terça-feira, outubro 08, 2013

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou como isto está mesmo fraquinho. bocês sabeindes c'agora ando sem tempo. mas bou-bos preparar umas coisas memo bouas. só que não posso postar agora ou posso ser acusada de me auto plagiar. sabem que já postei trabalhos, pesquisas e depois apercebo-me que os meus professores começam a fazer perguntas estranhas sobre os trabalhos? pois é. hoje o antes e depois é uma analogia muito rebuscada. por isso quem não quiser ler, não leia. a primeira imagem é da lebre do Dürer. E vocês perguntam: mas o que é que ainda não foi dito da lebre que tu possas dizer. de facto nada. mas lembrei-me que os olhos da lebre mostram lá dentro uma janelinha reflectida. o que quer dizer que o Dürer não a desenhou no campo, mas num local fechado, talvez o seu atelier. ora isto lembrou-me uma outra coisa que já postei aqui que era também sobre o reflexo. o reflexo do pintor jan van eyck na tela da virgem e o cónego van der paele, em que a imagem do pintor aparece reflectida na armadura de uma das personagens. andei duas semanas para conseguir ver aquilo. estive para desistir, mas a minha fonte era peremptória. e escrevia para o Guardian, o que foi quase um argumento tão bom como a certeza da escritora. Vocês sabem que o Dürer era um mestre. lembram-se daquele auto-retrato nu que ele fez e que funcionou quase como forma de diagnóstico para  médico? Pois é, uma pessoa sublima sempre estes autores, mas este gajo era mesmo bom a retratar as coisas tal como elas eram. vejam, para além dos olhos, como é que ele pintou, em aguarela o pelo, com pinceladas brancas na extremidade para dar a ideia de brilho. ou como as orelhas estão no ar apesar da lebre parecer estar em repouso. como de facto acontece. mas o que interesse são os olhos. geralmente é dito, com alguma piroseira (desculpem, estou do contra), que os olhos são o espelho da alma. se calhar, Dürer não sabia se as lebres tinham alma ou não e por isso em vez de pintar um céu de cenouras e vegetais, pintou as janelas da sua casa. a propósito disto lembrei-me também de outra coisa do Van Eyck, o espelho do casamento dos arnolfini que reflete o espaço do pintor; ou seja, o nosso espaço porque nós, tal como o pintor, estamos de fora da cena. e depois disso, lembrei-me de uma obra de um artistas conceptual que se chama Giuseppe Penone. já sei, vão dizer "e isto é arte?" se para quem faz é arte, então é arte. não sei, não tenho uma teoria acerca disso e é por isso que cada vez posto menos. o Giuseppe penone é um artista  de Arte Povera. vocês sabem, foram talvez os tipos que retiraram os materiais nobres da arte, que fizeram arte com ramos, com espelhos, com terra... o penone fez coisas com espelhos. uma dessas coisas que ele fez foi esta...coisa. não se se pode ser chamada de performance, pois não o trabalho não compreende nenhuma acção. colocou lentes espelhadas nos olhos o que fazia com que os olhos deixassem de ser o espelho da alma para passarem a ser o espelho do mundo. e a partir do momento em que ele colocou as lentes deixou de ter percepção do mundo através do que via para passar a ter de outra forma (cheiro, tacto...). para além disso pode concentrar-se mais na sua visão interior do que no exterior, o que é um bocado individualista, mas vocês sabem... desde o romantismo a coisa passou a ser muito individualista. olhem, vou dormir. estou chateada. sinto a celulite a abrir buracos no meu rabiosque como se isto fosse um campo de golfe. vou pôr Avéne no rosto, Roc nos olhos e Natura na "covinha dos ladrões" (aka nuca) para dormir melhor. beijinhos e cafunés.


















Dürer
Young Hare
1502
Graphische Sammlung Albertina, Vienna






















Dürer
Young Hare (pormenor)
1502
Graphische Sammlung Albertina, Vienna





















Giuseppe Penone
Rovesciare i propri occhi
1970
Turim