- o carteiro -
Memória Rom e memória Ram
Quando a minha idade era outra que não esta tinha grande dificuldade em perceber a diferença entre memória Ram e memória ROM. Agora que sei na teoria e na prática o que é cada uma delas, embora ambas se aproximem muito mais da imaterialidade do que do contrário, achei para as memórias, duas mnemónicas que aqui partilho.
Dia 26 de Abril de 2006
Às 19 horas, numa espécie de brincadeira e desafio á tecnologia, troquei o meu cartão de telemóvel, de uma rede que não digo qual é, por um de uma colega de uma rede diferente. O resultado fez-se esperar pois só mais tarde, quando me preparava para árdua tarefa de escrever uma mensagem (tão árdua quanto falar para o mesmo aparelho sem interlocutor visível), reparei que aquela brincadeira me tinha “comido” as mensagens que ali guardava. A minha memória RAM era aquela, uma memória de curta duração, para transferência de dados que que no caso em questão, me tinha custado: o anúncio de um prémio, os parabéns por parte de alguém que já morreu, várias mensagens de aconchego do coração, orientações técnicas e telegráficas para encontrar a toolbox numa configuração diferente do Freehand. O pior de perder isto foi o reconhecimento de que a memória que trago na cabeça não é suficiente e que por isso me socorro de outras que embora mais voláteis, permitem-me ligar e desligar sempre que preciso de recordar ou não.
Dia 27 de Abril de 2006
Às 19 horas, numa espécie de brincadeira e desafio á tecnologia, troquei o meu cartão de telemóvel, de uma rede que não digo qual é, por um de uma colega de uma rede diferente. O resultado fez-se esperar pois só mais tarde, quando me preparava para árdua tarefa de escrever uma mensagem (tão árdua quanto falar para o mesmo aparelho sem interlocutor visível), reparei que aquela brincadeira me tinha “comido” as mensagens que ali guardava. A minha memória RAM era aquela, uma memória de curta duração, para transferência de dados que que no caso em questão, me tinha custado: o anúncio de um prémio, os parabéns por parte de alguém que já morreu, várias mensagens de aconchego do coração, orientações técnicas e telegráficas para encontrar a toolbox numa configuração diferente do Freehand. O pior de perder isto foi o reconhecimento de que a memória que trago na cabeça não é suficiente e que por isso me socorro de outras que embora mais voláteis, permitem-me ligar e desligar sempre que preciso de recordar ou não.
Dia 27 de Abril de 2006
Às 11 horas da manhã José Mattoso de papéis na mão fala de coisas que só a memória ROM é capaz de abarcar. Chama-as e depois de chamá-las não consegue achar o fim daquela meada. O que ele e cada um de nós guarda no pensamento é uma memória muito mais penosa do que a RAM e curiosamente, cada vez mais pequena, uma vez que tendemos a transferir tudo para a memória que desaparece, para a memória de cartão, a memória de um mail, a memoria de coisas que de facto não existem, mas cuja invocação é feita voluntariamente. Quando a nossa memória é ROM, os pensamentos vão e vêm sem ordenação. Mas ao contrário de José Mattoso que tenho a certeza ser indiferente ao desaparecimento de mensagens do seu telemóvel como se lhe tivessem desaparecido de facto quem as escreveu, fiquei ali a pensar que tinha de começar a transferir rapidamente para a minha memória ROM, a memória da experiência, aquilo que há muito tempo tenho deixado na RAM, a memória da conveniência.
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