terça-feira, julho 24, 2012

- o carteiro -

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e eis que após alguns "episódios" das prefigurações surge o primeiro caso "estranho". Muitas aspas para dizer o seguinte: talvez por algum zelo prosélito de quem me mostrou isto, fiquei com a sensação que por cada cena do Novo Testamento do Speculum, era possível encontrar 3 cenas do Antigo Testamento que anunciavam o que se passaria no Novo. Era isso que aocntecia, por exemplo, com a Anunciação do anjo a Maria. No enatnto, e com a investigação que vou fazendo - limitada pelo meu parco conhecimento das fontes e pelo facto de não ter acesso a muitas dessas fontes - percebi que nem sempre isto acontecia. Se calhar, quem me explicou pretendia que a vinda do Salvador estivesse já anunciada no Antigo Testamento, mas se assim era, não o era para todos os casos do Speculum. (A esta altura do campeonato não vou explicar o que era o Speculum. Apenas dizer que já estudámos aqui no Belogue as passagens que vão dos esponsais da Virgem ao Nascimento de Jesus. Hoje é a vez da Epifania.)



















A Epifania, ou adoração dos Magos, é um tema de que o Cristianismo gosta muito, mas que, quando retratado pelos artistas, pouco tem a ver com a versão dos evangelhos. Em nenhuma das versões deste episódio é referido que um dos magos era negro, ou que traziam os presentes referidos ou até que se ajoelharam e beijaram o pé do menino. Essas são ideias posteriores e acrescentadas pelos apócrifos. Acho que já disse isto. Mateus fala de magos, mas não de reis, e não diz o número, mas tão somente os presentes que levam. Como neste evangelho Mateus diz que os magos ofereceram ouro, incenso e mirra, ficou subentendido que eram três. Esses magos, antes de terem encontrado Jesus "nas palhinhas", disseram a Herodes que tinham seguido uma estrela. (Mt 2, 1-11). Marcos não fala do nascimento de Cristo, Lucas fala no nascimento de Cristo, da adoração dos pastores, mas não da dos magos e João não fala de nada disso.

A imagem da Epifania do Speculum é acompanhada das seguintes: Os magos vêem uma estrela, três heróis levam água a David da Nascente de Belém e o Trono de Salomão. O que nestas três prefigurações me intriga é a primeira. É de facto uma prefiguração uma vez que a visão da estrela antecede o encontro dos Magos com Cristo acabado de nascer. No entanto, não é uma cena da Antigo Testamento a anunciar um acontecimento presente apenas no Novo, como aconteceu até aqui. É-me por isso difícil fazer estabelecer a relação, ainda que óbvia com a Epifania. Mas li, que este acontecimento da estrela de Belém, está relacionada com o episódio - do Antigo Testamento - sobre a estrela de Jacob que foi profetizada por Balaão. Em Nm 24, 17-18 (A.T.) lemos o seguinte, dito por Balaão: "Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacob e um cetro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete." Vemos aqui várias alusões a Jesus, já que, segundo Lc 3, 34, Jesus era da descendência de "Judá de Jacob, e Jacob de Isaac, e Isaac de Abraão, e Abraão de Terá, e Terá de Nacor"; ou seja, como diz Balaão, virá alguém da casa de Jacob e esse alguém pode ser Cristo. Esta ideia é corroborada pela presença da estrela que depois surge também no episódio relatado por Mateus em que os Magos seguem a estrela e chegam até Cristo.


















Os três heróis que levam água a David podem ser encontrados em II Samuel 23: 16-17 que diz o seguinte: "Então aqueles três poderosos romperam pelo arraial dos filisteus, e tiraram água da cisterna de Belém, que está junto à porta, e a tomaram, e a trouxeram a Davi; porém ele não a quis beber, mas derramou-a perante o Senhor. E disse: Guarda-me, ó Senhor, de que tal faça; beberia eu o sangue dos homens que foram com risco da sua vida? De maneira que não a quis beber; isto fizeram aqueles três poderosos." Ora David tem um desejo: o desejo de beber a água da cisterna de Belém. Não é de outra fonte, é daquela e na bíblia encontramos referências a esta fonte como por exemplo em Tiago 3, 11 ou em João 10, 9. Este episódio conta que após grandes e duras batalhas David acampou perto de Belém. Porém a cidade estava tomada pelos exércitos dos filisteus, o que não permitia grandes movimentações. Mas David sentiu este desejo de beber aquela água específica. Foi então que três dos "valentes do rei" se disponibilizaram para ir buscá-la, arriscando a própria vida. David não a bebe, oferece-a antes em sacrifício a Deus como forma de agradecimento pelo facto de os seus companheiros continuarem vivos e também como forma de redimir o seu "pecado" pois ao decidir expor o desejo que sentia David, ainda que de forma inconsciente, colocou a vida daqueles homens em risco. Associo esta oferta de três homens, à oferta dos três reis magos ficando assim feita a relação entre a cena do Novo Testamento (Epifania) e a do Antigo.



O último episódio do A.T. que pode ser considerado um anúncio, uma antevisão do N.T. é o trono de Trono de Salomão. Este episódio é mais explorado em outros escritos que na Bíblia, mas encontramos referência a ele em I Reis 10. Ali se explica como a rainha do Sabá, vendo toda a sabedoria do rei Salomão, lhe envia ouro e especiarias que também chegam das naus de Hirão que de três em três anos voltavam trazendo ouro, marfim, pavões e macacos. Com o ouro Salomão construiu, entre outras coisas, um trono com seis degraus e doze leões dourados, feito em marfim e revestido de ouro. "Fez mais o rei um grande trono de marfim, e o revestiu de ouro puríssimo.Tinha este trono seis degraus, e era o alto do trono por detrás redondo, e de ambos os lados tinha encostos até ao assento; e dois leões, em pé, juntos aos encostos. Também doze leões estavam ali sobre os seis degraus de ambos os lados; nunca se tinha feito obra semelhante em nenhum dos reinos. " (I Reis 10, 18-20). Em outras fontes o trono está mais detalhado. Assim teríamos, no primeiro degrau, de um lado um leão e do outro um boi, no segundo um lobo e uma ovelha, no terceiro um tigre e um camelo, no quarto uma águia e um pavão, no quinto, um gato e um galo e no sexto um falcão e uma pomba. No cimo do trono encontrava-se representada uma pomba a segurar nas garras um falcão, simbolizando assim a vitória de Israel sobre os outros povos. Cada um destes pares de animais representava a oposição entre duas naturezas: o leão e o boi representam o sol e a lua, o lobo e a ovelha representam o coração impuro e o coração puro, o tigre e o camelo representam a agressão e o sacrifício, a águia e o pavão representam os que se superam e os que ficam presos à sua vaidade, o gato e o galo representam igualmente o alto voo e a luxúria, a vaidade, o falcão e a pomba representam a coragem e a doçura. Ora de quem forma pode tudo isto ter relação com a Epifania? Na altura em que o Speculum foi elaborado, associava-se muitas vezes Maria ao trono de David, pois tal como no trono de David se sentava um rei, no colo de Maria sentava-se Cristo. Vemos que quando os Magos vêem o menino, ele está muitas vezes sentado no colo da mãe. 
















Amiguinhos, bou embora escreber outro post queu hoje tou cum tudo, cumu dizem os brasileiros.