Bem Beluga , para isto valer alguma coisa e não serem só disparates( meus, entenda-se) . Como transcreve um excerto em que Proust fala de Montesquieu, quero contar-lhe uma coisa muito engraçada que me aconteceu este verão: vi, por acaso, porque não havia outro para escolher e porque o título era apelativo, o filme "Paris pode esperar" de Elleanor Coppola, mulher de Francis e mãe de Sofia ( penso que não estou enganado nesta genealogia). É uma espécie de road movie, entre Cannes e Paris em que os protagonistas são Jacques, francês e produtor de cinema, e Anne, americana, mulher do sócio americano de Jacques. Como depois do festival ( O Festival) Anne não pôde viajar com o marido para Budapeste, Jacques oferece-se para dar-lhe boleia até Paris e o filme é sobre a tentativa de Jacques seduzir Anne durante a viagem. Logo desde do inicio fica subentendido que Jacques é o francês tipo e que Anne é a americana tipica. O engraçado é que como bom francês, Jacques apresenta-se como despreocupado, bon vivant, amante da boa mesa , do bom vinho , incapaz de resistir à uma mulher. Mas Elleanor, cujo cinema eu desconhecia, urde a trama tão bem e de maneira tão subtil, que alguns dias depois , enquanto tomava banho e trauteava Rameau , Jacques apareceu-me num vislumbre como o carácter mais cartesiano que pode haver , absolutamente racional e sistemático e em tudo contrário ao tipo blazé que tenta parecer. Esta revelação apareceu-me assim como a nota subtil e quase pessoal que um bom vinho nos deixa no fim. E pareceu.me ser de tal modo assim, pareceu.me ter entendido de tal maneira o pensamento de Elleanor Coppola, fiquei tão entusiasmado por ter descoberto esta desconhecida, passe a redundância, que já encomendei o livro " Descartes et la France: histoire d'une passion", de François Azouvi( 29,50 € na Fnac França), com o qual espero encerrar as minhas leituras deste verão. Para muitos, o espirito racional e cartesiano é o que mais se identifica com os franceses. Montesquieu deve ter também reflectido sobre o que é ser francês e não me importava nada de ler o que sobre isso disse o grande escritor. Enfim , pretendo ler alguma coisa sobre o que seja isso de ser francês ou francesa Desculpe.me este longo comentário, um pouco off line. Mas hoje chateei.me a sério com a minha namorada e entre ler Santo Agostinho e comentar no seu belogue, escolhi comentar aqui. Muito obrigado pela sua indulgência para os meus erros , porque pelas mesmas razões hoje não me apeteceu nada rever e editar isto. Bem haja.!
Enfim, para terminar porque o bar está a fechar: acho que em tudo , o que mais me entusiasmou foi que esta jóia, esta Vermeer, esteja escondida atrás dum tipo que fez alguns filmes quase gore. Bem haja!
Bem, não foi bem isto o que eu quis dizer: o que eu quis dizer ,foi que o que mais me entusiasmou foi ter descoberto esta Vermeer atrás dum tipo que fez filmes quaxe gore. E pronto, esta é que é para a viagem
Agora fiquei desanimada: confundi o Coppola com o Oliver Stone (por causa dos filmes gore. Estava a lembrar-me do Natural Born Killers e da banda sonora). Mas vá lá, no meio disto salva-se a sua descoberta. Postei esta frase do Proust porque a mesma não faz sentido. O que ele diz é que é possível encontrar algo de Turner (século XVIII - XIX) em Poussin (século XVI-XVII). Está a perceber? Ele não escreve que Poussin influenciou (seja lá o que isso for) Turner, mas que Poussin já tinha coisas de Turner antes de Turner ter nascido. Talvez Proust queira com isto dizer que Turner é tão superior que já estava nos outros antes mesmo de existir. Ou que há traços que são de toda a gente e não somente de Turner ou Poussin e existem antes de serem inventados. Pelo contexto não é possível perceber o que Proust quer dizer com isto.Ficou-me aqui a martelar...
Bom dia Beluga. Permita.me que não lhe responda já hoje e oxalá que tenha sorte na sua procura de emprego. Infelizmente não posso ajudar. Tenha um bom dia
Boa noite Beluga. Compreendo a sua perplexidade , mas os escritores usam estratégias narrativas para manipular o leitor e o paradoxo é uma das mais eficazes. Penso que Proust terá feito o mesmo. Lamento muito que o meu entusiasmo pela Sra. Coppola não tenha sido compartilhado. Pelo meu lado, já estou a fazer as minhas reflexões sobre o que seja ser francês e já concluí que podemos esperar tudo dum/a francês/francesa, excepto que confunda uma madalena e uma barriga de freira, ou um Cabernet e um Pinot. Ou um Coppola e um Stone, já agora :))) À certa altura o sr. Jacques dá a Anne o petit nom de Bruleé. É um termo da culinária. O nosso leite-creme, o nosso delicioso leite-creme, pode ser bruleé, queimado, e queimado na hora é de chorar por mais. Anne Bruleé é um nome muito digno e depois duma primeira impressão desagradável, descobre-se aqui um nome feito para a filosofia, tal como René Descartes ou Jacques Rosseau. Mas indigesto para tudo mais. E aqui está a razão enviesada pela qual Jacques se fica por uma relação platónica com Anne: Bruleé, Anne dá uma boa filósofa, mas é um pouco indigesta, tal como Hegel. Está-se mesmo a ver que tivemos que falar dos gregos. É sempre a mesma coisa... Explica-se um francês por um grego. Quase apetece dizer que há algo de francês nos gregos, só para chatear. Se isto não vos abre o apetite para o filme da Sra. Coppola... p.s. não corrigi nada disto. Vai assim, com sal e mais nada. Santé Eleanor.
Boa noite Beluga e peço.lhe desculpas por só responder agora. Sim, vi o post do Tampiz e também acho excelente!!!. O Picasso consegue surpreender.me quando menos espero. E a Beluga também. É uma pintura muito forte e está bem aproveitada por si. Como estou a comentar do tlm, vou ali confirmar uma coisa e já volto. Mas o seu boneco está bem apanhado!!!
Fui confirmar no dicionário on line. Existe a expressão francesa tant pis, que tem ligeiras variações de significado conforme o contexto, a entoação etc... Pode querer dizer azar o teu. Gostaria de saber se pensou nisso ou apenas teve em conta a conhecida marca Tampax? Mt obg
Não sei como passou-me pelas mãos (ou pelos olhos) qualquer coisa do período azul do Picasso. E fiz logo esta associação. Mas nem sempre é assim. Às vezes demora, dá muito trabalho. Tampax porque tem melhor leitura do que O.B. Mas eu prefiro o.b
Muito obrigado Beluga. São informações importantes para quem se interessa por aspectos criativos. Coloquei lá em cima mais uma pintura de Sánchez Coello e uma errata.
18 Comments:
Bem Beluga , para isto valer alguma coisa e não serem só disparates( meus, entenda-se) .
Como transcreve um excerto em que Proust fala de Montesquieu, quero contar-lhe uma coisa muito engraçada que me aconteceu este verão: vi, por acaso, porque não havia outro para escolher e porque o título era apelativo, o filme "Paris pode esperar" de Elleanor Coppola, mulher de Francis e mãe de Sofia ( penso que não estou enganado nesta genealogia). É uma espécie de road movie, entre Cannes e Paris em que os protagonistas são Jacques, francês e produtor de cinema, e Anne, americana, mulher do sócio americano de Jacques.
Como depois do festival ( O Festival) Anne não pôde viajar com o marido para Budapeste, Jacques oferece-se para dar-lhe boleia até Paris e o filme é sobre a tentativa de Jacques seduzir Anne durante a viagem. Logo desde do inicio fica subentendido que Jacques é o francês tipo e que Anne é a americana tipica.
O engraçado é que como bom francês, Jacques apresenta-se como despreocupado, bon vivant, amante da boa mesa , do bom vinho , incapaz de resistir à uma mulher. Mas Elleanor, cujo cinema eu desconhecia, urde a trama tão bem e de maneira tão subtil, que alguns dias depois , enquanto tomava banho e trauteava Rameau , Jacques apareceu-me num vislumbre como o carácter mais cartesiano que pode haver , absolutamente racional e sistemático e em tudo contrário ao tipo blazé que tenta parecer. Esta revelação apareceu-me assim como a nota subtil e quase pessoal que um bom vinho nos deixa no fim.
E pareceu.me ser de tal modo assim, pareceu.me ter entendido de tal maneira o pensamento de Elleanor Coppola, fiquei tão entusiasmado por ter descoberto esta desconhecida, passe a redundância, que já encomendei o livro " Descartes et la France: histoire d'une passion", de François Azouvi( 29,50 € na Fnac França), com o qual espero encerrar as minhas leituras deste verão. Para muitos, o espirito racional e cartesiano é o que mais se identifica com os franceses. Montesquieu deve ter também reflectido sobre o que é ser francês e não me importava nada de ler o que sobre isso disse o grande escritor. Enfim , pretendo ler alguma coisa sobre o que seja isso de ser francês ou francesa
Desculpe.me este longo comentário, um pouco off line. Mas hoje chateei.me a sério com a minha namorada e entre ler Santo Agostinho e comentar no seu belogue, escolhi comentar aqui.
Muito obrigado pela sua indulgência para os meus erros , porque pelas mesmas razões hoje não me apeteceu nada rever e editar isto.
Bem haja.!
Enfim, para terminar porque o bar está a fechar: acho que em tudo , o que mais me entusiasmou foi que esta jóia, esta Vermeer, esteja escondida atrás dum tipo que fez alguns filmes quase gore.
Bem haja!
Bem, não foi bem isto o que eu quis dizer: o que eu quis dizer ,foi que o que mais me entusiasmou foi ter descoberto esta Vermeer atrás dum tipo que fez filmes quaxe gore. E pronto, esta é que é para a viagem
Pois é, pois é. Isto precisa de serious editing...:)))
Vou dormir. Fica para amanhã
Agora fiquei desanimada: confundi o Coppola com o Oliver Stone (por causa dos filmes gore. Estava a lembrar-me do Natural Born Killers e da banda sonora).
Mas vá lá, no meio disto salva-se a sua descoberta.
Postei esta frase do Proust porque a mesma não faz sentido. O que ele diz é que é possível encontrar algo de Turner (século XVIII - XIX) em Poussin (século XVI-XVII). Está a perceber? Ele não escreve que Poussin influenciou (seja lá o que isso for) Turner, mas que Poussin já tinha coisas de Turner antes de Turner ter nascido. Talvez Proust queira com isto dizer que Turner é tão superior que já estava nos outros antes mesmo de existir. Ou que há traços que são de toda a gente e não somente de Turner ou Poussin e existem antes de serem inventados. Pelo contexto não é possível perceber o que Proust quer dizer com isto.Ficou-me aqui a martelar...
Bem, vou procurar emprego
Bom dia Beluga.
Permita.me que não lhe responda já hoje e oxalá que tenha sorte na sua procura de emprego. Infelizmente não posso ajudar.
Tenha um bom dia
Boa noite Beluga.
Compreendo a sua perplexidade , mas os escritores usam estratégias narrativas para manipular o leitor e o paradoxo é uma das mais eficazes. Penso que Proust terá feito o mesmo.
Lamento muito que o meu entusiasmo pela Sra. Coppola não tenha sido compartilhado. Pelo meu lado, já estou a fazer as minhas reflexões sobre o que seja ser francês e já concluí que podemos esperar tudo dum/a francês/francesa, excepto que confunda uma madalena e uma barriga de freira, ou um Cabernet e um Pinot. Ou um Coppola e um Stone, já agora :)))
À certa altura o sr. Jacques dá a Anne o petit nom de Bruleé. É um termo da culinária. O nosso leite-creme, o nosso delicioso leite-creme, pode ser bruleé, queimado, e queimado na hora é de chorar por mais.
Anne Bruleé é um nome muito digno e depois duma primeira impressão desagradável, descobre-se aqui um nome feito para a filosofia, tal como René Descartes ou Jacques Rosseau. Mas indigesto para tudo mais. E aqui está a razão enviesada pela qual Jacques se fica por uma relação platónica com Anne: Bruleé, Anne dá uma boa filósofa, mas é um pouco indigesta, tal como Hegel.
Está-se mesmo a ver que tivemos que falar dos gregos. É sempre a mesma coisa... Explica-se um francês por um grego. Quase apetece dizer que há algo de francês nos gregos, só para chatear.
Se isto não vos abre o apetite para o filme da Sra. Coppola...
p.s. não corrigi nada disto. Vai assim, com sal e mais nada. Santé Eleanor.
As pessoas costumam amar a verdade quando esta as ilumina, porém tendem a odiá-la quando as confronta.
Santo Agostinho
Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem muito falam pouco.
Jean-Jacques Rousseau
Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.
Platão
Para o poeta a maior tragédia é se o admiram porque não o entendem.
Jean Cocteau
Já viu o post do Tampiz? Percebeu?
Boa noite Beluga e peço.lhe desculpas por só responder agora. Sim, vi o post do Tampiz e também acho excelente!!!. O Picasso consegue surpreender.me quando menos espero. E a Beluga também. É uma pintura muito forte e está bem aproveitada por si. Como estou a comentar do tlm, vou ali confirmar uma coisa e já volto. Mas o seu boneco está bem apanhado!!!
Fui confirmar no dicionário on line. Existe a expressão francesa tant pis, que tem ligeiras variações de significado conforme o contexto, a entoação etc... Pode querer dizer azar o teu. Gostaria de saber se pensou nisso ou apenas teve em conta a conhecida marca Tampax? Mt obg
Enfim, surpreender quando menos espero também é uma tautologia....não ligue...:)))
Não sei como passou-me pelas mãos (ou pelos olhos) qualquer coisa do período azul do Picasso. E fiz logo esta associação. Mas nem sempre é assim. Às vezes demora, dá muito trabalho.
Tampax porque tem melhor leitura do que O.B. Mas eu prefiro o.b
Muito obrigado Beluga. São informações importantes para quem se interessa por aspectos criativos.
Coloquei lá em cima mais uma pintura de Sánchez Coello e uma errata.
Enviar um comentário
<< Home