sexta-feira, março 18, 2011

puff... que semana idiota! estive todos os dias calada, triste, a fazer aos outros perguntas em cima de perguntas para poder ouvi-los falar e assim não ter de falar mim... que parvoíce. e nem sequer sei porque é que me sinto assim. quando disse na segunda ao psiquiatra que me sentia agora muito mais triste do que quando não tinha peso nenhum ele disse achar natural. que mesmo a pior sensação era melhor do que a apatia, mas isso não me fez sentir melhor.

terça-feira, março 08, 2011

- original soundtrack -

I never thought I could forget you
I never thought I'd be the man I am now
Just 20 seconds since I left you
'Cause I could never be your lover
I found another girl to mess me around
So you don't get to make me suffer

Look into my eyes
There's really nothing left to lose
But now I know
That I'm never coming back to you
Refren:

Love grows cold
Blood, tears and gold
Won't make it any better
I never let you down baby [baby]
I never let you down baby [baby]
And it won't get any better
Blood, tears and gold.

It's 20 seconds since I left you
And I remember why I never looked back
I got no reason to forgive you
I see it in your eyes
The suffering it hides the blue
But I know that it's never gonna hide the truth

Blood, tears and gold
Won't make it any better
I never let you down baby (baby)
I never let you down baby (baby)
And it won't get any better
Blood, tears, and gold
Won't make ït any better

- não vai mais vinho para essa mesa -

[apresentador de televisão, na RTP1 a falar de Ben Ali e da Tunísia]
- Foi ele que proibiu as madrassas na Tunísia e portanto, com a proibição das madrassas, das escolas de bíblia colocou a Tunísia...

[bíblia???]


- ars longa, vita brevis -
hipócrates

No dia e hora em que escrevo este post, a alergia ataca-me fortemente. tenho o pingo ao nariz e sinto-me febril. assim, se o post não for grande coisa, desde já desculpem-me.

agora que estou a estudar a arte medieval percebo que cada vez gosto mais desse período e que nem a obrigação de ler a Bíblia tornam a tarefa penosa porque, vendo bem, não é uma obrigação. descobrimos ao longo destes tempos de Belogue coisas importantes pois foi no início da arte paleocristã, no início do milénio passado que a religião cristã começou a ser construída. existem, por exemplo, nomes gregos para as posições em que a Virgem Maria é retratada em Maestas (em majestade). são emitidas pela bíblia, directrizes quanto aos alimentos a consumir e os que devem ser eliminados da dieta do ser humano. entre o que era preconizado os teólogos destacavam a necessidade de os homens comerem menos alimentos que pudessem constituir uma tentação da carne. uma das formas preferidas para retratar estas tentações era o talho que, durante o século XVI, não era apenas uma natureza morta, mas também a forma de alertar para a crescente materialização que este século viu surgir. o quadro de Carracci é quase uma encenação: primeiro porque se chama a loja do talhante (e não talho e como tal, tem uma montra. mais do que um talho, é uma loja) e depois porque as personagens estão viradas para fora, para o público como se estivessem no teatro. do lado direito um dos ajudantes do talho segura uma carcaça de vaca, outro, ajoelhado no chão, encontra-se prestes a matar uma ovelha e o terceiro prepara uma balança, ajustando os pesos. o talhante retira um gancho com carne e no fundo, atrás do talhante, espreita uma mulher que olha para a carne enquanto todas as personagens posam em primeiro plano.

este quadro e este antes e depois são apenas um dos muitos antes e depois que o tema do boi esquartejado suscitou. já em 2006 tínhamos postado aqui este tema que não era só uma forma de natureza morta (como no caso de Rembrandt), nem apenas uma forma crua de expressionismo (caso de Chaim Soutine) ou de mostrar a visceralidade da performance (Hermann Nitsch). era também, ou pelo menos serviu de inspiração para Dai Rees conceber as peças que estão ali em baixo e que, juntamente com outras fizeram parte da exposição Aware: Art Fashion Identity na Royal Academy of Arts. esta exposição tinha como objectivo mostrar como os artistas e os designers entendiam a roupa, não como cobertura do corpo, mas como forma de comunicar a nossa identidade. aliás Hussein Chalayan e Yinka Shonibare conceberam modelos propositadamente para esta exposição.
Annibale Carracci
Butcher's Shop
1580
Christ Church Picture Gallery, Oxford

Dai Rees
Carapace Triptych The Butchers Window
- o carteiro -
não sei se este post vai ser do vosso agrado. do meu não é inteiramente porque gostaria de ter mais bases em teologia para explicar e expor a questão dos ícones com toda a clareza e de forma abrangente, mas como ainda não cheguei aí (e não tenho bibliografia e tenho tido o que fazer), trago (-vos, isto se estiver alguém desse lado) algumas considerações sobre Maria Theotokos; ou seja, Maria em Maestas, em Majestade. nem sempre o papel de Maria foi este, de rainha do céu e mãe de Cristo. e se falo disto é porque não só descobri que a construção da importância de Maria não foi pacífica, como a mesma esteve sujeita a muitos condicionalismos não só teológicos, mas também figurativos. por exemplo: apesar de Cristo ser Pai, Filho e Espírito Santo, os diferentes concílios tiveram de estabelecer se assim Maria era mãe do Pai ou do Filho; ou seja, se fosse mãe de Deus seria Theotokos, mas se fosse mãe de Cristo seria apenas Christotokos. Sei que hoje diríamos que ela é mãe do filho, de Cristo, mas como ser mãe de Cristo e ele ser três coisas, sem ser mãe de todas as três. Estas eram questões que assaltavam os teóricos da época já que os escritos incluídos na Bíblia falam escassamente em Maria (acho que ela só fala uma vez no Novo Testamento) e os restantes eram considerados apócrifos. Da mesma forma foi necessário criar um passado para Maria - não obstante o seu "futuro" ter acabado com a morte do filho. Assim quando hoje celebramos a Imaculada Conceição não o fazemos porque Maria concebeu sem pecado (diz-se que Maria é Virgem antes, durante e depois do nascimento de Cristo). Celebramos pois a Igreja criou a figura de Ana e Joaquim, ambos pais de Maria, também ela concebida sem pecado. Por isso é que é Imaculada. Nem poderia ser de outra forma pois uma mulher que concebe sem pecado tem também ela de ser concebida sem pecado.

As preocupações com a importância de Maria num contexto paleocristão - em que o Cristianismo estava ainda a ser implementado como religião do Estado e por razões políticas e em que a morte de Cristo ainda estava muito presente e portanto, era necessário ser o mais fiel possível já que São João, por exemplo ainda estava vivo e não se podia deturpar a sua memória, e ser ao mesmo tempo o mais persuasivo possível - estendem-se até à sua representação e principalmente a esta. Hoje não notamos mas a iconografia de Maria (que no Ocidente foi muito alterada com o passar dos séculos e no Oriente, devido à crise iconoclasta, ficou praticamente inalterada) tinha regras às quais obedecia. Segundo o Cristianismo Ortodoxo existem cinco representações da Virgem: em oração ou Oranta, a que guia ou Hodigitria, a terna ou Eleusa, a Misericordiosa ou Panakranta e por fim a Intercessora ou Agiosortissa. Uma das mais antigas é a Oranta, Panagia ou Senhora do Sinal; ou seja, Maria em oração que se apresenta de frente para o observador, de pé, com os braços abertos e flectidos a rezar como se fazia antigamente e um pé mais avançado face ao outro. Na sua base é Maria em oração; ou seja, Oranta, mas no Oriente era chamada de Panagia ou Platytéra ou mesmo Senhora do Sinal pois o momento em que esta imagem é captada é o momento da Encarnação, como dito por Mateus: "Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel, que traduzido é: Deus conosco". Em todas elas Maria pode ter na seu seio o Menino numa mandorla ou até a sair de dentro de um cálice.

Uma outra, a Agiosortissa ou Deésis, mostra Maria posicionada ao lado de Jesus, geralmente do lado direito Dele ("À vossa direita Senhor a Rainha dos Céus ornada do ouro mais fino"), esquerdo da pintura, a olhar para o lado esquerdo onde se encontra Cristo ou um ícone Dele. Se bem que, segundo a imagem que aqui mostramos, a partir do momento em que ela está a olhar para ele, ele é que é o ponto fulcral da pintura e não ela. Mas adiante... esta figuração da Virgem é para mim muito complexa pois a nomenclatura não é consensual e para além disso há misturas; ou seja, há por exemplo Panagia Agiosortissa.

Para além destas que referimos encontramos outro tipo que na minha opinião é também passível de confusões. Chama-se Panakranta com Misericordiosa e apresenta-se como a Panagia, mas sentada com o filho no colo. Ela está de frente para nós e ele também como se ambos estivessem a presidir ao trono do Mundo; ou seja, são ambos figuras reais. Esta representação vem de uma determinação do Concílio de Calcedónia por volta do ano 400 que dizia que tanto Maria e Cristo presidiam ao destino do Mundo.


Segue-se a Hodigitria e por fim a Eleusa que parecendo que não, têm diferenças entre si. A Hodigitria é a Virgem que tem o filho ao colo e aponta para ele com a mão direita, enquanto o Menino aponta para a frente ou ergue dois dedos em sinal de benção também com a mão direita enquanto a esquerda segura (dependendo das representações) um pergaminho. Como ela aponta para ele e ele é o caminho, ela chama-se também a Virgem que guia. João escreveu: "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (João, capítulo 14, versículo 6).
Por fim apresentamos a Eleusa que parece igual à Hodigitria, mas é diferente. Há de facto uma razão para se chamar "a Terna" já que mãe e filho estão de faces coladas numa alusão à relação entre afectiva, mais do que à relação de sangue. Aparece aqui a ideia de maternidade, que não existia nas outras imagens. Para além de muitas vezes surgirem de rosto colado, também é possível ver o Menino com a mão estendida para o rosto da mãe e a tocar-lhe embora a Virgem esteja sempre a olhar de frente para o observador. Existe uma variante deste tipo que é a Virgem do leite ou a Galaktotrophousa e que se encontra a amamentar o Menino.
E com esta me fico. Sei que já há muitas coisas escritas sobre a iconografia da Virgem, mas queria também escrever. Talvez esteja incompleto, mas que se lixe.
- o carteiro -


[1]
Diário de Portvgálius:
Apesar de Santana querer formar outro partido, Portugal não quer formar outro Santana.
Futebolistas em greve por cachecol ter sido banido prometem não usar cuecas.
Preço do algodão aumenta e portuguesas prometem só vestir seda.

[2]
Muito barulho para nada
Modelo da última colecção de John Galliano Outono Inverno 2011. O desfile que não contou com a presença do costureiro tinha poucas pessoas e poucos modelos (19 quando o normal é ter entre 45 a 60). A fotografia não é inocente.

[3]
E para a sobremesa...
Adivinhar o nome das bandas. A solução está aqui.
[4]
Talvez não tenha postado nada de jeito, mas pelo menos faço-o com convicção.