei porém que no geral, as representações desta cena mostram os egípcios ajoelhados com as mãos juntas em oração e Maria usa uma coroa e um nimbo.

Sinceramente, não sei onde isto nos leva, já que não encontro uma relação mais profunda ou de antecipação de acontecimentos vindouros entre estas duas imagens, entre estes dois temas: ambos apresentam egípcios, estátuas e a Virgem e o Menino, mas de forma totalmente oposta. Bem, talvez seja essa a ideia. No entanto, a terceira imagem, aquela que se refere ao episódio em que Moisés retira e destrói a coroa do faraó já pode ser mais elucidativa. Como sabemos, Moisés foi salvo das águas e este episódio aproxima-se daquele em que Jesus, Maria e José fogem para o Egipto a fim de evitarem a morte do Menino no massacre dos inocentes perpetrado por ordem de Herodes. Mas vamos ao episódio em si. Flávio Josefo fala-nos do episódio em Antiguidades Judaicas (II, 9, 7). Não posso fazer a transcrição, mas sei que Moisés, recolhido das águas, acaba por fazer parte do dia-a-dia do faraó. Um dia, estando o menino à mesa junto do faraó, retirou-lhe a coroa da cabeça e atirou-a ao chão, partindo-a. O adivinho do faraó disse que segundo este ato e as suas previsões Moisés seria aquele que um dia iria retirar o poder ao faraó. Um dos seus conselheiros defendeu que o menino deveria ser morto, enquanto outro (diz-se que era o anjo Gabriel disfarçado), disse que se devia submeter a criança a um teste que poderia mostrar se aquele ato tinha sido intencional ou não. Optou-se por esta segunda opinião. Em cima da mesa foi colocada uma pedra preciosa e um pedaço de carvão em brasa. A criança escolheu o carvão e colocou-o na boca. Apesar de se ter queimado, safou-se! Safou-se e assim, alguns anos mais tarde foi ele quem liderou os israelitas em direção à libertação. (Estava a ler "As benevolentes" e li o seguinte: "O anjo abria a porta do meu gabinete e entrava, portador do carvão ardente que queima todos os pecados; mas em vez de tocar com ele os meus lábios, introduzia-mo inteiro na boca..." Amarrotem-me que eu fiquei passada!) Da mesma forma que Moisés destrói a coroa do faraó , Jesus destrói os ídolos à sua passagem.

Segue-se a quarta imagem referente ao episódio bíblico do sonho do rei Nabucodonosor
presente em Daniel. O rei teve um sonho e mandou chamar os seus magos e astrólogos para que estes lhe dissessem não só o qual era o sonho, como aquilo que este queria dizer. Ninguém conseguiu a não ser Daniel (2, 31-34): "Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta estátua, que era imensa, cujo esplendor era excelente, e estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços de prata; o seu ventre e as suas coxas de cobre; As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro. Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou." O rei sonha com uma coluna no cimo da qual se encontra a imagem de um jovem soldado nu com a sua lança e escudo. A estátua é destruída por uma pedra que não havia sido atirada por nenhuma mão e que depois cobre toda a Terra. Segundo Daniel, cada uma das partes do corpo da estátua correspondiam a um reino (do ferro, do bronze...). A destruição da estátua através de uma pedra sem mão, é a prefiguração de Cristo que destrói os ídolos à sua passagem, enquanto a pedra em si, pedra que não é tocada representa a virgindade de Maria.

Sei que os exegetas fariam a ligação entre estes episódios de forma diferente e sei que na net há muitas opiniões e formas até mais completas de interpretar estas cenas, mas quem as quiser basta procurar. Para mim, embora não exista grande relação entre o primeiro, o terceiro e o quarto episódio, e o segundo, mas olhem, é a vida. adeusinho.





























































- ars longa, vita brevis -
hipócrates

Caro João:
Talvez o João não seja o único leitor do Belogue, mas foi o único que se manifestou quanto aos posts anteriores. Não é que eu esteja à espera de comentários para postar, mas às vezes os comentários dão-me ideias e apesar de pensar que os leitores podem achar estes posts parecidos com os anteriores e por isso aborrecidos, achei também que precisava de dar continuidade ao post sobre "Todas as manhãs do mundo". Isto porque... achei outra imagem do autor que aparece no filme. Trata-se de uma natureza-morta com referência direta aos cinco sentidos. Nela vemos a audição (estimulada pela música), o paladar (estimulado pelo pão e pelo vinho), o tacto (não sei se leva "c", mas que é aqui feito representar pelo tabuleiro de xadrez e pelo jogo de cartas), a visão (espelho e jogo de cartas) e o olfato (flores na jarra). Aquela bolsa verde que se encontra ao centro, parece-me para guardar algo precioso ou com algum valor monetário como gemas ou dinheiro. tenho quase a certeza que os aromas para as senhoras tinham formas diferentes. E quem diz para as senhoras diz para os senhores. estava agora a lembrar-me que ao ler "as benevolentes" uma pessoa percebe que mesmo os oficiais administrativos das SS tinham os seus piolhos. bem, mas o propósito é deixar as imagens. há umas diferenças na luz e no enquadramento do cena, mas acho que isso até torna esta comparação mais bonita. pelo menos para mim. fiquem com aquele-cujo-nome-não-pode-ser-dito-em-vão e não façam nada que eu não fizesse (ui, isso seria muita coisa...!)














Lubin Baugin
Still-life with Chessboard
1630
Musée du Louvre, Paris














Alain Corneau
Tout les matins du monde
1991
em Aveiro, cortaram a proa a alguns moliceiros, para estes passarem sob as pontes, enquanto fazem o vaivém de turistas.
- o carteiro -

caí nas escadas. na verdade, caí das escadas. para proteger a cabeça, bati com o rabiosque em cada uma das esquinas nos degraus. au, au, au, au, au... fuck! entravada, fiquei sem fazer exercício físico e talvez por causa disso, sem fazer o meu cocozinho. três semanas nisto. e seria isto, que segundo a minha lógica, me teria levado a aumentar de peso. lá estava mais meio quilo. podia de facto ter sido pior: podia ter morrido (ei, que exagero), podia ter partido o cóccix, ou a bacia ou qualquer outra coisa. podia ter engordado mais. mas a razão por que exponho (nunca sei se é "por que" ou "porque") a história é porque o médico me alertou para a forma distorcida como eu a contava. segundo o meu pensamento, uma vez um aumento de peso, para sempre um aumento de peso. logo, se num mês aumentei 500grs, num aumento aumentaria 6quilos, em 10 anos 60 quilos e quando tivesse 80 anos pesaria 280kgs, mais coisa menos coisa. "e tem lógica", disse eu. "mas nem tudo que tem lógica é verdade, enquanto tudo o que é verdade tem lógica", disse ele. não podia argumentar. para mim, a razão para aumentar de peso, é aumentar de peso: a próxima pesagem vai acusar um número superior à anterior simplesmente porque o corpo é cumulativo: quanto mais lhe damos, mais ele quer. e não pára, o raio do coiso. "se fosse assim", disse ele, "você teria descoberto a cura para a fome em África. bastava dar-lhes meio pãozinho por dia, mantê-los quietos e sem fazer cocozinho e passado um mês estavam que nem ocidentais". e eu ainda acredito que é assim.
na praia senti-me um homem, a olhar para o rabiosque as mulheres. claro que nenhuma delas tinha cocozinho entalado nem as dores que eu tinha, mas pareciam-me ter rabiosques lindos. todas elas. não vi celulite, nem flacidez, nem rabos gordos, nem caídos. talvez a minha praia seja um paraíso quando vista pelas lentes da minha imaginação. talvez exista algo "echchchquizito" com o meu corpo.

terça-feira, agosto 14, 2012

- original soundtrack -

eh pá... gosto mesmo desta música e desta letra



















Turn down the lights;
Turn down the bed.
Turn down these voices
Inside my head.

Lay down with me;
Tell me no lies.
Just hold me close;
Don't patronize.

Don't patronize me.

'Cuz I can't make you love me
If you don't.
You can't make your heart feel
Something it won't.
Here in the dark
In these final hours,
I will lay down my heart
And I'll feel the power;
But you won't.
No, you won't.
'Cuz I can't make you love me
If you don't.

I'll close my eyes,
Then I won't see
The love you don't feel
When you're holding me.

Morning will come,
And I'll do what's right;
Just give me till then
To give up this fight.

And I will give up this fight.

'Cuz I can't make you love me
If you don't.
You can't make your heart feel
Something it won't.
Here in the dark
In these final hours,
I will lay down my heart
And I'll feel the power;
But you won't.
No, you won't.
'Cuz I can't make you love me
If you don't.
(Justin Vernon, I can't make you love me)
- não vai mais vinho para essa mesa -

leio rápido e por isso às vezes leio coisas como:
- "frango automático" em vez de "frango aromático"
- "oferta de boas vidas" em vez de "oferta de boas vindas"
- "rochas metafóricas" em vez de "rochas metamórficas"
- "rochas magnéticas" em vez de "rochas magmáticas"
- o carteiro -

olá boa nuaaaaaaaite! este post é mais um carteiro relativo às prefigurações do Speculum. Desta vez, a Apresentação no templo sucedida de quatro episódios do Antigo Testamento. A Apresentação no templo era um ritual pelo qual passavam todos os primogénitos. Segundo Lucas, até oito dias após o nascimento a criança deveria ser circuncidada. E 40 dias após o nascimento, prazo dado para a purificação da mãe, deveria ser apresentada no templo. Vemos isto em Lucas 2, 22-24: "E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor (Segundo o que está escrito na lei do Senhor: Todo o macho primogénito será consagrado ao Senhor); E para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos.". Esta oferta era algo que já estava determinado no Lebítico-com-"b". Lá podemos ler: "E, quando forem cumpridos os dias da sua purificação por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano por holocausto, e um pombinho ou uma rola para expiação do pecado, diante da porta da tenda da congregação, ao sacerdote.O qual o oferecerá perante o Senhor, e por ela fará propiciação; e será limpa do fluxo do seu sangue; esta é a lei da que der à luz menino ou menina. (Lv 12, 6-7). Mas o Lebítico-com-"b" também prevê outras situações. Para o caso das famílias serem pobres e não poderem levar um carneiro (ou um mamute!), havia o seguinte versículo: " Mas, se em sua mão não houver recursos para um cordeiro, então tomará duas rolas, ou dois pombinhos, um para o holocausto e outro para a propiciação do pecado; assim o sacerdote por ela fará expiação, e será limpa."(Lv 12, 8). Por isso vemos, em muitas apresentações de Jesus no templo, José com o casal de pombos na mão, numa cesta ou numa gaiola. Mostro isto na figura seguinte, mas antes quero deixar aqui uma reflexão que me assolou enquanto escrevia isto: se Maria tinha concebido sem pecado, para que precisava ela dos 40 dias de purificação após o parto? A pintura é de Vasco Fernandes, está no Museu de Lamego e nela podem ver, ao fundo dois anjos, um de cada lado da arca da aliança. e esse é o próximo passo.
Vasco Fernandes
Apresentação de Jesus no templo
1506-1511
Museu de Lamego
Arca da Aliança
"É assim", como agora se diz: a primeira prefiguração da apresentação de Jesus no templo é a chamada Arca da Aliança de que já tínhamos falado quando analisamos uma crucifixão (vocês não se lembram, mas deixo aqui o link). Nela dizíamos que o véu do templo guardava a arca da Aliança. A Arca da Aliança vem descrita no Ex 37: era coberta de ouro e ladeada por dois querubins (a construção da arca com os dois querubins foi uma das razões pelas quais os adeptos das imagens nos primórdios do Cristianismo começaram a representar o divino). Para falar a verdade, não encontro relação entre a arca e a apresentação de Jesus, mas entre este objecto e Maria, já que um dos episódios que constitui os 5 mistérios gozosos de Maria é justamente este (quando falo dos Mistérios Gozosos, falo de uma das três divisões de um Rosário; ou seja, um terço, e que são os gozosos, os dolorosos e os luminosos). Como vimos, para chegar à Arca da Aliança, ou Santo dos Santos, tínhamos de atravessar três véus, sendo que a transposição do terceiro só poderia ser feita pelo Sumo Sacerdote. Na primeira tenda (que não seria uma tenda como aquelas de campismo, mas uma tenda no sentido de um espaço separado do exterior que albergava qualquer coisa) tinha o candelabro, a mesa e os pães para oferenda. Na segunda tenda estava o altar de ouro e a Arca da Aliança em si, coberta de ouro e que continha uma caixa de ouro onde se encontrava o maná (a propósito, "maná" quer dizer: "o que é isto"), a vara de Aarão e as tábuas da lei. Encontramos isto em Hebreus (" Ora, também a primeira tinha ordenanças de culto divino, e um santuário terrestre. Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candelabro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o santuário.Mas depois do segundo véu estava o tabernáculo que se chama o santo dos santos,Que tinha o incensário de ouro, e a arca da aliança, coberta de ouro toda em redor; em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas da aliança; E sobre a arca os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente.Ora, estando estas coisas assim preparadas, a todo o tempo entravam os sacerdotes no primeiro tabernáculo, cumprindo os serviços; Mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo" (Hb, 1-7). Ora, como cofre em madeira de cedro incorruptível, a Arca alude a Maria que também não foi corrompida pelo pecado original nem o seu corpo pela morte. A arca era também o símbolo da Aliança de Deus com o seu povo e Maria, ao acolher Jesus no seu seio, torna-se instrumento dessa aliança. Por outro lado, assim como a Arca estava revestido por dentro e por fora do maior dos bens, o ouro, também Maria estava revestida do maior bem espiritual que era a Graça e o amor de Deus.













Menorá

Ora "bamos" a outra prefiguração. Desta vez, uma mais complicada ainda, porque nem eu nem o Ludolfo da Saxónia fazemos a coisa por menos: é para postar, então "pumba, bai tudo a eito". Não tenho bem certeza daquilo que vou escrever por isso se vocês acharem que está mal, por favor corrijam (como sei que ninguém vai ler isto...). A Menorá surge como segunda prefiguração da Apresentação de Jesus no templo. Para quem não sabe a Menorá é aquele candelabro de sete braços usado em cerimónias judaicas. Este candelabro que Deus ordenou a Moisés que fizesse era de ouro, tinha sete braços e deveria ser colocado na Arca da Aliança. A descrição surge-nos no Ex 25, 31-37: "Também farás um candelabro de ouro puro; de ouro batido se fará este candelabro; o seu pé, as suas hastes, os seus copos, os seus botões, e as suas flores serão do mesmo. E dos seus lados sairão seis hastes; três hastes do candelabro de um lado dele, e três hastes do outro lado dele. Numa haste haverá três copos a modo de amêndoas, um botão e uma flor; e três copos a modo de amêndoas na outra haste, uma maçã e uma flor; assim serão as seis hastes que saem do candelabro. Mas no candelabro mesmo haverá quatro copos a modo de amêndoas, com seus botões e com suas flores; E um botão debaixo de duas hastes que saem dele; e ainda um botão debaixo de duas outras hastes que saem dele; e ainda um botão debaixo de duas outras hastes que saem dele; assim se fará com as seis hastes que saem do candelabro. Os seus botões e as suas hastes serão do mesmo; tudo será de uma só peça, obra batida de ouro puro. Também lhe farás sete lâmpadas, as quais se acenderão para iluminar defronte dele." Outro nome para Menorá é o de candelabro, neste caso, candelabro judaico. E Jesus foi apresentado no templo do dia 2 de Fevereiro, dia em que também é conhecido por dia da Candelária.









Apresentação de Samuel
A mãe de Samuel era estéril (quer dizer, ainda não era mãe de Samuel, caso contrário não era estéril), chamava-se Ana e era mulher de Elcana. A sua história é semelhante à de Sara e surge no I livro de Samuel. Diz então o livro que Ana andava lá a fazer as suas coisas quando uma das outras mulheres do seu marido começou a dizer-lhe "Ah e tal, és estéril, não dás um herdeiro ao teu marido e eu dou..." (como diz a Bíblia, "Deus fechou-lhe a madre"). Claro que Ana entrou numa espiral descendente e deixou de comer e começou a rezar, que não era uma coisa exatamente má, mas foi para o lado que lhe deu. Deus ouviu as suas preces e prometeu-lhe um filho, tal como havia feito a Maria, embora neste último caso a sua gravidez não fosse o atendimento de um pedido de Maria. Samuel nasceu e mal foi desmamado, Ana ofereceu-o ao templo para ali viver para sempre. Vemos isto em 1Sm 1, 22-23: "Porém Ana não subiu; mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor, e lá fique para sempre. E Elcana, seu marido, lhe disse: Faze o que bem te parecer aos teus olhos; fica até que o desmames; então somente confirme o Senhor a sua palavra. Assim ficou a mulher, e deu leite a seu filho, até que o desmamou." Assim, a mãe foi ao templo e apresentou a criança ao sacerdote, de seu nome Eli. Já a viver no templo Samuel um dia recebeu o chamamento de Deus enquanto dormia. E dormia onde? No templo, junto da Arca da Aliança como prova 1 Sm 3, 3: "E estando também Samuel já deitado, antes que a lâmpada de Deus se apagasse no templo do Senhor, onde estava a arca de Deus,". Quer isto dizer o quê? Que o nascimento de Samuel antevê o de Cristo na semelhança entre ambos. Samuel também é apresentado no templo e torna-se sacerdote do mesmo; ele é "oferecido" ao templo por sua mãe, enquanto Cristo é "oferecido" a Deus. Acho que a relação com a Arca da Aliança não é de menosprezar porque Samuel é o contacto com a Antiga Aliança e Jesus estabelece a Nova Aliança.


Bem, então era isto que tinha a dizer. mais uma vez boa nuuuuuuaaaaaaite, façam o vosso xixi, lavem a dentuça e não vejam coisas com meninas nuas.

- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou como "se vocês soubessem o prazer, a alegria que eu senti ao descobrir isto... quer dizer, eu sei que não descobri nada. tenho a certeza que muitas pessoas já escreveram sobre isto e de forma mais completa. mas, se ter sexo, se o prazer que o sexo dá é isto, então há duas coisas a concluir: a) preciso de experimentar e b) se o sexo é isto, quer dizer que não preciso de experimentar, basta experimentar isto. bem, vamos ao que interessa. "estaba-a-ber" com b este filme porque tinha visto algumas imagens do mesmo e parecia-me com uma fotografia interessante: os perfis, os rostos, a luz, as personagens a tocar... não sei, parecia-me algo que já tinha visto na pintura. Então quando vi estes canudinhos (os que estão no prato), pensei: pronto, lá tenho eu de ver onde está isto ou não sossego. e é que não sosseguei mesmo até apanhar a cena do filme e apanhar o quadro. A história, a maior parte das pessoas já conhece. Um homem com algumas posses, viúvo e com duas filhas, decide abandonar tudo à sua volta para se dedicar à música. vive como um ermita, não consegue falar com ninguém e tem visões da mulher que o vai visitar e com quem fala. certo dia recebe em sua casa um jovem que quer ter lições com ele. o homem ensina-o, mas adverte-o que ele saberá tocar música, mas nunca será um músico. esta sua aprendizagem (que incluiu romance com a filha do mestre) passou também, certo dia, pela oficina de um pintor de seu nome Lubin Baugin. Ora esse pintor existiu de facto e pintou a primeira imagem deste post. O realizador teria de conhecer as obras do pintor e para além disso, teria de conhecer o universo da época: os doces típicos, as naturezas-mortas, a luz ambiente, como se servia o vinho, que tipo de vidro existia... O que é que eu acho? Eu acho que estas naturezas mortas (estas, as do Pieter Claesz e do Willem Kalf) são muito boas: óptima luz, virtuosismo e até uma aproximação à realidade tão grande que dá vontade de comer - isto dito por mim tem muito mais piada -, principalmente as cerejas. E os limões têm tão bom aspeto que também dá vontade de comer.
Lubin Baugin
Still-life with wafer biscuits
1630
Museé du Louvre, Paris











Alain Corneau
Tout les matins du monde
1991

- não vai mais vinho para essa mesa -

desculpem qualquer coisinha













William Holman Hunt
Christ among the Doctors

1860
Birmingham Museum and Art Gallery, Birmingham





















Master of the Housebook
The Last Supper
1475-80
Staatliche Museen, Berlim






















Mestre desconhecido
Lamentação
Museu Nacional Soares dos Reis, Porto

sexta-feira, agosto 10, 2012

- não vai mais vinho para essa mesa -

sábado, agosto 04, 2012