segunda-feira, agosto 19, 2013

vou ali uns dias e já volto.
- o carteiro -










Pretentious power-obsessed bore. She represents everything the art world needs to leave behind.

"Dear art-world friends: Pictured here is Marina Abramovic, an artist whose work I have at times admired in the past. The gentleman at her side is wealthy Norwegian real estate developer Christian Ringnes whose last stunt is the transformation of Oslo's last remaining city forest into a huge sculpture park devoted to the 'celebration of women' or 'the feminine'. In addition to this blatantly sexist theme, the park project boasts the rehabilitation of a former Nazi monument, as well as the destruction of a unique ecology and 10 000 year old cultural history. The realization of the park has only been possible thanks to consistent disregard of democratic procedure. Abramovic's role in all this? A performance piece and a permanent monument to mark Mr. Ringnes's construction of a bizarre 'Scream'-shaped concrete platform from which park visitors may view the landscape depicted in Edvard Munch's most famous painting. When asked by the media about her participation in this highly controversial project, Abramovic responds that the park is not her business and that she is only hired 'as an artist'. Correct me if I'm wrong, but I have been in the habit of believing that a key tenet of performance art was attention to political, cultural and economic context and rejection of the 'just an artist' line of thinking." —Ina Blom

(aqui, disse-me o Paulo)
"xiguei". alma e antónio, desculpem se não sou tão interessante ao vivo como no blog. aliás, o meu psiquiatra uma vez disse-me isso. mas não se pode ter tudo.

sexta-feira, agosto 16, 2013

be careful with what you wish for cause you just might get it

o verão é a altura do ano em que toda a gente quer namorar e em que a Visão e/ou a Sábado fazem reportagens e publicam estudos sobre sexo. ouve-se o mulherio dizer: "ah, os homens são todos iguais". eles queixam-se: "vá-se lá compreender as mulheres." (o das mulheres é mais engraçado)

(dica do Paulo)


terça-feira, agosto 13, 2013

- o carteiro -

hoje não há proust. imagino a vossa expressão de desapontamento; vocês que lêem os meus posts religiosamente. lamento desiludir-vos, meia-dúzia de leitores, mas não pode ser. nem devia estar a postar isto porque tenho um artigo de 20 páginas para escrever (tô pôdendo!...) e não comecei ainda. porquê? porque é um tema que não domino e por isso vou protelando. sim, também faço isso. e penitencio-me. mas hoje vamos falar de uma coisa muito engraçada (ui....): as cores usadas na arte e que com os séculos foram desaparecendo por serem caras, tóxicas ou injustificadas. atenção que este post, ou um post semelhante a este foi publicado aqui e por isso, mesmo desiludindo os meus fãs, aos meus "mais que as Graças e menos que as Musas" leitores prefiro dizer a verdade. aqui vão as cores de que já não ouvimos falar:

azul maia
não é o azul do PP da Maia. não sei se já repararam que os habitantes da maia são os maiatos, mas os de gaia, que deviam ser, por esta ordem de ideias, os gaiatos, são os gaienses. o azul maia vê-se muito em murais, como é exemplo a imagem logo abaixo, e pensa-se, também em corpos humanos oferecidos para sacrifícios. Desapareceu da América Central por volta da época colonial, bem como as civilizações pré-colombianas, em si. E de que era feito o azul maia? era feito de uma mistura de argila e anil (extraído da indigofera anil ou anileira), mas o que é curioso, é como permaneceu sem se deteriorar nem alterar quando sujeita a tantos anos e respectivas condicionantes.













Bonampak



púrpura de Tiro
Se havia cor importante, e prestigiosa era esta, talvez por ser difícil de obter. Por isso, por ser rara e difícil de obter, o púrpura era aplicado em representações da divindade, fosse ela um deus, propriamente dito, ou o representante do poder político. Deve o seu nome a Tiro, no Libano, habitado pelos fenícios que terão produzido esta cor a partir de caracóis marinhos que largavam este pigmento. Com o tempo, a sua produção generalizou-se, mas, e também com o tempo (e de forma incompreensível para mim), o seu uso, a sua aplicação decresceu. à medida que o cristianismo crescia - e a arte enquanto forma de legitimar um poder cabotino e romano - decaía, o púrpura foi entrando em declínio. bom, talvez isto se prenda com um cristianismo inicial de aspiração ascética. talvez o púrpura tenha continuado a ser aplicado, mas já não este púrpura em concreto que era muito caro. Vitrúvio, que lhe chamou ostrum, dizia que o que era extraído do molusco não era púrpura puro, mas uma mistura de púrpura, indigo, vermelhos... Aliás, Vitrúvio aconselhava a não utilizar a cor pura, mas antes misturá-la com mel para manter o brilho. Com ou sem mel, a verdade é que o púrpura real, este púrpura dedicado às divindades, parecia cada vez mais brilhante com o tempo, não desbotando quando exposto ao sol, pelo contrário.

Branco de chumbo
o branco de chumbo foi muito utilizado na Europa do século XVII, mais ou menos, principalmente pelos pintores flamengos. um bom exemplo é vermeern este quadro onde o branco de chumbo se apresenta no toucado da senhora que bebe, como podemos ver pela textura granulada do mesmo que se deve aos compostos da cor. A razão pela qual vemos este branco nas pinturas do norte da Europa deve ao facto de o seu processo de ser originário daquela parte da Europa e só mais tarde, no século XIX ter chegado a França. Mas ao longo do tempo, o processo de produção do branco de chumbo foi mudando, razão pela qual, apesar de aplicado desde a Antiguidade, em muitos casos não ter sobrevivido. Apesar de conferir à tela grande luminosidade, o branco de chumbo tinha um problema: o chumbo! O chumbo era tóxico e as pessoas sabiam que era tóxico, mas mesmo assim continuavam a usá-lo. O branco de chumbo foi mais tarde substituído pelo branco de titânio, menos radioactivo do que o de chumbo, mas também menos poderoso em termos de estrutura. Era usado na pintura a óleo e nunca em fresco.













Vermeer
The wine glass
1658-1660
Gemäldegalerie, Berlin


Lápis lázuli
Pensa-se que o lapis lazuli foi o pigmento mais caro alguma vez criado, mais caro até do que o seu peso em ouro, o que faz sentido se pensarmos que esta cor vem de uma pedra semi-preciosa com o mesmo nome. O seu uso faz-nos recuar até ao século VI, no Afeganistão (onde as pedras podiam ser encontradas no rio Kokcha, mas a sua popularidade realmente disparou com o apoio dos ricos patronos do Renascimento que queriam este azul nas vestes de Maria e Jesus, nas pinturas religiosas. Ainda pode ser comprado aqui. Se alguém quiser oferecer-me lapis lazuli numa peça de joalharia, também não me importo.

Sangue de dragão
uma lenda do século XVI diz-nos que este pigmento surgiu da mistura de sangue de dragão com sangue de elefante. A lenda diz-nos que os dragões queriam o sangue dos elefantes porque era um sangue frio. para tal os dragões deitavam-se à espera que os elefantes passassem, agitavam a cauda de grandes dimensões e batiam com esta nas patas posteriores do elefante, esperando que eles caíssem sobre a cabeça do dragão que com o seu veneno matava o elefante e fazia com se o sangue saísse. a verdade no entanto é muito mais chata. o sangue de dragão vem de uma planta chamada Dracena, originária da Indonésia, Austrália, Madagáscar... Com o tempo o sangue de dragão deixou de ser utilizado por uma de duas razões, ou mesmo pelas duas. Por um lado porque não muito adequado como pigmento e mais como uma espécie de verniz. Por outro porque o mistério em torno do nome, e por consequência, em torno das batalhas entre elefantes e dragões deixou de ter interesse à medida que os bestiários deixaram de incluir certas bestas!

castanho mumia
não peçam para explicar o nome deste pigmento pois até para mim é estranho. este castanho múmia devia o seu nome à origem: vinha de múmias egípcias humanas e animais, misturadas com piche e mirra. tem por isso origem no antigo egipto só chegando à europa no século XVI. Esta cor continuou a ser usada, independentemente da sua origem macabra, pois desde a idade média se acreditava que as múmias tinham poder curativo, bem como a mirra e o piche. A partir do século XVI a europa começa também a trabalhar no negócio das múmias, devido ao valor que ganhavam no ocidente, não só como elementos artísticos e culturais, mas também como forma de estudar o corpo humano e as soluções para o mesmo dadas por outras culturas. o resultado era bom: uma cor que servia muitas vezes para sombrear, principalmente para os pre-rafaelitas, mas que, devido à sua origem animal, tinha tendência a abrir fendas. para além disso, era uma cor facilmente falsificada, como o eram as múmias, vista com maus olhos pela igreja e a necessidade mórbida das múmias não era insubstituível, já que era possível fazer o mesmo com outros componentes. Burne-Jones quando soube chegou mesmo a enterrar um tubo de mummy brown em sinal de desagrado. quem o conta é o seu sobrinho Rudyard Kipling (sobrinho de Georgina, viúva de burne-jones). se quiserem saber mais, é clicar aqui














Michel Martin Drolling 

L'interieur d'une cuisine
1815


amarelo indiano
o amarelo indiano surgiu da urina do gado da índia, de Bihar, alimentado com folhas de mangueira e água. a urina era recolhida e depois evaporava de forma a deixar apenas uma espécie de pedras (até se dizia que eram cálculos renais dos animais) que tinham de facto cor amarela. quando a cor se tornou mais utilizada, foi necessário produzir mais pigmento, o que implicava mais cálculos e sub-nutrição do gado para que tal fosse conseguido. o que fez com que no início do século XX a técnica tenha sido banida por ser desumana. a cor chegou à europa através dos flamengos, mas só nessa parte da europa foi aplicada na pintura pois na restante, não teve sucesso.

Verde de Scheele
Este pigmento, tóxico foi descoberto de forma acidental na Dinamarca em 1775 por um cientista chamado Carl Wilhelm Scheele. Este verde era um verde muito claro, parecido com o verde esmeralda e que era muito famoso entre os jovens pais que adoravam o tom de verde para o quarto dos filhos. Era uma cor usada também em flores artificiais, velas, brinquedos de crianças, carpetes e roupas e manteve-se na moda durante muito tempo (quase um século, o que atendendo à rapidez com que as tendências de moda mudam actualmente, é um feito). Havia mesmo notícias do século XIX que davam conta de mulheres em vestidos verdes que desmaiavam. No entanto - e no caso das crianças - era mortal devido ao facto de estar presente, na constituição do pigmento, o arsénico. Napoleão morreu em Santa Helena de forma misteriosa. Dormia num quarto pintado de verde (não se sabe se verde de Scheele), a sua cor preferida, e aquando das análises ao seu cabelo, descobriu-se nele arsénico.
















Kersting
Woman Embroidering

1811
Goethe Nationalmuseum Weimar





Ouro-pimenta
O Ouro-pimenta, como o nome indica, era tóxico. Quer dizer, o nome não indica nada disso. O ouro-pimenta era feito de arsénico e sulfureto e por isso, muito tóxico, com um cheiro nauseabundo e ainda por cima, reactivo quando exposto a outras substâncias. Por exemplo, quando se juntava o ouro-pimenta ao branco de chumbo, o resultado era o preto, por reação do chumbo com o sulfureto. Para além disso era uma cor que com o tempo oxidava e que tinha tendência para se destacar da superfície da tela. Outro nome para este pigmento era "amarelo real", nome este que era mais usado no século XVII, XVIII principalmente entre os artistas alemãs que misturavam este amarelo com azul para fazer o verde das paisagens. O nome ia mudando consoante o tipo de cor, pois o pigmento poderia ter desde uma cora avermelhada, laranja ou amarelo. Podemos imaginá-lo nesta página do manuscrito dos irmãos Limbourg. Em cima, a veste verde, foi obtida a partir da mistura do ouro-pimenta com azul.


















Herman, Paul, and Jean de Limbourg 

Belles Heures of Jean de France, duc de Berry (folio 136r)
The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque




Negro de marfim
eu sei, parece estranho. deveria ser como aquela canção, mas neste caso o negro não é de ébano, mas de marfim. o marfim é composto por 60% de matéria inorgânica como fósforo e cálcio, enquanto a parte orgânica é sobretudo colagéneo e lípidos. este negro era proveniente do corno de elefante depois de carbonizado, método este que, segundo Plínio, foi inventado por Apelles. Claro que ao longo do tempo, o negro de marfim foi dando vez a simples negro de outro qualquer corno. O negro obtido era tão profundo que terá encantado Rembrandt ou Hans Holbein como o mostra este quadro. Vejam como é brilhante e austero o negro das vestes.


















Hans Holbein


Christina of Denmark, Ducchess of Milan (pormenor)
1538
National Gallery, Londres


Sépia
O sépia... não é que esteja desaparecido, mas os ingredientes principais para obter o pigmento eram difíceis de encontrar. O pigmento vinha da tinta de animais como os chocos ou as lulas. uma quantidade muito pequena desta tinta era capaz de tingir e tornar opacos litros e litros de água.
  























Goya 

Sharing the Old Woman
c. 1810
Musée du Louvre, Paris


Esmalte
O esmalte vinha, e vem do vidro de cobalto, do pó desse vidro. Era uma cor que estava ao alcance dos pintores de tal forma que foi muito usado pelos pintores do Renascimento, do Maneirismo, mas também por Vermeer e Holbein. (Neste caso de Veronese o esmalte está no céu)


















Paolo Veronese
Allegory of Love, I: Infidelity

c. 1575
National Gallery, Londres

Gamboge (açafrão ou mostarda)
Não sei o nome em português. A avaliar pela cor em si, diria que gamboge poderia ser o nome para "açafrão" ou "mostarda". Era um pigmento dentro desta gama, que vinha de uma resina acastanhada que por sua vez era retirada de árvores da Ásia, principalmente Cambodja (local de origem do nome, talvez). Este pigmento reagia com algumas cores, principalmente com as aplicadas em frescos, razão pela qual não devia ser aplicada nesse tipo de pintura mural. não é fácil encontrar este pigmento nas pinturas pois geralmente está misturado com outras cores, mas segundo estudos, existe pelo menos uma pintura de Rembrandt e outra de Turner onde o pigmento está presente.  


outras cores: verde lírio; amarelo de urânio; verdete 
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois e antes ou como isto não é bem o que eu queria. o que eu queria mesmo era uma mistura entre isto:

















Juan van der Hamen
Still Life with Flowers and a Dog
c. 1625-30
Museo del Prado, Madrid


isto:

















Willem Kalf
Still-Life with a Late Ming Ginger Jar
1669
Museum of Art, Indianapolis


e isto:












Evaristo Baschenis
Still-life with Musical Instruments
c. 1650
Accademia Carrara, Bergamo


para obter, com alguma imaginação, a parte esquerda disto:
Valentino
Fall/Winter 2013
por Inez e Vinoodh

Trata-se da campanha de 2013 da casa Valentino fotografada por Inez & Vinoodh e que pega no tema da natureza-morta, que neste caso inclui uma vanitas moderna (as jóias, os sapatos) para dar a conhecer os acessórios da marca valentino. o lado direito da fotografia apresenta a modelo com um modelo da casa valentino. posso dizer-vos (sim, sim, pois, está bem...) que desde os anos 90, com os modelos do Valentino (himself) sem vermelho, não via nada tão lindo na casa valentino. há cerca de 2 ou 3 anos as colecções da marca têm sido muito boas. não sei se o valentino ficaria feliz, mas acho que deveria ficar porque estes dois designers novos que lá estão foram uma lufada de ar fresco um pouco barroca sem ser vulgar. adoro os vestidos capa e o trabalho com a renda total. bem, mas vou ao que interessa: embora de facto a imagem da campanha, do lado esquerdo, nos remeta para as imagens em cima, a do lado direito levanta aqui uma questão: aquele estampado que tem, segundo me parece, tulipas (sabem que as tulipas, no século XVII atingiram preços astronómicos na Flandres.). mas apesar da dupla de fotógrafos se ter esforçado, eu cá acho que o estampado do vestido está mais para papel de parede William Morris do que natureza-morta. ora vejam lá:
William Morris
- não vai mais vinho para essa mesa -
quando andava na escola primária a dona alcina perguntou:
- quem sabe que carne que o Homem come? Exemplos...
e o pessoal lá foi respondendo "frango", "porco", "carneiro", "vaca". eu levantei o braço muito excitada por ir dizer algo que ninguém tinha dito e disse "atum"! A dona alcina respondeu:
- atum? mas atum não é carne?
- o meu pai diz que sim. ele diz que o atum é a carne do mar!

(e eu, feita parva, acreditei. aliás, havia um anúncio a atum em lata cujo slogan eram "atum não-sei-quê, a carne do mar")
- não vai mais vinho para essa mesa -

os criadores e as criaturas (vi aqui)




















Alexander Calder














irmãos Duchamp


















Picasso



















Jackson Pollock















Claes Oldenburg

(como diria a Elmyra dos Looney Tunes: "i'm gonna hug you, and squeeze you and give you a bath...")
ah meus amigos! isto está tudo uma grande confusão. 

terça-feira, agosto 06, 2013

para perceber a arte do renascimento e a arte moderna

(dica do Paulo)

segunda-feira, agosto 05, 2013

estou a escrever um artigo para um livro e por isso preparo os posts para o belogue mais lentamente. não fiquem para aí a pensar: "ena, ela é importante. até escreve artigos!". na verdade é o meu primeiro artigo e é numa área que não domino, razão pela qual estou insegura e nervosa. e gorda, merda