terça-feira, fevereiro 03, 2009

- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou “como vocês bem sabem que não gosto de El Greco; acho tétrico, arrepia-me e não daria um tostão para ver um museu dele. Eu sei, é feio dizer isto, mas não gosto. Um museu El Greco, como existe um em Toledo, seria mais ou menos o mesmo que caminhar por uma sacristia churrigueresca, no fim de uma tarde de Inverno, à luz dos sírios pálidos e dos ex-votos de cera em forma de pés e de mãos… ugh. Tenho que dizer, mais uma vez que neste post El Greco não sai bem visto, principalmente quando colocado ao lado e em comparação com Dürer. Mas vamos lá ver o que aconteceu. Dürer fez esta xilogravura antes da pintura de El Greco e temos de concordar que é espantosa. (Para quem não sabe, a xilogravura é o produto da xilografia, técnica que consiste em escavar ou esculpir uma placa de madeira e fazer do desenho um carimbo. Isto muito resumidamente) Dürer pegou na madeira e como em muitos outros trabalhos, esculpiu-a ao pormenor. El Greco seguiu-lhe o estilo. O quadro do pintor grego foi encomendado para o altar de Santo Domingo el Antíguo em Toledo e é apenas uma parte de um retábulo. Aliás, esta parte está colocada por cima da Assunção (salvo seja!). E apesar de El Greco voltar frequentemente aos seus temas, a este tema da Trindade não voltou. Nele vemos o Pai (à direita, de mitra na cabeça, embora seja uma mitra diferente daquela que Dürer criou), o Filho e o Espírito Santo (a pomba por cima de Pai e Filho). Vemos também umas pequenas cabeças de putti debaixo do braço do Pai, mas a mim parecem-me carraças!
A referência a Roma é notória na coloração que está muito próxima da usada pelos artistas de Roma em detrimento da coloração típica dos artistas venezianos. Podemos facilmente relacionar a posição do corpo e o efeito pesado do mesmo com a Pietá de Miguel Ângelo, o que é estranho em El Greco. Os seus quadros e as personagens que neles habitam são sempre etéreas e quase fantasmagóricas. El Greco pinta o corpo de Cristo com o peso necessário para tornar a cena minimamente real (ou credível) e depois veste o corpo nu do Filho com panejamentos mais fluidos e muito ao estilo “grequiano”. [que eu detesto, diga-se]:
Albrecht Dürer
The Holy Trinity
1511


El Greco
The Holy Trinity
1577
Museo del Prado, Madrid

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

LOL (pedi licença natal 2008)
não tenho nada contra o Greco! acho interessante a paleta de cores e os seus retratos !

3/2/09 4:32 da tarde  
Blogger João Barbosa said...

Ena! já me sinto melhorzinho... tomei duas Águas das Pedras, três Alkaseltzer, 1 Eno e quatro iscas... não sei se é de não a ter lido de manhã que fiquei tão amargurado.
.
só tenho a dizer que a apludo... e também não gosto do Greco

3/2/09 7:01 da tarde  
Blogger AM said...

estou com a beluga
acho a paleta do Greco demasiado technicolor

4/2/09 8:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Obrigada Am , é por isso mesmo que gosto, é muito Technicolor

4/2/09 9:07 da tarde  
Blogger Belogue said...

Cara Maria:
LOL aceite, mas só porque no Natal preencheu o papel azul de 25 linhas, só porque fez o requerimento...
Desculpe, mas bem sabe que não gramo El Greco. Não faço por mal, é que tenho uma reação quase de repulsa ao que ele pinta. É o meu corpo que rejeita!

Caro João Barbosa:
Mas as 4 iscas (presumo que de fígado), não anulam o efeito dos efervescentes?
Também sente aquele arrepio na espinha quando vê alguma coisa dele? (arrepio no sentido "hummm, creepy!!")

Caro AM:
Ele nem costuma ser assim, até é mais contido, mas neste quadro deu-lhe e as cores, bem como a forma como ele pinta, tudo muito fantasmagórico, roça a parolice.

4/2/09 11:45 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

LOL (outra vez é mais forte do que eu )
Pobre greco ! compreendo e aceito o vosso desconforto ... mas tb é mais forte do que eu acho talvez que seja excitante o roçar a parolice...

5/2/09 1:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido pelo autor.

14/3/09 7:59 da tarde  

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