- não vai mais vinho para essa mesa -
- Estive a ver um filme, fui à antestreia onde estava o autor do livro que inspirou o filme, o Paul Auster. Conhece? Gosto muito do que ele escreve.
- Eu não.
- O que é que leu?
- Trilogia em Nova Iorque.
- Oh! Devia ter lido “Inventar a Solidão”
- Não gosto, não desenvolve, demasiadas matrioskas…
- Mas você também escreve assim!
- Eu não escrevo!
- O que escreve é assim. Não admite é concorrência!
- Pois pois, e então o filme?
- O filme falava de um escritor que escrevia sobre um escritor que escrevia sobre um escritor…
- Matrioskas!
- Sim, mas às tantas ele já não sabe se aquilo que o rodeia existe ou não existe e eu lembrei-me agora, por causa do filme e por sua causa, dos Solipsistas.
- O quê? Não conheço essa palavra!? Nem nunca ouvi falar disso! O que é?
- Ahah! Apanhei-a! Tão culta e não conhece o Solipsismo?
- Por muito que me custe dizer isto,vou dizê-lo: não sou perfeita, não conheço tudo e mais, não tenho obrigação de conhecer. Já viu a distância de idades que nos separa. O senhor leva vantagem…
- Tem razão. O Solipsismo era uma teoria do Abade Berkeley que dizia que o mundo exterior a nós e às nossas experiências não existe. Porque no fundo não temos prova de que os outros existam. E eu achei que você era solipsista.
- Isso é bom ou é mau? Não diga. Tem dias. Eu vivo muito bem com o meu mundo interior.
- O seu interior é muito rico.
- Às vezes apetece-me ver se há alguém para além do meu mundo interior, mas parece-me tudo tão sem sabor. E não estou a sobrestimar o mundo interior, mas com a imaginação as coisas são tão mais interessantes.
- Mas não é tudo. Quando explora o seu mundo exterior…
- Para falar a verdade e desculpe-me o uso desta palavra, mas acho pouco compensador.
- Eu compreendo o uso da palavra.
- É que da última vez disse-me uma coisa que eu não esqueci…
- É um risco…
- É um risco? Pensava que fosse um objectivo.
- Era, mas hoje em dia dou-me por contente que seja um risco.
- Então… disse-me que já estava a ficar tarde. Percebe, por mais compensador que seja o mundo exterior e eu acredito que é, porque é para toda a gente, eu já não tenho muito tempo.
- Percebo.
- Estamos num impasse, não é?
- Eu não.
- Ai caramba, que irritante…
- Não, não estamos. Acho que até estamos bem.
- …
- ….
- ….
- Daqui a um mês?
- Sim, pode ser.
- Eu não.
- O que é que leu?
- Trilogia em Nova Iorque.
- Oh! Devia ter lido “Inventar a Solidão”
- Não gosto, não desenvolve, demasiadas matrioskas…
- Mas você também escreve assim!
- Eu não escrevo!
- O que escreve é assim. Não admite é concorrência!
- Pois pois, e então o filme?
- O filme falava de um escritor que escrevia sobre um escritor que escrevia sobre um escritor…
- Matrioskas!
- Sim, mas às tantas ele já não sabe se aquilo que o rodeia existe ou não existe e eu lembrei-me agora, por causa do filme e por sua causa, dos Solipsistas.
- O quê? Não conheço essa palavra!? Nem nunca ouvi falar disso! O que é?
- Ahah! Apanhei-a! Tão culta e não conhece o Solipsismo?
- Por muito que me custe dizer isto,vou dizê-lo: não sou perfeita, não conheço tudo e mais, não tenho obrigação de conhecer. Já viu a distância de idades que nos separa. O senhor leva vantagem…
- Tem razão. O Solipsismo era uma teoria do Abade Berkeley que dizia que o mundo exterior a nós e às nossas experiências não existe. Porque no fundo não temos prova de que os outros existam. E eu achei que você era solipsista.
- Isso é bom ou é mau? Não diga. Tem dias. Eu vivo muito bem com o meu mundo interior.
- O seu interior é muito rico.
- Às vezes apetece-me ver se há alguém para além do meu mundo interior, mas parece-me tudo tão sem sabor. E não estou a sobrestimar o mundo interior, mas com a imaginação as coisas são tão mais interessantes.
- Mas não é tudo. Quando explora o seu mundo exterior…
- Para falar a verdade e desculpe-me o uso desta palavra, mas acho pouco compensador.
- Eu compreendo o uso da palavra.
- É que da última vez disse-me uma coisa que eu não esqueci…
- É um risco…
- É um risco? Pensava que fosse um objectivo.
- Era, mas hoje em dia dou-me por contente que seja um risco.
- Então… disse-me que já estava a ficar tarde. Percebe, por mais compensador que seja o mundo exterior e eu acredito que é, porque é para toda a gente, eu já não tenho muito tempo.
- Percebo.
- Estamos num impasse, não é?
- Eu não.
- Ai caramba, que irritante…
- Não, não estamos. Acho que até estamos bem.
- …
- ….
- ….
- Daqui a um mês?
- Sim, pode ser.
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