segunda-feira, fevereiro 28, 2011

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

pois ora muito bem... trago hoje um antes e depois com uma imagem de Mark Tansey que não sei se já tinha postado. as duas imagens em comparação sei que não postei. a primeira, como disse, é de Mark Tansey. trata-se de parte de um tríptico chamado "breve história da pintura modernista" e data de 1982 (hoje vai tudo a minúsculas porque eu estou um bocado aborrecida. pelo menos tenho o belogue!). o tríptico tem ainda uma senhora a lavar uma janela com um jacto de água de uma mangueira e um homem que bate com a cabeça contra uma parede. a galinha frente ao espelho é a terceira parte. e em que medida estas três partes podem de alguma forma corresponder à ideia de "história da pintura modernista"? A pintura modernista e a arte moderna em geral tiveram um papel de grandes educadoras que seria dispensável se as pessoas soubessem nesse tempo aquilo que vieram a saber mais tarde. havia uma certa sobranceria na arte moderna, não só pela forma comos se fazia designar, mas também por incutir nos outrso, em todos, a necessidade de ser moderno e ser moderno era rejeitar a arte e os valores do passado e adoptar atitudes condizentes com o zeitgeist. ora havia nisto uma perversão: quem não fosse pelo modernismo seria contra ele; ou seja, quem não fosse moderno seria por exclusão de partes, antigo e ser antigo significava não estar atento e pronto para o progresso. quando na realidade não ser moderno significa apenas, e neste contexto, não apoiar a causa moderna. a pintura moderna gozou da mais valia da sua nomenclatura. mark tansey aproveita a subversão da arte moderna (que ao rejeitar outras ideias que não as suas acaba por se tornar tão ultrapassada quanto a arte a que se quer sobrepor) e faz uma brincadeira com os conceitos sagrados a arte moderna que segundo tansey eram: a arte como janela para o mundo, a arte como superfície plana e limitada e por fim, a arte como espelho do ser. a arte moderna passou por todos estes três paradigmas. apesar de a arte reflectir de facto algo, esta supremacia do ser opinativo e especial (toda a gente tem a mania que é especial hoje em dia), faz com que tudo seja arte desde que justificado com a expressão interior.

desconheço se o fotógrafo chema madoz conhecia ou não mark tansey quando fez este trabalho. a sua poesia visual faz-me lembrar ao mesmo tempo magritte+duchamp+dali pois dos três tem a ironia das imagens desconcertantes. o sentido parece-me diferente ainda que na forma seja tudo semelhante: com chema madoz lembramo-nos do mito de sísifo; aquele que faz a pedra rolar até ao cimo da montanha para depois a deixar cair pela outra encosta e assim sucessivamente. parece-me que é isso: a escada que sobe é a mesma que desce; é um lugar pífio. ele trabalha, não com emoções, mas com sensações; não pretende fotografias que expressem estados de alma, mas que sugiram algo. e assim acontece:

Mark Tansey
A Short History of Modernist Painting
1982


Chema Madoz


agora me lembro que, as três imagens do tríptico representam algo ou alguém ensimesmado, voltado para si.

3 Comments:

Blogger AM said...

bela posta

2/3/11 3:03 da tarde  
Blogger Belogue said...

Não é assim muito bela, mas como estou a precisar... aceito completamente o "bela".

8/3/11 12:27 da manhã  
Blogger Belogue said...

não para mim, claro. para a posta

8/3/11 12:28 da manhã  

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