quarta-feira, outubro 30, 2019

- não vai mais vinho para essa mesa -

não sei se já "contei" esta história aqui no belogue. 
há uns anos estava com um colega de trabalho a ver isto e a chorar de rir (ainda não havia a moda do twerk nem das kardashians). Ao ouvir o vídeo convenci-me sempre que a música dizia "vai cocozuda" e não "vai popozuda". A minha lógica era simples: o vídeo era sobre o rabiosque da moça e se este era grande era porque tinha muito cocó...

terça-feira, outubro 29, 2019

Semprá'prender

[1] O Van Gogh de Yasuda
Em 30 de Março de 1987 a leiloeira Christie's levou a leilão um quadro atribuído a Van Gogh relativo à série dos girassóis (desta feita, 14 girassóis numa jarra), quadro esse que atingiu um valor recorde, tendo sendo adquirido pela empresa Yasuda, especialista em seguros. Desde o momento do seu leilão, a autoria da obra foi colocada em causa. Os peritos dizem que este Van Gogh é quase de certeza falso por várias razões: nunca foi mencionado pelo pintor nas cartas escritas ao seu irmão Theo (escreviam-se várias vezes por semana e Van Gogh contava a Theo todos os seus avanços, as obras produzidas, etc), é o único desta série que não está assinado e coloca também questões técnicas que não domino. As comparações entre o Van Gogh de Yasuda e os Van Goghs da National Gallery em Londres e do Van Gogh Museum em Amesterdão (já que estas obras se referem igualmente a 14 girassóis) podem ser vistas pelas cores. As três pinturas são muito semelhantes. A da National Gallery foi adquirida pela instituição inglesa directamente à família Van Gogh e a que se encontra no Museu Van Gogh em Amesterdão está na posse da família Van Gogh já que o Museu, cedido pelo estado holandês, é gerido por esta.
Para resolver este imbróglio seria necessário juntar as três obras de arte no mesmo espaço e tempo. O Museu Van Gogh no entanto não parecia disposto, até ao ano 1999, a dar resposta à questão. Nesse ano foi concluída a ala Kurokawa (Kurokawa Wing), nova ala do Museu Van Gogh em Amesterdão, e que teve apoio financeiro da... Yasuda Fire & Marine Insurance Company Ltd (ver aqui). Após isso, em 2002, os três quadros foram expostos em conjunto no Museu Van Gogh e a autenticidade dos girassóis de Yasuda assegurada por experts do próprio museu holandês.

[2] O caso Modigliani (et al.)
Durante anos, Dimitri Roybolovlev, presidente do AS Mónaco comprou arte a um dealer chamado Yves Bouvier, responsável pela Black Box (se deu um documentário… é basicamente um espaço em Genebra onde as obras de arte "repousam". São obras pertencentes a privados que as querem longe da vista do público, ou obras ilegalmente transacionadas - como frescos roubados de Pompeia ou despojos da guerra na Síria, Líbia e Iémen - ou ainda obras usadas para lavagem de dinheiro. Enfim, tudo boas e decentes pessoas). Bouvier está pois numa posição privilegiada: enquanto responsável pelo Geneve Freeport (a tal Black Box), sabe o que possui cada uma das pessoas que ali deixa as suas obras de arte e enquanto dealer e conselheiro propõe a Roybolovlev obras de arte que conhece bem e mesmo algumas que não se encontram à venda. O que ele lucra com isto? Uma parte da venda. Mas como Roybolovlev é um homem que quer pertencer ao clube de grandes colecionadores, não tendo no entanto o conhecimento para transacionar obras de arte, confia que os valores apresentados por Bouvier são justos. Paga por isso avultadas quantias por obras que não justificam esses valores, uma vez que neles está incluída a escandalosa comissão de Bouvier. Exemplo: Bouvier comprou um Klimt por 127 milhões de dólares e vendeu-o a Roybolovlev por 186 milhões de dólares. O mesmo se passou com um Leonardo da Vinci e com um Modigliani que Bouvier comprou ao colecionador Steve Cohen. Um dia, num jantar, Roybolovlev sentou-se ao lado do conselheiro/dealer do colecionador Steve Cohen. Palavra puxa palavra e Roybolovlev fala sobre as suas última aquisições. Ao falar do Modigliani, Sandy Heller (o dealer de Steve Cohen) diz que a sua última venda também tinha sido um Modigliani. Tratava-se do mesmo Modigliani e o empresário russo ficou assim a saber por quanto o quadro havia sido comprado por Bouvier e por quanto este lhe havia roubado na comissão.  

[3] A Oriente nada de novo
Esta história é contada no meio (não é "in media res", mas antes no "meio artístico"). Terá algum fundo de verdade, mas não tenho como prová-la, uma vez que a minha investigação não me permitiu estabelecer (e provar) ligações entre as partes. Não sei se há muito ou pouco tempo um banco japonês se ofereceu para restaurar uma pintura do artista norueguês Edvard Munch. Ao que parece, o interesse dos japoneses por Munch levou-os a participar nas obras de ampliação do Museu Munch em Oslo, museu esse que carecia há muito tempo de intervenção. Não obstante o pedido dos noruegueses, os seus governantes não estavam pelos ajustes e não pretendiam gastar dinheiro com o edifício. Foi aí que entrou uma empresa japonesa (Idemitsu Petroleum Norge) como mecenas do museu, o que fez com que este emprestasse a Tóquio cerca de 60 pinturas de Munch para uma exposição no Tokio Metropolitan Art Museum. Mas não era esta a história que queria contar. Bom, é sabido que os bancos possuem colecções de arte. No Japão, o tal banco ofereceu-se para patrocinar o restauro de uma pintura de Munch. Ao fazê-lo adquiriu isenções e benefícios fiscais, mas ganhou algo mais importante. A pintura restaurada valorizou no mercado de arte. E por arrasto, as outras obras do mesmo pintor viram o seu valor aumentar. Acontece que este banco tinha de facto na sua colecção um grande número de trabalhos do artista em causa e por isso a sua acção não foi propriamente filantrópica. O banco procurou valorizar os seus bens através de uma acção que lhe garantia não só a admiração pública, mas também vantagens fiscais. Desconheço se vendeu as obras - agora por um preço mais elevado - mas a jogada foi boa.


segunda-feira, outubro 28, 2019

e Jesus disse: "em verdade, em verdade vos digo: m****. fica prá'manhã"

sexta-feira, outubro 25, 2019

e Jesus disse: "não exasperareis nem levantareis falsas acusações de que esta cena anda uma rebaldaria. em verdade vos digo: é mais fácil a beluga postar lá para o fim do fim-de-semana, do que o balofo do camelo passar pelo buraco da agulha!" 

(2ª Carta aos Leitorenses, habitantes da Leitura, essa terra onde apenas alguns ousam entrar - a 1ª seguiu a semana passada por correio normal. É esperar…)

segunda-feira, outubro 21, 2019

"soutien" ou "roupa interior"?

quinta-feira, outubro 17, 2019

ahahahahahahahahahah
(e o melhor: é verdadeira!)

I will cal you later. XOXO





























terça-feira, outubro 15, 2019

- o carteiro -

nas minhas últimas leituras ("últimas" é como quem diz, pois refiro-me a coisas que tenho lido, sem qualquer ordem ou objectivo no último ano, mas que por um feliz acaso convergiram, pelo menos na minha cabeça) notei que havia denominadores comuns... Percebi pois que tanto Robert Walser, como Guiseppe Corte (personagem do conto "Sete andares" de Dino Buzzati) e Hans Castrop (personagem principal do romance "A Montanha Mágica" de Thomas Mann) têm algo em comum. Talvez vindos de uma tradição/tendência/ideia de que tudo é tratável se abandonarmos por momentos o nosso ambiente (Mann já havia feito isso com Aschenbach em "A Morte em Veneza", para onde o compositor vai de forma a fugir do seu ennui, e também com uma das personagens de "Os Buddenbrook"), estes homens representam a Europa antes e após as guerras, ainda sem conhecimento das atrocidades cometidas aquando das mesmas e por isso, com uma certa crença na ciência, na medicina e na civilização. Todos acabam por se internar em casas de saúde de forma mais ou menos voluntária. Uma doença mental não incapacitante em Robert Walser, uma "ligeira e incipente doença" no caso de Giuseppe Corte e uma visita a um primo no caso de Hans Castrop levaram estes homens a abandonar o mundo e dirigirem-se, de forma voluntária, para locais isolados onde se mantiveram de livre vontade, mesmo quando os casos não exigiam tratamentos tão ortodoxos. Há diferenças entre as histórias de Walser, Corte e Castrop. A primeira é que Walser de facto existiu e os outros dois nomes são ficcionais. Walser morreu em Herisau, onde se encontrava internado, no decorrer de uma das suas caminhadas. Foi encontrado morto no dia 25 de Dezembro de 1956. A fotografia do seu corpo na neve, junto à vedação, é uma das mais bonitas que vi ultimamente. Não obstante a doença mental, Walser possuiu até ao fim dos seus dias capacidade de locomoção e eloquência. Corte interna-se voluntariamente no piso para doentes cuja patologia apresenta menos gravidade, mas contra a sua vontade - e num processo kafkiano e "damiãodegóisiano" - acaba por ser internato no sétimo piso, para doentes terminais, sem que nunca se sinta de facto doente e sem que lhe expliquem o porquê de estar a ser constantemente mudado para um piso acima face ao anterior. Neste caso, é como se a "pequena e incipiente doença" se tivesse voltado contra o incipiente doente. Já Castrop parece ter encontrado no sanatório e na "Montanha Mágica" a razão para se afastar do mundo, da família, das obrigações, encontrando assim uma espécie de novo significado para a vida. Não sei se se trata de uma joie de vivre, mas antes um propósito. Esse propósito é propósito nenhum. Em todos eles este propósito não é expeccional, não os leva a atitudes extremas. Walser aliás escreve no livro "Histórias de Berlim" uma frase que resume a sua postura: "Não será o mediano aquilo que é mais sólido e melhor? […] De nada me valem os dias ou semanas geniais, ou um Senhor Deus extraordinário". Estes foram homens que passaram pela vida sem alarido, sem atrair atenções, olhares. Homens que se limitaram a viver. Talvez partilhem com Juliano, o Apóstata, a máxima de que não há nada após a morte. Assim como não existíamos antes de nascer, não existiremos depois de morrer. E isso é de certa forma reconfortante porque nos permite viver tal como queremos (com o primeiro botão do colete sempre aberto, pois então), sem grandes e infundadas esperanças, cientes da não existência de propósito.  

sexta-feira, outubro 11, 2019

não estou na minha melhor "forma", reconheço. só não sei como sair deste lodo.

quinta-feira, outubro 03, 2019

- não vai mais vinho para essa mesa -

please denise ou "como me dou ao trabalho de responder a tutti quanti":