- o carteiro -
Elementar em qualquer Belogue:
Juntamente com as quatro estações do ano, os quatro pontos cardeais, os quatro humores do corpo humano, os quatro elementos completam a correspondência entre o microcosmos e o macrcosmos que de certa forma liga também o tetramorfo; ou seja, o conjunto de temas que faz a ligação entre o universo interior e o exterior através do número. Esta ideia é um pouco pitagórica, claro, mas também platónica e ligada ao estudo do hermetismo, uma vez que estabelece os laços entre o número fruto da natureza humana e o número fruto da natureza divina. Por exemplo, a Água que está ligada ao húmido e ao frio, tem a sua correspondência com o Inverno e este, por seu turno, com a fleuma (o entediamento. Quantos de nós não a sentem no Inverno. Os mais entendidos até atribuem determinados estados de espírito à chegada de diferentes climas.). O Fogo que tanto seca como aquece e queima está relacionado com o Verão e o Verão relaciona-se com a cólera ou bílis amarela. Não é por acaso que as pessoas, mesmo de férias, discutem mais no trânsito e se facilmente “perdem as estribeiras”. É no Verão que as pessoas se apaixonam e é no Verão que recebemos telefonemas daqueles. O elemento Ar que tanto representa o húmido como o calor (pois pode ser das duas formas), está ligado à Primavera, tanto mais que a própria estação em si é uma estação de transição, entre um momento triste (Inverno) e um outro muito prazenteiro (Verão). A Primavera está também ligada ao sangue, ao temperamento sanguíneo. Por mais estranho que pareça, até faz sentido uma vez que no sangue pode estar o início e a Primavera é uma estação de concepção. Por fim a Terra que é fria e seca relaciona-se com o Outono e com a bílis negra ou humor melancólico. No Outono festejamos o Verão de São Martinho enquanto comemos castanhas quentes e adoramos os mortos.
Juntamente com as quatro estações do ano, os quatro pontos cardeais, os quatro humores do corpo humano, os quatro elementos completam a correspondência entre o microcosmos e o macrcosmos que de certa forma liga também o tetramorfo; ou seja, o conjunto de temas que faz a ligação entre o universo interior e o exterior através do número. Esta ideia é um pouco pitagórica, claro, mas também platónica e ligada ao estudo do hermetismo, uma vez que estabelece os laços entre o número fruto da natureza humana e o número fruto da natureza divina. Por exemplo, a Água que está ligada ao húmido e ao frio, tem a sua correspondência com o Inverno e este, por seu turno, com a fleuma (o entediamento. Quantos de nós não a sentem no Inverno. Os mais entendidos até atribuem determinados estados de espírito à chegada de diferentes climas.). O Fogo que tanto seca como aquece e queima está relacionado com o Verão e o Verão relaciona-se com a cólera ou bílis amarela. Não é por acaso que as pessoas, mesmo de férias, discutem mais no trânsito e se facilmente “perdem as estribeiras”. É no Verão que as pessoas se apaixonam e é no Verão que recebemos telefonemas daqueles. O elemento Ar que tanto representa o húmido como o calor (pois pode ser das duas formas), está ligado à Primavera, tanto mais que a própria estação em si é uma estação de transição, entre um momento triste (Inverno) e um outro muito prazenteiro (Verão). A Primavera está também ligada ao sangue, ao temperamento sanguíneo. Por mais estranho que pareça, até faz sentido uma vez que no sangue pode estar o início e a Primavera é uma estação de concepção. Por fim a Terra que é fria e seca relaciona-se com o Outono e com a bílis negra ou humor melancólico. No Outono festejamos o Verão de São Martinho enquanto comemos castanhas quentes e adoramos os mortos.
A esta concepção de origem pré-socrática, Aristóteles juntou um quinto princípio, um quinto elemento a que chamou o éter, o imaterial que não adquire corpo, mas que representa por isso o Motor Universal que é Deus. E desde a Antiguidade os elementos estão associados a divindades mitológicas, a deuses e deuses com entidade planetária (por isso a Maya diz que “o seu signo está na casa Y em Júpiter” ou coisa que a valha). Assim a água está relacionada com Neptuno (deus dos mares que é representado fazendo-se rodear de animais marinhos e com o seu tridente), o fogo está relacionado com Vulcano (porque era o Deus que trabalhava o fogo, que forjava na sua bigorna. Este é aliás um dos elementos identificativos de Vulcano), o ar está relacionado com Júpiter (um dos atributos de Júpiter é a águia) e por fim a terra está ligada a Plutão (Plutão era o deus do mundo subterrâneo e está representado pelos cavalos pretos e pelo capacete da invisibilidade).
No quadro de Jan Brueghel, vemos os quatro elementos: no quadrado laranja temos a armadura, o capacete e a espada; ou seja, elementos que o Fogo moldou; no quadrado vermelho temos o elemento Terra, pois os frutos e as flores dela provêm; no quadrado azul podemos ver os animais que voam e por isso representam o elemento Ar e no quadrado verde está representado, através de um cântaro tombado de onde jorra água, o elemento Água.
No quadro de Jan Brueghel, vemos os quatro elementos: no quadrado laranja temos a armadura, o capacete e a espada; ou seja, elementos que o Fogo moldou; no quadrado vermelho temos o elemento Terra, pois os frutos e as flores dela provêm; no quadrado azul podemos ver os animais que voam e por isso representam o elemento Ar e no quadrado verde está representado, através de um cântaro tombado de onde jorra água, o elemento Água.
Jan Brueghel the Younger e Frans Francken II
Landscape with Allegories of the Four Elements
1635
Landscape with Allegories of the Four Elements
1635
J. Paul Getty Museum, Los Angeles
Arcimboldo reservou um quadro para cada elemento da natureza que pintou usando o retrato, a mesma forma que já tinha feito para as estações do ano. Cada um dos retratos mostra vários elementos que podemos relacionar com o elemento em questão. O elemento Água, está presente através de um conjunto variado de peixes, crustáceos e mesmo algas. Ele consegue fazer uma síntese morfológica das várias espécies marinhas usando até as pérolas para completar o retrato, o que se adequa uma vez que as pérolas vêm das ostras. Há também no retrato uma conotação sexual pois diz-se que as ostras são afrodisíacas. No quadro relativo ao elemento Ar vemos apenas aves, mas muito diferentes. Cá em baixo, em destaque dentro do quadrado azul podemos ver o pavão e na cabeça apreciamos papagaios, patos, galinhas, galos e corujas. O quadro com o retrato referente ao elemento Fogo é talvez o mais completo: o cabelo é feito de chamas que se incendeiam vindas de grandes velas, a boca e o queixo é formado por uma lucerna, o lábio superior por um fardo de palha, no pescoço um pesado ornamento de ouro, que como se sabe tem de ir a fogo para derreter e em baixo algumas peças de artilharia. No conjunto que fala do elemento Terra os motivos pintados foram os animais: elefantes, leões e ovelhas (um de cada lado do perfil), veados, tigres, raposas, lebres e até um javali.
Giuseppe Arcimboldo
The Water
1563-64
Kunsthistorisches Museum, Viena
Giuseppe Arcimboldo
Air
Colecção Privada, Basileia
1566
Kunsthistorisches Museum, Viena
A pintura de Ticiano tem inúmeras interpretações, até porque o título é propício a isso. No entanto vemos de imediato o elemento Água no jarro que se encontra dentro do quadrado verde. Esta mulher é também uma alegoria da Temperança. Dentro do quadrado azul encontra-se a cabeça de um jovem com os caracóis ao vento, o que é uma personificação do elemento Ar. A mulher de costas dentro do quadrado vermelho representa o elemento Terra e o tocador de alaúde dentro do quadrado laranja representa o elemento Fogo, isto visto dentro da doutrina pitagórica que achava que o Universo se ordenava segundo as cordas de uma guitarra.
Na obra de Jacques Linard os elementos estão bem visíveis: o Fogo representado por um braseiro, o Ar representado por uma ave, a Água representada por um pequeno cântaro e a Terra representada pelo cesto que contém vários produtos da terra associados ao gosto e ao odor. Como a pintura se denomina “Os cinco sentidos e os quatro elementos”, só nos faltam três sentidos. São eles a audição através do alaúde, a visão através do espelho que se encontra atrás do alaúde e o tacto que está por todo o quadro.
Na obra de Jacques Linard os elementos estão bem visíveis: o Fogo representado por um braseiro, o Ar representado por uma ave, a Água representada por um pequeno cântaro e a Terra representada pelo cesto que contém vários produtos da terra associados ao gosto e ao odor. Como a pintura se denomina “Os cinco sentidos e os quatro elementos”, só nos faltam três sentidos. São eles a audição através do alaúde, a visão através do espelho que se encontra atrás do alaúde e o tacto que está por todo o quadro.
Jacques Linard
Les cinq sens et les quatre éléments (avec objets aux armes de la famille de Richelieu)
1627
Musée du Louvre, Paris
Musée du Louvre, Paris
2 Comments:
certeiro
sem freehand para fazer isto, e com o photoshop a meio gás ficou aquilo que viu. Foi tão certeiro que me esqueci da imagem do Ticiano (no texto falo dela, mas esqueci-me de colocá-la). Ó meu deus, eu sou a Grace Adler da blogosfera.
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