- o carteiro -
Cocteau a recitar por um megafone a sua peça Les Mariés de La Tour Eiffel em 1921
A 11 de Outubro de 1963 morria Jean Cocteau. Para mim foi apenas coreógrafo e escritor; tinha trabalhado com os Ballets Russes e Diaghilev e privava com Genet. Como sabia que Genet (as negras e o sexo inolvidavél, não é?) era homossexual, pensei que Cocteau também fosse. E foi. Mas para além de escritor e coreógrafo, Cocteau foi cineasta, actor, artista plástico, conhecia Satie e Apolinaire. Trabalharam juntos em Parade e com Satie, Picasso e Léonide Massine. A imprensa não perdoou a ousadia do bailado dadaísta e de um espectáculo que Apollinaire chamava de “New Spirit”, bem necessário em Paris após os tempos de Guerra. Os críticos mais conservadores demitiram toda a produção: a música orquestrada por Satie e que incluía alguns elementos propostos por Cocteau tais como máquinas de escrever, , sirenes, máquinas de código Morse e rodas de lotaria, foi considerada “um ruído inaceitável”. Satie trabalhou um ano inteiro no texto de Cocteau, que era uma mistura entre o circo e o musical. De acordo com o dicionário Larousse, Parade significa “acto cómico, colocado à entrada de um teatro itinerante para entreter a multidão. Todo o cenário, concebido por Picasso e Cocteau se desenvolveu em torno da ideia de uma trupe de saltimbancos cujo acto cómico é confundido pela multidão com o próprio teatro. Só que neste caso, e “apesar do apelo dos intervenientes, o público nunca entra na tenda”, ironizavam os dadaístas.
Quando trabalhou no texto Les Mariés de La Tour Eiffel, Cocteau elaborou para o espectáculo uma estética que hoje nos é familiar: a multidão é representada por uma só pessoa, recuperou a imagem do mestre de cerimónias que apresentava a sequência e explicava a mesma ao público. Os figurinos eram fonógrafos com cornos no lugar da boca e uma pintura da Torre Eiffel cobria todo o palco. Les Mariés de La Tour Eiffel, com a sua mistura de absurdo e musical parece ter sido tirada da irracionalidade da ciência pataphysics de Alfred Jarry que toda a gente conhece de O Rei Ubu, falecido no Dia de Todos os Santos de 1907.
2 Comments:
estou ma-ra-bi-lha-do!
Caro João Barbosa:
Bócê num se desgráce, carágo!
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