- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois mas ao contrário ou "quando Chagall pintou o tecto da Ópera de Paris, dando “continuidade” à obra de Lenepveu muitos foram os aplausos. Mas houve também quem defendesse que entre o Historicismo representado por Lenepveu e o Modernismo, deveria ter existido um meio-termo. Manet disse: “Deviam ter deixado Degas pintar a Ópera” Havia a ideia de que se tinha quebrado algo e que os impressionistas estavam em melhor posição para unir as pontas, ou pelo menos, que eles compreenderiam melhor o fascínio que a ópera exerce na arte. No entanto, apesar desta declaração de Manet, muitos garantiam que o pintor francês não tinha um bom conhecimento de composição (não composição musical, mas composição de elementos numa tela). Gustav Pauli, um crítico dizia que o forte de Manet não era a composição, uma vez que as suas composições eram na sua maioria renascentistas. O “Dejeuner sur l’herbe” foi pintado a partir de uma gravura de Raimondi e está muito próximo do “Concerto Campestre” de Giorgione”. Manet visitou Delacroix, um romântico, para lhe pedir licença para copiar “A Barca de Dante”. Foi um encontro muito aguardado, uma vez que todos tinham Delacroix como um espírito irascível. Por proposta deste, Manet deveria também copiar Rubens; ou seja, não era Delacroix que era frio, eram as suas preferências artísticas que eram glaciares. E Manet foi copiando e buscando inspiração, mesmo quando nos parece que não o fez ou quando perante um quadro não sabemos porquê, mas aquilo parece-se com qualquer coisa. Demora a identificar porque Manet copiava o menos óbvio e se isolarmos o que era copiado, traduz-se em algo de algum mau gosto, mas há essa busca pelos clássicos. Copiou também Goya, mas não se interessava pelo gosto romântico, pela temática, para a justificação para as cores fortes, pelos contrastes violentos, apenas pelos contrastes em si:"
Copiou os clássicos, como dissemos, principalmente Velázquez. Diz-se que já desde Napoleão a França venera a Espanha, a arte francesa presta homenagem à espanhola. Neste quadro de Manet o pintor deixa a porta aberta como o fez Velázquez na pintura “As Meninas” (que eu de-tes-to). Manet isola algumas personagens, que até poderiam ser do original, coloca-as mais à esquerda e atrás delas, em perspectiva, abre-se uma porta.
Manet
Cavaliers espagnols
1860
Fundera des Beaux -Arts, Lyon
Diego Velázquez
Las Meninas (The Maids of Honor) or the Royal Family
1656/57
Museo del Prado, Madrid
Neste retrato de Madame Brunet, Manet retoma o modelo da personagem que aparece frente à folhagem, tal como podemos ver no quadro de Velázquez, sobre Filipe IV.
Manet
Portrait Madame Brunet
1860
Diego Velázquez
Philippe IV en chasseur
1633
Museo del Prado, Madrid
Já na obra Le Gamin au chien, Manet faz um assemblage de pinturas de outros autores. A parte de cima do quadro é tal e qual a de Murillo, enquanto a de baixo vai buscar inspiração à de Velázquez. Por isso, em 1884 um crítico simbolista dizia que Manet era um “espanholista”, meio Murillo, meio Velázquez embora não fosse um verdadeiro interessado pelo assunto, mas pelos tons.
Manet
Le Gamin au chien
1860-1861
Murillo
Boy with a Dog
1650
The Hermitage, São Petersburgo
Velázquez
The Waterseller of Seville
The Waterseller of Seville
1623
Wellington Museum, Londres
5 Comments:
aplauso!
obrigada, obrigada (como a amália, que deus a tenha lá em cima a desafiar a lei da gravidade). mas eu gostava que o blog não fosse assim. gostava de poder falar de coisas mais interessantes. isto amanhã passa...
"copiar liberta a imaginação"
Paula Rego
ajoelhou...agora vai ter que rezar: um post sobre pq é que nao gostas de "As meninas.." para amanhã, as 9h da manhã!
Bravo!
não querias mais nada, pois não?
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