quinta-feira, agosto 07, 2008

- o carteiro -

- volta el Greco, estás perdoado:
Se forem a este site poderão ver algumas imagens da colecção privada de arte de Hitler que agora, e infelizmente, se encontra on-line. Digo infelizmente porque de facto as peças são de muito mau gosto, embora não defenda o revisionismo do nazismo. Acho é muito bem feito e justificado que o tipo nunca tenha ingressado numa academia de arte. O gosto ensina-se? No caso de Hitler seria difícil. A colecção que se chama “Linz Collection” foi colocada on-line pelo German Historical Museum, não para consulta dos curiosos, mas para ajudar a determinar a proveniência de algumas peças. Estas oscilam entre a nostalgia bucólica e o Romantismo Alemão, temas caros a Hitler, bem como o tema da raça ariana. O seu objectivo era construir, em 1950 um museu com a sua colecção de obras de arte (cerca de 4731 peças, entre pinturas, tapeçaria, mobiliário e porcelanas), na cidade onde o Führer tinha passado parte da infância. Felizmente Hitler morreu antes disso. Entretanto as peças foram ilegalmente vendidas ou entregues aos seus verdadeiros donos após a Segunda Guerra Mundial, mas parte, cerca de 1700 peças, continuaram nos museus alemães, mas pertencendo ao governo alemão.

É curioso o que acontece a estas peças porque são, no seu todo uma espécie de Bispo de Fell: não há razão aparente, mas ninguém gostaria de ficar com uma, ou tocar, ou até ver. São odiadas por terem pertencido ao homem mais odioso de sempre. Desculpem, mas a tolerância necessita de alguma intolerância.

Ferdinand Schmalzigaug


- volta da Volterra, estás perdoado:
Eu bem sabia que o mundo haveria de assistir ao aparecimento de um novo Daniele da Volterra, o pintor que pintou paninhos nas partes pudibundas das figuras que cobrem a Capela Sistina. E o novo Daniele da Volterra é o próprio Sílvio Berlusconi. O homem que não tem pudor em fazer aprovar leis das quais é ele quem mais beneficia, tem pudor em dar as suas conferências na sua própria residência oficial frente a uma reprodução a óleo de “La Verità Svelata dal Tempo” , de Tiepolo que se encontra no Museu Vicenza. Até há pouco tempo era possível ver Berlusconi fazer os seus discursos frente à figura despida da Verdade. No entanto, se compararmos estas duas imagens vemos que na segunda, captada em Julho deste ano, a Verdade está com um lindo corpete a tapar-lhe o seio em forma de maçã. Inofensivo, portanto. É que Berlusconi não tinha atrás si um Jeff Koons ou um Roy Stuart, tinha um Tiepolo, pelo amor de Deus! O porta-voz do Primeiro-ministro italiano disse que o pequeno mamilo perturbava e podia chocar as pessoas durante as conferências emitidas pela televisão italiana e provavelmente por algum dos três canais de que o Primeiro-ministro é proprietário. Há uns anos, ao visitar o Museu Vicenza, Berlusconi viu o quadro de Tiepolo, gostou e pediu uma cópia em formato digital, cópia essa que depois seria ampliada para fazer de background nas conferência de Sílvio Berlusconi. A ideia era boa uma vez que podia querer dizer que só o tempo iria revelar quem estava certo. E o governo italiano queria estar do lado dos que estão certos. Mas os assessores de imagem de Berlusconi. Eu pergunto: qual é o objectivo em escolher esta imagem e depois tapá-la? E o nu não está na origem da arte italiana?

Tiepolo
Time Uncovering Truth
1743
Museo Civico, Vicenza



Sala de conferências do Primeiro- ministro italiano em Julho de 2008

2 Comments:

Blogger João Barbosa said...

com Berlusconi, a Itália não pode ser levada a sério! Berlusconi?! Blheck!!!!

7/8/08 9:42 da manhã  
Blogger Belogue said...

A Itália gosta. E a Itália é o país da Europa com que Portugal mais se pode identificar, pelo menos a nível de corrupção e desorganização. Já não vamos lá é na questão dos G8 nem nos serviços.

8/8/08 3:14 da manhã  

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