sábado, julho 13, 2013

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

olá amiguinhos. queria ter coisas lindas e rendinhas e cherinhos para vos contar, mas... não tem acontecido nada. (para quê ter um blog se não tenho nada para dizer? pois, essa é uma questão que me tenho colocado.). tenho andado nos meus estudos, nas minhas leituras (estou a ler "a grande mudança" de que já li críticas boas e outras más. o livro está à venda nas estações dos correios, que não é lá grande referência. mas como há cada vez menos estações dos correios, os livros ficam valorizados, não é?) bem, trago hoje uma pintura e uma escultura que são assim como o ovo e a galinha: ninguém sabe qual nasceu primeiro. ao que parece a escultura é anterior à pintura. acho que nunca tivemos aqui no blog um caso destes, de comparação entre pintura e escultura. para já quero dizer-vos que não gosto muito de futurismo. e porquê? porque me parece que foi um movimento forjado devido à insatisfação italiana de não produzir um artista nem um movimento relevante desde o século XVIII. depois, porque não é carne nem peixe; ou seja: assume-se contra a ordem e a proporção, contra as horizontais e as verticais, o academismo, o condicionamento através dos dogmas... quer o dinamismo da máquina, as sensações, a luz..., mas depois, ao ser aceite por Mussolini como arte representativa do seu regime, acaba por cair naquilo que não queria ser e torna-se, em certa medida, formatado. depois há outra razão. ante a barbárie da guerra, toda a filosofia e teorização deixavam de ter sentido. o único movimento que compreendeu isso foi o dadaísmo, que levou o niilismo ao seu limite. os futuristas "embandeiraram em arco": "ah e tal, nós somos dinamizadores, queremos a destruição de tudo o que é convencional", mas na hora, e como se costuma dizer, "pimenta no ** dos outros é refresco". o que o futurismo queria era representar o movimento, mas não queria representar as fases do movimento como no "nu descendo escada" do duchamp. queria representar o elemento tempo, assim como os cubistas tentaram representar a terceira dimensão sem recorrer aos efeitos de perspectiva. estas coisas são difíceis, sabem? parece que estou só a "arrotar postas de pescada" (se eu arrotasse alguma coisa seriam postas de pescada cozidas sem batata e com brócolos). mas não. é que nem sempre conseguiram fazer isso, pelo menos na pintura. este quadro do Boccioni, lembra-me muito a fase cezanneana do cubismo, a fase em que se facetava o objecto em si e não a imagem que tínhamos dele, como no cubismo analítico. bem, já me estou a estender muito. não quero que vocês pensem "lá está ela a debitar matéria". bem, adeusinho, lavem os dentes, façam o vosso xixi e se tiverem medo, durmam de luz acesa.  



















Boccioni
Busto, Casa, Luz
1911-1912


















Boccioni
Volumes horizontais
1912