- o carteiro -
pois, mais uma corrida, mais uma viagem. a propósito do verão, do fim do verão e a propósito das festas de verão (as populares) e dos casamentos e outros sacramentos de verão, apresentamos mais um carteiro com a explicação da relação entre as imagens do speculum. desta feita, e depois da fuga para o egito, chega a vez do batismo de cristo. para ser sincera, isto para mim ficaria para depois pois o batismo de cristo dá-se quando ele já é adulto. antes desta episódio teria de surgir o regresso da fuga para o egito e jesus entre os doutores da lei. só depois vem o batismo, a transfiguração e as bodas de canã. mas, who am i? As fontes do batismo de cristo são as canónicas (evangelhos de lucas, mateus, marcos e joão), mas também as da liturgia oriental relativa a este episódio. Este episódio contém duas fases: por um lado a purificação através da água e por outro a Teofania (a presença de Deus através da pomba). Sendo Jesus o filho de Deus, a questão da sua purificação é sempre tratada com cuidado, já que como filho do divino não necessitaria de purificação já que foi concebido sem pecado. A purificação seria não para ele, mas para aqueles que através dele entravam na família cristã, tendo também como objetivo substituir a pratica judaica da circuncisão, dando assim ao batismo cristão o seu próprio ritual. O batismo de cristo é retratado, nas primeiras representações do cristianismo de uma forma muito particular. mostram cristo mergulhado nas águas, com água até aos tornozelos, pela cintura ou pelos ombros. pode ter ou não o perisonium à cintura. neste caso não tem, mas o sagrado pirilau (com todo o respeito!) não é visível. Como se trata de um sacramento que ao longo dos séculos e consoante os tempos foi sofrendo alterações, também não existe uma representação homogénea para o batismo de cristo. O rio é representado com ondas nas representações mais antigas, para simular a ideia de água. São joão batista encontra-se numa das margens a fazer verter água para a cabeça de cristo, ou então fazendo-o imergir no rio (batismo por aspersão ou por imersão). Do outro lado da margem encontramos frequentemente figuras aladas (diáconos segundo a liturgia oriental) que seguram nas mãos cobertas as vestes novas de Cristo. neste caso não nos apercebemos da presença de uma pomba, mas de um anjo da boca de quem saem as palavras que penso serem as da cena do evangelho relativo a esta passagem. não é o caso, mas é também possível ver em algumas representações um machado junto a uma árvore ("E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo." Mateus 3, 10) como referência ao batismo como ponto que marca aqueles que são e os que não são da família cristã, e também um dragão (segundo os salmos o dragão era o demónio que deveria ser vencido pela água do batismo), bem como tritões e neptuno.
Segue-se a pia de bronze que surge no Antigo Testamento no Êxodo 30, 17-21: "E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Farás também uma pia de cobre com a sua base de cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar; e nela deitarás água. E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés. Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor. Lavarão, pois, as suas mãos e os seus pés, para que não morram; e isto lhes será por estatuto perpétuo a ele e à sua descendência nas suas gerações." (Apesar de neste excerto estar escrito "cobre", a minha bíblia dos capuchinhos diz "bronze". a trasncrição foi de um site brasileiro, mas mantenho a ideia do "bronze"). Ora bem, esta pia não era uma pia batismal: estava mais mais perto das abluções islâmicas do que do batismo cristão, isto porque, estamos no tempo do Antigo Testamento, um tempo anterior à vinda de Cristo. Quem nele viveu não era batizado e tinha como contrato com Deus, o celebrado pela circuncisão - no caso dos homens. Só quando Cristo institui o ritual do batismo como forma de relação, de compromisso com Deus ele começa a ser praticado. Ora esta pia servia para os sacerdotes se purificarem antes de entrarem no Tabernáculo, mas mesmo assim, ela é anunciadora de um tempo onde a pia e a água irão ser a forma de relação com Deus, tal como foi no Antigo Testamento.
Segue-se a cena de Naaman a mergulhar no rio Jordão (2 Reis 5). Naaman era um general sírio, muito estimado pelo seu exército, robusto, mas leproso e não crente. Era também um homem pragmático e um pouco altivo: obedecia ao rei da Síria, mas não tinha em conta o Deus de Israel. Um dia ouviu dizer que em Israel havia quem o pudesse curar e foi falar com o monarca sírio que o aconselhou a ir lá e escreveu-lhe uma carta para que este apresentasse ao rei de Israel, a recomendar Naaman. Ora o rei de Israel ao saber disto irou-se já que não era um curandeiro. Eliseu, "homem de Deus" pediu ao rei para ser ele a receber Naaman, ao que o rei acedeu. Assim, quando Naaman chegou a Israel foi recebido por um servo de Eliseu que disse a Naaman que segundo o seu amo, ele teria de se banhar sete vezes no rio Jordão. Ora Naaman, que era um pouco intempestivo, achou de muito mau tom não ser recebido nem por Eliseu nem pelo rei e achou igualmente um desperdício de tempo ter de se deslocar até Israel para se banhar no Jordão quando havia outros rios perto do seu país. No enatnto os servos de Naaman, fizeram-lhe ver que ele estava errado, que era a vontade de Deus e ele deveria cumpri-la. Assim, humilhado, ele toma banho sete vezes no Jordão e apercebe-se que ao fim desses sete banhos a sua pele está limpa. Isto conclui que Naaman, orgulhoso, condecorado e com a sua comitiva tem de se submeter a uma vontade maior. No fundo, tomar banho nu, é uma forma de dizer que ele se deve despojar de todo o seu orgulho e aceitar Deus. O seu "banho" (que é antes de mais, interior), é uma forma de anunciar o batismo de Cristo pois ambos, de formas diferentes mas relacionadas, retiram a sujidade do mundo, redimem quem está no pecado. Não que Cristo necessitasse, como vimos, mas no caso dele o pecado redimido é-o em nosso nome.
Last but not least... a passagem da arca da aliança através do rio jordão. Este episódio encontra-se em Josué 3, 17: "Porém os sacerdotes, que levavam a arca da aliança do Senhor, pararam firmes, em seco, no meio do Jordão, e todo o Israel passou a seco, até que todo o povo acabou de passar o Jordão." Quer dizer, todo o capítulo fala deste episódio, por isso, para um estudo mais aprofundado, será melhor ler o capítulo. Deus escolheu Josué para substituir moisés na tarefa de liderar o povo até à terra prometida. Atenção que isto não é a passagem do Mar Vermelho: Moisés passou o Marr Vermelho com o seu povo, mas como Moisés morreu ficou Josué encarregue de fazer o resto. Ora também Josué se confrontou com o milagre: a passagem do Jordão. Vejamos como foi: "Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós. E falou Josué aos sacerdotes, dizendo: Levantai a arca da aliança, e passai adiante deste povo. Levantaram, pois, a arca da aliança, e foram andando adiante do povo." (Josué 3, 5-6) "E aconteceu que, partindo o povo das suas tendas, para passar o Jordão, levavam os sacerdotes a arca da aliança adiante do povo. E quando os que levavam a arca, chegaram ao Jordão, e os seus pés se molharam na beira das águas (porque o Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da ceifa), Pararam-se as águas, que vinham de cima; levantaram-se num montão, mui longe da cidade de Adão, que está ao lado de Zaretã; e as que desciam ao mar das campinas, que é o Mar Salgado, foram de todo separadas; então passou o povo em frente de Jericó. Porém os sacerdotes, que levavam a arca da aliança do Senhor, pararam firmes, em seco, no meio do Jordão, e todo o Israel passou a seco, até que todo o povo acabou de passar o Jordão. (Josué 3,14-17). Josué confiou na palavra do senhor e atravessou o rio enxuto levando o povo à terra prometida. O rio Jordão augurava assim algo de bom já que foi também neste rio que Jesus foi batizado. assim como josué mostrou ao povo do Antigo Testamento a sua terra, também jesus era no novo testamento o veículo através do qual iríamos ter direito a privar com ele no céu. Josué fê-lo para salvação dos demais, Cristo fê-lo para nossa salvação.
E assim, certa que ninguém irá ler isto, despeço-me com amizade. até ao próximo "pograma".
3 Comments:
eh eh eh eh
nunca duvide da persistência dos seus comentadores
... como aquele anúncio do final da década de 90...
tou marabilhado
Cara Alma:
quer-me parecer que foi atraída pelo poder da última frase, não?
Caro João Barbosa:
não sei qual é o anúncio e olhe que anúncios e jingles é comigo!
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