segunda-feira, agosto 18, 2008

- não vai mais vinho para essa mesa -

perante uma senhora sentada num banco de jardim, com ar combalido e feridas expostas:
- desculpe, a senhora precisa de ajuda. Está com as mãos tão vermelhas…
- náão menina, num preciso. Obrigáda, menina.
- é como a vi aqui…
- sábe o qui é? É quieu ténho “psosirase” e fáz-me bem apanhar sol. E como num gosto de apanhar no meu quintal qui é piqueno e num sei, num gosto, ficum os bizinhos a olhar e a gente num precisa que os outras saibo, num é, benho para aqui que sempre beijo as pessoas. Sabe que eu geralmente num estou assim, num é cuntagioso, num se priocupe linda!
- sim, eu sei.
- e eu… o ror de dinheiro que já gastei pelos médicos e nada, num me passa! Ténho feito de tudo. Num há creme que alibie. E às bezes estou melhor, mas outras em quiuma pessoa ánda mais nerbosa, fico logo assinhe. E isto foi, isto comuçou há muitos anos. Eu tinha uma cadelinha que se chámaba Ticha, eu até lhe chamába Tichinha e que tebe uma doença grabe. Tbe uma doença grabe… e tebe de ser lebáda ao beterinário, prábater. E eu… cus nerbos, fiquei assinhe sábe… foi de saber que ela tinha de morrer. Mas olhe, é assinhe. E já estou milhora.
- ainda bem.
- tudo de bom prá menina.
- adeus, as melhoras.
- saudinha da boa.