- não vai mais vinho para essa mesa -
- Não dizes nada?
- Não
- Porquê?
- Porque não tenho nada para dizer.
- Então estás aborrecida.
- Não, só não tenho nada para dizer.
- Mas podias dizer alguma coisa.
- Para quê? Para ocupar o silêncio? A palavra é sobrevalorizada.
- És mesmo má!
- Achas? Eu acho que as outras pessoas é que são mesmo más. Más de cruéis.
- Não gostas de pessoas?
- Gosto, muito. Adoro ver pessoas. Adoro ver o que fazem, como falam... Só.
- Só?
- Só.
- Porquê?
- Tantas perguntas!
- Assim já temos alguma coisa para falar.
- Pois olha, é rápido. As pessoas são uma ilusão e depois, quando começas a achar que não, são uma desilusão.
- Mas eu sou uma boa pessoa.
- Mas eu também.
- Mas não falas muito.
- Mas ouço muito. Toda a gente gosta de ser ouvida.
- Gostas de ser ouvida?
- Pago a um profissional para isso.
3 Comments:
as palavras são como as cerejas, e eu gosto muito das duas coisas
há uma música (raios, não estou a ver qual seja) em que se canta qualquer coisa como: porque é que não falas com o teu médico? não é para isso que lhe pagas?
gosto de escrever mesmo quando não tenho nada para dizer
acho que pagar para falar é pior que...
Go...talk to your analyst, isn't that what they're paid for
no compassion, 77, talking heads
ainda não me decidi se gosto mais de cerejas, morangos ou amoras. quanto ao resto do comentário, digamos que o ataque é a melhor defesa.
Enviar um comentário
<< Home