quarta-feira, janeiro 23, 2008

- o carteiro –

and the winner is…
Não é que eu não queira. Não é que também queira, mas acho que Obama não ganha as presidenciais americanas. Tenho preferência por Hillary, embora saiba que a senhora não vai fazer a diferença em termos de política externa, mas pelo menos não perde tempo a conhecer os cantos à casa. Ela já morou lá. Temo no entanto como será a Hillary com SPM (Síndrome Pré-Menstrual)! E embora hoje as coisas não sejam como no passado, embora o mundo hoje esteja atento a todo o processo eleitoral americano em vez da concentração nas eleições em si, embora os próprios americanos tenham aprendido com os erros passados (ok, talvez não tenham aprendido muito, mas quem somos nós para falar!), há um factor que não muda e que se chama efeito “Bradley/Wilder/Dinkins”. Quero com isto dizer que acredito na não eleição de Obama nas presidenciais americanas, assim como acredito que muitas primárias onde apresenta vantagem sejam ganhas por outros candidatos.
O efeito Bradley/Wilder/Dinkins condensa três nomes: Tom Bradley, mayor de Los Angeles que concorreu a senador da Califórnia pelo partido democrata contra o republicano George Deukmejian; o nome de L. Douglas Wilder, candidato pelo partido democrata a Governador da Virgínia que disputou as eleições com o republicano Marshall Coleman e nome do republicano David Dinkins que disputou as eleições para Mayor de Nova Iorque com Rudy Giuliani. Nos três casos verifica-se o seguinte: os candidatos democratas são negros, os republicanos são brancos. Nos três casos os candidatos negros apresentavam nas sondagens vantagens substanciais face ao respectivo adversário republicano e no primeiro caso o candidato negro perdeu, enquanto nos dois outros casos os candidatos negros ganharam por uma percentagem muito pequena. No último caso o candidato ganhou. Não vale a pena contar a história toda, até porque o link está aqui. Mas no caso Tom Bradley vs George Deukmejian alguns jornais do dia seguinte saíram mesmo com a manchete a dizer que Bradley tinha ganho, mas não. Em relação a L. Douglas Wilder vs Marshall Coleman, a vantagem que o primeiro tinha do segundo era, segundo as sondagens de 9% e no dia da votação Wilder ganhou por meio ponto percentual. Por fim, David Dinkins vs Rudy Giuliani resultou numa vitória do primeiro. Só que a uma semana das eleições Dinkins apresentava uma vantagem de 18%, quatro dias antes a vantagem era de 4% e no dia da eleição o candidato negro ganhou com 2% de vantagem sobre Giuliani.

Este efeito, que não é linear, mostra que geralmente um candidato afro-americano ganha menos 5 a 10% do que aquilo que estava previsto quando se passa à contagem dos votos. Isto acontece porque muitos eleitores brancos, com receio de serem acusados de racismo dizem votar no candidato negro para as sondagens e porque muitos eleitores que estavam indecisos acabam por, no dia, votar no candidato branco. Já vimos isso em New Hampshire e no Michigan. E mesmo sendo estes exemplos para eleições de pequenas dimensões e não para eleições presidências, o “banho” de New Hampshire também pode ser explicado pelo efeito “Bradley/Wilder/Dinkins”.