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sexta-feira, setembro 09, 2011
quarta-feira, setembro 07, 2011
The Lord knows best
When it comes to you,
And you know well that I
Don't give a damn about anything but you.
Oh, yes, you do!
I've traveled through the streets,
And I've walked through the valleys,
The Lord knows best that I
Don't give a damn about anyone but you.
Oh, yes, He does!
The Lord knows best
When it comes to you.
Oh, yes, He does!
este título podia mudar, mas não conheço nenhum que me pareça, portanto fica este.tinha muito para dizer, mas não posso. por isso, vamos ao post. dizem que Andrew Wyeth foi muito marcado, neste quadro e em outros que datam de cerca deste ano, por uma mudança que ocorreu na sua vida: o pai morreu, 3 anos antes num acidente de viação. [chiça, estou mesmo irritada com esta porcaria!]. a partir daí os quadros de Wyeth mostram pessoas em atitudes muito mais contemplativas e até, "plantivas", pois tal como esta Christina, outras personagens parecem estar plantadas na sua pintura. Este quadro mostra Christina, uma senhora dos seus 50 anos, da família Olson, família que o pintor conheceu no Maine. A casa que vemos ao fundo é a da quinta dos Olson. E o que tinha Christina? Christina, que aparentemente não tem nada, era uma pessoa que padecia de uma doença degenerativa que a obrigava a deslocar-se em cadeira de rodas, ou na ausência desta, rastejando. É o que Christina faz. Se ela por acaso não deixa transparecer os seus 50 anos (mais ou menos) é porque a cabeça foi pintada tendo como modelo, não Christina, mas Betsy, a futura esposa de Wyeth. A composição é quase assimétrica, mas nunca desequilibrada, pois o corpo de Christina, pesado e preso à terra é compensado pelo casario em cima, à direita. E outra coisa que é muito engraçada (ui, que piada!) é que não obstante as distâncias, Christina é tão nítida quanto a relva e a própria casa. Como vimos, o modelo para a cabeça foi Betsy. Ora o nome do quadro de Richter (que na minha opinião apresenta muitas semelhanças com o quadro de Wyeth) é muito parecido com esse: é Betty, não Betsy. E sim, é uma pintura. Acho que tem outra técnica associada, mas segundo o site do autor são pinturas fotográficas (talvez hiperrealismo, mas sem o consumismo e cultura popular associada). Esta Betty, que os entendidos dizem estar a imitar a postura da banhista de Valpinçon de Ingres, de costas para o observador, é a filha do pintor. Ora a diferença entre a pintura de cima e a de baixo, para além do tempo, é a do conceito. Christina olha para o seu mundo, para a sua casa, mas Betty não olha para nada, ou pelo menos não sabemos para onde ela olha. E como ela ocupa toda a tela, e tapa o que quer que seja que observa, torna-se assim o próprio objecto de observação. Quem olha para a tela não vê o que ela vê, mas vê-a apenas. (os críticos dizem que ela não estava a olhar para o vazio, mas para uma das telas do pai. não sei, não opino). Admirável na técnica, o centro do quadro é o ombro rodado, que sobressai devido ao contraste com casaco colorido sobre o fundo negro. Este quadro foi pintado no mesmo ano em que Richter completou o conjunto de pinturas sobre o grupo Baader-Meinhof, de seu nome October 18, 1977. Tanto num caso como no outro, os retratados desafiam a compreensão geral e até mesmo, a capacidade de qualquer observador se solidariarizar com os mesmos:
Há porém o caso de pintores que se auto-retrataram não para memória futura, por prestígio ou vaidade, mas porque... teve de ser. De formas diametralmente afastadas Judith Leyster e Poussin pintaram-se porque teve de ser. Ela foi uma pintora muito confundida com Frans Hals, devido ao seu estilo alegre semelhante ao do referido pintor. Talvez como forma de se impor, Leyster compôs este auto-retrato no qual nos convida a entrar na pintura, a puxar uma cadeira e sentar, num estilo informal, tanto que o quadro parece uma fotografia que, por ser para íntimos, pode ser mesmo cortada no cotovelo. Leyster sorri até porque o seu trabalho a isso leva: vejamos que ela pinta cenas alegres e parece partilhar dessa alegria que pinta, inclinando-se para o lado oposto da personagem como se estivessem a dar uma gargalhada. Poussin por seu lado distancia-se da pintura, não porque a esteja a mostrar a rir - ele está aliás bastante sério - mas porque sente o tédio de posar para si próprio. O auto-retrato foi pedido por um amigo de Poussin que tentava há anos (em vão), persuadi-lo a fazer-se retratar. Como disse em carta ao amigo, o pintor vê-se obrigado a pintar-se visto não existir em Roma nenhum outro homem a quem essa tarefa pudesse ser confiada. Poussin é apanhado quase num virar de ombros, mas com os olhos sublinhados de vermelho e o corpo tão rígido que temos de concluir que ele está ali há algum tempo a pintar-se. Houve quem tivesse visto neste auto-retrato uma analogia com a Maçonaria: na inscrição pintada atrás do pintor (datada de 1650, em tom formal na terceira pessoa e que confirma a sua ligação com a arte da Roma Antiga), na pirâmide formada pelo diamante que lhe orna o dedo (também identificada com o Estoicismo) ou no olho presente no diadema da mulher atrás dele. Nunca gostei muito do Poussin, mas depois de ler isto acerca dele passei a gostar um bocadinho. Ele não era um mercenário como muitos pintores da época: as suas composições eram muito ponderadas, as telas demoravam o seu tempo e tudo tinha uma razão de ser. O mais curioso é que ele disse que o seu retrato não poderia ser pintado por mais nenhum ser humano que não ele, mas não por sobranceria. Este foi aliás o único retrato que se lhe conhece. Dele ou de outra pessoa qualquer.