- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou “como o Nascimento de Vénus fica sempre bem na publicidade” ou “como cada vez se torna mais difícil fazer comparações entre os antigos e os modernos” ou “como depois do anúncio da De Beers, surgiram mais anúncios publicitários onde se comparava o produto à Vénus de Botticelli. No caso da De Beers era óbvio o porquê da analogia uma vez que a publicidade, sendo aos diamantes, pretendia associar-se à imagem de uma das mulheres mais belas do mundo. Para isso escolheram uma imagem que fosse facilmente reconhecida, que fosse de beleza inquestionável (o facto de ser considerada uma “obra-prima” ajudava. Não tinha o carácter duvidoso da Mona Lisa), que fosse uma mulher sobrenatural e intocável (uma deusa). No caso do suplemento cultural “Le Mad” do “Le Soir” a tentativa foi de associar a beleza à cultura e dizer que estas duas não eram incompatíveis. Vemos como uma mulher faz de Vénus, da Vénus de Botticelli e como, atrás dela se aproxima um homem, não muito bonito, baixo e careca, com fraco gosto na aparência e com um ramo de flores para oferecer à rapariga dos seus sonhos. O lema do suplemento é mais ou menos assim “O seu encontro semanal com a cultura”. No terceiro caso a rede de hotéis Renaissance Hotels capitalizou o seu próprio nome produzindo publicidade que associava a cadeia de hotéis a pinturas famosas do Renascimento. Este Nascimento de Vénus produzido para publicidade está muito bem feito porque a modelo que faz de Vénus posa junto à piscina, como a Vénus no quadro de Botticelli posa junto à praia. No anúncio Zéfiro foi substituído por um empregado do hotel que lhe oferece, não o vento, mas uma bebida e outro que lhe oferece um prato de aperitivos. Do lado direito está o modelo que faz de Flora, a deusa das estações do ano, que lhe oferece não um manto, mas sim uma toalha da piscina.
Sandro Botticelli
The Birth of Venus
c. 1485
Galleria degli Uffizi, Florença
De Beers
2007
Le Soir, Le Mad
Botticelli
2008
2008
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