- ars longa, vita brevis -
hipócrates
Rainer Maria Rilke (nascido a 4 de Dezembro de 1875) e Thomas Hobbes (nascido a 4 de Dezembro de 1679)
- hoje faço anos.
- eu também
- a sério? Parabéns.
- sim, faço anos que morri. 328!
- ai, desculpe.
- não tem que pedir desculpa
- bom, eu faço anos daqueles.
-de quais. Anos dos bons. Anos de nascimento.
- sorte sua
- mas já estou morte
- azar!
- mas não me importo. Sabe como diz a música: “it’s my party and I cry if I want to, cry if I want to. You would cry too if it happened to you…”
- não conheço, não é do meu tempo. Eu era mais balalaicas.
- E o que é que fazia para ter morrido?
- Estava vivo.
- Não, morreu de quê?
- Disso, da vida.
- ah... e o que é que fazia para ocupar a vida?
- filosofava.
- engraçado!
- na altura, desafiar as leis instituídas não teve muita piada.
- era um maroto, não era?
- não, mas fui um dos tipos que permitiu que você hoje ao fazer anos se desse ao luxo de se entender como o ser mais importante do mundo.
- não é bem o mais importante do mundo, mas gosto de fazer anos.
- eu conferi-lhe individualismo, capacidade de livre arbítrio, libertei-o das amarras pouco racionais que dizem que um homem de sangue real pode sobre os homens de sangue como o seu.
- mas eu não me senti aprisionado pelo “sangue real”.
- mas se eu não tivesse filosofado, sentia-se
- sabe que eu sou escritor. Poeta!
- quem é que não é?
- não, eu sou daqueles a sério.
- eu também.
- bom, eu até era amigo do Rodin.
- Rodin, Rodin... Assim de repente não estou a ver.
- Era um escultor.
- ah, você era um boémio.
- quer dizer... era!
- e então escreveu alguma coisa de jeito, mudou a vida de alguém?
- escrevi isto. espero que goste:
- diga lá.
- "No limiar da casa/Estar sentado nas dunas. Não ver/Senão sol. Não sentir/senão calor. Não ouvir/Senão quebrar as ondas. Entre duas/pulsações acreditar: Agora/há paz."
- hoje faço anos.
- eu também
- a sério? Parabéns.
- sim, faço anos que morri. 328!
- ai, desculpe.
- não tem que pedir desculpa
- bom, eu faço anos daqueles.
-de quais. Anos dos bons. Anos de nascimento.
- sorte sua
- mas já estou morte
- azar!
- mas não me importo. Sabe como diz a música: “it’s my party and I cry if I want to, cry if I want to. You would cry too if it happened to you…”
- não conheço, não é do meu tempo. Eu era mais balalaicas.
- E o que é que fazia para ter morrido?
- Estava vivo.
- Não, morreu de quê?
- Disso, da vida.
- ah... e o que é que fazia para ocupar a vida?
- filosofava.
- engraçado!
- na altura, desafiar as leis instituídas não teve muita piada.
- era um maroto, não era?
- não, mas fui um dos tipos que permitiu que você hoje ao fazer anos se desse ao luxo de se entender como o ser mais importante do mundo.
- não é bem o mais importante do mundo, mas gosto de fazer anos.
- eu conferi-lhe individualismo, capacidade de livre arbítrio, libertei-o das amarras pouco racionais que dizem que um homem de sangue real pode sobre os homens de sangue como o seu.
- mas eu não me senti aprisionado pelo “sangue real”.
- mas se eu não tivesse filosofado, sentia-se
- sabe que eu sou escritor. Poeta!
- quem é que não é?
- não, eu sou daqueles a sério.
- eu também.
- bom, eu até era amigo do Rodin.
- Rodin, Rodin... Assim de repente não estou a ver.
- Era um escultor.
- ah, você era um boémio.
- quer dizer... era!
- e então escreveu alguma coisa de jeito, mudou a vida de alguém?
- escrevi isto. espero que goste:
- diga lá.
- "No limiar da casa/Estar sentado nas dunas. Não ver/Senão sol. Não sentir/senão calor. Não ouvir/Senão quebrar as ondas. Entre duas/pulsações acreditar: Agora/há paz."
- Bom, não é?
- Muito, mas não é seu. É do Günter Kunert
- Caramba!
- Pensava que não iam descobrir!
- Muito, mas não é seu. É do Günter Kunert
- Caramba!
- Pensava que não iam descobrir!
- Você é um estraga prazeres. E festas de aniversário!
2 Comments:
Oiça... adorei
Caro João Barbosa:
essa expressão é tão... lisboeta! até me ri quando a li. de qualquer forma, obrigada. a Tyra Banks também faz anos hoje, mas achei que seria um diálogo demasiado óbvio e troquei a Tyra pelo Hobbes. discutível, nãoé?
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