quinta-feira, setembro 30, 2021

 muito trabalho

terça-feira, setembro 21, 2021

 - não vai mais vinho para essa mesa -













sábado, setembro 18, 2021

- o carteiro -
era para o prémio de literatura infantil do pingo doce, mas achei melhor não

Foi num Domingo de Verão,
que ao ver sopa de grão,
o Duarte fez grande birra
e disse “dói-me a barriga”.

Para ver se era verdade,
ou se era da idade,
prometeu-se-lhe uma surpresa,
na hora da sobremesa.

O Duarte muito contente,
excitado e insistente,
perguntou logo “que é?
“Come a sopa”, disse o pai Zé.

A’vó disse que era gelatina,
do tamanho d’uma piscina,
a saber muito a nada,
receita de uma fada.

“É pudim!”, disse a tia
- outra sobremesa não havia -
“pudim de céu cinzento,
co’ nuvens levadas pel’o vento”.

“Também pode ser um pastel”,
disse a mãe com voz de mel,
daqueles de massa folhada,
e recheio de água molhada.

A avó até pensou numa,
torta de coisa nenhuma,
ou num bolinho oco,
ainda por cima, choco.

“Não há chocolate, banana?
Uma coisa c’açucar de cana?
Nem morango, nem cereja?
Qualquer doce que seja?!”

“Há gelado de ar frio,
e mousse de vazio,
e destes comes mais,
destes, deixam os pais”.

Há ainda um soufflê,
daqueles que ninguém vê,
é invisível, é magia!”
Sorriu ao dizer a tia.

“Ou podes comer a sopa,
é abrir e fechar a boca,
não tem nada q’enganar,
é sempre melhor que chorar.

Mas se não quiseres sopa,
que arrefece na copa,
haverá pão-de-ló,
com sabor a dominó.

Ou empadas de rabanete,
com chulé, que cheirete!
Ou bolo de carapau
com cobertura de bacalhau”.

A mãe Daniela até disse
“Que maçada, que chatice,
só é pena não termos aqui,
o salame de sushi!...

“Ah”, continuou a tia,
“a massa é à fatia,
e o pão é às colheres,
Só comes o que quiseres.

Temos ainda batido,
feito com nariz comprido,
e sumo de água quente,
com uma rodela de dente.

Para terminar em beleza,
e estando todos na mesa,
lavamos pratos e talheres,
só deixamos as colheres”.

“Porquê?” perguntou o Duarte
“Pra depois comer a tarte?”
O pai Zé disse logo “não,
“é para a sopa de grão”

“Sopa não, não e não!”
Disse o rapaz sabichão
“posso sair da mesa?
Ir brincar c’a gata Teresa?”

“Fazes o que quiseres
Mas faças o que fizeres
Ouve bem o que te digo:
qu’é pra teu bem, meu amigo.

Não há iogurtes nem pães
Esses desejos reténs
Até à hora de jantar
Não há nada a provar

“Está bem”, disse o Duarte
“Vou brincar que me farte,
Ver a Heidi, a Maia, o Sam
O Paulo, o Noddy, o Megaman”

Começou a contar formigas
Cantou várias cantigas
Brincou à cabra-cega
Desceu do escorrega

Andou de bicicleta
caçou uma borboleta
Fez desenhos e recortes
E juntou depois as partes

Brincou ao faz-de-conta
pegou num pau p’la ponta
Atirou-o ao ar bem alto
E apanhou-o num salto

Fez corridas com o cão
de seu nome Gastão
Atanazou Peúga, o gato
Atirando-lhe um sapato

Jogou jogos de cartas
Perseguiu as lagartas
tocou um instrumento
viu um cano por dentro

Procurou doces amoras
E cheio de nove horas
Quis brincar de rei
Mandando ditar a lei

Colheu flores de lis
Cheirou-as com ar feliz
Riu dos passarinhos
Que ali faziam ninhos

Até que deu as cinco
No relógio de zinco
E o Duarte confessou
que a barriga se queixou

“Tenho fome”, disse ele
“Posso beber aquele
Sumo de ananás
Que o pai lá tráz?

E uma madalena
Aquela mais pequena?
Por favor, obrigado”
Disse o rapaz arrogado

Pediu leite e cereais
com formas animais
pra começar e d’antemão
a comer frente à televisão

“Também iam uvinhas
Das mais clarinhas”
E assim fechou a lista
Bastante fabulista

A gata Teresa miou,
O Gastão bocejou,
O pai olhou para a mãe
Os avós e a tia também

A mãe disse-lhe então
“Só há sopa de grão
Com couve e nabo
Chuchu e quiabo
...

O Duarte pensou muito,
no que lhe haviam dito,
e concluiu que a pirraça,
já não tinha grande graça.

As comidas eram estranhas
Ou enjoavam as entranhas
E não lhe davam de facto
Alternativas ao palato.

Amuado e convencido
Arrastou-se distraído
Até ao lugar na mesa
Junto à Teresa

Entre lágrimas e murmúrios
desculpas, “ais” e calafrios
O Duarte meteu na boca
A primeira colher de sopa

Outras foram-se seguindo
sem vontade ou fastio
mas sem birras nem manias
gritos ou vilanias

Vendo a tristeza do rapaz
E querendo apenas paz
A mãe até interveio
Para pararem a meio

“Queres que te conte
a história do monte
que tinha um rio largo
onde vivia um sargo?”

“Conta antes a história
que teve a vitória...
A história do urso...,
Que ganhou o concurso...”

A mãe surpreendida
Exclamou doida da vida
“Este rapaz é precoce!
Quer a do Pingo Doce!”

quarta-feira, setembro 15, 2021

 - não vai mais vinho para essa mesa -












terça-feira, setembro 14, 2021

 só para tapar o post anterior

sexta-feira, setembro 10, 2021

 estou a chorar

segunda-feira, setembro 06, 2021

 "Há trechos de Turner na obra de Poussin, uma frase de Flaubert em Montesquieu."

(PROUST, Marcel - Em Busca do Tempo Perdido: Sodoma e Gomorra, Lisboa: Relógio d'Água, 2003, p223)

quinta-feira, setembro 02, 2021

- não vai mais vinho para essa mesa -