- o carteiro -
durante muitos anos, o Vermeer esteve esquecido. Foi "big in Japan" (mais "big in Delf") no tempo em que foi vivo e depois a História da Arte esqueceu-o. Só no século XIX é que o historiador francês Theophile Gautier que catalogou as suas obras e quase de imediato os críticos e autores desse tempo começaram a comparar a pintura de Vermeer à fotografia, uma forma de expressão artística acabadinha de chegar. Esta comparação tinha de facto razão de ser: Vermeer não pintava só a realidade, ele pintava-a com realismo um realismo por vezes tão pormenorizado que aquilo só podia ser obra de uma máquina. E era; era obra da Câmara Obscura. Não se assustem, outros antes de dele também havia usado este truque. O Caravaggio, por exemplo. Nunca percebi bem como funcionava a Câmara Obscura. Quer dizer, não percebo como de facto se forma uma imagem invertida a partir de algo tão simples, mas a verdade é que forma. Essa imagem invertida, que se projectava numa superfície lisa, era depois delineada, pintada.
Mas há outros métodos e menos sofisticados. Vermeer definia - penso eu - o local do ponto de fuga no quadro e colocava um alfinete no mesmo. Fazia depois confluir as linhas de fuga para esse ponto. Vejamos as linhas da janela e do pavimento que "fogem" para esse ponto onde está o alfinete. Em alguns casos o buraco do alfinete ficou lá. Já havia referido isso aqui, mas percebi que havia mais buracos de alfinetes. Aliás, cerca de metade das suas pinturas ainda possuem os buracos dos alfinetes. Para encontrá-los é necessário uma lupa e uma régua para ver qual o ponto para onde "fogem" as linhas. Como não tinha nem uma nem outra, acabei por andar umas poucas de horas, no Google Art Project, à procura dos buracos nos locais mais prováveis tendo em conta as linhas de fuga.
Cheguei até estes três casos. Espero que gostem, que se cuidem e se souberem de mais alguma coisa, avisem: publicamos isto num livro em papel couché com uma capa brilhante com letras em itálico. Será um sucesso, seremos entrevistados pelo Luís Peixoto e usaremos óculos de massa pretos e camisolas de gola alta.
[1]
Johannes Vermmer
The Art of Painting
1665-67
Kunsthistorisches Museum, Viena
[2]
A Lady at the Virginals with a Gentleman
1662-65
Buckingham Palace, Londres
4 Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
Este comentário foi removido pelo autor.
Bom dia. Tenho pouca prática de comentador em blogs. Fiquei surpreendido por ver o meu nome tão destacado.Por isto eliminei o primeiro comentário e o segundo que publiquei alguns instantes antes de perceber que eu próprio podia eliminar os comentários. Isto porque não quero que a guilda de São Lucas mande cortar-me a garganta☺ Fique bem.J.F.A.G.
Bom dia. Tenho pouca prática de comentador em blogs. Fiquei surpreendido por ver o meu nome tão destacado.Por isto eliminei o primeiro comentário e o segundo que publiquei alguns instantes antes de perceber que eu próprio podia eliminar os comentários. Isto porque não quero que a guilda de São Lucas mande cortar-me a garganta☺ Fique bem.J.F.A.G.
Enviar um comentário
<< Home