quinta-feira, agosto 14, 2008

- não vai mais vinho para essa mesa -

o país é um bom país, o povo é pacífico o clima é bom, mas o povo só faz duas de muitas coisas: enfia-se em centros comerciais ou atafulha as praias, exactamente as mesmas para onde vai o resto do país que com elas passa o resto do ano. E apesar do bom clima, mesmo no Outono quando o sol ainda espreita ou no início da Primavera quando o sol já espreita, lá está o país enfiado em centros comerciais, a comer o que o resto do país come, a ver o que o resto do país vê. A troca de experiências não deve ser muito gratificante. E quando há quase uma guerra o país sente-se enfadado “porque é aqui na Europa e as férias estavam a correr tão bem. Que chatice. Ainda se fosse uma criança desaparecida no Algarve, a gente sempre podia ir em romaria para lá, esperar que uma estação de televisão nos entrevistasse. Ou se fosse os fogos… Fazíamos uns rissóis e comprávamos umas colas e íamos lá ver aquilo. Agora lá longe! Que maçada! Que maçada porque é longe, mas ainda é aqui.” Depois a guerra amaina, como o mar ao fim da tarde (que não amaina, como a guerra não amaina. A maré é que começa a descer. Diz-se que um exército nunca bate em retirada: dá meia-volta e regressa pelo mesmo caminho). E quando a guerra amaina toda a gente volta para o seu Codex não-sei-quantos.

3 Comments:

Blogger AM said...

não há guerra, é como a sardinha e o relvado com a vaca da vizinha, como a nossa guerra... zinha
provincianos até ao tutano... o que é que é nós havemos de a-fazer...
p'ro algarve suprónia
que o tempo tá 'stupendo...

14/8/08 10:27 da manhã  
Blogger João Barbosa said...

gostei dos rissóis... comia mais dois

14/8/08 4:44 da tarde  
Blogger Belogue said...

Caro AM:
ainda há um bocadinho apanhei um poema (mas já o deixei fugir), acho que de Alexandre O'Neill. Um bocadinho acre, mas que se encaixava bem aqui. quando disse que o povo é pacífico queria mesmo dizer que o povo é (desculpe-me a expressão) corno. sempre de olhos baixos a dizer "senhor doutor, senhor doutor", sempre subserviente, com dores na nuca de baixar a cabeça.

Caro João barbosa:
E pataniscas (mas com bacalhau mesmo, e sem farinha, que ao fritar ficam escuras), e uns panados, e umas coxinhas de frango de churrasco, e um pão de leite com fiambre... ai que bom que era quando a comida não era uma preocupação.

15/8/08 1:20 da manhã  

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