- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou como estou vai não vai para mudar esta rubrica porque estou a ficar sem ideias. o que vale é que tudo as coisas vêm e vão e por isso daqui por uns dias descubro mais uma cindy sherman ou um bill viola a fazer uso das imagens dos Grandes Mestres. às vezes canso-me destes posts. parece que já descobri tudo o que havia para descobrir. é como bordar: a partir do momento que a percebemos o truque deixamos de ter interesse naquilo. bem, vamos ao post. convém dizer que esta associação entre o dürer e o vasco fernandes não foi feita por mim; foi um dos professores que nos alertou para esta semelhança. As imagens que usei encontrei-as na net, embora o site o museu grão vasco... não exista. nem sei porque é que fazem isso. criavam um site com as obras básicas, contactos e as actividades. a manutenção de um site não é assim tão difícil.
bem, voltado à "vaca fria". A primeira imagem é a melancolia de Dürer (quando escrevo "melancolia" lembro-me sempre da "melancia de Dürer", que não existe, mas que se existisse seria lindo com a melancia aborrecida). Dürer é conhecido, também, pelas suas gravuras e esta, a da Melancolia é uma das mais complexas. O ser alado que representa a Melancolia, apoia a cabeça na mão numa pose introspetiva, enquanto na outra segura um compasso. Este não é o único objecto nesta imagem que tem um significado mais profundo. Vemos que a mesma está rodeada de outros como a esfera, o poliedro gigante, mas também o martelo, a escada, o sino, a ampulheta, o quadrado mágico e a balança. Alguns como o martelo e o compasso, o formão e o esquadro são uma alusão à arquitetura; a esfera e o poliedro representam a geometria e a ciência. O quadrado mágico, lidas as linhas ou as colunas, a soma dos seus números vai ser sempre igual a 34. Existe também um cão a dormir junto à figura alada e um querubim sentado em cima de uma mó. Ao longe, do lado esquerdo, vemos uma figura semelhante a um morcego que segura uma faixa com a palavra "Melancolia". Como vemos, os diferentes objetos e a palavra "melancolia", mostram-nos que a melancolia e a criatividade andam de mãos dadas. Acreditava-se que, embora a melancolia subtraísse interesse à criação artística, era também necessário um certo humor melancólico para poder criar. Claro que nessa altura, e a meu ver, havia uma sobrevalorização de estados propícios à criação. A ideia, que o Romantismo reabilitou, que o artista necessitava de ter uma alma atormentada e uma vida miserável ou exótica para que a sua obra fosse mais verdadeira. Isso é muito bonito, mas a verdade é que muitos bons pintores e escultores de sempre tiveram uma vida absolutamente normal. Hoje, e na minha opinião, dá-se muita importância à criatividade. O pior é que a criatividade não é nada sem a prática da mesma, sem a concretização e nem toda a gente tem de ser criativa. É por isso que somos um país de Oliveiras das Figueiras (do Tintin) sempre a criar coisas de que ninguém precisa.
O quadro de Vasco Fernandes, faz parte de um conjunto muito bom deste autor. Não o conheço muito bem, mas acho que Vasco Fernandes está ao nível de Petrus Christus, por exemplo, ou de Van Eyck. Há pormenores (talvez não nesta pintura, mas em outras) que mostram a grande cultura do autor e o seu conhecimento do mundo retratado e das fontes. Isto indica não só uma grande divulgação das gravuras e das obras de arte, mas também o estudo do universo retratado. Vejamos que neste quadro há referência à arquitetura clássica, ao trabalho de tecelagem (colocação de um tapete sob a toalha da mesa), à geometria (na pavimentação)...
bem, certa de que adoraram e que querem ser meus amigos e gostam muito de mim, e pátati-pátatá, vou-me emborinha. abraços e beijos repenicados e tudo e tudo e tudo.
Dürer
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