terça-feira, agosto 14, 2012


- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou como "se vocês soubessem o prazer, a alegria que eu senti ao descobrir isto... quer dizer, eu sei que não descobri nada. tenho a certeza que muitas pessoas já escreveram sobre isto e de forma mais completa. mas, se ter sexo, se o prazer que o sexo dá é isto, então há duas coisas a concluir: a) preciso de experimentar e b) se o sexo é isto, quer dizer que não preciso de experimentar, basta experimentar isto. bem, vamos ao que interessa. "estaba-a-ber" com b este filme porque tinha visto algumas imagens do mesmo e parecia-me com uma fotografia interessante: os perfis, os rostos, a luz, as personagens a tocar... não sei, parecia-me algo que já tinha visto na pintura. Então quando vi estes canudinhos (os que estão no prato), pensei: pronto, lá tenho eu de ver onde está isto ou não sossego. e é que não sosseguei mesmo até apanhar a cena do filme e apanhar o quadro. A história, a maior parte das pessoas já conhece. Um homem com algumas posses, viúvo e com duas filhas, decide abandonar tudo à sua volta para se dedicar à música. vive como um ermita, não consegue falar com ninguém e tem visões da mulher que o vai visitar e com quem fala. certo dia recebe em sua casa um jovem que quer ter lições com ele. o homem ensina-o, mas adverte-o que ele saberá tocar música, mas nunca será um músico. esta sua aprendizagem (que incluiu romance com a filha do mestre) passou também, certo dia, pela oficina de um pintor de seu nome Lubin Baugin. Ora esse pintor existiu de facto e pintou a primeira imagem deste post. O realizador teria de conhecer as obras do pintor e para além disso, teria de conhecer o universo da época: os doces típicos, as naturezas-mortas, a luz ambiente, como se servia o vinho, que tipo de vidro existia... O que é que eu acho? Eu acho que estas naturezas mortas (estas, as do Pieter Claesz e do Willem Kalf) são muito boas: óptima luz, virtuosismo e até uma aproximação à realidade tão grande que dá vontade de comer - isto dito por mim tem muito mais piada -, principalmente as cerejas. E os limões têm tão bom aspeto que também dá vontade de comer.
Lubin Baugin
Still-life with wafer biscuits
1630
Museé du Louvre, Paris











Alain Corneau
Tout les matins du monde
1991

2 Comments:

Blogger João Barbosa said...

adoro o filme. adoro a banda sonora. adoro a Anne Brochet

25/8/12 4:48 da tarde  
Blogger Belogue said...

ai é? então também lhe trago mais. (infelizmente, acho que em relação a este filme é o último post de antes e depois.)

30/8/12 11:30 da manhã  

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