sexta-feira, maio 12, 2006

À espera:
- de saber se a tarja leva título
- de saber se querem que ocupe duas janelas
- de saber quem são os patrocinadores
- dos orçamentos das gráficas
Tudo para ontem.

quinta-feira, maio 11, 2006

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

Há 102 anos, em Figueres, nascia Dalí.
- o carteiro -

Peço desculpa aos 10 visistantes do Belogue, mas durante um tempo vamos ter de manter o tom ligeiro que tem caracterizado os últimos dias. Assim que possível retomaremos "O carteiro" e "Mãe, a maçã tem bicho".
- não vai mais vinho para essa mesa -


Andam sempre atribulados,
Prógnatas sorumbáticos,
Esfalfam-se enredados,
Em partidos fantasmáticos,
Têm arranques eléctricos,
Têm humores hepáticos,
São metódicos, e métricos,
Mas com apelos lunáticos,

Os Democráticos,
Os Democráticos.

São como ratos cinzentos,
Esgueiram-se rápidos e tácticos,
Por dentro dos parlamentos,
Comem pratos semiáticos,
Tratados neflibáticos,
Fazem programas domóticos,
Cuneiformes e hieráticos,

Os Democráticos,
Os Democráticos.

Fazem sermões quilométricos,
Até ficarem asmáticos
Por entre comícios tétricos,
Teatrais, melodramáticos,
Repetem formas enfáticas,
Para públicos apáticos,
Reproduzem as temáticas,
Inspirados, carismáticos,

Os Democráticos,
Os Democráticos.

Pra fazer efeitos ópticos,
Envergam estilos áticos,
Ao país servem narcóticos,
Com rótulos profiláticos,
A falar são diuréticos,
A trabalhar são sabáticos,
A governar são catequéticos,
A escrever pouco gramáticos,

Os Democráticos,
Os Democráticos.

Antes de ser deputados,
Andavam em carros práticos,
Funcionários poupados,
De orçamentos matemáticos,
Mas uns anos passados,
Em lugares mais numismáticos,
Já se passeiam, coitados,
Em Mercedes tecnocráticos,

Os Democráticos,
Os Democráticos,
Os Democráticos,
Os Democráticos.

(Os Democráticos, Peço-desculpa-mas-não-revelo-a-minha-fonte-porque-me-envergonho-muito-dela.)

- não vai mais vinho para essa mesa -

"Ponha aqui o seu pezinho
devagar devagarinho
se vai à Ribeira Grande
eu tenho uma carta escrita
para ti cara bonita
não tenho por quem a mande."


Sandro Botticelli
Primavera
1482
Galleria degli Uffizi, Florença


Jan Van Eyck
The betrothal of the Arnolfini
1434
National Gallery, Londres


Donatello
David
1444-1446
Museo Nazionale del Bargello, Florença


Jacques-Louis David
The Sabine Women
1796-1799
Musée du Louvre, Paris

quarta-feira, maio 10, 2006

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

Antes e depois, ou "o segundo é tão feio!!":

Jan Vermeer
Young Woman with a water Pitcher
1664-1665
Metropolitan Museum of Art, New York


Mark Kostabi
The progress of beauty
2006
- não vai mais vinho para essa mesa -

[4:11h]
De pé; sem ponta de sono a pensar: “então o dia nunca mais começa”? Dá uma volta pelo quarto, vai à cozinha, olha pela janela, vê as luzes do Centro de Saúde (“Ainda não há filas”), fica ali um bocado a ouvir os sons do escuro – gatos com o cio, uma cama vizinha a ranger, um carro a uma velocidade muito superior à permitida, certamente. E embora fosse cedo para essas pieguices, não consegui deixar de imaginar que não valia a pena imaginar, dar nomes ao que não compreendia, tentar perceber. É que as pessoas podem ser tantas coisas, eu sei lá bem o que se passa na vida e na cabeça dos outros. Muito menos às 4:11h.
[8:17h]
O pior de viver com alguém com quem se partilha intimidades é pegar na escova de dentes do outro por engano. Não há pior maneira de começar o dia, hug!!!

[19:54h]
- Tu precisas de mais.
- Achas?
- Acho. Há pessoas que precisam de estabilidade familiar, há pessoas que precisam de estar sempre apaixonadas, há pessoas que precisam de dinheiro, há quem se sinta bem só a comprar… Tu precisas de mais.
- Pois, mas não tenho mais.
- Ok. Olha, posso procurar na net e enviar-te por mail.
- Agradecida.
Pézinhos de coentrada e Miguel Ângelo na Formiga Bargante.

terça-feira, maio 09, 2006

Começo a cansar-me um bocado disto.
- não vai mais vinho para essa mesa -

neurónio 15 - Estamos ocupados, não há tempo para ti!
Belogue - Não foi isso que ouvi dizer.
neurónio 15 - Zaparece rapaz antes que eu te arranque os olhos com uma colher. Estamos ocupados. Volta amanhã.
- original soundtrack -

Bem que se quis
depois de tudo ainda ser feliz
mas já não há caminhos pra voltar.
O que é que a vida fez na nossa vida?
O que é que a gente não faz por amor?

Mas tanto faz,
já me esqueci de te esquecer porque
o teu desejo é meu melhor prazer
e o meu destino é querer sempre mais
a minha estrada corre pro seu mar

Agora vem pra perto vem
vem depressa vem sem fim dentro de mim
que eu quero sentiro teu corpo pesando sobre o meu
vem meu amor vem pra mim,
me abraça devagar,
me beija e me faz esquecer.

(Bem que se quis, Marisa Monte)
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

quando as pinturas deixam de ser observadas para passarem a observar:

Frédéric Bazille
La réunion de famille
1867
Musée d'Orsay, Paris


Edouard Manet
Le Dejeuner sur l'herbe
1863
Musée d'Orsay, Paris


Diego Velázquez
Las meninas
1656
Museu do Prado, Madrid

segunda-feira, maio 08, 2006

- original soudtrack -

(esta toda a gente conhece):

Parla più piano e nessuno sentirà
Il nostro amore lo viviamo io
E te nessuno sa la verità
Neppure il cielo che ci guarda da lassù
Insieme a te
Io resterò
Amore mio
Sempre così
Parla più piano e vieni più vicino a me
Voglio sentire gli occhi miei dentro di te
Nessuno sa la verità
E' un grande amore e mai più grande esisterà

(The Godfather)
- não vai mais vinho para essa mesa -

(mas é que não vai mesmo!)

Jasper Johns
Three flags
1958
Whitney Museum of American Art, Nova Iorque

America your head''s too big, because america, your belly''s too big
And i love you, i just wish you''d stay where you is
In america, the land of the free, they said, and of opportunity, in a just and a truthful way
But where the president, is never black, female or gay, and until that day
You''ve got nothing to say to me, to help me believe
In america, it brought you the hamburger, well america you know where, you can shove your hamburger
And don''t you wonder, why in estonia they say, hey you, big fat pig
You fat pig, you fat pig
Steely blue eyes with no love in them, scan the world,
And a humourless smile, with no warmth within, greets the world
And i, i have got nothing, to offer you
No-no-no-no-no
Just this heart deep and true, which you say you don''t need
See with your eyes, touch with your hands, please, hear through your ears, know in your soul, please
For haven''t you me with you now?
And i love you, i love you, i love you, and i love you, i love you, i love you
(America is not the world, Morrissey)
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
Naturezas mortas ou "antes e depois e depois e depois" ou "eu é mais bolos" ou "já se comia qualquer coisinha" ou "as naturezas mortas de Chardin deram lugar ao hiperrealismo do século XXI - já está tudo inventado":
Sebastien Stoskopff
Still life with king's cake
1625-1630
Indiana University Art Museum

Raphaelle Peale
Still life with cake
1822
Brooklyn Museum

Wayne Thiebaud
Around the Cake
1962
Spencer Museum of Art, Kansas

Beverly Shipko
Chocolate Cake
2006
- o carteiro -

Não fosse esta minha certeza de que o Belogue só é lido por cerca de 10 pessoas (cujo nome completo, grupo sanguíneo e árvore genealógica conhecemos), e eu diria que este post de 29/04/06 era uma cópia pornográfica, para não dizer ginecológica deste outro de 06/01/06. Na tentativa de ser pré-romântica, direi que não. It's all my imagination.

domingo, maio 07, 2006

- o carteiro -

Para hoje temos Pipis à fora de jogo, pataniscas, papos d'anjo e Belogue na Formiga Bargante.

sábado, maio 06, 2006

- ars longa, vita brevis -
hipócrates
a artista:


a arte:
- monomania is a prerequisite of success
- morals are for little people
- most people are not fit to rule themselves
- mostly you should mind your own business
- mothers shouldn't make too many sacrifices
- much was decided before you were born
- murder has its sexual side
- myth can make reality more intelligible
- noise can be hostile
- nothing upsets the balance of good and evil

sexta-feira, maio 05, 2006

- original soundtrack -


(impossível escolher apenas uma música)
- o carteiro -
Cenas dos últimos capítulos:

[1]
Neurónio 5 – Se for uma pirâmide, fazemos passar duas rectas por um ponto exterior à mesma.
Neurónio 72 – A sério? Quais?
Neurónio 5 – Uma recta l com a direcção do raio luminoso que faz 45 abertura para a esquerda com X, e a recta r que tem a mesma direcção do eixo da pirâmide.
Neurónio 72 – Não será que a recta r tem a mesma direcção das arestas laterais da pirâmide?
Neurónio 5 – Impossível. Se assim fosse teríamos não uma recta r, mas duas porque vês duas arestas laterias da pirâmide com direccções diferentes.
Neurónio 72 – Tens razão. Isso das arestas laterais é no caso dos prismas.
Neurónio 5 – Correcto. E dos cilindros.
Neurónio 72 – Temos então sombra própria e projectada.
Neurónio 5 – Correcto mais uma vez. Agora vamos inventar exercícios.

[2]
Neurónio 34 – Tira o parágrafo.
Uniformiza a escrita de determinados vocábulos como “Linguagem Visual” (ou com maiúscula ou com minúscula).
Sem vírgula.
Sem vírgula.
Entre vírgulas.
Tens de definir melhor os objectivos da investigação.
Puxa a brasa á tua sardinha; se és designer tens de te fazer valer disso e mostrá-lo na redacção da tese.
A linguagem ocidental é feita na horizontal e a linguagem oriental é feita na vertical. Podes estabelecer um paralelismo entre isto e a destruição das cidades bíblicas. Ver Derrick de Kerchkove, “A pele da Cultura”.
Sim, podes até relacionar o uso das ortogonais em linguagem visual com o uso das mesmas em plantas de edifícios – no gótico priveligia-se esse eixo terra-céu, enquanto no românico o estilo é mais tectónico, do exterior para o interior, ou do profano para o sagrado. Vê o plano da igreja ideal pós Concílio de Trento que se baseava no corpo de Cristo crucificado. Lembra-me para te emprestar bibliografia sobre isto.
Repetiste dois quadros e tens a nota de roda-pé com outra fonte.

[3]
Neurónio 88 – Então temos 9 teses diferentes sobre os painéis de S. Vicente. É isso?
Neurónio 43 – Não.
Neurónio 88 – Então?
Neurónio 43 – Temos uma que diz que as personagens são D. Afonso V e a família e que a obra foi para homenagear o padroeiro da cidade de Lisboa que está lá pintado.
Neurónio 88 – Mas faltam-lhe atributos. Falta o corvo. E o snato está pintado duas vezes. Uma vez que um santo não tem o dom da ubiquidade, não pode ser S. Vicente
Neurónio 43 – Então nesse caso também não pode ser Santa Catarina como diz outra tese.
Neurónio 88 – Ah pois não! E que mais?
Neurónio 43 – Temos a tese que baseia os painéis no culto do Infante Santo.
Neurónio 88 – Então já temos três. Depois temos mais duas teses a defender o culto do Infante Santo e mais uma para Santa Catarina.
Neurónio 43 – E qual é a nossa tese?
Neurónio 88 – Em 5 páginas?
Neurónio 43 – Sim.
Neurónio 88 – Que os retratados foram apenas fazer o retrato, tal como uma família parola se deixa fotografar pelo senhor Pires lá da terra para colocar a foto por cima do cadeirão do patriarca. O que há é a relação entre as pessoas, as suas minudências diárias que as teses Fernandinas e Catarinistas não abarcam.
Neurónio 43 – Então é algo completamente novo!!!
Neurónio 88 – Está parvo o neurónio? E desde quando é que se inventam coisas novas?

[4]
Neurónio 78 – Notamos aqui nesta representação aos pés do túmulo do escudeiro do rei esta representação curiosa. Aproximem-se. O que é que vêm? Crianças com o corpo coberto de pelo; ou seja, a nossa forma de ver o desconhecido no tempo das Descobertas. Este túmulo esteve exposto na Europália em blá blá blá blá bla´, cuidado com o degrau, blá blá blá…

[5]
Neurónio 1 – Obrigado, Com licença, Bom dia, Por favor, Estás muito mais magra, Eu também, Outro, Boa noite.

[6]
O silêncio

quinta-feira, maio 04, 2006

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois:

Pierre-Auguste Renoir
The Luncheon of the boating party
1881
The Phillips Collection, Washington


Neil Folberg
After the luncheon
- não vai mais vinho para essa mesa -

homens bonitos:

António Fagundes

Francisco José Viegas


José Pacheco Pereira


Adrian Brody
- não vai mais vinho para essa mesa -

mulheres bonitas:

Malu Mader


Audrey Hepburn


Helena Christensen


Cate Blanchett
- o carteiro -
Memória Rom e memória Ram
Quando a minha idade era outra que não esta tinha grande dificuldade em perceber a diferença entre memória Ram e memória ROM. Agora que sei na teoria e na prática o que é cada uma delas, embora ambas se aproximem muito mais da imaterialidade do que do contrário, achei para as memórias, duas mnemónicas que aqui partilho.
Dia 26 de Abril de 2006
Às 19 horas, numa espécie de brincadeira e desafio á tecnologia, troquei o meu cartão de telemóvel, de uma rede que não digo qual é, por um de uma colega de uma rede diferente. O resultado fez-se esperar pois só mais tarde, quando me preparava para árdua tarefa de escrever uma mensagem (tão árdua quanto falar para o mesmo aparelho sem interlocutor visível), reparei que aquela brincadeira me tinha “comido” as mensagens que ali guardava. A minha memória RAM era aquela, uma memória de curta duração, para transferência de dados que que no caso em questão, me tinha custado: o anúncio de um prémio, os parabéns por parte de alguém que já morreu, várias mensagens de aconchego do coração, orientações técnicas e telegráficas para encontrar a toolbox numa configuração diferente do Freehand. O pior de perder isto foi o reconhecimento de que a memória que trago na cabeça não é suficiente e que por isso me socorro de outras que embora mais voláteis, permitem-me ligar e desligar sempre que preciso de recordar ou não.

Dia 27 de Abril de 2006
Às 11 horas da manhã José Mattoso de papéis na mão fala de coisas que só a memória ROM é capaz de abarcar. Chama-as e depois de chamá-las não consegue achar o fim daquela meada. O que ele e cada um de nós guarda no pensamento é uma memória muito mais penosa do que a RAM e curiosamente, cada vez mais pequena, uma vez que tendemos a transferir tudo para a memória que desaparece, para a memória de cartão, a memória de um mail, a memoria de coisas que de facto não existem, mas cuja invocação é feita voluntariamente. Quando a nossa memória é ROM, os pensamentos vão e vêm sem ordenação. Mas ao contrário de José Mattoso que tenho a certeza ser indiferente ao desaparecimento de mensagens do seu telemóvel como se lhe tivessem desaparecido de facto quem as escreveu, fiquei ali a pensar que tinha de começar a transferir rapidamente para a minha memória ROM, a memória da experiência, aquilo que há muito tempo tenho deixado na RAM, a memória da conveniência.