sexta-feira, janeiro 09, 2009

- ars longa, vita brevis -
hipócrates
Antes e depois ou “como diria o outro “Eh pá, por aí não que bai dar uma ganda bolta”. Isto hoje não tem nada de artístico nem literário. Não há comparações entre escritos religiosos nem escritos pagãos, não há comparação entre pintura, escultura, desenho, fotografia ou arquitectura de um período e performances e instalações de outro. Não há semelhança visual. Há é uma “ganda bolta”; ou seja, o antes e depois de hoje é quase uma private joke que depois de exposta deixará de ser piada privada para passar a ser constatação pública. Peço desde já desculpa se frustrei as vossas expectativas, mas às vezes uma pessoa tem de dar lustro ao neurónio, colocá-lo cá fora para arejar e ver como é que o rapaz capta os estímulos. E este captou bem. Pelo menos é o que eu digo. E como é ele que diz por mim, ele fará dele as minhas palavras ou vice-versa. Mostro-vos em primeiro lugar um quadro de Tiepolo que se intitula “A Glorificação de São Luís Gonzaga”. Não conhecia o santo e fui “inbestigáááár” aqui nos livrinhos. Eis senão quando, vi o seu nome no dicionário de santos de Georges Daix (que por acaso, deixa que te diga George, é muito incompleto, rapaz. Falta muito santo e outro tem que nem duas linhas ocupa. “Santa Maria Gorete”? Valha-nos Deus!). São Luís Gonzaga pertenceu à família dos duques de Mântua (aqueles para quem Mantegna pintou). Era o primogénito e estava destinado a continuar o legado marcado pela violência. Naquela altura os diferentes ducados de Itália lutavam pela sua independência e sobrevivência face aos ataques constantes de que eram alvo. Por isso os seus governantes eram geralmente tiranos, pérfidos, assassinos e devassos. Os Mântua não constituíam excepção. Saber lutar era por isso uma condição obrigatória para se ser um bom condottieri e um bom governante. Luís Gonzaga foi vestido de soldado quando tinha apenas quatro anos e ensinado a manejar um canhão quando tinha sete. Mas o rapaz não queria aquele tipo de vida: e fez voto de castidade aos onze anos e abdicou a favor do seu irmão aos dezassete. E quando se preparava, aos 23 anos para tomar os votos, morreu vítima da peste. Por ter morrido tão jovem e por ter sempre estado à frente em tudo o que fazia, é hoje o padroeiro dos jovens e protector da juventude.

Mas isso é para quem acredita em milagres. A Madonna por exemplo, tem nome estratégico, mas sabe que a lei da gravidade é incompatível com a crença religiosa. Por isso, em vez de rezar a São Luís Gonzaga, lhe fazer muitas vias-sacras, missas cantadas, terços e jaculatórias, prefere um novo método que é, segundo li, o “Oxygen Crystal Clear”. (Não sei se a ordem dos termos é arbitrária, mas não interessa porque seja qual for a ordem dos mesmos, vamos ficar sempre a pensar que se trata de uma pastilha de detergente para a máquina de lavar louça.) Não usa botox nem injecções nem bisturi e é feito, como o nome indica, à base de oxigénio. Pelo que li (e vamos lá ver se me lembro o que li), o método consiste em aplicar um sérum com perfluorodecalin que através de jactos de oxigénio molecular entra na epiderme, uma vez que é um bom condutor de oxigénio. O sérum que é um humidificante deixando a pele sempre hidratada, actua nas camadas mais profundas da pele onde esta começa a degenerar. Depois disto aplica-se ácido hialurónico e extracto de maçã e depois sela-se o rosto com uma película feita através de um tónico revitalizador. Ou whatever…

Para quem não gosta do cheiro a cera nem a naftalina, pode fazer sessões de Crystal Clear que custam entre oitenta a cento e vinte euros. Já quem gosta de Nosso Senhor e dos santos, on your knees!”:

Giovanni Battista Tiepolo
Saint Aloysius Gonzaga in Glory
The Courtauld Institute Gallery