- não vai mais vinho para essa mesa –
Conversa verídica que ouvi:
- Boas tardes.
- …Boas tardes. Eh pá, bocê desculpe, estou a reconhecê-lo mas num sei donde.
- É do Alicantina ali no Campo Alegre.
- Ah pois é, pois é. Tá tudo bénhe*. Bocê desculpe, mas num taba a reconhecer.
- Num faz mal. Passear um bocadinho, num é?
- É.
- Eu tou de férias. E bocê?
- Eu tou de folga. Por acaso bi um anúncio onte* no jornal caté* pensei que era para lá, pró Alicantina.
- Queu saiba num bão meter ninguém. Tem a certeza que era para lá.
- A certeza num tenho, mas como pedio* um empregado de mesa e um cozinheiro, pensei que fosse pra lá.
- Náaõ. Debe ser para o outro.
- Para o Oxalá?
- Náão! Esse fechou.
- Pois, bem me queria parecer. Era muita fruta…
- Debe ser para o outro ali perto também.
- Qual outro?
- Aquele quem sobe para ir pró Teatro.
- Carágo, num tou a ber…
- Tá e ber o Oxalá?
- Tou… Ah, já sei.
- Pois é…
- Agora é assim. Eu inda trabalho lá, mas sabe como é: muitas regalias, a gente sai cedo e o camandro, mas a folha ao fim do mês num* é muita e a gente tá no Outono da bida. Tem de se preocupar com isso.
- Pois é.
- Há duas semanas fui fazer um casamento, foi só meter o tacho no forno e num dia fiz 200 euros!
- É dinheiro!
- Intão* num é! 200 euros para meter a comida no forno? Agora amanhã vou falar com a Dona Deolinda do Palácio Hotel.
- Ah, a Dona Deolinda. Conheço. Num é aquela que trabalha para o Hélio… Carágo, falta-me o nome.
- É. Trabalha para o Hélio Loureiro que é o cozinheiro da selecção. Um dia destes bi-o no supermercado e ele disse: “Eh pá, passa por lá ou mánda um mail.” E eu bou lá amanhã.
- Pois.
- É que a gente agora tem de se desenmerdar. Eu num tenho problemas de trabalhar em qualquer dia. Há gaijos que dizem que num querem trabalhar no dia 24 dou no dia 25 de Dezembro. Eu num tenho problemas, é um dia como os outros.
- já trabalhou na noite de cunsuada*?
- Já. Num hotel. E aquilo estaba cheio. De espanhóis, mas taba cheio. Sabe que para eles… eles num ligam porque eles festejam mesmo o Natal na noite de 5 para 6 de Janeiro. Festejo* nos Reis
- Pois é.
- E sabe porquê é que festejo nus Reis?
- Náaõ.
- Porque aquilo é uma Monarquia, carágo!
*bénhe - bem
*onte - ontem
*cate – que até
*pedio- pediam
*num - não
*intão - então
*cunsuada - consoada
- Boas tardes.
- …Boas tardes. Eh pá, bocê desculpe, estou a reconhecê-lo mas num sei donde.
- É do Alicantina ali no Campo Alegre.
- Ah pois é, pois é. Tá tudo bénhe*. Bocê desculpe, mas num taba a reconhecer.
- Num faz mal. Passear um bocadinho, num é?
- É.
- Eu tou de férias. E bocê?
- Eu tou de folga. Por acaso bi um anúncio onte* no jornal caté* pensei que era para lá, pró Alicantina.
- Queu saiba num bão meter ninguém. Tem a certeza que era para lá.
- A certeza num tenho, mas como pedio* um empregado de mesa e um cozinheiro, pensei que fosse pra lá.
- Náaõ. Debe ser para o outro.
- Para o Oxalá?
- Náão! Esse fechou.
- Pois, bem me queria parecer. Era muita fruta…
- Debe ser para o outro ali perto também.
- Qual outro?
- Aquele quem sobe para ir pró Teatro.
- Carágo, num tou a ber…
- Tá e ber o Oxalá?
- Tou… Ah, já sei.
- Pois é…
- Agora é assim. Eu inda trabalho lá, mas sabe como é: muitas regalias, a gente sai cedo e o camandro, mas a folha ao fim do mês num* é muita e a gente tá no Outono da bida. Tem de se preocupar com isso.
- Pois é.
- Há duas semanas fui fazer um casamento, foi só meter o tacho no forno e num dia fiz 200 euros!
- É dinheiro!
- Intão* num é! 200 euros para meter a comida no forno? Agora amanhã vou falar com a Dona Deolinda do Palácio Hotel.
- Ah, a Dona Deolinda. Conheço. Num é aquela que trabalha para o Hélio… Carágo, falta-me o nome.
- É. Trabalha para o Hélio Loureiro que é o cozinheiro da selecção. Um dia destes bi-o no supermercado e ele disse: “Eh pá, passa por lá ou mánda um mail.” E eu bou lá amanhã.
- Pois.
- É que a gente agora tem de se desenmerdar. Eu num tenho problemas de trabalhar em qualquer dia. Há gaijos que dizem que num querem trabalhar no dia 24 dou no dia 25 de Dezembro. Eu num tenho problemas, é um dia como os outros.
- já trabalhou na noite de cunsuada*?
- Já. Num hotel. E aquilo estaba cheio. De espanhóis, mas taba cheio. Sabe que para eles… eles num ligam porque eles festejam mesmo o Natal na noite de 5 para 6 de Janeiro. Festejo* nos Reis
- Pois é.
- E sabe porquê é que festejo nus Reis?
- Náaõ.
- Porque aquilo é uma Monarquia, carágo!
*bénhe - bem
*onte - ontem
*cate – que até
*pedio- pediam
*num - não
*intão - então
*cunsuada - consoada
*Festejo - festejam
2 Comments:
De-li-ci-o-so. o remate final é um achado.
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Beluga, sempre em grande :-)
Caro João Barbosa:
Não inventei nada, juro. Ouvi e tentei reproduzir da forma mais fiel que consegui. Quando ouvi aquilo da Monarquia ri-me tanto que tive de sair do sítio onde estava.
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