- o carteiro -
o amor morreu. mas... viva o amor?
Há aquela história que diz: o rei morreu, viva o rei; ou seja, "rei morto, rei posto". No amor diz-se que "sarna de cão cura-se com pelo de outro cão"; ou seja, "amor morto, amor novo". Depois do fim da História (Fukyama) do Fim da História da Arte (Hand Belting), do fim da Pintura, diz-se que estamos a assistir ao fim do amor (Byung-Chul Han - The Agony of Eros). Ao que parece, a pornografia está a matar o amor, bem como as redes sociais que exaltam o "eu". Ora o amor necessita da anulação do "eu" para se poder exaltar. Há até aquela célebre passagem de Coríntios que diz: "O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá (1 Coríntios 13:4-8).
Mas o amor já não é o que era. Ou melhor "a notícia da sua existência foi um exagero". O amor existe, mas não é de facto necessário para o casamento. Talvez até atrapalhe. Mas houve um momento na História (dois, aliás) em que passámos a acreditar que sim, que era importante procriar, beijar, ajudar, amparar na velhice... alguém que amássemos, em vez de vivermos da juventude à velhice com alguém que nos era designado. Por um lado a Idade Média e os romances de cavalaria. Por outro a Reforma Protestante que colocou o ênfase no indivíduo, nas suas escolhas. É neste sentido que acho que a Reforma Protestante foi importante para a disseminação da ideia de "casamento com amor" desde que tal não colocasse em causa a ideia mais importante e que era a de que o trabalho tinha ligação directa a Deus.
Obviamente o amor não morreu. Toda a gente o quer sentir; toda a gente quer sentir-se amada, mesmo que isso signifique sofrer. Já amar... isso é outra coisa. Amar pressupõe a anulação do ego: para amar temos de esquecer o narcisismo e adoptar o altruísmo. Já não se ama assim. Talvez nunca ninguém tenha amado assim. E dar sempre sem receber em troca, nem esperar de facto nada em troca, parece-nos coisa de otário. Querer não implica ser querido. Ante isto Freud e a sua teoria do Eros e Tanatos faz muito sentido: a vida deveria ser um equilíbrio entre o desejo e a morte, entre o motor da vida (eros) e a inevitabilidade da morte (tanatos). O amor não morreu, mas está de facto em agonia. Numa sociedade neo-liberal em que o indivíduo é (ou deve ser), capaz de tudo, tem em si todas as possibilidades, não vencer no amor é falta de jeito ou de vontade. No primeiro caso, é "vergonhoso" e no segundo, admirável. E isto limita o amor porque ser mal sucedido nesse âmbito é feitio e não defeito. O amor é o erro que todos querem cometer. Como diria o Woody Allen: o coração quer aquilo que quer. e ponto.
Obviamente o amor não morreu. Toda a gente o quer sentir; toda a gente quer sentir-se amada, mesmo que isso signifique sofrer. Já amar... isso é outra coisa. Amar pressupõe a anulação do ego: para amar temos de esquecer o narcisismo e adoptar o altruísmo. Já não se ama assim. Talvez nunca ninguém tenha amado assim. E dar sempre sem receber em troca, nem esperar de facto nada em troca, parece-nos coisa de otário. Querer não implica ser querido. Ante isto Freud e a sua teoria do Eros e Tanatos faz muito sentido: a vida deveria ser um equilíbrio entre o desejo e a morte, entre o motor da vida (eros) e a inevitabilidade da morte (tanatos). O amor não morreu, mas está de facto em agonia. Numa sociedade neo-liberal em que o indivíduo é (ou deve ser), capaz de tudo, tem em si todas as possibilidades, não vencer no amor é falta de jeito ou de vontade. No primeiro caso, é "vergonhoso" e no segundo, admirável. E isto limita o amor porque ser mal sucedido nesse âmbito é feitio e não defeito. O amor é o erro que todos querem cometer. Como diria o Woody Allen: o coração quer aquilo que quer. e ponto.
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