- ars longa, vita brevis -

hipócrates

antes e depois ou "Delacroix, como bom romântico que era teve uma passagem pelo Norte de África, que muito o inspirou. O exotismo das paisagens, dos costumes, das pessoas, as suas cores, a arquitectura, a cor sempre diluída como se vista quando o sol está mais forte, as plantas mais extravagantes, os trajes mais estranhos, tudo isso encantou Delacroix. Encantava-o também, assim como encantava aos Impressionistas, a pureza da linha das estampas japonesas, o traço muito preciso. A expedição de Comodoro Perry em 1853 ao Japão faz com que este se abra ao Ocidente. Não uma abertura total, isto porque o Japão temendo uma invasão e ingerência europeias quanto à sua cultura, opta por exportar certos artefactos e adaptá-los mesmo à cultura americana e europeia. Crescem lojas com objectos chineses, nascem cafés japoneses, há uma maior divulgação das estampas japonesas. O japonesismo manifestava-se no interesse sobre a diferente concepção do espaço que na cultura Ocidental era unitária, nas aguadas, na deslocação da linha do horizonte, nas perspectivas angulares e, como referi em cima, nas cores claras. Pelas primeiras razões Delacroix pintou este Casamento Judeu em Marrocos. Pelas outras, pintou Renoir o Casamento Judeu. O Casamento Judeu de Delacroix tem as linhas mais definidas e nota-se o recurso ao contorno recurso esse que deve ter a sua origem nos esboços rápidos que fez durante a viagem. Já o casamento pintado por Renoir é mais esbatido: as figuras de fundo confundem-se com o próprio fundo, as figuras centrais não são contornadas e por isso, e em minha opinião, perdem alguma força e até surgem para nós fora do seu papel dentro do quadro:"

Eugène Delacroix
Jewish Wedding in Morocco
1837–41
Louvre, Paris


Renoir
The Jewish Weeding
1875
Worcester (Massacusetts)