sexta-feira, maio 05, 2006

- o carteiro -
Cenas dos últimos capítulos:

[1]
Neurónio 5 – Se for uma pirâmide, fazemos passar duas rectas por um ponto exterior à mesma.
Neurónio 72 – A sério? Quais?
Neurónio 5 – Uma recta l com a direcção do raio luminoso que faz 45 abertura para a esquerda com X, e a recta r que tem a mesma direcção do eixo da pirâmide.
Neurónio 72 – Não será que a recta r tem a mesma direcção das arestas laterais da pirâmide?
Neurónio 5 – Impossível. Se assim fosse teríamos não uma recta r, mas duas porque vês duas arestas laterias da pirâmide com direccções diferentes.
Neurónio 72 – Tens razão. Isso das arestas laterais é no caso dos prismas.
Neurónio 5 – Correcto. E dos cilindros.
Neurónio 72 – Temos então sombra própria e projectada.
Neurónio 5 – Correcto mais uma vez. Agora vamos inventar exercícios.

[2]
Neurónio 34 – Tira o parágrafo.
Uniformiza a escrita de determinados vocábulos como “Linguagem Visual” (ou com maiúscula ou com minúscula).
Sem vírgula.
Sem vírgula.
Entre vírgulas.
Tens de definir melhor os objectivos da investigação.
Puxa a brasa á tua sardinha; se és designer tens de te fazer valer disso e mostrá-lo na redacção da tese.
A linguagem ocidental é feita na horizontal e a linguagem oriental é feita na vertical. Podes estabelecer um paralelismo entre isto e a destruição das cidades bíblicas. Ver Derrick de Kerchkove, “A pele da Cultura”.
Sim, podes até relacionar o uso das ortogonais em linguagem visual com o uso das mesmas em plantas de edifícios – no gótico priveligia-se esse eixo terra-céu, enquanto no românico o estilo é mais tectónico, do exterior para o interior, ou do profano para o sagrado. Vê o plano da igreja ideal pós Concílio de Trento que se baseava no corpo de Cristo crucificado. Lembra-me para te emprestar bibliografia sobre isto.
Repetiste dois quadros e tens a nota de roda-pé com outra fonte.

[3]
Neurónio 88 – Então temos 9 teses diferentes sobre os painéis de S. Vicente. É isso?
Neurónio 43 – Não.
Neurónio 88 – Então?
Neurónio 43 – Temos uma que diz que as personagens são D. Afonso V e a família e que a obra foi para homenagear o padroeiro da cidade de Lisboa que está lá pintado.
Neurónio 88 – Mas faltam-lhe atributos. Falta o corvo. E o snato está pintado duas vezes. Uma vez que um santo não tem o dom da ubiquidade, não pode ser S. Vicente
Neurónio 43 – Então nesse caso também não pode ser Santa Catarina como diz outra tese.
Neurónio 88 – Ah pois não! E que mais?
Neurónio 43 – Temos a tese que baseia os painéis no culto do Infante Santo.
Neurónio 88 – Então já temos três. Depois temos mais duas teses a defender o culto do Infante Santo e mais uma para Santa Catarina.
Neurónio 43 – E qual é a nossa tese?
Neurónio 88 – Em 5 páginas?
Neurónio 43 – Sim.
Neurónio 88 – Que os retratados foram apenas fazer o retrato, tal como uma família parola se deixa fotografar pelo senhor Pires lá da terra para colocar a foto por cima do cadeirão do patriarca. O que há é a relação entre as pessoas, as suas minudências diárias que as teses Fernandinas e Catarinistas não abarcam.
Neurónio 43 – Então é algo completamente novo!!!
Neurónio 88 – Está parvo o neurónio? E desde quando é que se inventam coisas novas?

[4]
Neurónio 78 – Notamos aqui nesta representação aos pés do túmulo do escudeiro do rei esta representação curiosa. Aproximem-se. O que é que vêm? Crianças com o corpo coberto de pelo; ou seja, a nossa forma de ver o desconhecido no tempo das Descobertas. Este túmulo esteve exposto na Europália em blá blá blá blá bla´, cuidado com o degrau, blá blá blá…

[5]
Neurónio 1 – Obrigado, Com licença, Bom dia, Por favor, Estás muito mais magra, Eu também, Outro, Boa noite.

[6]
O silêncio