quinta-feira, abril 28, 2011

é assim.

quarta-feira, abril 27, 2011

segunda-feira, abril 18, 2011

43,200Kg. como é que eu vou sair à rua e enfrentar as pessoas dizerem: "estás mais composta" ou "estás melhorzinha"?

[desculpem, depois respondo aos comentários anteriores. estou um bocado confusa]

segunda-feira, abril 11, 2011

- original soundtrack -


She floats like a swan
grace on the water
lips like sugar
lips like sugar
just when you think you've caught her
she glides across the water
she calls for you tonight
to share this moonlight

You'll flow down her river
She'll ask you and you'll give her
Lips like sugar
Sugar kisses
Lips like sugar
sugar kisses

She knows what she knows
I know what she's thinking
sugar kisses
sugar kisses
just when you think she's yours
she's flown to other shores
to laugh at how you break
and melt into this lake

You'll flow down her river
but you'll never give her
Lips like sugar
sugar kisses
lips like sugar
sugar kisses

She'll be my mirror
Reflect what I am
A loser and a winner
The King of Siam
and my Siamese twin
Alone on the river
Mirror kisses
Mirror kisses

Lips like sugar
sugar kisses
lips like sugar
sugar kisses

Lips like sugar
sugar kisses
lips like sugar
sugar kisses

Lips like sugar
sugar kisses
lips like sugar
sugar kisses

(Lips like sugar, Echo and the Bunnymen)
- não vai mais vinho para essa mesa -

sonhei que eu e dois colegas de trabalho formamos um trio de hip-hop e aos fins-de-semana animávamos casamentos em Fiães.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "o feitiço virou-se contra o feiticeiro" ou como "não sei se acham, mas eu cá achei a segunda imagem parecida com a primeira" ou como "estou com muito sono por isso não sei como vai sair este post". O primeiro, Otto Dix (detesto as pinturas dele e do George Grosz) foi um dos representantes da Nova Objectividade, um movimento artístico que surgiu na Alemanha por volta dos anos 20. E o que propunha a Nova Objectividade?, perguntam vocês. Perguntam bem porque se não fosse a vossa pergunta não teria ido procurar a resposta. Apesar de eu (já) não acreditar no progressivo desenvolvimento da arte com vista a um aperfeiçoamento - isso seria utópico uma vez que o progresso não é infinito e nem tudo é favoravelmente progressivo, às vezes os tempos nem regressivos são. são apenas aquilo que são -, tenho que admitir que o nome "Nova Objectividade" só poderia existir se sucedesse à antiga objectividade. Portanto... algures na linha do tempo da história dos movimentos artísticos (também não concordo totalmente com isto) existiu uma objectividade. Este movimento propunha por isso uma focalização, talvez mesmo um regresso ao realismo após um período que não foi realista. E que período foi esse? O Expressionismo. Era de facto uma época propícia a uma reflexão desapaixonada visto que a Europa tinha saído de um guerra, estava a recuperar, e em breve iria envolver-se em outra. Havia demasiadas coisas "reais" para serem interpretadas segundo os sentimentos do artista. Os artistas passaram a ser mais pragmáticos, mais objectivos - desculpem o termo. Focaram-se na máquina (como haviam feito os Futuristas), na tecnologia, nos acontecimentos sócio-culturais da época e no optimismo de que o pós-guerra era portador. Em termos de produção artística este movimento originou duas tendências. Uma delas era representada pelos pintores acima referidos: Otto Dix e Grosz e outra por nomes como Schrimpf. Esta última preferia os temas naturalistas que eram de certa forma uma maneira de expressar o positivismo da época (embora também o Impressionismo tivesse usado a natureza e estivesse acima de tudo a denunciar com ela a paz podre vivida naquele tempo). Dix pintava os temas relacionados com a sociedade alemã, uma sociedade forjada nos cafés e nas tertúlias, aberta a homens e mulheres, mais permissiva e até um pouco neurótica, histriónica.

Da mesma forma August Sander fotografava os excluídos alemães. Tanto do lado de Dix como de Sander, ainda que de formas diferentes, a tentativa é de retratar pessoas que fossem o reflexo da sociedade alemã. O que aconteceu com Sander foi que a ele, talvez pela colagem à realidade de que a fotografia é portadora, os seus retratos foram fortemente criticados pelo regime nazi. O Homem Novo era um homem alto, bonito, loiro, olhos claros, músculos definidos, limpo, apresentável e inacessível. Os retratos de Sander são tudo menos isso: fotografa velhos, crianças, personagens de circo, trabalhadores da construção... Mas a coisa correu mal. Para além do seu livro - onde fazia a compilação do retrato de alguns dos seus conterrâneos, Sander também o filho morrer graças a outros ideais. O filho de Sander, Erich era apoiante do partido comunista. Apesar de não se identificar com esses valores, Sander deixou que o filho e o partido usassem a sua máquina para imprimir propaganda anti-nazi. No entanto os folhetos foram descobertos e o filho de Sander foi preso. Pouco antes de expirar o prazo de prisão Erich morreu. A fotografia de uma mulher a fumar (algo que o partido nazi abominava) parece-se muito com a pintura de Dix.

Otto Dix
Portrait of the journalist Sylvia von Harden
1926
Centre Georges Pompidou, Paris

August Sander
Secretary at West German Radio in Cologne
1931
Metropolitan Museum, Nova Iorque
- ars longa, vita brevis -
hipócrates


quatro exposições de moda e uma de arte africana (eu sei que vocês pensam que eu sou frívola, mas eu tenho quase a certeza que não)

[1]
A exposição tem o singelo nome de Yohji Yamamoto e estará aberta ao público de 12 de Março a 10 de Julho no Victoria and Albert Museum. O nome da exposição é o nome do criador japonês que trabalha os tecidos como se de papel se tratasse. Nos anos 80 quando se tornou conhecido, foi exactamente pela sua excêntricidade, visto que apresentou roupas largas, inacabadas e que jogavam com as ideias pré-estabelecidas quanto aos papéis de género ou mesmo quanto à aplicação dos tecidos (usou o velcro e o neoprene), abordagem esta que serviu para mostrar quão divertida podia ser a moda. Usa frequentemente o preto e branco - cores que classifica de minimais e arrogantes ao mesmo tempo. Esta exposição apresenta pela primeira vez os trabalhos para moda masculina e terá exibições adjacentes um pouco por toda a cidade de Londres.

[2]
Menos conhecido é o nome de Madame Grès que dará no entanto origem a uma exposição no Musèe Bourdelle em Paris, ali patente entre 25 de Março e 24 de Julho. O que é que Madame tem? Primeiro, tem o melhor e o pior da época e da profissão: vive numa época em que as costureiras de alta costura começam a ser substituídas por homens. Por outro lado permitem-nos ver como era a silhueta feminina da época vista por uma mulher. Notamos que não obstante a coetâneadade, Dior apresentava uma silhueta em que as formas ficam muito evidenciadas em quando Madame Grès preferia o aspecto cénico da roupa, tanto que incorporou nas suas colecções elementos helenísticos, indianos e africanos. Trabalhava a forma simplificada da linha, o que originava silhuetas muito soltas, colocando ênfase nos pormenores. O melhor exemplo do que escrevo é o vestido drapeado que tanto Richard Avedon quanto Guy Bourdain fotografaram e pode ser encontrado aqui.

[3]
Os espanhóis andam radiantes (isto sou eu a dizer... só para começar o texto). Já não bastava terem um nível de vida mais elevado que o português, ainda conseguiram essa maravilha que foi produzir um costureiro como o Cristobal Balenciaga. Nem vale a pena dizer nada quanto à Fátima Lopes nem quanto ao nosso Augustus que com um nome assim está mais para costureiro de togas do que para outra coisa. Tudo isto para dizer que a partir do dia 26 de Março até ao dia 4 de Julho o de Young Museum em São Francisco vai dar a conhecer a exposição Balenciaga e Espanha. Porque é que é importante? Para já porque foi um grande costureiro, cuja casa ainda continua a dar cartas. Depois porque mais do que trapos, Balenciaga elaborava obras de arte e documentos históricos. Aliás, as cerca de 120 peças presentes na exposição são o reflexo da pintura, história, lendas e artesanato espanhóis.

[4]
A exposição que se segue é dedicada a um homem que bem podia ter inventado aquelas formas de papel dos queques. Chama-se Roberto Capucci e foi um conhecido costureiro entre os anos 50 a 80, altura em que abandonou o calendário da alta costura e dedicou-se ao pronto-a-vestir. São poucos os que o conhecem, mas Marilyn Monroe usava-o, Itália adorava-o e o Cadillac nunca mais foi o mesmo desde que uma publicidade da marca ficou associada aos seus vestidos. A exposição intitulada Roberto Capucci: art into fashion estará patente no Philadelphia Museum of Art até 5 de Junho e contará com mais de 80 modelos do autor, bem como desenhos e vídeos.

[5]
Ah pois é... Angola ainda é o que está a dar. Mesmo na arte. O Musée Dapper em França dedica a Angola, até ao dia 10 de Julho, uma exposição intitulada: Angola, Figuras de Poder. (E que poder!) São cerca de 140 trabalhos que incluem máscaras de diferentes estilos, estátuas, artefactos religiosos insígnias e amuletos evocadores do herói angolano Chibinda Ilunga como forma de assinalar não só o poder actual de Angola, mas também a diversidade de povos (Chokwe, Kongo, Lwena, Lwimbi, Mwila, Ovimbundu) e culturas que se traduziu por um grande número de objectos com o propósito de homenagear os chefes políticos e religiosos.
- o carteiro -

[trabalho de História da Arte e Cultura da Época Medieval sobre os gestos na pintura de Giotto]

Se Murnau fosse um cineasta, não dos idos anos 30, mas sim da actualidade, seria Aurora considerado um dos filmes mais belos de sempre? Iria o som acrescentar, em eloquência, algo ao enredo ou ao nosso entendimento? Iria por conseguinte torná-lo ainda mais belo? Tememos que a resposta seja negativa. Razão: a eloquência está tanto nos gestos como a destruição das grandes cidades bíblicas (Babel e Jericó) esteve no som. Da mesma forma, quando nascemos, não dotados de uma fala inteligível, expressamo-nos pelos gestos. E já quando dotados de capacidade verbal nunca preterimos os gestos em favor da expressão oral talvez porque a linguagem dos gestos é universal, intemporal e transversal. Um exemplo desta importância e abrangência do gesto encontra-se nas pinturas de Giotto (1267-1337), ainda que para os mais desatentos ela surja aos seus olhos apenas como repositório de cores, formas e volumes. Esta obra é mais do que isso: é também a compilação de um conjunto de gestos ilustrativos de uma época que, para além de permitirem uma leitura dos frescos do artista mais profunda do que a retirada através de uma observação fortuita, permitem igualmente estabelecer relações entre as personagens.

Oração - As mãos postas em oração surgem em vários frescos de Giotto e de formas que variam entre si, necessitando por isso de uma observação mais atenta. Para nós hoje, as mãos que oram são mãos esticadas e juntas, palma com palma. Se possível, elevadas até ao queixo ou junto da boca. No entanto nem sempre esta configuração das mãos foi o gesto paradigmático da oração já que vamos encontrar, antes do século XIII (ou seja, antes sequer do nascimento de Giotto) a presença de outro gesto de oração no Antigo Testamento (Isaías 1, 15: “Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue.”) no Novo (1º Timóteo 2, 8: “Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda.”) e para além disso em representações da Antiguidade. No Antigo Egipto em estela funerária mostra este gesto e em Roma, a imagem da Piedade era semelhante à da Orans cristã.

Estela Funerária

Antigo Egipto

Pietas romana

Manuscritos de Dresden (Sachsenspiegel)

Giotto Scenes from the Life of St John the Evangelist: 2. Raising of Drusiana 1320 Peruzzi Chapel, Florença

A imagem a que nos referimos é a orans – a de oração com as mãos elevadas em direcção ao céu – que não é no entanto a preferida, na maior parte dos casos, por Giotto. Ao observarmos o fresco d’A ressurreição de Drusiana vemos que no lado esquerdo do mesmo uma personagem de veste laranja, atrás de uma outra aureolada, junta as mãos em oração à altura do queixo, enquanto olha para o céu. Este foi o gesto que no século XII substituiu o antigo gesto de oração. O que o mesmo representa prende-se com aquilo a que estava associado; ou seja, aos momentos em que a representação do mesmo é aplicada. Surge de forma inequívoca na Antiguidade. Tal como referia o escritor Heliodoro, esta era a fórmula usada para descrever a submissão dos presos e cativos vencidos aquando da sua prisão: tinham de unir as mãos para estas serem atadas. Esta fórmula também está presente no túmulo de Henrique II, o Leão, e da sua filha Matilde já que esta apresenta as mãos unidas junto ao peito como se estivesse em oração. Note-se que a obra é de cerca de 1240. Vemo-la igualmente nas ilustrações do Sachsenspiegel (livro de leis germânicas da Idade Média que regulamentava, através de ilustrações, os diferentes ritos no que concernia ao casamento, ao direito de propriedade, à distribuição de leis, etc.) Numa dessas ilustrações a relação feudal está representada por um vassalo que coloca as suas mãos juntas entre as do seu senhor. Com isto ele dizia que se submetia à protecção do senhor e que confiava neste. Na vida como na arte, o gesto que a personagem de Giotto faz é também uma forma de submissão e aceitação dessa submissão face a Deus. Porém o que Giotto faz não é apenas aplicar uma fórmula estanque; ele acompanha-a de um expressão emocional forte, o que nos mostra que para o autor, o gesto não substitui a expressão facial, mas esta acompanha-o. Por exemplo, n’A Ascensão de Cristo, Giotto divide o espaço em dois através dos gestos dos intervenientes: em cima, no mundo celeste predomina o antigo ritual da oração com as mãos elevadas para o céu. Em baixo, a maior parte das figuras ora com as mãos junto ao queixo ou à boca. Maria, em baixo à esquerda parece-nos a mais emocionada, embora não descontrolada: o seu olhar dirige-se para o filho que ascende, a boca está levemente entreaberta e imaginamos a mãe de Cristo a rezar embora contida. O mesmo não acontece com outras obras de Giotto (A crucificação, O milagre da fonte) onde as personagens em desespero misturam o antigo e o novo gesto originando assim outros.

terça-feira, abril 05, 2011

loser