segunda-feira, setembro 30, 2019

- original soundtrack -

era uma canção entre o "Hurt" (Johhny Cash), "Wish you were here" (Pink Floyd), "Sound of Silence" (Simon and Garfunkel) e "Heavens knows I'm miserable now" (The Smiths), se fáchavor.
  

domingo, setembro 29, 2019

- o carteiro -

ia a caminho do teatro (sim, eu sou bués de culta) quando reparei que no lado direito e no lado esquerdo da rua havia uma sucessão de casas de noivas. e a pergunta - imediata, sem qualquer tipo de filtro - que me fiz foi: "será que algum dia vou casar?". e parei a marcha, a olhar para vestidos de noiva que nunca poderia vestir porque eram… feios.  

de imediato questionei se algum dia gostaria de casar. "pensa bem, gostarias mesmo de casar? Não é de estar casada. De casar. Da festa, dos convidados, dos preparativos?...". respondi-me vendo passar ante os meus olhos o primo afastado que no final da festa dança a conga com a gravata na testa; a tia que tira os sapatos debaixo da mesa e perde um deles; aqueles parentes que no "abraço da paz" saem do seu lugar, no fundo da igreja, e vêm ao altar cumprimentar os noivos… vi-me a ter de fazer um número para entreter os convidados - parece que agora é moda os noivos dançarem qualquer coisa mainstream após a valsa, com coreografia e tudo. pensei no que seriam os meus talentos para o mundo do espectáculo. "hummm… consigo roer as unhas dos pés!... dos meus pés, entenda-se." mas talvez isso não fosse o suficiente para manter o pessoal interessado. talvez tivesse de enviar para mim própria o "save the date" que agora se usa, só para não me esquecer de não me esquecer. 

tive a resposta. retomei a marcha.
- o carteiro -

"claro, claro que te iam colocar aqui. 'um lugar vago á frente', disseram elas. claro que tinha de ser na ponta. ficas sempre na ponta. burra! porque é que não perguntaste onde era o lugar. 'olhe, desculpe, aponte aqui no mapa da sala onde é o lugar'. custava muito? não. mas tu és burra. ou cansada crónica, escolhe que assino em baixo. e daqui deste lado, o que há? ora bem… do lado direito... rapaz em cadeira de rodas a olhar para o telemóvel. do lado esquerdo… seis lugares vagos. seis lugares vagos… e atrás? tudo cheio. claro, é sempre assim. e depois desses seis lugares? três (ou quatro) lugares ocupados por senhoras daquelas que chegam a uma idade e como as cobras, mudam de pele. a sua pele antiga vai para o mesmo lugar para onde foram as bagas goji e a hashtag #freeourgirls. na sua nova pele são loiras, com penteados iguais. frequentam escolas de pintura e vestem como se fossem protótipos andantes de padrões da Missoni produzidos por uma máquina confusa. usam acessórios dourados e uma delas tem uma t-shirt com o logotipo dos AC/DC (com o raio entre "AC" e "DC"), feito com pérolas. vou repetir: com pérolas. têm calores, abanam-se. é para lá que tu caminhas rapariga… bem, pelo menos será uma poupança monumental em tampões."

quinta-feira, setembro 26, 2019

- o carteiro -

rascunhos, ou tudo aquilo que gostaríamos de ter coragem de "dizer" a algumas pessoas:















segunda-feira, setembro 23, 2019

- o carteiro -

há uns tempos, em Maio, para ser mais precisa, voltou a acontecer uma coisa tão "simplesmente bela" como esta. Estava eu no ginásio, a fazer as minhas coisas, quando um dos meus "parceiros" de ginásio (com quem, até ai, só tinha trocado o tradicional e bem educado "boa noite", "até amanhã", "posso usar a máquina?", etc)  me disse:
- sabes, acho que por vezes fazes hiperextensão da lombar…
eu, que não sou versada em hiperextensões da lombar, percebi o que ele queria dizer e encetou-se ali uma conversa sobre os melhores exercícios para glúteo médio, sem hiperextensão da lombar. ele aconselhou-me um cinto, eu agradeci as dicas e fui à minha vida. no dia seguinte, estava eu a terminar o treino de superiores quando ele chega e diz:
- olá, tudo bem?
ao que eu respondo:
- olá, tudo bem?.
e ele diz isto em catadupa:
- já mandei vir o cinto. Não sei se te serve, deve ser grande. Mandei vir às 2h da manhã pela internet e às 9h já estavam a bater à porta de casa para entregá-lo! Foi super rápido!

Ora… eu devo ter feito aquela cara que fazemos quando estamos espantados. Porque, convenhamos, é muita informação:
a) mandaste vir para mim uma coisa que não pedi.
b) estavas a pensar em mim ou nas minhas "necessidades" às 2h da manhã;
c) tomas decisões importantes depois daquela hora a partir da qual não podemos tomar decisões importantes. Eu, por exemplo, nunca tomo decisões importantes depois da 1 da manhã. Com a sorte que tenho em vez de adquirir mamilos falsos na Amazon acabaria a fazer outra encomenda e arriscar-me-ia a receber em casa discos de amamentação. E eu nunca estive grávida!
d)  não quero saber nada da tua vida. não quero que saibas da minha. Já partilhamos um espaço relativamente pequeno, e estamos ambos com pouca roupa. Já sabes que transpiro das virilhas de tal forma, que fico um com sorriso de suor nas calças, na zona do pipi. Isso é mais do que todos os homens sabem acerca de mim. deixa-me fazer hiperextensão da lombar até conseguir enfiar a cabeça dentro do rabiosque.
e) e mais importante que tudo isto: nunca, mas mesmo nunca compres um cinto a uma mulher, a menos que seja um cinto de ligas Chantal Tomass ou L'Agent Provocateur. Fora isso, fica-te por um cheque-prenda da Zara.

quinta-feira, setembro 19, 2019

- o carteiro -

últimas aquisições:






segunda-feira, setembro 16, 2019

coisas cujo "fascínio" não percebo:
O Principezinho, Elena Ferrante, Murakami e Gonçalo M. Tavares

sexta-feira, setembro 13, 2019

- 15 anos de obelogue -

ah pois é, a bebé sabe fazer e decorar bolos... faltou uma espátula, tal como têm faltado posts, mas faz-se o que se pode.



quinta-feira, setembro 12, 2019

"No seguimento do processo de recrutamento em que se encontra, vimos por este meio informar da não evolução da Sua candidatura."

(foi o teste das cores, não foi? ráis partó teste das cores. eu tenho culpa de ser coerentemente coerente?)

quarta-feira, setembro 11, 2019

not in the mood

domingo, setembro 08, 2019

sexta-feira, setembro 06, 2019

deus, que estás aí em cima a desafiar a lei da gravidade… 
um trabalho. dois dias de descanso e ideias que não mudam ao minuto. um trabalho. é só isto que peço. 
uma pessoa tem dias. dias em que ouve isto (e se acha fabulosa). e depois todos os outros. 

quarta-feira, setembro 04, 2019


- não vai mais vinho para essa mesa -

sim, todos têm. excepto os de indecisão. e os de tamanho: ou grande ou médium, Ismael.




terça-feira, setembro 03, 2019

- original soundtrack -

hoje, sem letra:

(Peace Piece, Bill Evans)

- não vai mais vinho para essa mesa -

Indesit







































- ars longa, vita brevis -
Hipócrates

não sei se sou feminista (se calhar sou só idiota. nem sei se é uma boa ideia falar destas coisas ou se terão interesse para alguém…). se ser feminista é defender a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, então sou. creio que na História, pelo menos na História da Arte, aquilo que nos é contado é apenas uma parte muito coada do todo. e as duas grandes causas para isto, para esta deturpação da História da Arte - com que por vezes somos confrontados com a vinda a público de novos factos - são, parece-me, a destruição e roubo dos testemunhos (sejam eles as obras de arte em si, seja a sua descrição) e a visão parcial com que a História da Arte foi construída. Não foram nem são disponibilizados todos os factos: são antes sublinhados uns e relegados para segundo plano outros que não contribuem para o sentido da narrativa. E nesta parte, temos de dizer que as mulheres não tiveram de facto as mesmas oportunidades que os homens. Elas não eram menos capazes e tenho a certeza que a sua produção foi tão profícua como a produção artística masculina. Tiveram os limites impostos pelas convenções sociais, mas não deixaram de produzir. Talvez fosse mais difícil a uma mulher carregar e esconder (quando era caso disso) as suas telas, pincéis, pigmentos, mas não acredito que mulheres de todos os tempos tenham produzido tão pouca literatura, por exemplo do que aquela que chegou aos nossos dias. Talvez a construção da história não beneficiasse com a sua presença, mas elas "andavam aí". Fala-se de uma irmã de Shakespeare, tão talentosa como ele e até, diz-se, autora de algumas das peças. Fala-se de Clara Schumann. E fala-se de Elsa von Freytag-Loringhoven, a mulher que muito provavelmente terá inventado o urinol atribuído a Duchamp. A notícia não é nova, mas diz qualquer coisa como isto:
Elsa von Freytag-Loringhoven

Quando a Europa estava a entrar na Primeira Guerra Mundial e nos Estados Unidos se vivia um clima propício a outras preocupações que não a sobrevivência, realizou-se em Nova Iorque uma exposição aberta a todos aqueles que desejassem nela participar em troca de uma pequena caução. Dessa exposição fez parte o famoso urinol atribuído a Duchamp que, como era tão descabido para a época, rapidamente caiu no esquecimento. Da obra original só existe uma fotografia captada na referida exposição.(1) Mas, segundo uma carta do próprio Duchamp à sua irmã, carta datada de 11 de Abril de 1917 (alguns dias após a inauguração da exposição), é referido pelo artista que uma amiga sua apresentou a obra à exposição, sob o pseudónimo masculino Richard Mutt. Voltando à obra que despareceu de vista após o final da exposição, a mesma foi enviada para Filadélfia. Duchamp no entanto morava nessa altura em Nova Iorque. O artista de facto nunca foi muito expansivo quanto à forma como a obra foi criada e chegou mesmo a apresentar versões contraditórias acerca deste assunto.(2) Elsa von Freytag-Loringhoven nunca reclamou a autoria da obra. Uns dizem que não o fez porque nunca pensou talvez que tivesse criado uma obra de arte (e aqui "a porca torce o rabo" pois a obra não foi validada enquanto tal em 1917, mas foi mais tarde em 1935), outros dizem que não podia ter feito isso pois não havia evidências de que a baronesa conhecesse Duchamp antes de 1918.... Fountain foi legitimada enquanto obra de arte por André Breton, cerca de 20 anos após a exposição em Nova Iorque e cerca de 10 anos após a morte da própria baronesa. A obra seguiu para Filadélfia pois era lá que  Elsa von Freytag-Loringhoven vivia na pobreza. De baronesa tinha apenas o título (que adquiriu ao casar com o barão Leopold von Freytag-Loringhoven, mas de quem se separou para ter mais liberdade). Vivia em Filadéfia e posava para outros artistas como forma de ganhar algum dinheiro. Há quem refira uma espécie de obsessão da baronesa por Marcel Duchamp; ele admirava-a não a classificando como dadaísta, claro está, nem mesmo como futurista. Segundo Duchamp ela não era futurista, ela era o futuro. Talvez Marcel Duchamp tivesse recebido os louros que não lhe eram devidos. Talvez a amiga que entregou a obra na exposição de Nova Iorque fosse Rrose Sélavy (Rose c'est la vie), pseudónimo do próprio Duchamp e não a baronesa. Para a confusão contribui a única fotografia que existe da obra da autoria de Stieglitz. Não se trata de uma fotografia "directa", mas de uma fotografia composta aquela que foi publicada no nº 2 da revista The Blind Man em 1917. A fotografia que mostra o urinol tal como foi entregue na exposição (ainda com o cartão de entrada do lado esquerdo) foi, segundo alguns especialistas, assinada R. Mutt. Ou seja, não é a obra que é assinada, mas a fotografia da obra. Por outro lado, o cartão tem como nome do autor o de R. Mutt e como título, "Fountain".
Stieglitz para The Blind Man, 1917

Se acho que este facto muda alguma coisa? Não. Este facto não muda nada hoje, nem mudaria na altura.(3). Acho que não muda o curso da História da Arte. Este facto é conhecido desde 1982 - ano em que a carta de Duchamp é descoberta - e nada mudou. Mesmo que em todos os livros se altere o nome de Duchamp para Elsa von Freytag-Loringhoven nada vai mudar. Mas altere-se o nome de Duchamp para Elsa von Freytag-Loringhoven, e o de Kandinsky como percursor do expressionismo abstracto para o de Hilma af Klint, dê-se a Lee Krasner o lugar que merece e aí teremos alguma justiça na História da Arte. Não devemos dar a estas mulheres um lugar, mas o seu lugar. Se isso implicar retirar outros do lugar que injustamente e sem mérito ocupam...

(1) Embora Duchamp tenha escrito na carta à irmã que a obra não foi aceite e que por isso não fazia parte da exposição.
(2) Apesar do conteúdo da carta, Duchamp disse mais tarde que comprou a peça à empresa J. L. Mott Iron Works Company. Mutt viria pois de Mott.
(3) Poderia pensar-se que a obra não foi, em 1917, considerada obra de arte pois a autora era uma mulher, mas estava assinada por um homem, por isso a obra de arte não foi legitimada enquanto tal pois não teve defensor à altura.

domingo, setembro 01, 2019

- o carteiro -

últimos cartuchos. com muita pena...