quinta-feira, outubro 11, 2007

- o carteiro -

Cocteau a recitar por um megafone a sua peça Les Mariés de La Tour Eiffel em 1921

A 11 de Outubro de 1963 morria Jean Cocteau. Para mim foi apenas coreógrafo e escritor; tinha trabalhado com os Ballets Russes e Diaghilev e privava com Genet. Como sabia que Genet (as negras e o sexo inolvidavél, não é?) era homossexual, pensei que Cocteau também fosse. E foi. Mas para além de escritor e coreógrafo, Cocteau foi cineasta, actor, artista plástico, conhecia Satie e Apolinaire. Trabalharam juntos em Parade e com Satie, Picasso e Léonide Massine. A imprensa não perdoou a ousadia do bailado dadaísta e de um espectáculo que Apollinaire chamava de “New Spirit”, bem necessário em Paris após os tempos de Guerra. Os críticos mais conservadores demitiram toda a produção: a música orquestrada por Satie e que incluía alguns elementos propostos por Cocteau tais como máquinas de escrever, , sirenes, máquinas de código Morse e rodas de lotaria, foi considerada “um ruído inaceitável”. Satie trabalhou um ano inteiro no texto de Cocteau, que era uma mistura entre o circo e o musical. De acordo com o dicionário Larousse, Parade significa “acto cómico, colocado à entrada de um teatro itinerante para entreter a multidão. Todo o cenário, concebido por Picasso e Cocteau se desenvolveu em torno da ideia de uma trupe de saltimbancos cujo acto cómico é confundido pela multidão com o próprio teatro. Só que neste caso, e “apesar do apelo dos intervenientes, o público nunca entra na tenda”, ironizavam os dadaístas.

imagem (muito pequena) do cenário de Les Mariés de La Tour Eiffel
Quando trabalhou no texto Les Mariés de La Tour Eiffel, Cocteau elaborou para o espectáculo uma estética que hoje nos é familiar: a multidão é representada por uma só pessoa, recuperou a imagem do mestre de cerimónias que apresentava a sequência e explicava a mesma ao público. Os figurinos eram fonógrafos com cornos no lugar da boca e uma pintura da Torre Eiffel cobria todo o palco. Les Mariés de La Tour Eiffel, com a sua mistura de absurdo e musical parece ter sido tirada da irracionalidade da ciência pataphysics de Alfred Jarry que toda a gente conhece de O Rei Ubu, falecido no Dia de Todos os Santos de 1907.

2 Comments:

Blogger João Barbosa said...

estou ma-ra-bi-lha-do!

11/10/07 10:17 da manhã  
Blogger Belogue said...

Caro João Barbosa:
Bócê num se desgráce, carágo!

11/10/07 11:06 da tarde  

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