segunda-feira, setembro 06, 2021

 "Há trechos de Turner na obra de Poussin, uma frase de Flaubert em Montesquieu."

(PROUST, Marcel - Em Busca do Tempo Perdido: Sodoma e Gomorra, Lisboa: Relógio d'Água, 2003, p223)

18 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bem Beluga , para isto valer alguma coisa e não serem só disparates( meus, entenda-se) .
Como transcreve um excerto em que Proust fala de Montesquieu, quero contar-lhe uma coisa muito engraçada que me aconteceu este verão: vi, por acaso, porque não havia outro para escolher e porque o título era apelativo, o filme "Paris pode esperar" de Elleanor Coppola, mulher de  Francis e mãe de Sofia ( penso que não estou  enganado nesta genealogia). É uma espécie de road movie, entre Cannes e Paris em que os protagonistas são Jacques, francês e  produtor de cinema, e Anne, americana, mulher do sócio americano de Jacques.
Como depois do festival ( O Festival) Anne não pôde viajar com o marido para Budapeste, Jacques oferece-se para dar-lhe boleia até Paris e o filme é sobre a tentativa de Jacques seduzir Anne durante a viagem. Logo desde do inicio fica subentendido que Jacques é o francês tipo e que Anne é a americana tipica.
O engraçado é  que como bom francês, Jacques apresenta-se como despreocupado, bon vivant, amante da boa mesa , do bom vinho , incapaz de resistir à uma mulher. Mas Elleanor, cujo cinema eu desconhecia, urde a trama tão bem e de maneira tão subtil, que alguns dias depois , enquanto tomava banho e trauteava Rameau , Jacques apareceu-me num vislumbre como o carácter mais cartesiano que pode haver , absolutamente racional e sistemático e em tudo contrário ao tipo blazé que tenta parecer. Esta revelação apareceu-me assim como a nota subtil e quase pessoal que um bom vinho nos deixa  no fim.
E pareceu.me ser de tal modo assim, pareceu.me ter entendido de tal maneira o pensamento de Elleanor Coppola,  fiquei tão  entusiasmado por ter descoberto esta desconhecida, passe a redundância, que já encomendei o livro " Descartes et la France: histoire d'une passion", de François Azouvi( 29,50 € na Fnac França), com o qual espero encerrar as minhas leituras deste verão.  Para muitos, o espirito racional e cartesiano é  o que mais se identifica com os franceses. Montesquieu deve ter também reflectido sobre o que é ser francês e não me importava nada de ler o que sobre isso disse o grande escritor. Enfim , pretendo ler alguma  coisa sobre o que seja isso de ser francês ou francesa
Desculpe.me este longo comentário,  um pouco off line. Mas hoje chateei.me a sério com a minha namorada e entre ler Santo Agostinho e comentar no seu belogue, escolhi comentar aqui.
Muito obrigado pela sua indulgência para os meus erros , porque pelas mesmas razões hoje não me apeteceu nada rever e editar isto.
Bem haja.!

7/9/21 1:37 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Enfim, para terminar porque o bar está a fechar: acho que em tudo , o que mais me entusiasmou foi que esta jóia, esta Vermeer, esteja escondida atrás dum tipo que fez alguns filmes quase gore.
Bem haja!

7/9/21 2:30 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Bem, não foi bem isto o que eu quis dizer: o que eu quis dizer ,foi que o que mais me entusiasmou foi ter descoberto esta Vermeer atrás dum tipo que fez filmes quaxe gore. E pronto, esta é que é para a viagem

7/9/21 2:37 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Pois é, pois é. Isto precisa de serious editing...:)))

7/9/21 8:07 da tarde  
Blogger Belogue said...

Vou dormir. Fica para amanhã

7/9/21 10:35 da tarde  
Blogger Belogue said...

Agora fiquei desanimada: confundi o Coppola com o Oliver Stone (por causa dos filmes gore. Estava a lembrar-me do Natural Born Killers e da banda sonora).
Mas vá lá, no meio disto salva-se a sua descoberta.
Postei esta frase do Proust porque a mesma não faz sentido. O que ele diz é que é possível encontrar algo de Turner (século XVIII - XIX) em Poussin (século XVI-XVII). Está a perceber? Ele não escreve que Poussin influenciou (seja lá o que isso for) Turner, mas que Poussin já tinha coisas de Turner antes de Turner ter nascido. Talvez Proust queira com isto dizer que Turner é tão superior que já estava nos outros antes mesmo de existir. Ou que há traços que são de toda a gente e não somente de Turner ou Poussin e existem antes de serem inventados. Pelo contexto não é possível perceber o que Proust quer dizer com isto.Ficou-me aqui a martelar...

Bem, vou procurar emprego

8/9/21 10:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bom dia Beluga.
Permita.me que não lhe responda já hoje e oxalá que tenha sorte na sua procura de emprego. Infelizmente não posso ajudar.
Tenha um bom dia

9/9/21 6:18 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Boa noite Beluga.
Compreendo a sua perplexidade , mas os escritores usam estratégias narrativas para manipular o  leitor e o paradoxo é  uma das mais eficazes. Penso que Proust terá feito o mesmo.
Lamento muito que o meu entusiasmo pela Sra. Coppola não tenha sido compartilhado. Pelo meu lado,  já estou a fazer as minhas reflexões sobre o que seja ser francês e já concluí que podemos esperar tudo dum/a francês/francesa, excepto que confunda uma madalena e uma barriga de freira, ou um Cabernet e um Pinot.  Ou um Coppola e um Stone, já agora :)))
À certa altura o sr. Jacques dá a Anne o petit nom de Bruleé. É um termo da culinária.  O nosso leite-creme, o nosso delicioso leite-creme, pode ser bruleé, queimado, e queimado na hora é de chorar por mais. 
Anne Bruleé é um nome  muito digno e depois duma primeira impressão desagradável, descobre-se aqui um nome feito para a filosofia, tal como René Descartes ou Jacques Rosseau. Mas indigesto para  tudo  mais. E aqui está a razão enviesada pela qual Jacques se fica por uma relação platónica com Anne: Bruleé, Anne dá uma boa filósofa, mas é um pouco indigesta, tal como Hegel.
Está-se mesmo a ver que tivemos que falar dos gregos. É sempre a mesma coisa... Explica-se um francês por um grego. Quase  apetece dizer que há algo de francês nos gregos, só para chatear.
Se isto não vos abre o apetite para o filme da Sra. Coppola...
p.s. não corrigi nada disto. Vai assim, com  sal e mais nada. Santé Eleanor.

10/9/21 3:32 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

As pessoas costumam amar a verdade quando esta as ilumina, porém tendem a odiá-la quando as confronta.

Santo Agostinho

15/9/21 7:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem muito falam pouco.

Jean-Jacques Rousseau

15/9/21 8:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.

Platão

15/9/21 8:28 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para o poeta a maior tragédia é se o admiram porque não o entendem.

Jean Cocteau

15/9/21 8:32 da tarde  
Blogger Belogue said...

Já viu o post do Tampiz? Percebeu?

15/9/21 10:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Boa noite Beluga e peço.lhe desculpas por só responder agora. Sim, vi o post do Tampiz e também acho excelente!!!. O Picasso consegue surpreender.me quando menos espero. E a Beluga também. É uma pintura muito forte e está bem aproveitada por si. Como estou a comentar do tlm, vou ali confirmar uma coisa e já volto. Mas o seu boneco está bem apanhado!!!

16/9/21 8:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Fui confirmar no dicionário on line. Existe a expressão francesa tant pis, que tem ligeiras variações de significado conforme o contexto, a entoação etc... Pode querer dizer azar o teu. Gostaria de saber se pensou nisso ou apenas teve em conta a conhecida marca Tampax? Mt obg

16/9/21 8:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Enfim, surpreender quando menos espero também é uma tautologia....não ligue...:)))

16/9/21 8:59 da tarde  
Blogger Belogue said...

Não sei como passou-me pelas mãos (ou pelos olhos) qualquer coisa do período azul do Picasso. E fiz logo esta associação. Mas nem sempre é assim. Às vezes demora, dá muito trabalho.
Tampax porque tem melhor leitura do que O.B. Mas eu prefiro o.b

16/9/21 9:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Muito obrigado Beluga. São informações importantes para quem se interessa por aspectos criativos.
Coloquei lá em cima mais uma pintura de Sánchez Coello e uma errata.

17/9/21 8:54 da manhã  

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