domingo, janeiro 27, 2019

- o carteiro -

Leio o expresso ao Domingo (ena, que culta...). Sei que sai ao Sábado, mas… "cenas" levam-me a só poder lê-lo ao Domingo. Percebo logo quando o Pedro Mexia andou a ler Horácio e quando a SIC faz mexidas na programação. O que não percebo é aquela página da Guta Moura Guedes. Já não bastava a história do clip (chavão para qualquer conversa pseudo-coisa) e agora, na edição de 19 de Janeiro de 2019, aquela verborreia encomiástica relativamente ao campus da Vitra. 

Guta, vou dar-te dois conselhos:
1) no Verão - pelo menos - lima sempre as peles mortas dos calcanhares;
2) se queres falar de arquitectura da boa num espaço limitado e sob a mesma função vira-te, por exemplo, para o campus universitário de Aveiro. É tão ou mais antigo que o da Vitra e congrega num espaço limitado embora nada pequeno, edifícios tão emblemáticos como a Biblioteca da autoria do Siza (com as suas janelas rasgadas para a ria), o Departamento de Geociências do Souto Moura e aquelas escadas à entrada, o Complexo Pedagógico, Científico e Tecnológico com a enorme parede curva de um arquitecto menos conhecido (Vítor Figueiredo), mas não menos válido que qualquer um dos que citas, a Reitoria…
Enfim pá, vê se deixas de ser uma deslumbrada.

26 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Muito, muito obrigado Beluga por esta posta. O campus de Aveiro é arquitectura do melhor e não precisa-mos de deslumbrarnos com nada lá de fora. Eu já prupus à universidade que a magnífica biblioteca do Siza passa-se a chamar-se biblioteca José Saramago , outro génio. Ficava tudo em família percebe? A praça central é extraordinária, bem dimensionada e arranjada com gosto. Aguardo ansiosamente o ano em que o dia da raça seja lá celebrado. E o depósito de água do Siza??? Genial!!!! Um paralelepípedo!!!! Absolutamente curreto do ponto de vista da estática (a estática estuda o equilíbrio das forças que atuam num corpo) e uma referência para toda a cidade. Sabe-se que os marinheiros adoram pedras, rochas, coisas pontiagudas, etc...

A Beluga estaria disponível para assinar uma petição para que a biblioteca passe a chamar-se José Saramago? Estou certo que sim. Muito obrigado

29/1/19 5:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...



Desculpe não ter feito qualquer referência as janelas rasgadas para a ria! Uterinas e magnificas!!!

29/1/19 5:15 da manhã  
Anonymous Anónimo said...



Anónimo das 5:08
V. tirou-me as palavras da boca: a praça central é extraordinária, uma verdadeira praça mediterrânica, onde o sol e assombra permanecem mais tempo e a nossa posição em relação ao astro rei pode ser imediatamente intuída/aferida. Muito bom. Ainda bem que neste blog se divulga a boa arquitectura.
Diga-me por favor como posso assinar a petição
Muito obrigado

29/1/19 5:27 da manhã  
Anonymous Anónimo said...



Anónimo das 5.27.

Muito obrigado pelo seu comentário. A petição pode ser assinada no site da fundação Saramago. Quantos mais formus melhor.
Quanto às praças de que fala, quer V. dizer que basicamente elas são gnómons? Fantástico o nosso Siza!!!

29/1/19 5:38 da manhã  
Anonymous Anónimo said...



Anónimo das 5.38


Assim é de facto. Compreendo a sua admiração pelo mestre...As claraboias não é???

29/1/19 5:46 da manhã  
Blogger Belogue said...

Caro anónimo de todas as horas ou, como eu lhe chamo cá c'os meus botões, Príncipe Carlos (não sei se percebe a piada):

a minha opinião é a minha opinião é a minha opinião (não me enganei, são mesmo três vezes). Mas olhe que lhe faltou pontaria ou olho c(l)ínico: deveria perguntar-me se não assinava uma petição para a biblioteca passar a chamar-se valter hugo mãe. O Saramago não pode ser o saco de pancada para a vida toda e para ser sincera… "a fila anda".

abraços

29/1/19 11:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...



Muito obrigado pelo Príncipe Carlos mas eu vejo-me a mim mesmo mais como o Ken ( não sei se percebe a piada). :)

30/1/19 4:22 da manhã  
Blogger Belogue said...

Percebi a piada, sim. Tanto quanto perceberia se dissesse que era o Conde de Abranhos. Ou a Vénus de Milo.

30/1/19 11:26 da tarde  
Blogger Belogue said...

Talvez esteja de mau humor, desculpe. A minha saúde não anda grande coisa.

30/1/19 11:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...



Eu também peço-lhe desculpa, Beluga, e a sua compreensão. É que aqueles edifícios todos enfileirados não fazem o meu "género".
Desejo-lhe rápidas melhoras.

31/1/19 3:53 da manhã  
Anonymous Anónimo said...



Barba num facit architectum.

31/1/19 5:20 da tarde  
Anonymous Anónimo said...


Embora

Architectum num facit barba

também tenha sentido.

31/1/19 5:31 da tarde  
Blogger Belogue said...

Caro anónimo

Estamos quites, então. Quanto aos edifícios enfileirados, deixe-me perguntar-lhe: como queria que estivessem? É um campus universitário: tem de existir uma espécie de "recreio" (a grande praça ensolarada à volta da qual os edifícios se localizam) e que permita aos estudantes atrasarem-se os 15min académicos, justificáveis com o facto do campus ser muito grande e ser necessário andar muito porque "a aula anterior foi no departamento do outro lado do campus, desculpe professor".

A "Escola do Porto" é pródiga em pilosidades faciais. Imagino que para qualquer caloiro de arquitectura a tendência seja, ano após ano, a barba com cãs e a barriga proeminente e que confere estatuto.

31/1/19 11:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bom dia Beluga.

Deixe-me pensar um pouco antes de responder. Não é que já não tenha algumas ideias, mas como não sou arquitecto...Tenho uma monografia sobre o campus que vou tentar ver/ler.
O sol e o seu movimento aparente são de facto importantes para a compreensão de uma praça. Diria que a sensibilidade a este tipo de coisas está-nos no sangue e mesmo que não dêmos por elas, não há como fugir-lhes. Mas a neblina, o nevoeiro e a humidade são também dominantes naquela região. Não é por acaso que os humildes pescadores da Costa Nova construíram as suas casas com riscas/juntas verticais: para que a humidade escorresse mais facilmente e não se acumulasse nas juntas horizontais. Se bem me lembro nenhum dos Srs. Arquitecto se lembrou disto, e era tão simples. Ora imagine lá os edifícios com as juntas verticais...


palheiros da Costa Nova

Certamente que as juntas verticais também têm a haver com o material e o sistema construtivo, mas para estes construtores de barcos colocar as tábuas na horizontal não seria um problema, e há exemplos desse tipo na nossa costa.

tese de mestrado.

Bem, mas tudo isto está a tomar um ar doutoral e é preciso que não nos esqueçamos da canção do burrinho.
Tenha um bom dia.

1/2/19 5:57 da manhã  
Anonymous Anónimo said...


Lamento, mas o link para a tese de mestrado sobre os palheiros da Costa Nova não funciona. Pode encontrá-la aqui:

https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/1939/1/PALHEIROS%20DA%20COSTA%20NOVA.pdf

Muito obrigado

1/2/19 6:00 da manhã  
Blogger Belogue said...

Caro anónimo

Boa noite, como está? Eu também não sou especialista na coisa. Não sou especialista em nada. Mas acho que o campus está bem conseguido. Quando fala da neblina, lembre-se que a entrada dos edifícios em torno da praça ensolarada se faz pela praça; ou seja, os edifícios fazem uma "concha" virando as costas à ria. Só mesmo as janelas dos diferentes departamentos se abrem a ela numa atitude... "lírica". E possível pois estar num desses espaços a contemplar a ria e a sua neblina e humidade, mas entrar e sair por um local mais abrigado.

Agradeço-lhe o link. Como calcula, não o li. Li o abstract. Há tanta coisa para ler e tão pouco tempo... Mas já que estamos numa de troca de informações/curiosidades, posso dizer-lhe que a arquitectura da região acusou bastante o clima. Aveiro tem um dos maiores núcleos de edifícios religiosos de planta centralizada (circular, quadrada, octogonal e hexagonal) do país, juntamente com a zona de Coimbra e penso, se a memória não me falha, o Alentejo. Uma das razões para isso prende-se com questões arquetípicas (as formas centralizadas servem melhor os propósitos das pessoas), mas há quem diga que os edifícios dessa zona eram centralizados para evitar que a areia se acumulasse nas paredes dos mesmos (os edifícios são quase todos pertencentes a comunidades piscatórias). Bom, era só isso.
Vou embora.

3/2/19 11:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bom dia.

Só isso e não foi pouco! Muito obrigado. Agradeço-lhe desde já se poder dar referências de um estudo que defenda a tese da areia na origem das plantas centralizadas da região . O estudo de um assunto pode tomar muitas direcções mas há algumas verdadeiramente estimulantes.
Não me tinha ocorrido ver o campus como uma concha. Torna tudo um pouco mais interessante. Vou reflectir sobre isso...
Para espairecer aqui fica o link para a digitalização das gravuras japonesas que foram de Van Gogh

gravuras de Van Gogh

Esta em particular:

falésia de Honmoku

de Hiroshige, trata dos perigos das rochas para os marinheiros, com o Fuji ameaçador ao fundo e para onde discretamente apontam as ondas do mar.

Tenha uma boa semana.

4/2/19 5:11 da manhã  
Anonymous Anónimo said...



E por falar em plantas centralizadas em Aveiro:

ermida da Srª. das areias, São Jacinto

4/2/19 5:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...




Hum....é muito divertida!!!

4/2/19 8:46 da manhã  
Anonymous Anónimo said...



Victrix causa diis placuit, sed victa Catoni

Lucano, Farsália, I, 128

5/2/19 5:53 da manhã  
Anonymous Anónimo said...



victrix

5/2/19 1:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...



http://ap.imagensbrasil.org/image/qk9RCRle problème du sable

5/2/19 1:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...


Desculpe...


le problème du sable

5/2/19 1:47 da tarde  
Blogger Belogue said...

Caro anónimo

Se calhar as pirâmides do Egipto são de planta quadrada também para evitar a acumulação de areia (é uma piada), ou de sal (é outra piada, mas diferente da anterior).
Agradeço-lhe o link. Sabe… é uma vergonha dizer isto, mas só há pouco tempo descobri que por baixo da onda do Hokusai, há alguns barcos.
Já que estamos a trocar cromos, deixo-lhe um segredo que tinha (e tenho) bem guardado. Quem vai a Londres não sabe, mas uma das mais agradáveis surpresas da cidade é este espaço. Trata-se do Sir John Soane's Museum. Uma daquelas coisas que fazem isto tudo valer a pena:


https://www.google.com/search?q=john+soane%27s+museum&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjOzunkoqjgAhUt1eAKHQ65CF8Q_AUIDigB&biw=1366&bih=651#imgrc=OKboS79r10G5xM:


bem, vou embora.

6/2/19 11:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...



Muito obrigado pelo link para o museu Soane. Não é um museu, é uma vida!

Aqui fica um link para as obras completas de Hokusai

A obra completa de Hokusai

Sine grano salis. :)

7/2/19 6:57 da manhã  
Anonymous Anónimo said...



Beem,bem...Parece que afinal… :))

7/2/19 12:59 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home