Pieter the Elder Bruegel
Two Chained Monkeys
1562
Staatliche Museen, Berlim
O tema dos macacos agrilhoados é muito comum em várias pinturas do século XVI. Já a presença de macacos em Naturezas mortas e cenas do quotidiano, principalmente, domésticas, são bastante frequentes neste contexto. Macacos e quejandos representam na maior parte das vezes a supremacia da vontade humana sobre o animal e visto tratar-se de um animal exótico que não se encontrava em habitat natural na Europa dessa época, denota o gosto pela exposição da vida de cada um, principalmente, das virtudes. A família que possuísse, para “consumo” interno as habilidades de um macaco era uma família que certamente teria dinheiro para o adquirir e que provavelmente teria pisado um desses países longínquos não sem um certo prestígio que o facto conferia. Perpetuá-los na pintura não era o mesmo que retratar em ambiente familiar, o cão ou outro animal de estimação mais comum; era uma forma de afirmação social. Era igualmente e como dissemos uma vitória do homem sobre a besta. Ao agrilhoá-lo, ao prendê-lo com correntes como ainda hoje vemos em alguns circos, os homens estavam a colocar em prática uma alegoria moral tal como eram alegorias morais as Vitórias ou os Prisioneiros. Os Escravos acorrentados, por exemplo eram símbolo dos pecados da alma humana que estava cativa dos seus desejos e necessidades físicas. E no Escravo Agonizante de Miguel Ângelo é possível distinguir o crânio de um macaco atrás do joelho esquerdo do escravo. O significado do macaco na arte, não é o mesmo que era atribuído ao escravo (os escravos eram muitas vezes conotados com as Artes). A existência do macaco preso é de ordem moral: o macaco era o animal mais parecido com o homem visualmente falando, mas era desprovido de razão, de pensamento crítico e, dizia-se, lascivo. Era então utilizado como símbolo de tudo aquilo que era vergonhosamente humano nos humanos como a luxúria, a gula, e a avareza. O macaco era a representação inferior do homem. Quando os pintavam acorrentados os homens estavam a acorrentar a sua própria natureza. Era uma maneira de respeitar o princípio neoplatónico que falava de Alma Inferior sempre que os homens se comportavam de forma que não era digna de ser chamada humana, equiparando-se assim a animais. Os animais presos recordam as alegorias do carcer terreno; ou seja o corpo humano como prisão terrena da alma que tenta manter-se pura para alcançar a recompensa além vida. De facto essa alma incorpórea unia-se ao corpo seguindo um princípio neoplatónico denominado de vinculum que significa “elo de união” e “grilheta”. Como podemos ver, voltamos ao macaco agrilhoado que não é mais do que a exposição desse carcer terreno e da impossibilidade do homem, em determinado momento da sua vida fazer coincidir a impoluta existência física com a alva existência espiritual. Como não estabelece o vínculo de que falávamos, o macaco é retratado visualmente já agrilhoado.
No macaco que Dürer retratou nesta gravura é manifesta a influência italiana. A espécie de macaco em questão era muito popular no século XV, embora, e como se disse, este animal não fizesse parte da fauna europeia. Ora se o macaco, como vimos, era um animal associado ao apetite sexual, à ganância e à gula a sua presença junto da Madonna é uma alusão a Eva, pois para além de estar a acompanhar a mãe de Jesus, o animal está antes a acompanhar uma mulher.
Albrecht Dürer
The Madonna with the Monkey
c. 1498
Staatliche Museen, Berlim
Hendrick Goltziu
Monkey on a chain, seated
1597
Rijksmuseum
Dirck Hals
The Fête Champêtre
1627
Rijksmuseum, Amsterdão
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