sexta-feira, janeiro 30, 2009

- o carteiro -

novas, velhas e assim assim do mundo da arte:
Foi erigida uma escultura gigantesca em bronze, em forma de sapato, em homenagem ao jornalista iraquiano que se tornou famoso por atirar os sapatos a Bush no dia 14 de Dezembro de 2008 quando o presidente americano visitou o Iraque. Dentro do sapato que está três metros de altura acima do solo foi plantada uma árvore e o sapato foi colocado em Tikrit, a cidade natal do ditador já falecido Saddam Hussein. Um arbusto de rosas (arbusto=bush em inglês) foi ali plantado, junto ao sapato gigante que por seu turno foi colocado junto a uma fundação iraquiana que cuida de crianças cujos pais foram vítimas ou morreram durante a a invasão americana do Iraque. A fundação nega as acusações de que a escultura teria sido patrocinada por um partido político ou organização.
O trabalho do artista iraquiano Laith al-Ameri é ainda acompanhado por um poema "ao pé" (literalmente) do sapato, e tem como função louvar essa grande acção (para os iraquianos e para a Comunicação Social) levada a cabo pelo jornalista iraquiano.

[O Prémio- Irving Wallace]
Dois meses depois do prémio Kandisky para melhor projecto do ano ter sido atribuído a Alexey Beliayev-Guintovt, a controvérsia permanece. Tudo começou a 10 de Dezembro na cerimónia de entrega de prémios quando o vencedor de 2007 de seu nome Anatoli Osmolovsky, insurgiu-se quando anunciaram o vencedor de 2008. Nos dias que se seguiram, também o mundo da arte, pelo menos o russo, afirmou não concordar com a escolha tão conveniente de um artista assumidamente "ultra-nacionalista e fascista", que representa bem o estilo Estalista e a estética da era de Estaline. Poderia dizer-se apenas que o homem é um saudosista, mas de facto é um adepto da ala direita da política russa que, ao que parece, não se coibiu de mostrar a sua satisfação ao receber o prémio fazendo uso de um gesto fascista.
O problema deste prémio não é ser pró-Putin, mas ser pró Euroásia e por consequência, anti-Ocidente, virando a Rússia mais para si própria e menos para o exterior.
Enquanto isso, Alexey Beliayev-Guintovt viu as suas encomendas aumentarem 30%.

[The Truman Show, ou para os amigos, The Saatchi Show]
Charles Saatchi, o padrinho da arte inglesa vai patrocinar uma espécie de Factor X (Chuva de Estrelas para nós) do mundo da arte. Procura não o melhor cantor, mas o melhor artista plástico. Saatchi foi um dos promotores dos YBA nos anos 90 e vai presidir ao concurso de talentos que irá ser transmitido pela BBC2 no final deste ano e o vencedor terá o seu trabalho exposto no museu Hermitage de São Petersburgo em Outubro. Depois a exposição vai até Inglaterra ("quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou não tem arte"), mais concretamente até à nova galeria Saatchi em Chelsea, embora Charles Saatchi se tenha proibido, pelos regulamentos por ele aprovados, de comprar a colecção. Deixa estar Charles é a "arte pela arte". O mais curioso é que Saatchi, que raramente dá entrevistas ou aparece nas inaugurações por ele promovidas, vai dar a sua opinião como membro do júri, mas a mesma não pode ser ouvida ou vista.
Para concorrer basta ser inglês, aceder a http://www.submityourart.com,/ a partir do próximo mês e estar disposto para, se for um dos seis finalistas, passar 3 meses num acampamento artístico onde os seus talentos para a arte serão monitorizados.
Gordon Brown tinha um sonho: antes de se despedir de chefe do governo inglês queria deixar como legado um British History Museum. Mas uma última revisão do seu próprio gabinete desaconselhou-lhe o voo. A ideia de um museu que se debruçasse sobre a História Britânica remontava a 2007 e tinha sido formulada pelo antigo Secretário da Educação, Lord Baker e envolvia pessoas como Dame Vera Lynn, Sir Richard Branson, David Cameron (o líder conservador, não confundir com James Cameron), entre outros. Gordon Brown apoiava, desde essa altura, o museu que segundo ele se iria centralizar na narrativa da história britânica bem como mostrar como essa história moldou o povo britânico, lhe enraizou costumes e valores. Depois disso, o plano seguiu para o Departamento de Museus, Livrarias e Arquivos de Inglaterra que emitiu, no ano passado, um parecer desfavorável, parecer esse que nunca havia sido revelado. O parecer diz que um museu nos moldes tradicionais como pretendia Brown iria falhar no seu objectivo de atrair visitantes do próprio país. Ou seja, o museu de História Britânica seria, segundo este parecer, um museu não para os britânicos, mas para os turistas e isso iria subverter a ideia subjacente à criação do próprio museu cujas linhas de orientação Brown traçou. E cujas linhas de orientação foram rejeitadas pelo seu gabinete.

2 Comments:

Blogger João Barbosa said...

A propósito da escultura do sapato... Diga-me se concorda comigo: Se Portugal um dia for um país decente irá homenagear o seu proverbial tráfico de influências (cunha) e o favorzinho (almoço, lembrança, dinheirinho) erguendo uma monumental estátua em forma de luva.

30/1/09 10:52 da tarde  
Blogger Belogue said...

acho que irá erguer uma monumental estátua em forma de mão aberta que sempre é cotonete (dá para os dois lados); ou seja, uma maõ aberta que recebe as luvas e uma mão aberta que também pode dar porque o povo português é generoso e o nosso primeiro ministro também é muito generoso com certas indústrias que neste momento passam por dificuldades. E porque uma mão pode dar um chapadão a um cão que faça ali xixi ou a um construtor civil que não queira "colaborar".

3/2/09 12:50 da manhã  

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