quarta-feira, fevereiro 11, 2009

- o carteiro -

Última chamada para o Darjeeling Limited. Percorrerá a arte da Índia e tem paragens para fazer xixi e comprar um shari. Ou dois. E banho com direito a engolir uma das muito famosas bactérias do Ganges. Última chamada senhores!!!

No ano passado, não sei se por causa dos Jogos Olímpicos ou porque a "bolha" no mercado de arte ainda não tinha rebentado, as exposições de arte por esse mundo fora foram dedicadas à Arte Chinesa. Para falar a verdade, não gostei porque acho que somos agnósticos relativamente à arte chinesa. Não é que não acredite na sua existência, mas não acredito na nossa capacidade para compreendê-la, exista de facto uma arte chinesa ou não. Existe claro a arte chinesa antiga, mas actualmente o que vemos parece-me um pouco pointless, para além de não ser fruto da cultura chinesa apenas, mas de uma miscigenação com as práticas do Ocidente. Provavelmente será uma visão muito estrita da coisa. Também não nos questionamos se haverá ou não uma arte australiana, por exemplo. Trata-se no entanto, e sempre, de mostrar uma forma de arte cujos conceitos nos são estranhos. E se é verdade que a linguagem da arte é universal, também é verdade que as excepções confirmam as regras. E que vale sempre a pena aprender a dizer o básico como "obrigada", "adeus", "olá" e uns palavrões... Mas este ano a tendência parece seguir outro sentido. “Estibe a inbestigar” e não há grande consenso: duas exposições relevantes dedicadas a Degas, duas exposições dedicadas a Kandinsky e para além disso só se destacam as exposições dedicadas à Índia. Será influência de "Quem quer ser bilionário?" de Danny Boyle ou será o ano da Índia, pertencente ao BRIC, se destacar em algo (o Brasil já guarda o monopólio da música e da moda, tem de sobrar alguma coisa para os outros)? Seja como for, o denominador comum este ano é a Índia.

Temos então a exposição "Chalo India! A New Era of Indian Art" patente até 15 de Março no Mori Art Museum em Tóquio, Japão. Em indiano "chalo" quer dizer "vamos embora" ou "avante". A exposição é de arte contemporânea e dela destacam-se as cores fortes próprias das antigas pinturas indianas, algo que está bem presente nesta mostra composta por vídeo, escultura, fotografia e instalação. É uma exposição feita da mistura entre a cultura indiana tradicional e o modernismo ocidental. São 100 trabalhos de 27 artistas, dos quais destacamos Subodh Gupta, Shilpa Gupta, Jitish Kallat e Bharti Kher entre outros.

Na Rússia, em São Petersburgo e mais concretamente no Hermitage poderemos ver até 5 de Abril a exposição "The Caves of a Thousand Buddhas". Trata-se de uma exposição que revê o percurso de exploradores russos, europeus e asiáticos ao longo da Grande Rota da Seda e das grutas que estes visitaram. Estas grutas foram construídas por pessoas ligadas ao Budismo até à chegada do Islamismo no século XI. A cultura em si desapareceu, mas o interior das grutas, as suas paredes, fotografias e livros antigos, documentam-na e preservam-na.

Até 3 de Março o Museu Albert Khan em Paris terá em exibição a exposição "Infinitely India". Esta exposição é composta por fotografias recolhidas na Índia pelo milionário e filantropo Albert Khan no início do século XX. Para além de filantropo Albert também devia ser apaixonado pelo Guiness Book pois esta era apenas uma parte de um projecto que visava fotografar os povos de todos o mundo. Por isso, para além de um grande número de fotografias muito coloridas e vívidas, a exposição é composta por pequenos filmes da época retratam os rituais com a água, a maneira de vestir e as práticas religiosas indianas. Só vos posso dizer que algumas fotografias são um espanto porque têm aquele ar gasto dos postais antigos, têm algum grão, mas ao mesmo tempo as cores continuam vivas como se as fotografias tivessem sido captadas hoje e não há cerca de 100 anos.

Por fim, até dia 27 de Fevereiro, os mais aventureiros que gostem de comprar bilhetes de última hora, ou que já tenham comprado e esperam ir apenas para passear, podem dar um saltinho Piero Passet Gallery em Londres onde se encontra a exposição "Stuart Redler: Rajasthan". Como o nome indica, os trabalhos - neste caso trata-se de fotografia - são da autoria de Stuart Redler, um fotógrafo britânico que durante cerca de 20 anos viajou por África, América e Médio Oriente. Esta mostra incide sobre a herança cultural e arquitectónica da Índia (o trabalho, os animais, o divertimento, os transportes...), fotografados a preto e branco para colocar em evidência a luz indiana.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

recomendo vivamente o livro "the wonderful world of Albert Kahn colour photographs from a lost age" de David Okuefuna.

11/2/09 1:06 da tarde  
Blogger João Barbosa said...

cara Sra. Dª Drª Beluga, prometo aqui que se um dia ganhar o Euromilhões lhe pago uma volta ao mundo em museus e exposições... já imagino as postas que iria escrever

11/2/09 6:46 da tarde  
Blogger Belogue said...

Cara Maria:
vou ver onde é que arranjo o livro. obrigada pela dica. (as de livros são sempre bem vindas. não é que as outras não sejam, vamos lá ver...)

Caro João Barbosa:
isso é que era. ia ser cada post maior que o volume da letra P do houaiss. e o que me ía divertir. confesso que adoro, mas adoro mesmo viajar.

12/2/09 10:48 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

numa fnac perto de si onde o pode consultar ! e comprar pela amazon que é mais barato !

enquanto o J Barbosa não ganha o euro milhoes sempre pode ir adiantando trabalho e elaborar a lista ...

para o JB aqui vai uma chave :7 9 14 21 27 38 42

13/2/09 11:52 da manhã  

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