terça-feira, julho 15, 2008

- o carteiro -

O cumprimento terrorista:
Depois do escarcéu que a Fox fez em torno do cumprimento de punhos cerrados entre Michelle Obama e o marido (e depois de John Stewart no Daily Show ter brincado com a situação dizendo que a ida de Michelle ao programa The View, onde cumprimentou todas as senhoras com o punho fechado, tinha sido uma reunião de terroristas), eis que a New Yorker (que não costuma ser disso, mas quando é, é), surge com esta capa:
Os partidários liberais, mais até do que o partido democrático ficaram extremamente desgastado. Mas vendo bem a questão, depois de tudo o que se disse acerca de Obama, da sua educação numa possível madrassa, no cumprimento de punho cerrado com a mulher e com outros políticos, esta capa até parece ser uma boa maneira de dar ao partido republicano uma bofetada de luva branca. Porém, nada na capa atribui este pensamento a um republicano, a McCain, por exemplo, só para espicaçar os votantes antes das eleições. E isto pode levar os americanos a pensar que tudo o que se disse é verdade ou pode pelo menos manchar a reputação de Obama e ligá-lo para sempre a um conjunto de teorias que podem nunca ser provadas, mas podem arruinar a campanha e possível eleição. Eu gosto da capa, acho que tem humor e se podemos brincar com os governantes dos outros, também podemos brincar com os nossos.

E o prémio tijolo de cocó de vaca indiana vai para…
Os nomeados deste ano (e o ano ainda vai a meio, que nos livre São Bento!) para o prémio de pior projecto arquitectónico são: Norman Foster e a sua Russia Tower, Norman Foster e a sua Crystal Island, Norman Foster a a Khanty Mansiysk, Norman Foster e o Project Orange, Arthur Hills e o Longaberger Headquarters (que não é deste ano, mas é como se fosse), Tom Wright e o Burj al-Arab, Norman Foster e a Pyramid of Peace and Accord no Kazaquistão.

Para maiores de 18 quando acompanhados dos pais, cão, um parente com mais de 60 anos e uma venda opaca:
estes são tempos estranhos… ai são, são. um adolescente pode comprar tabaco e bebidas com facilidade, são pais aos 16 anos, entram para qualquer filme ou discoteca sem ter de mostrar o B.I. e nós continuamos com medidas proteccionistas e vitorianas, como esta que aqui vou relatar. Em Liverpool, Capital Europeia da Cultura 2008, numa exposição em especial. Não se tratava de arte contemporânea com recurso a sangue, simulação de actos sexuais, imagens de violência ou fotografias de crianças em poses eróticas. A exposição “Gustav Klimt: Painting Design and Modern Life in Vienna 1900” patente na Tate Liverpool (alguém avisa a Tate que aquela fonte não está bem escolhida?) está taxada como sendo para maiores de 18. Logo a Tate que nunca foi dada a tabus nem puritanismos ridículos, tanto que se a Tate existisse no final do século XIX tenho a impressão que exporia os trabalhos de Klimt exactamente na mesma altura em que todos lhe chamavam pornógrafo. Já quando a Londres recebeu a grande exposição de Cranach vozes se levantaram contra os cartazes da exposição – que mostravam Eva conforme veio ao mundo, como poderia ser de outra forma? – por serem demasiado picantes. O mal está nos olhos de quem olha e as designações “pornografia” ou “picante” podem ser questionáveis, mas explicar aos visitantes da exposição “Courbet” no Grand Palais em Paris que “A origem do Mundo” é sexualmente explícito, é doentio. O homem era um realista, o que é que queriam? Curioso é que a Tate e a Inglaterra em geral parecem conviver bem com a tudo o que possa ter um conteúdo controverso, sexual ou não, desde que seja contemporâneo, pois ninguém imagina a Inglaterra a fazer isto a um dos seus Turner Prize.

5 Comments:

Blogger AM said...

e o vencedor é... Foster!
o lonbaberger (ou lá o que é) não é desta "cinematografia"... quanto muito, oscar para o melhor filme "estrangeiro" (com sotaque...)
não gosto de seu Coubert, mas gosto muito - não sei se já lhe tinha dito... - de seu belogue

seu,

15/7/08 10:14 da manhã  
Blogger AM said...

perdão, Courbet

15/7/08 7:25 da tarde  
Blogger Belogue said...

Caro AM:
o meu preferido (ao contrário) é a pirâmide no Cazaquistão: é de dar vómitos a uma pessoa. Como é que ele consegue ser cada vez pior de projecto para projecto? Diga-me o AM que percebe da coisa: o Foster foi sempre assim?

O Courbet não é meu e também não morro de amores pelo quadro depois de o ter visto em cenários de ficção portuguesa. Mas há que dizer que para a época foi uma grande afronta. O que estava em causa no post não era o Courbet, mas o conjunto: o puritanismo que a Inglaterra ( e provavelmente outros países) impõe como se os museus fossem agentes da moral.

Quanto ao Belogue, ainda bem que gosta. (Não tenho muito jeito para estas coisas, já estou a corar virtualmente)

15/7/08 11:51 da tarde  
Blogger AM said...

não (é o que mais... "aborrece"), o Foster não foi sempre assim...
as primeiras obras, e até algumas das mais recentes, são muito estimáveis (vasculhe tudo à sua vontade em: http://www.fosterandpartners.com/Practice/Default.aspx)
aquilo, com os seus 900 (nove centos...) arquitectos é uma multi-nacional de projectos...
mas o homem bem que podia evitar descer ao kitsch mais rasteiro das pirâmides...

16/7/08 10:15 da manhã  
Blogger Belogue said...

ora deixe-me ver o link que eu já lhe digo alguma coisa. obrigada

17/7/08 12:25 da manhã  

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